[...]

Chegou por volta das 22h30min para seu turno noturno na recepção do hospital, era o dia de sua folga, contudo veio trabalhar ao saber do presente que o Destino havia lhe dado naquele dia. E lhe trouxe à tona feridas do passado que ainda não haviam cicatrizado por completo e um intenso desejo de vingança. Estava disposto a acabar com essa história de uma vez por todas.

Porém, precisava ser cuidadoso, afinal, ainda estava em seu local de trabalho. Não que se importasse tanto com ele; provavelmente até vá demitir-se caso obtenha sucesso em seu plano, cujo precisava ser revisado cada pequeno detalhe. Não poderia haver falha alguma, bastava apenas um simples erro e seu destino estaria decidido: ele seria pego.

Cada segundo era contado, e ansiava por finalmente ter sua vingança, estava disposto a cumprir seu sanguinário objetivo naquela noite, não poderia deixar passar esta oportunidade.

...

Pouco mais de uma hora depois, chegara seu horário de intervalo, era esse pouco tempo que usaria para executar seu maior feito.

Seguiu caminhando pelos corredores rumo a escada na qual era pouco movimentada, as pessoas hoje em dia, optavam sempre à usar o elevador, e ele resolveu usar isso a seu favor. Mas embora pouco movimentada, ainda havia câmeras no local. Olhou para os lados, tendo a certeza de que estava sozinho ali, tirou a arma escondida em sua calça, apontou-a para uma das câmeras; em um perfeito ângulo no qual não pegava seu rosto, e atirou. Não lhe importava se ouviram o barulho ou não. Fez o mesmo com a outra, e seguiu em frente.

Repetiu tal ato mais algumas vezes até finalmente não sobrar nenhuma prova de que estivera naquele local, sabia que naquele momento já vinham guardas ao seu encontro, mas era tempo suficiente pra dar um único tiro certo que resolveria seus problemas.

Em um pequeno impulso de sua mão, abriu a porta; ele estava ali. Tudo realmente parecia estar a seu favor, pois sua pobre vítima ainda estava acordada por culpa de sua insônia, e miseravelmente iria ter de presenciar sua própria morte.

Seu olhar ameaçador encontrou o de sua presa, agora amedrontada por sua inesperada aparição; não havia lugar pra se esconder, era o fim.

— Vitor. - pronunciou. - quanto tempo, velho amigo.

— Já fazem três anos. - perguntou, desviando o olhar para a arma em sua mão, logo descobriu pra que viera. - não foi suficiente para você ter fugido com a garota que eu amava?

Ele riu, sarcástico.

— Ela fugiu porque quis! - indagou sério. - ela não estava feliz com você, nunca esteve. Ela preferiu a mim, não pude fazer nada.

— Não! Ela me amava! - gritou. - você fez a cabeça dela para faze-la me largar!

Apontou imediatamente a arma para cabeça de Vitor, não estava a fim de mais papo e muito menos se for pra ouvir baboseiras de quem ele achava que era totalmente imaturo para aceitar o fato de que perdeu sua garota para o melhor amigo.

— Chega, Vitor. - exclamou. - ambos sabemos que não vamos chegar a lugar nenhum com essa conversa. Então, vamos direto ao ponto.

— Não vai sair impune se fizer isso.

— Será que não? - soltou um riso maléfico.

Saiu da cama de hospital num salto, na tentativa de escapar do quarto, porém acabou por levar um tiro em seu tornozelo direito, o que lhe impediu de continuar e o fez cair de encontro ao chão, sendo simultaneamente encurralado por seu ex-amigo.

— Não precisa terminar assim, Daniel.

— Calado! - nada o faria mudar de ideia. - Sua fama de bom moço acabou. Mas não se preocupe, darei a noticia de sua morte à ela.

Antes que pudesse sequer ter qualquer reação, um tiro atravessou sua cabeça, matando-o no mesmo instante.

Após certifica-se de que realmente havia cumprido sua vingança, ouviu os passos apressados dos seguranças armadas se aproximando do quarto onde estava; avançou até uma das janelas abertas, por estar no segundo andar não seria difícil pular dali, talvez saísse com alguns ferimentos, mas não graves. Posicionou-se e esperou até que abrissem a porta, para pular no momento certo e sair vitorioso. E assim o fez. Às meia-noite em ponto, um assassino fugia pela janela de um hospital, após sangue inocente ser derramado; sem nenhum remorso e pronto para desaparecer no mundo.