Presença na Escuridão escrita por Angel Black


Capítulo 2
O porão




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— Foi você quem colocou esse cobertor aqui? – perguntou Meg, meio aborrecida. Estaria David querendo ‘produzir’ algum fenômeno paranormal?

— Não... eu estava lá embaixo... os caras estão de prova... estava todo mundo lá em baixo. Só você e a Lana subiram e isso foi há um minuto atrás. Daí você começou a gritar e, sei lá, a gente veio conferir. Quem sabe você não tinha visto um fantasma? Qual é o do cobertor? – perguntou David, estranhando a pergunta de Meg.

— Eu não trouxe nenhum cobertor comigo. E só havia o lençol. Como é que agora há um cobertor? Quem colocou esse cobertor aqui? – perguntou Meg, sentia uma estranha sensação em todo o seu corpo. Novamente, sentia aquela estranha presença no quarto consigo.

— Deve ter sido você mesma, Meg. – falou Ryan. – As vezes você fala durante a noite. Eu já escutei você falando. Talvez você tenha levantado e achado esse cobertor no armário e colocado sobre você.

Meg olhou para o armário. Era lindo, todo em madeira trabalhada e com trincos cromados. Ela levantou-se e abriu ambas as portas. No armário, não havia nada.

— Acha mesmo que esse cobertor estaria aqui no armário? – perguntou Meg.

— Você abriu o armário antes de se deitar? – perguntou David.

— Não...

— Então, eu acho que Ryan tem razão. Você deve ter achado o cobertor meio dormindo... sei lá... pelo berro que você deu, não me admiraria se você fosse sonambula. Não lembra mesmo do que você estava sonhando?

— Não... – mentiu ela. Ela tinha sonhos recorrentes com o acidente que matara toda a sua família.

— Que barulheira é essa? – perguntou  Lana, entrando no quarto. Ao contrário de Meg que vestia pijamas simples, Lana usava uma camisola comprida, vermelha e muito chamativa. Greg, apontou a câmera para ela e focou no seu decote.

— Lana... por acaso, foi você que colocou esse cobertor aqui? – perguntou Meg, preferindo uma explicação melhor do que o simples fato de ela ser sonambula.

— Acha que eu iria perder tempo em colocar um cobertor para você... me poupe, garota...

— AHHHH!!!

— E agora o que foi isso? – berrou Ryan, agarrando a bateira da porta como se procurasse proteção.

— Cindy!!! – falou David. Eles saíram correndo do quarto de Meg, deixando somente Lana e Meg ali, sozinhas, olhando uma para outra.

— O que acha que aconteceu? – perguntou Lana, visivelmente amedrontada.

— Não adianta ficar conjecturando... eu vou lá ver o que aconteceu.

Meg desceu as escadas com Lana ao seu encalço. Havia uma pequena comoção lá embaixo, mas Cindy parecia bem.

— Não fui eu. Juro que não fui eu. Eu não gritei. – disse Cindy, com uma cara de impaciência. - Não escutei nada e os monitores não registraram nada também... vocês estão loucos.

— Não estamos loucos. Nós todos escutamos um grito de mulher e Meg e Lana estavam com a gente lá em cima. Você deve estar zoando com a gente – falou Ryan.

— Eu não admito isso, Cindy. Esse programa é sério e se você estiver brincando com isso. – ralhou David, parecendo um pouco nervoso, embora Meg soubesse que isso fazia parte do show.

— Vão pro inferno, vocês. Amanhã, quando forem editar a gravação, vão ver que não fui eu. Marquem bem o horário: 20:38. É só olhar nas gravações. Eu tava aqui o tempo todo. – disse Cindy, apontando para alguns pontos na sala em que haviam câmeras instaladas.

— Isso foi estranho. – falou Ryan, acreditando em Cindy. – E se tiver alguém querendo fazendo piada com a gente.

As luzes começaram a piscar. Os seis levantaram a cabeça para as luzes de uma enorme luminária que balançava efusivamente.

— V..vento... – explicou Ryan, sem desviar o olhar. - Deve ser o vento.

— Que vento? – falou David, arregalando os olhos – Acho que está muito claro o que está acontecendo aqui. Temos um fenômeno! Está pegando isso, Greg.

— Ah, me poupe!!! – disse Lana, arrogantemente.

De repente as luzes se intensificaram e um segundo depois desligaram-se sozinhas. Com medo, Lana deu um gritinho e agarrou instantaneamente o braço de David.

O ambiente todo foi lançado na escuridão, não fosse pelos monitores dos notebooks de Cindy.

— A luz acabou! – informou ela.

— Achei que tinha trazido geradores – falou David.

— Eu trouxe, mas como a energia da casa estava boa, mandei os técnicos colocarem toda a aparelhagem na rede da casa. – informou Cindy, com cara de poucos amigos.

— E agora? – falou David, aborrecido. – Quanto tem de bateria aí Greg.

— Tem bastante... algumas horas... – declarou Greg, olhando o monitor da câmera.

— Olha... provavelmente caiu o disjuntor no painel elétrico, tá. Alguém tem que ir no porão ver isso. Eu vou ficar e vou começar a migrar os aparelhos para o nosso gerador, caso a energia não volte. – falou Cindy, aborrecida.

— Ryan, vai ver isso... – ordenou David, preocupado. – Greg... vai também...

— Meg, vem comigo? – Ryan pediu estendendo a mão pra ela. Meg não poderia recusar e mesmo sem estar vestida apropriadamente, resolveu dar a mão para o amigo. Eles tomaram um corredor. O mesmo que dava para a cozinha e para os banheiros. Depois de passarem por algumas portas, Ryan parou diante de uma porta menor, envelhecida e a abriu. Estava muito escuro, mas quando Greg apareceu com as luzes da câmera, Meg pode divisar as escadas do porão.

— Jesus... parece que eu estou naqueles filmes de terror... – falou Ryan. – Estou todo arrepiado, colega...

— Não há motivos para isso – disse Meg, descendo as escadas na frente. – Greg, vamos precisar de você, está muito escuro aqui.

Quando Greg desceu atrás dela, Meg percebeu que se tratava de uma espécie de adega numa das paredes, mas não havia nenhuma garrafa ali. Havia alguns móveis velhos, alguns cobertos por lençóis que um dia foram brancos e bem no canto mais afastado, o painel elétrico. Ela abriu a porta do painel e mexeu em todos os disjuntores.

— Parece que está vindo uma luz lá de cima... acho que deu certo! – falou Ryan subindo as escadas.

Greg também estava subindo, mas Meg parou. Viu que bem no meio da adega, havia uma garrafa de vinho, mas aquela garrafa não estava ali há um minuto atrás.

— Greg, Ryan... vocês colocaram isso aqui...? – perguntou Meg, olhando para a escada, mas os dois já alcançavam a porta, a luz da câmera de Greg já se afastava do recinto, deixando Meg na escuridão.

Meg tirou a garrafa no lugar. Havia uma etiqueta nela, mas ela não conseguia ver o que estava escrito, por isso, decidiu leva-la.

Já havia subido os primeiros degraus quando sentiu alguma coisa segurando seu pé.

— Que diabos! – xingou ela, tentando se livrar. Talvez seu pé estivesse preso em algum lençol ou outra coisa, mas então sentiu um puxão forte e caiu de joelhos. – Quem está aí? – perguntou ela, sentindo a respiração descompassada. – Não tem graça nenhuma, David!!!

Meg tentou se levantar, mas então sentiu alguma coisa novamente agarrando seu pé e lhe dando mais um puxão. Dessa vez, deixou a garrafa cair e com o tombo, cortou seu ombro: o vidro cravou fundo em sua carne e ela gritou, sentindo o sangue verter.

Ela segurou com força o degrau de madeira da escada, enquanto sentia alguma coisa puxando-a com um força sobrenatural.

— Pára, David... por favor, pára... eu me machuquei!!! – gritou ela, em desespero.

Sentiu então, que alguém a puxou pelo braço e a fez ficar de pé.

— David? – perguntou ela, abraçando-o. Estava nervosa e assustada demais para não abraça-lo.  – Alguma coisa me pegou. Tem alguma coisa aqui, David...

Sentiu a mão de David acariciando seus cabelos e envolvendo-a em seus braços.

— Suba e afaste-se do porão, menina ! – disse David num tom profundo e muito diferente do seu. Por um segundo, desconfiou que aquela criatura que agora a abraçava não era David.

Desvencilhando-se dele, Meg subiu as escadas rapidamente. Percebeu que a porta do porão estava fechada e quando a abriu, levou outro susto. Greg, Ryan e o próprio David estavam olhando para ela. 


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