Mudanças escrita por carolze


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, desculpem o capítulo imenso! Mas foi preciso! Se o dividisse ficaria cortado... Achei melhor colocar tudo de uma vez.
E sendo menina Dulce nossa representação #Guclia, aqui não seria diferente.
Sendo assim, tenham uma ótima leitura!
;)



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Gustavo estava cansado. Teve um dia repleto de reuniões e tudo que queria era chegar em casa e descansar.
Abriu a porta e ouviu risadas, muitas na verdade. Elas gargalhavam sentadas juntas no sofá.

— Muito bom, chegar em casa e já ouvir esse som!
— Ah! Você tá perdendo o melhor filme! Eu amo o Garfield! Você gosta do Garfield Gustavo?
— Tenho grande admiração pela a forma como ele aprecia a vida!
Ela sorriu e piscou pra mim. Em forma de entendimento.
— Eu também, ele só come lasanha e dorme.
Falou sorrindo mais ainda!

Fui até a Cecilia e a beijei, um beijo rápido. Dulce estava na sala e Cecilia ainda ficava sem jeito quando nos beijávamos na frente dela.
— Oi...
— Oi pra você também. Porque você não toma um banho, e vem comer aqui na frente da televisão enquanto assistimos ao filme?
— Imperdível.

Ele foi rápido! Tomou uma ducha e voltou. Comeu um sanduíche, queria mesmo passar a noite de sexta-feira com as suas meninas. Suas meninas. Isso o deixava tão feliz.

— Anda mamãe, eu quero pipoca! Vai lá fazer, por favor!
Falou com voizinha de manha...
— Tudo bem! Mas pausa o filme hein...
— Sem problemas!
Cecilia passou por mim e sorrio.
— Dulce eu vou na cozinha ajudar a mamãe e já volto! Tá bom?
— Ajudar ela a fazer pipoca?
— É!
— Tá bom!
Ela falou sorrindo e se aconchegando no sofá.

Cecilia estava na dispensa, e quando me viu sorrio. Ela sorria muito mais ultimamente. Eu sorria mais também, desde que elas vieram morar aqui. Estávamos dividindo a vida.

— O que você veio fazer aqui... Só vim estourar a pipoca, já ia voltar.
— Eu vim te ajudar...
Falei isso, e fui me aproximando dela. Ela foi andando pra trás e acabou encostada na bancada da cozinha.
— Peguei você!
Falei enquanto beijava seu pescoço e a mesma suspirou.
—  Gustavo, a Dulce tá na sala!
— A esta altura a nossa menina já está dormindo...
Não aguentei e beijei sua boca. Coloquei as mãos em sua cintura e fui trazendo ela para mais perto de mim, tão perto...

Gustavo acordou suado. As mãos estavam trêmulas. Seria essa agora sua vida? Tendo sonhos, digamos quentes, com a Cecilia... Era demais pra ele.
Passou a mão pelo o rosto, levantou-se e foi tomar água, o coração estava acelerado. Chegou na cozinha e olhou a bancada. Isso não ajudou em nada.
— Eu preciso tomar uma decisão sobre essa situação.

Dulce Maria acordou ligada nos 220 volts.

— Mamãe você sabia que um grande dia tá chegando?
— Grande dia?
Cecilia fingiu não fazer ideia sobre o que a filha falava. Ela se referia ao seu aniversário de seis anos. Não falava de outra coisa a semanas. Sorrio pra ela.
— É mamãe, meu aniversário!
— Eu sei meu amor! E estava pensando sobre isso...
Dulce não aguentou esperar a mãe terminar de falar, e já foi interrompendo.
— Eu também! A gente pode sair? Ir no parque? Não precisa de muito não!
— Bom, se for isso que você quer fazer ok. Mas estava pensando em uma festinha de aniversário aqui em casa. Você pode convidar suas amiguinhas da escola! O que você acha?
— Uma festa? Pra mim? Com bolo e tudo mais?
— Sim meu amor, uma festa pra você! Com bolo e tudo mais!
— Ah eu quero sim! Eu posso chamar quatro adultos?
Que novidade seria essa? Quatro adultos...
— Você pode chamar quem quiser!
— Eu quero chamar a Ana, porque ela cuida muito bem mim quando você tá trabalhando, ela é muito boa comigo. E tem também a professora Fabiana! Eu adoro ela! Tem o Cristovão, que ajudou a gente a ficar juntas. E o Gustavo. Pronto! Quatro adultos!
Ela me mostrou os quatro dedinhos da mão. Como assim o Gustavo? Eles se viram apenas uma vez.

Tudo bem, que o meu relacionamento com ele mudou. Nos tratávamos muito bem. Sem mais o senhor e senhorita todo o tempo. Mas aí, ao meu chefe vir a frequentar a minha casa, para festa da minha filha. Era um pouco demais.

— Filha, ele é muito ocupado. Não vai poder vir.
— Mas mamãe, eu chamo ele e ele vem.
— Filha você só o viu uma vez... Não sei se, ele viria até aqui, parece demais.
— Mas eu gostei dele. E quero que ele venha no meu aniversário!
Falou de uma forma tão simples. Essa era a beleza da Dulce, o gostar sem interesse.
— Eu mesma convido ele. Quando você me levar pra entregar o desenho que fiz a um tempão, eu falo com ele!
— Você fez o desenho, não tem nem duas semanas...
— Isso mesmo! Mó tempão mamãe!
— Tudo bem! Mas antes, que tal você me dizer um tema pro seu aniversário?
— Unicórnios!
— Unicórnios... ok! A mamãe vai fazer uma festinha linda de unicórnios pra você!
— Eu nunca tive uma festinha de aniversário. Nunquinha!
— Pois agora você vai ter todos os anos. Até quando você quiser!

Ela me abraçou! Era a nossa forma de agradecimento favorita! Pediu que a ajudasse com a listinha das amigas da escola.
— Mamãe, eu posso usar uma roupa de unicórnio? Com uma tiara?
— Tudo o que você quiser!

Não foi fácil mas também não pensei que fosse tão complicado organizar uma festinha. Convites feitos, mandados para a escola. Distribuídos entre os adultos da festa. Achei que no meio da confusão toda, ela fosse esquecer do Gustavo, longe disso. Pegou um convite pra ele, me olhou seriamente e perguntou quando poderia ir até meu trabalho.

— Tudo bem... Eu vou ver se na sexta-feira você pode ir. Tudo bem?
— Tudo certo!

Antes eu teria que falar com ele...

A semana foi corrida! Todos os preparativos pra festinha estavam fechados. Bolo encomendado, lembrancinhas, decoração e a fantasia. Que deu trabalho!

Era a hora, o Gustavo encontrava-se desocupado e eu poderia falar com ele.

— Gustavo?
— Oi.
Falou me olhando serio.
— Eu gostaria de saber, se tem problemas em a Dulce vir até aqui amanhã a tarde. Teria?
— Ela aprontou de novo na escola?
Falou já com ar de riso.
— Na verdade não, ela quer vir aqui te ver.
Me olhou surpreso e sorrio.
— Sério? Posso saber o motivo da reunião?
— Claro! Ela faz aniversário semana que vem, vou fazer uma festinha pra ela, vai ser na minha casa. Algo simples, mas ela insistiu em te convidar. Você é um dos quatro adultos privilégiados a ir na festinha dela. E tem mais, ela te fez um desenho que faz questão de te entregar em mãos. E então? Posso traze-la?
— Mais é claro. A tarde está livre mesmo! E qual vai ser o tema da festa?
— Ela te conta!
Falei e no mesmo instante, lembrei do desenho dele. No meio de uma floresta e rodeado de unicórnios!
Seria uma grande surpresa. Sorri mais abertamente.
— Obrigada. Vai significar muito pra ela. E mais uma coisa, não se sinta na obrigação de ir. Ela vai entender se você não puder.
— É certo que eu vou.
Gustavo falou isso e levantou-se. Saiu de trás da mesa e ficou parado na minha frente.
— A não ser, que você não me queira na sua casa Cecilia. Então eu não vou.
Me olhou nos olhos, dava pra perceber que isso o deixou tenso. E claro, a mim também.
— Vai ser um prazer ter você na nossa casa!
Sorri. E não sei bem o porque mas o pensamento dele, Gustavo Lários, na minha casa, me fez corar.
E pela segunda vez, ele me deu aquele sorriso. Um sorriso que parecia dizer muito mais. Deveria ser crime, porque aquele sorriso me fez corar ainda mais.


Dulce Maria estava mais do que feliz ao sair da escola mais cedo. Sua mãe não foi busca-la, ela iria pra casa com Ana, almoçaria e esperaria por Cecilia. Estava ansiosa!

Dulce fez tudo o que precisava e sentou-se na sala para aguardar a mãe.

— Dulce mudanças de planos!
Dulce já pensou que não iria mais poder visitar a mãe no trabalho.
— Eu não posso mais ir no trabalho da mamãe?
— Não Dulce, ela pediu que eu te levasse até lá! E ai? Vamos?
— Iuuuupi! Vamos sim!

A viagem fora tranquila, e assim que chegaram na frente da empresa, Cecilia já esperava por elas.
— Ana muito obrigada por esse favor! Tivemos uma reunião de emergência na hora do almoço e não pude sair!
— Tudo certo Cecilia! Divirtam-se vocês duas!
— Obrigada!
As duas falaram.

Cecilia olhou a filha, sorriu e as duas saíram de mãos dadas por dentro da empresa. Ao chegarem ao andar da presidência.
— E então? Posso te oferecer lápis de colorir e desenhos, ou você está de castigo mais uma vez?
Silvana falou sorrindo e piscando pra Cecilia.
— Não, obrigada! Eu vim conversar com o Gustavo! Ele já tá ai?
Dulce perguntou seria.
— Não Dulce, ele foi almoçar e vai demorar um pouco a chegar. Porque você não aceita os lápis e desenhos e vamos pra minha sala?
— Tudo bem! Obrigada Silvana!
Dulce pegou os lápis e papel. Não teria muito o que fazer, já que teria que esperar.
Não demorou muito e Dulce estava entediada. Resolveu conversar.
— Mamãe você tá ocupada?
— Não muito, só organizando umas coisa, porque?
— Nada demais não. Só jogando conversa fora, você sabe como é, mulheres femininas como a gente, conversam muito.
— Eu sei! E sobre o que você quer falar, posso saber.
— Homens masculinos.
Cecilia não fazia ideia onde essa conversa iria dar, talvez fosse melhor nem ficar sabendo e já cortar o assunto. Mas jamais faria isso.
— Homens masculinos... Certo, e o que exatamente você quer saber, posso saber?
— Sim pi ri rim!
— Quem é mais bonito, o Cristovão ou o Gustavo? Eu acho o Gustavo! E você mamãe?
Eu senti meu rosto quente, muito quente! Minha nossa senhora, só a Dulce pra me fazer uma pergunta dessas dentro do escritório! Dentro do escritório!
— Eu não sei... Nunca reparei Dulce.
— Mas mamãe, é só dizer! Um ou o outro!
Falou colocando os braços para cima.
— Tudo bem, o Gustavo. Agora vamos parar com essa conversa toda! Volta pro seu desenho...
— Tudo bem! Mas porque seu rosto tá vermelho? É porque você acha ele bonito?
— Dulce Maria! O desenho...
Falei quase entrando em desespero. Eu já imagina o Gustavo entrando e entendo a conversa. Ai sim, eu viraria um pimentão vermelho gigante e de saia.

Esperamos por mais uns vinte minutos, quando o mesmo entrou na sala, carregando uma sacolinha.
— Soube que tem alguém me esperando.
— Você chegou!
Gustavo não esperava essa recepção. A menina pulou da cadeira e veio lhe dar um abraço. Foi reconfortante.
— Oi Dulce! É muito bom te ver também! E eu tenho uma surpresa aqui dentro pra gente! Cê quer ver?
— Uhum! Eu adoro surpresas! Adooooro!
— Que bom então. Que tal, se nós deixássemos sua mãe trabalhando e nós fossemos pra minha sala?
— É só a minha mãe que trabalha aqui? Você não?
— Dulce Maria... Minha filha!
Cecilia não podia acreditar no que estava ouvindo. Ela sabia qual era a surpresa na sacola, era sorvete. E a filha vem com uma dessas. Gustavo veio em seu auxilio.
— Bom, eu esvaziei a minha agenda, pra poder ficar com você. E a sua mãe me ajudou com isso, ela está reorganizando as reuniões e outros compromissos. Assim, eu estou livre hoje.
— Ah bom, porque se não fosse assim, minha mamãe merecia folga! Trabalha demais, e ainda cuida de mim, e olha que dou trabalho!
Cecilia olhou pra ela sorrindo.
— Cuidar de você é a melhor parte da minha vida! Eu nunca vou querer folga disso!
Cecilia piscou pra Dulce, enquanto ela saia com Gustavo.

Gustavo estava impressionado com o quanto Dulce Maria falava. Obviamente, ela era muito inteligente.
— Cade a sacolinha? Eu quero ver o que tem dentro! Pena que não cabe um cachorrinho ai! Ou cabe?
— Não, não cabe! Mas pode olhar!
No mesmo instante, ela olhou o que tinha dentro e sorrio.
— Sorvete! E de chocolate! Eu amo sorvete de chocolate!
— Sua mãe me disse, e eu decidi trazer pra gente comer, enquanto conversamos.
Obrigada!
— Não tem de quer! Mas eu estou curioso pra saber o que você quer falar comigo!
— É um assunto bom, mas ele é de homem pra homem.
— Que tal de amigos?
— Tudo bem!
— Onde você quer sentar?
— Naquela cadeira!
Dulce Maria apontou pra minha cadeira, levei ela até lá e a ajudei a sentar, já que a cadeira era bem mais alta que ela.
— E então, sobre o que você quer falar?
— Você é muito apressado!
Ela falou enquanto tomava o sorvete.
— Não apressado, acho que curioso!
— Tudo bem... Eu tenho duas coisas pra você! A primeira é esse desenho aqui, pra você.
Ela me deu um desenho, que estava dobrado, e no desenho, lá estava eu, de azul, como da ultima vez que ela me viu, no meio de uma floresta e aparentemente, eu estava rodeado de unicórnios. Sorri, adorei o desenho!
— Nossa! Eu estou no meio de unicórnios é isso?
— É isso sim! Você gostou?
— Eu adorei! Vou colocar esse aqui junto com o outro na geladeira! Minha exposição particular dos seus desenhos!
— E a segunda coisa, é isso aqui...

Era um convite do seu aniversário... De unicórnios também. Acho que alguém estava numa fase.
— Seu convite de aniversário?
— Sim pi ri rim! Você vai neh? Minha festa vai ser de unicórnios. Vai ser muito legal! Meu primeiro aniversário!
— Claro que eu vou! O que você quer de presente?
— Nada. Você já vai e esse é meu presente. Meus amigos lá comigo!
Gustavo impressionou-se com a resposta da Dulce, que criança não gostava de ganhar presentes? Teria que falar com a Cecilia pra descobrir algo que ela queria.

Cecilia ouviu toda a conversa. Deixou a porta aberta, porque qualquer coisa, ela corria em socorro do Gustavo. Mas nada disso foi preciso.
Nesse momento, depois que o desenho e o convite foram entregues, os dois conversavam e desenhavam. Daqui a pouco faria quase um ano que trabalhava para o Gustavo, e nesse tempo, jamais o imaginou, sentado ali e desenhando com uma criança de quase seis anos.
Seu coração aqueceu. Dessa vez, não era a sua imaginando, criando cenários como esses, os dois estavam lá. Pintando, conversando e rindo. Cecilia suspirou, e pensou no que poderia acontecer.
Gustavo fazer parte dos dia- a- dia delas, jantares, conversas e risadas, e claro, momentos dos dois.
Ela nunca admitiu, nem pra si mesma, se sentia alguma coisa por ele. Certas coisas, era melhor deixar quieto. E se ela não conseguisse deixar quieto?
Ouviu mais risadas! E dentre delas, uma coisa que lhe fez corar e correr até a porta.

— Eu prometo que juro sim! Minha mãe falou que você é mais bonito que o Cristovão! E eu acho também!
Tarde demais Cecilia, só fingi que não ouviu nada e diga que elas já podem ir embora.
Cecilia entrou na sala, totalmente vermelha.
— Dulce nós já podemos ir!
Falei o mais depressa que pude, e sem olhar para o Gustavo.
— Não mamãe, agora não. Daqui a pouquinho! A gente tá tendo uma conversa de amigos! Sabia que o Gustavo também te acha bonita!
Eu levantei minha cabeça e o olhei, ele já me olhava e sorrindo. Não conseguia desviar os olhos... Até que.
— Mamãe, eu estou falando! Vocês não estão me ouvindo!
Pisquei pra clarear a mente.
— Oi meu amor, desculpa. O que você falou?
— A gente pode comer fora?
— Claro! Desde quê, não seja pizza!
Falei sorrindo. Era preciso alguns nutrientes.
— Mas mãe, eu ia levar o Gustavo pra comer pizza com a gente!
Olhei pra eles como se não acreditasse no que ouvia. Jantarmos juntos...
— Dulce o Gustavo é muito ocupado, ele não pode...
Na mesma hora o próprio me interrompeu.
— Eu já prometi que iria. E já que a sua mãe nos proibiu de pizza, que tal massas?
Um macarrão? Hum, o que vocês me dizem?
— Macarrão! Iuuuupi!

Cecilia se deu por vencida. Não tinha muito o que fazer, apenas pedir a Deus que tudo corresse bem.

Se viu, minutos depois do clamor aos céus, sentada no banco da frente do carro do chefe, com a filha tagarela no banco traseiro, enquanto se encaminhavam ao restaurante.
Seria uma longa noite.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam?
Apenas um pequeno esclarecimento, eu não sigo uma linha temporal muito rígida... Porque imagina se eu conto os detalhes do dia a dia... Até que se fizesse tempo suficiente para as coisas irem mudando... Nem sempre eu vou escrever "um tempo depois"...
Obrigada!



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