Inocente.

Você pessoa que achou que eu tinha atingido o limite de decisões estúpidas e ações idiotas já pode ficar decepcionada – ou caso você seja aquele tipo de pessoa que gosta de rir disso, esse é o seu momento. Eu nunca gostei de definições, então é claro que não seria diferente nesse caso. A definição de plano é se ter um objetivo, certo? Mas para tudo tem um segundo ponto de vista... a minha definição é passar vergonha.

James e eu estamos namorando há um mês e o ponto forte da nossa relação é o segredo. Ninguém sabia ainda, porque eu queria estar emocionalmente estável  – o que era difícil perto do James – antes de ter coragem de divulgar para todos, que ficariam surpresos e não perderiam a chance de – Black— se meterem – Black— sem serem chamados – Black. O problema agora, e é a parte onde entra meu grande plano, é que James não conseguia mais guardar segredos da sua trupe – essa frescura de melhores amigos – e eu tinha prometido logo no começo, que assim que alcançássemos um mês nós contaríamos a todos de uma forma que seus amigos o perdoariam imediatamente por guardar segredo disso. James aceitou na hora como o bom ser que gosta de atenção que ele é.

É aquele ditado: quanto mais vergonhoso mais fácil é de se perdoar. Eu me inspirei em The OC para a genialidade que vem a seguir.

Era hora do intervalo, o momento perfeito para reunir as pessoas das mais variadas salas, e eu estava no refeitório esperando por James e o começo do nosso show. Agora convenhamos, eu estava um pouco feliz por essa promessa – apesar de já sentir a vergonha que me perseguiria durante um bom tempo. Com esse recado todas as meninas saberiam que James era meu e só meu n.a.m.o.r.a.d.o, sem vírgulas, sem espaço e sem necessidade de um.

Percebi a cabeça da menina do meu lado dar uma volta de 180º e presumi que era hora. Somente aquele grupo causava tamanha reação nos hormônios das meninas, e eu não errei, como sempre – mentira, eu errava bastante como todos já vimos. James vinha com seu habitual sorriso e não parecia nervoso – o contrário de mim que me tremia inteira – Sirius vinha do seu lado direito e Remus e Peter do esquerdo nessa respectiva ordem. Eles tinham aquele ar de celebridade em volta deles que me fazia sentir vontade de vomitar, mas eu teria de me acostumar... aquilo não ia sumir de um dia para o outro mesmo que assumíssemos o namoro. Ao menos que eu cometa um assassinato em massa ao estilo Yandere Simulator e fique somente eu e o senpai no nosso ninho de amor.

Vi Sirius fazer sinal para James, indicando que iria pegar algo para comer na cantina – cuja fila ele nunca precisava enfrentar porque davam espaço para eles, uma puta sacanagem – mas James negou e fez sinal para que o acompanhasse e então seu olhar se encontrou com o meu, e embora soe muito clichê, eu me acalmei na hora. Tinha os espasmos normais que a sua presença me causava, mas isso eu já estava acostumada. Eu sorri tentando incentivá-lo, mesmo sabendo que não seria necessário – já que ele tinha amado a ideia – e ele caminhou em minha direção decidido.

— Ei Lily podemos conversar? – Perguntou alto o suficiente para que os curiosos e seus amigos pudessem ouvir. Eu tive que segurar a risada para responder, mas tinha certeza que falhei na cara séria.

— Não agora James. – Tentei ser o mais grossa possível e ele piscou me aprovando – Presta atenção nas suas falar. – Murmurei baixinho uma bronca. Sim, nós tínhamos ensaiado aquilo algumas vezes. James fez uma careta tentando se concentrar, mas nós dois estávamos loucos para rir.

— Agora sim Lily! Você está me ignorando por dias. Não acha que está na hora de conversarmos e assumirmos tudo? – Gritou mais um pouquinho, tentando chamar a atenção de quem comia em paz. Ele subiu em cima da mesa na qual eu estava sentada e pude ver o rosto de seus amigos confusos e risonhos antes de me concentrar somente nele. – Olha eu sei que você está com medo...

— É.. medo de você. – Respondi desviando do roteiro, mas a fala tinha caído perfeitamente. James teve um tique no olho, provavelmente tentando segurar sua piscadela da aprovação para não levar outra bronca.

— Qual foi Lily, você fala com todo mundo, mas me ignora? – Perguntou ultrajado. Aquilo era verdade, eu tinha uma política, antes mesmo de escondermos nosso namoro, de evitar falar com James na escola. Era uma atenção desnecessária para a minha pessoa. – Ou você me reconhece agora ou me perderá para sempre.

— Opa opa opa! Do que cê ta falando James? Vocês estão juntos? – Sirius perguntou/gritou. Pude ver pelo seu rosto que ele estava indignado que algo do tipo tenha acontecido sem seu conhecimento, ainda mais que ele tinha sido o primeiro a notar sobre os meus sentimentos. – Você e a nerd ruiva? – Perguntou de novo cada vez mais incrédulo.

Desviei o olhar de James e encarei Sirius da forma mais feia que consegui. Qual foi, ele era o melhor amigo do James, sabia que ele gostava mesmo de mim, não deveria ser tanta surpresa assim. O desgraçado estava querendo me envergonhar, e confirmei isso com seu pequeno sorriso em minha direção.

— Sim, nós estamos juntos Sirius. – James confirmou, voltando minha atenção para ele e pude ver seu sorriso. Outro desgraçado que se divertiu com o comentário. – Nós estamos namorando. – Confirmou me encarando com um brilho no olhar que quase me fez suspirar.

— Porque ta fazendo isso James? – Perguntei tentando soar envergonhada, o que não foi difícil já que eu realmente estava.

— Porque eu gosto de você. Esse tanto. – James fez um gesto apontando sua situação e eu soltei uma risada pelo nariz que torci para ter passado despercebida. – E se não se sente do mesmo jeito em relação a mim, então alguém precisa me ajudar a descer. – Ele falou divertido, desviando do roteiro também. Tinha algumas partes da cena original que nós tínhamos tirado para não ficar muito óbvio, mas é aquilo, a original é sempre melhor.

James estendeu a mão em minha direção, me chamando para subir. Pude perceber a tensão do refeitório onde todos nos encaravam e decidi fazer um draminha esperando mais tempo do que o combinado. Quem sabe James achasse que eu realmente tinha desistido da ideia? Tadinho. Ele aproximou sua mão mais de mim e pude notar o primeiro sinal de nervosismo nele desde que tínhamos começado e me dei por satisfeita, aceitando sua mão e me erguendo em cima da mesa, na sua frente. Ouvi reclamações baixinho de meninas que estavam na fila para terem sua chance com James, mas ignorei.

— Eu não acredito nisso. – Sussurrei para James, feliz demais.

— Acabou tudo, menos a grande cena de beijo em público. – Ele sussurrou de volta me puxando pela cintura e eu fui, me jogando em seus braços, entregando completamente a minha empolgação com a situação.

Agora oficialmente para todos James era a MINHA vadia.