Red Umbrella escrita por Mirytie


Capítulo 1
Capítulo 1 - Two Umbrellas


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e desculpem algum erro que der



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O mundo era pequeno para a pequena Rose de 5 anos, que estava a um ano de entrar para a primária. Entretanto, andava na creche, onde a sua mãe, que estava correntemente desempregada, a ia buscar, cinco dias por semana.

As férias de Natal já estavam a chegar, por isso Rose estava especialmente feliz. Todos os anos, os pais preparavam uma pequena festa “surpresa” para ela. E aquele ano era especial. O seu pai tinha ido numa viajem de negócios há meio ano, mas as pessoas que mandavam nele, tinham dito que ele podia ir a casa no Natal para passar o feriado com eles.

A sua mãe, que adorava esse tipo de ocasiões quase tanto quanto a filha, tinha-lhe dito que o pai ia estar vestido de Pai Natal para a surpreender, por isso ela não devia desmascara-la.

Ela concordou imediatamente. O pai vestido de Pai Natal? Mal podia esperar para ver isso. Infelizmente, a mãe dissera-lhe que o pai teria de partir no mesmo dia, por isso só tinham aquele tempo com ele.

Rose ficou um bocado triste, mas a mãe garantiu-lhe que o voltariam a ver. Ela concordou outra vez, mas sentiu que alguma coisa não estava bem, ali.

O que seria?

No último dia de aulas, no fim do dia, começou a chover, por isso as crianças ficaram à espera dos pais dentro da creche, em vez do pátio, como faziam normalmente.

Quando viu o guarda-chuva vermelho da sua mãe, sorriu mas, em vez de esticar o braço na sua direção, esticou-o na direção de um rapaz com roupa velha. O sorriso de Rose desapareceu, até ver a mãe chegar, poucos segundos depois, com o mesmo guarda-chuva.

As duas crianças deixaram a creche quase ao mesmo tempo. Rose estava agora chateada, por isso a mãe perguntou-lhe a razão.

— A mãe daquele rapaz novo tem um guarda-chuva igual ao teu. – respondeu Rose, surpreendendo a mãe.

— Mais do que uma pessoa pode ter o mesmo tipo de guarda-chuva. Porque é que isso te chateia? – perguntou a mãe, um pouco com medo de ouvir a resposta.

— Porque ele parece pobre. – respondeu Rose, fazendo a mãe fechar os olhos durante alguns segundos.

— Sabes Rose, eu já fui pobre. – disse ela, olhando para a expressão de completo choque na cara – Quando eu era mais nova, os meus pais não conseguiam arranjar emprego. Muitas vezes, não tínhamos nada para comer.

— Estás a mentir. – disse Rose, tomando aquilo que a mãe tinha dito como uma piada.

A mãe acocorou-se para ficar do mesmo tamanho de Rose, depois de pararem em frente a uma casa de dois andares, onde Rose tinha crescido.

— Um dia contar-te-ei essa história. – disse a mãe, enquanto o portão se abria automaticamente – Entretanto, não quero que faças pouco de pessoas como aquele rapaz.

Um bocado chateada e amuada, Rose correu para dentro de casa quando o portão abriu-se completamente e trancou-se dentro do seu quarto, deixando a mãe a perguntar-se se estava a fazer um mau trabalho ao criá-la.

Rose não conseguia ficar muito tempo chateada com ninguém. Principalmente quando os primos, Marylin e Chris a vinham visitar, com a sua tia. Isso também significava que, Sophie, a empregada da família, iria fazer bolachas caseiras para eles. Já conseguia sentir o cheiro.

A sua tia tinha começado a visitar a casa deles mais vezes desde que o seu pai fora em viajem de negócios, para falar com a sua mãe. Rose não se importava de todo.

Quando a tia vinha trazia sempre os filhos. Marylin, que era da sua idade, era também a sua melhor amiga. Ela não andava numa creche. Em vez disso, tinha aulas privadas em casa, o que já tinha gerado várias argumentações entre Rose e a mãe.

Chris, dois anos mais velho do que elas, já andava na escola primária. Uma privada.

Rose achava-o muito fixe. Tinha muito orgulho de ter um primo tão esperto.

Marylin concordou com Rose, à cerca do rapaz que tinha conhecido naquela manhã. Era errado ser pobre. Os pais dele deviam ser preguiçosos porque só bastava trabalhar mais um pouco para chegarem onde eles estavam.

Já Chris decidiu não comentar sobre o assunto, o que chateou um pouco as raparigas…até as bolachas caseiras de Shopie chegarem.

Não demorou muito até o Natal chegar e, tal como a mãe tinha prometido, o pai tinha voltado, disfarçado de Pai Natal. Rose era toda sorrisos.

Ainda melhor, a tia tinha visitado outra vez e Rose estava mais do que contente ao ter a prima lá a gabar o pai que tinha voltado só por causa dela e ainda por cima, tinha-se disfarçado de Pai Natal para a surpreender, enquanto que o pai de Marylin nem tinha aparecido.

— A mãe disse que o pai vai ficar até tarde, a trabalhar. – disse Marylin, triste.

Ao ver a melhor amiga daquela maneira, Rose convidou-a para irem brincar com o pai dela, juntas, e assim o fizeram.

Enquanto isso, a mãe de Rose falava com a sua irmã, penosamente.

— Por quanto tempo é que vais esconder da Rose que…

— Shhh! – interrompeu a mãe de Rose – Ela ainda é muito nova para saber.

— Olha, o meu marido não se importa de fingir que é o pai da Rose. – disse ela, chateada por ter sido interrompida, quando estava a tentar ajudar – Mas a tua filha pensa que estás desempregada enquanto trabalhas o dobro das pessoas para saíres mais cedo para ires buscar a Rose, enquanto que a Sophie podia fazê-lo por ti. A Rose tem de saber a verdade. Já não é assim tão inocente. Se a mesma coisa acontecesse na minha família, eu diria imediatamente à Marylin e ao Chris.

— Tu não sabes o que ela me contou sobre um menino que anda na creche com ela. – ela suspirou – Só preciso de mais algum tempo. Até ela compreender como as coisas funcionam.

A irmã abanou a cabeça.

— A Marylin ficou desolada quando disse que o pai dela não vinha jantar. – a irmã olhou para o homem mascarado de Pai Natal – Apesar de ele estar aqui, eu não posso dizer-lhe. Também não é justo para mim, nem para ela. Não pensas em nós? Isto é errado.

Ela não sabia como responder àquilo. Pelo menos, teve que esperar um pouco para fazê-lo.

— Quando ela voltar para a creche. – decidiu ela – Quando a Rose voltar para a creche, eu conto-lhe o que aconteceu.

A irmã olhou para ela, com pena.

— Eu estou sempre aqui, para ti. – lembrou-lhe ela – Quando disseres à Rose, se precisares de apoio, eu estou sempre aqui para ti.

Lágrimas apareceram nos olhos da mãe de Rose, mas ela limpou-as imediatamente quando viu a filha a aproximar-se com um sorriso.

Ela só queria preservar aquela alegria no rosto da filha durante mais algumas semanas.

Tal como tinha prometido à irmã, depois de Rose voltar à creche, ela decidiu contar-lhe a verdade.

Mais uma vez, num dia de chuva, a mãe foi busca-la com o guarda-chuva vermelho, quase ao mesmo tempo da do rapaz, pondo Rose de mau humor quase instantaneamente. Ele ainda parecia pobre. E, na cabeça de Rose, não tinha direito de ter um guarda-chuva igual ao da mãe.

No entanto, quando viu o carro da mãe, esqueceu automaticamente o rapaz e o guarda-chuva vermelho da mãe dela. A casa dela era perto da creche, por isso, normalmente, a mãe não trazia o carro, a não ser que tivessem de ir a algum lado mais longe antes de voltarem para casa.

— A partir de hoje, será a Sophie que te virá buscar. – disse a mãe, enquanto ela punha o cinto no assento de trás – A mãe tem um trabalho que me impede de te vir buscar a esta hora, todos os dias.

— Arranjaste um emprego? – perguntou Rose, confusa – Onde é que vamos?

A mãe suspirou fundo, extremamente cansada e triste. O que ia dizer à filha naquele momento seria horrível e provavelmente iria deixar uma cicatriz para toda a vida. Por isso, demorou alguns segundos a responder à filha.

— Vamos ver o teu pai. – respondeu ela, enquanto ligava o carro.

— O pai!? – os olhos de Rose começaram a brilhar – Ele já voltou da viajem de negócios?

Silêncio instalou-se durante mais alguns segundos.

— Rose, o teu pai teve um acidente de avião quando estava a ir na viajem de negócios, no Verão passado. – começou ela – Ele não conseguiu recuperar.

— Ele está num hospital? – perguntou Rose, com lágrimas nos olhos.

Rose podia ser inocente, mas, no fundo, já sabia o que tinha acontecido. Só estava à espera que a mãe o confirmasse.

No entanto, quando pararam em frente a um cemitério, a mãe não precisou de responder. As lágrimas que tinham enchido os olhos de Rose, começaram a escorrer pela sua face, mas ela não abriu a boca, não soluçou. Só lágrimas.

Não questionou a mãe sobre as mentiras que ela tinha contado durante meio ano. Limitou-se a sair do carro quando a mãe saiu e a segui-la…para ir ver o pai.

Pararam em frente a uma pedra com números escritos e uma passagem da bíblia, e o nome do seu pai.

— Desculpa. – pediu a mãe, com a voz a tremer, enquanto apertava a mão da filha.

Rose continuou a olhar para o nome do pai. O mundo da pequena Rose de 5 anos podia ter sido pequeno, antes, mas tinha acabado de ficar um pouco maior.


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Notas finais do capítulo

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