Quartevois escrita por Lily


Capítulo 11
Barry




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Natali rodopiava no meio da loja fazendo uma apresentação para uma platéia invisível, não havia música, mas mesmo assim ela continuava sorrindo e rodando. Caitlin sorria enquanto a observava, seus cabelos estavam presos e ela usava um antigo suéter, parecia tão calma e relaxada que mal lembrava aquela mulher que viva correndo de um lado para outro no laboratório, se tinha uma coisa que ele havia aprendido durante todos esses anos trabalhando ao lado dela, era que Caitlin tinha várias faces e que por várias vezes o surpreendia. 
Só de imaginar que dali a um tempo ele poderia acordar todo o dia com ela ao seu lado lhe causava uma sensações de paz, mas ao mesmo tempo lhe dava um pouco de medo, tudo estava acontecendo tão rápido e, por mais que tentasse negar, ainda amava Íris.
—Mamãe, o papai está com aquela cara de bobo de novo. - Natali falou parando de rodar e o encarando. Ele riu.
—Meu anjo que tal irmos tomar um sorvete delicioso, em? - indagou se aproximando delas.
—Eu posso escolher o sabor? - Natali piscou seus olhinhos esverdeados.
—Claro minha princesa. - falou pegando-a em seu colo, então virou-se para Caitlin. - E você? Já tem um sabor em mente?
—Acho que chocolate. - ela disse ajeitando as sacolas com a roupa de balé de Natali, haviam comprado tudo o que a pequenina iria precisar para suas aulas que começariam na segunda, até era um pouco estranho pensar que na segunda-feira levaria sua filha para sua primeira aula de balé, não que nunca tivesse imaginando isso, mas o contexto em sua imaginação era um pouco diferente do que a realidade lhe mostrava.
—Preparada para as aulas de balé?
—Sim papai.
—Raíz disse que é uma das melhores escolas de Central City. - Caitlin falou entrelançando suas mãos.
— Pode até ser, mas eles não podiam cobrar aquele absurdo por apenas duas horas de aulas. - resmungou fazendo-a rir. - Mas será bom ver até onde Natali conseguir ir, antes de voltar.
—Voltar para onde papai?
Olhou para Caitlin pedindo ajuda, às vezes se esquecia que não devia falar certas coisas perto dela.
—Para nenhum lugar meu anjo. - Caitlin falou sorrindo para ela. - É apenas modo de falar.
—Ah, agora posso tomar sorvete?
—Claro, de chocolate, não é?

[...]

Ele se sentou ao lado dela tentado fazer o mínimo de barulho possível, já eram quase onze da noite e finalmente Natali havia dormido, Caitlin focava no papel pardo em sua mão, estava tão concentrada que havia uma pequena ruga em sua testa, ela mordia o lábio inferior e balançava o pé freneticamente.
—Ei, o que houve? - indagou tocando de leve sua mão.
—Não é nada. - ela murmurou sem desviar o olhar do papel.
—O que é isso?
—O convite do casamento da minha prima.
—Você vai?
—Não sei, já havia confirmado antes, mas ainda estava com Julian na época. - ela falou, então pegou o convite e colocou de volta ao envelope. - Não estou com muita vontade de aparecer para minha família.
—E quando é o casamento? - perguntou se escorando no sofá, Caitlin virou-se para ele e deitou a cabeça sobre o encosto.
—Daqui a duas semanas.
—Eu vou com você.
Ela arqueou a sobrancelha.
—Tem certeza? Minhas tias vão encher você de perguntas inapropriadas.
—Disse que você podia contar comigo para qualquer coisa, acho que é uma ótima hora para provar isso. - falou, Caitlin sorriu em agradecimento.
—Você é o meu herói Barry Allen. - ela sussurrou e se aproximou para beija-lo.
—Sempre ao seu dispor dra. Snow. - falou entrando na brincadeira.
—Queria que você pudesse me salvar do desastre que vai ser a despedida de solteira dela.
—Quando vai ser?
—Amanhã. - ela resmungou.
—Pensei que as despedidas de solteiro fossem apenas na noite anterior ao casamento.
—E era para ser, mas Kristen estará viajando um dia antes do casamento, então ela está antecipando a festa. - Caitlin explicou enquanto se levantava do sofá. - Que sorvete?
—Não obrigado,  então você e essa Kristen vivem em pé de guerra?
—Não exatamente, quando éramos pequenas competiamos para saber quem era a melhor, uma vez quase me afoguei por que disse que conseguia prender a respiração por mais de um minuto. - ela contou, então voltou para o sofá com um pote de sorvete. - Quando ficamos mais velhas as coisas tomaram um rumo diferente, Kristen sem foi a popular  enquanto eu era a nerd, nunca me importei muito, mas ela fazia questão de esfregar na minha cara cada prêmio ou namorado que conseguia.
—Ela parece uma vadia. - falou, Caitlin riu e cutucou com a colher a massa gelada dentro do pote.
—Acho que tudo piorou quando comecei a namorar Ronnie, depois ficamos noivos e Kris viu isso como uma afronta, ela recrutou e marcou o casamento um mês depois de conhecer o seu noivo. Aí Ronnie morreu e o casamento dela nem chegou a igreja, agora ela irá se casar de novo, deve ser por causa do meu namoro com Julian.
—Mas ela sabe que você terminou com Julian? - perguntou roubando a colher dela e tomando um pouco do sorvete.
—Não, ainda não.
—E quando você vai contar?
—Um dia.
—Que dia?
Ela deu de ombros.
—Não sei, talvez quando Nat nascer.
—Você não poderá procastinar por muito tempo.
—Eu sei. - Caitlin murmurou jogou a cabeça para o lado.
—Queria poder te livrar disso. - falou acariciando sua bochecha.
—Eu também.
Eles ficaram em silêncio, apenas apreciando a companhia um do outro, aquele era um dos momentos que ele provavelmente guardaria na memória, o sorriso sereno de Caitlin, o jeito como ela o encarava com os olhos brilhando, sua respiração calma e controlada, seu cabelo levemente bagunçado e emaranhado. Se pudesse tirar uma foto daquele momento guar daria pelo o resto da vida, a foto poderia se desbotar, se perder, mas a memória ainda estaria ali, preservada no fundo de sua mente, intacta.
—Está ficando tarde. - sussurrou.
—É, está. 
—Acho que já vou indo. - disse sem fazer qualquer movimento.
—Queria poder te convidar para passar a noite, mas estamos indo com calma.
—Não sei por quanto tempo.
Ela riu, ele se levantou.
—Boa noite Bar.
—Boa noite Cait.
Saiu pela porta e caminhou até o elevador, não estava com muita vontade de correr, quando estava com Caitlin não sentia a necessidade de correr, preferia que o tempo andasse a passos de tartaruga. As portas se fecharam, pegou o celular e digitou o número de Cisco, já passava das onze da noite, mas ele sabia que o amigo ainda não estava dormindo. No terceiro toque ele atendeu.
—Ei Cisco.
Ei Bar, o que houve?
—Apenas queria sua ajuda em uma coisa. - falou, podia ouvir Cisco se mover pelo apartamento.
Claro, o que é?

—Cait tem uma prima meio mala que vai se casar daqui a duas semanas, mas vai fazer a despedida de solteira amanhã. - explicou, as portas se abriram e ele saiu do elevador.
—E daí?
—Ela vai sozinha e já que é não posso ir porque é uma festa só de mulheres. Pensei que você pudesse me ajudar.
Você quer que fale com a Íris, não é?
—Ainda não voltei a falar com ela, e chegar pedindo isso não é exatamente uma boa idéia.
Ouviu Cisco inspirar profundamente.
Ok, eu falo com ela, apenas por Cait.
—Obrigada Cisco.
—De nada, agora boa noite.
—Boa noite.
Colocou o celular no bolso e sentiu o vento frio contra o rosto. Sorriu, era estranho, se sentia feliz apenas por saber que Caitlin ficaria feliz. Talvez as coisas estivessem mudando sim, mas não parecia tão ruim, principalmente se tivesse ela ao seu lado.


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