Xanadu escrita por magalud
Capítulo 18 - Profetizando guerras
- Sirius? O que aconteceu? Severus está bem?
- Não, Harry, eu acho que não. Desculpe chegar a essa hora e sem avisar, mas... algo está acontecendo.
- Nossa, você está pálido. Senta aqui.
- E Draco?
- Dormindo. Ele tem dormido muito, com a gravidez e tudo mais. Damien também está dormindo. Mas conte-me o que houve com Severus.
- Eu acho que ele pode estar sob uma maldição de Voldemort.
- O quê??? Voldemort morreu há anos. Por que está dizendo isso?
- Harry, hoje de manhã, eu acordei como Snuffles e não consegui voltar à forma humana. O dia inteiro, eu quero dizer. Tentei, tentei, e não consegui. Então eu comecei a voltar a ser humano. Aí, de repente, Severus começou a se transformar também!
- Severus? Mas ele não é um animago. Ao menos, não que eu saiba.
- Por isso mesmo! Ele se transformou numa fênix negra, e é claro que ele não tinha idéia do que estava acontecendo. O bicho ficou apavorado, e começou a quebrar a cozinha toda, voando desesperado. Aí ele desapareceu e acho que foi para a floresta. Mas, Harry, ele não sabe ser bicho! E se algum falcão o pegar? Ou um outro animal? Merlin, Harry, ele é uma presa fácil.
- Mas por que você acha que é uma maldição?
- Porque foi de repente. Que nem aquela outra vez. Eu só não sei o que detonou isso.
- E afetou você também?
- Acho que sim. Mas eu consegui me transformar de volta. Afinal, eu sei como. Mas ele não sabe, Harry. - Sirius parecia desesperado, a ponto de começar a chorar. - Harry, ele não sabe ser bicho e também não sabe voltar à forma humana. Eu nem sei se ele vai voltar à forma humana. Se for uma maldição, ele pode passar a vida inteira como ave!
- Calma, Sirius.
- Como, calma? Não me diga para ter calma! Droga, Harry, agora que a gente tinha se acertado, isso acontece!
- Vocês tinham se acertado?
- É, sabe... - Sirius ficou encabulado, um sorriso tímido. Coçou a cabeça e deu de ombros: - Ele gostava de mim, e eu não sabia.
- Sirius... - Harry deu um risinho. - Acho que só você não sabia. Até Damien sabia.
Aquilo arrancou outro sorriso embaraçado de Sirius.
- É... Bom... Mas a gente se acertou, e agora eu estou preocupado com ele, Harry. Só Merlin sabe o que pode atacá-lo de noite na tundra, se ele não sabe direito como ser uma ave.
- Fique calmo. Vamos procurar por ele. Olhe, vou avisar Draco e já volto. Ele pode sair de Xanadu?
- Acho que não. As proteções detectam animagos, porque na época Wormtail era vivo. Isso nunca foi trocado.
- Que bom. Assim podemos tentar rastreá-lo.
Eles passaram a noite na floresta que circundava Xanadu. Quando o dia começava a amanhecer, Harry encontrou Sirius. Por sorte, ele viu o que aconteceu.
Assim que os primeiros raios do Sol surgiram no horizonte, Sirius começou a se transformar. Harry acompanhou a aflição, o desespero, em que Sirius tentava reverter a mudança e manter sua forma humana. Inútil. Snuffles apareceu, e parecia agitadíssimo, ganindo e pulando, e puxando Harry pelas calças para irem até a floresta.
- Snuffles? Ache Severus!
O cachorro largou Harry e correu floresta adentro, Harry tentando ir em seu encalço. Mas Snuffles se perdeu na mata densa, e Harry achou melhor ficar perto da casa.
Em minutos, um ruído alto de Aparatação o assustou. Severus apareceu, absolutamente desalinhado, vestes rasgadas, cabelo ainda pior do que o de costume, arranhões no rosto. Harry o chamou:
- Severus!
Aliviado, Harry o abraçou e o levou para dentro de casa. O seu ex-professor estava francamente atordoado.
- O que...
- Calma, calma. - Harry o pôs sentado à mesa da cozinha. - Vou fazer um chá, que tal?
- Tem comida? Estou esfomeado, e nem sei direito o que houve...
- Você passou a noite como uma ave negra mágica aparentemente extinta.
- Hum?
Harry contou tudo o que Sirius tinha lhe contado, e Severus ainda processava as informações quando alguém bateu à porta da cozinha. Severus por um minuto teve uma esperança de que fosse Sirius. Mas era Draco, com Damien no colo, a barriga levemente arredondada. Ele encarou Harry, bravo:
- Você está aí? Por que não me avisou que Severus estava bem? - Draco olhou com mais atenção para Severus e comentou. - Na verdade, ele não parece tão bem.
- Ev! Ev! - gritou Damien, que ainda não falava, mas articulava algumas sílabas.
Draco olhou para o filho, que agitava os braços e queria se jogar para cima de Severus. Era impressionante como o garoto gostava de Severus.
- Venha cá, Damien. - disse o ex-professor
- Ev! - Damien parou de gritar quando foi levado a sua pessoa favorita, os pezinhos fincados nas coxas, as mãozinhas direto no nariz. - Ev, papai.
- O que aconteceu com você? - indagou Draco.
- Não tenho certeza. Harry parece saber mais do que eu.
- E Sirius?
Harry repetiu a história toda para Draco, que empalideceu. Damien estava ficando chateado no colo de Severus, então ele pediu para descer, e começou a caminhar pela cozinha, Harry de olho no diabinho.
- Draco? - Severus notou a palidez do outro. - Você sabe algo sobre isso?
- Acho que sim. Não tenho certeza. - Ele parecia confuso e arrasado. - Droga, Severus, eu espero que não seja nada disso que estou pensando.
- No que você está pensando?
- Isso é coisa do Lord. - Draco ainda não conseguia dizer o nome de Voldemort. - Ele adorava lançar essas maldições sem tempo definido. Elas funcionam à base de circunstâncias específicas: quando as condições certas se reúnem, a maldição se aciona praticamente de maneira autônoma.
- E como desfazer a maldição?
- Logicamente, seria desfazendo as circunstâncias. O problema é que não se sabe exatamente as circunstâncias. Meu pai me falou de um feitiço geral para esse tipo de maldição. Conhecendo o Lord, não estou muito certo de que daria certo. Ainda mais quando nós nem sabemos direito de que circunstâncias estamos falando.
Severus abaixou a cabeça.
- Eu acho que sei.
- Como assim?
- Ele dizia que eu jamais seria amado. Ninguém nunca seria capaz de me amar, segundo ele. Acho que a maldição foi uma maneira de assegurar a sua profecia.
Harry pegou Damien no colo pouco antes do menino tentar se enfiar no forno e indagou:
- Eu não estou entendendo.
- Sirius e eu... - Severus enrubesceu um pouco antes de continuar: - ... admitimos nossos sentimentos.
- Sirius também?
- Sim. Na verdade, foi ele quem admitiu. Eu já sabia há muito tempo.
Draco assentiu:
- Sim, faz sentido. O feitiço foi acionado quando o amor foi correspondido. Todos nós sabemos o quanto o Lord odiava o amor.
- Por isso Sirius vira bicho e Severus também? Mas Severus nem é animago!
- Pelo que vocês disseram - continuou Draco -, a intenção é que um tenha forma humana enquanto o outro for animal. Desta maneira, eles estarão sempre sozinhos. Eternamente esperando um momento em que poderão ser os dois humanos de novo. Só que o Lord não deixaria isso acontecer. Portanto, as condições de transformações seriam garantidas.
- O Sol - deduziu Severus. - Quando o Sol se levanta...
- ... é quando vocês se transformam - completou Harry, tentando controlar o filho que se contorcia para sair do seu colo. - Afinal de contas, o que pode ser mais certo do que o nascer do Sol?
Draco assentiu de novo, pegando Damien no colo. O menino queria mexer em tudo, e Harry não estava deixando, então ele foi para o pai que o deixava se divertir.
Severus estava cabisbaixo, exausto de várias maneiras, mal prestando atenção no que eles diziam. Só o que ele ouvira é que ele não podia ficar junto de Sirius. Agora Sirius só aparecia quando ele virava uma ave negra extinta.
Neste momento, um barulho ensurdecedor produziu-se na porta da cozinha. Pelas batidas, alguém diria que uma tropa de assalto estava tentando arrombar a porta e invadir o local. Os ganidos e latidos, porém, deram certeza de que era apenas Snuffles - que captara o cheiro de Severus e voara para casa.
O barulho assustou o pequeno Damien, que se abraçou a seu pai Draco quando Severus abriu a porta e o imenso cão negro pulou para dentro da cozinha, derrubando-o no chão ruidosamente. O corpo dolorido de Severus reclamou quando suas costas aterrissaram no assoalho.
- Calma, calma - Severus tentou dizer, mas o bicho estava com as patas dianteiras sobre seus ombros, a língua lambendo furiosamente seu rosto. - Está tudo bem, Snuffles. Assim você vai assustar Damien.
O cachorro começou a ganir, e Severus conseguiu sentar-se no chão. Damien olhava tudo, espantado, enquanto Draco tentava convencê-lo de que aquele bicho era amigável.
- Está tudo bem, Damien. Esse é au-au.
- Au-au, papai?
Severus disse:
- O nome dele é Snuffles, Damien. E você não precisa ter medo dele. Quer brincar com ele?
Snuffles chegou perto do menino, ainda no colo do pai. O garoto soltou um grito de tão excitado, mas esticou a mãozinha para acariciá-lo. Snuffles ficou quietinho enquanto era acariciado, e o menino pareceu adorar aquilo.
- Snuffles, esse é Damien. Você pode brincar com ele, mas ele é pequeno. Portanto, tome cuidado.
O cão latiu, e Damien estava maravilhado com o bicho, após o susto inicial. Ele nunca tinha visto um cachorro antes. Os dois logo começaram a criar mais contato.
Seria uma cena linda, pensou Harry, se não fossem as circunstâncias. O ar depressivo de Severus deixava tudo mais difícil. Talvez por isso, Harry prometeu que tentaria ajudar.
Se Draco não impedisse, claro.
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