A alvorada depois do fim escrita por Bayons


Capítulo 2
O mundo vermelho




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O antônimo de amor não é o ódio, e sim a apatia. Uma apatia tão profunda onde nada importa, mesmo a felicidade e tristeza são coisas triviais. A primeira vista parece ser algo detestável, onde a vida de uma pessoa nessa condição é algo inconcebível. Mas para outras pessoas, viver sem ser afetado pelos devaneios da vida pode ser algo desejável.

Se essa profunda apatia é uma benção ou maldição, não fazia diferença para Joffrey. Ele não era o tipo de pessoa que se olhava no espelho e reclamava por ser como é. Ele simplesmente era assim e ponto. Sua aparência desleixada e “olhos de peixe morto” refletiam seu desinteresse. Mas havia quem pensasse que ele simplesmente ainda não havia encontrado algo que gostasse, algo que iluminasse seus olhos.

Olhos esses que no momento estavam fechados, enquanto ele repousava sobre sua mesa na sala de aula. Apesar de fechados, seus olhos não estavam envoltos em escuridão. Seu corpo parecia não estar mais na sala de aula, em seu sonho ele estava em um mundo vermelho. O céu era vermelho, coberto de nuvens escarlates e o solo da planície que se estendia ao seu redor possuía a mesma cor.

E até onde seus olhos podiam ver, espadas de diversas formas estavam com suas lâminas fincadas no solo. Inúmeras delas. E além dessas, uma estava em sua mão, o formato dela não importava. Pois ele já sonhou com esse cenário tantas e tantas vezes que isso era um mero detalhe. Sua atenção pertencia inteiramente a um cavalheiro de armadura medieval a cerca de 100 metros a sua frente.

Joffrey não fazia ideia de quem ele era, o capacete não cobria todo seu rosto. Mas como se fosse uma armadura vazia, a parte de seu rosto que deveria ser visível estava preenchida de escuridão. Escuridão essa que constantemente exalava como uma fumaça negra, saindo de seu corpo. Em sua mão esquerda havia uma grossa espada, que media incríveis 2 metros de comprimento. Algo desproporcional a altura do guerreiro que quase não media 2 metros de altura.

Por uns momentos eles se encararam, os olhos de Joffrey se encontravam com a escuridão onde deveria estar os olhos dele, e a escuridão o olhava de volta. E essa tenebrosidade continuava a sair de várias partes de seu corpo como fumaça. O que aconteceria a seguir já era de conhecimento de Joffrey Lee, afinal ele já havia sonhado com isso inúmeras vezes.

Sem qualquer motivo eles lutariam entre si até a morte. E em todas as vezes Joffrey perdia da mesma maneira, partido ao meio por aquela longa espada. Que apesar de reta, nos últimos suspiros dele, ela parecia uma foice. A foice que trazia a morte, a foice que pertencia a morte. E antes dele morrer, o cavalheiro negro pegava a espada de Joffrey e a fincava no chão bem a sua frente.

Até então ele teve esse sonho inúmeras vezes, e essa numerosidade só se equiparava ao quantidade de espadas fincadas ao longo da planície do mundo vermelho. Eventualmente no mundo dos sonhos ele fechou seus olhos, e os abriu no mundo real. Ou será que era o inverso? O mundo dos sonhos era o real, e o real o dos sonhos? Bem, como se fizesse alguma diferença, uma vez que se está em um basta seguir o fluxo.

A partir daquele momento, ele era apenas um aluno normal. E apesar de tudo, ele possuía amigos. Amigos esses que não estavam na sala no momento. Era intervalo no fim das contas, ele havia dormido demais. As aulas do professor de história Calvin Watson eram chatas demais. Joffrey faminto se levantou segurando um lanche que havia tirado da bolsa e saiu da sala se dirigindo ao refeitório.

 


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Notas finais do capítulo

Curiosidade: A inspiração para escrever sobre esse mundo vermelho veio quando eu vi esse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=aIfnXFchGxE



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