Consegui segurá-la rápido.

— Quaaase... – Camila deu um sorrisinho, observando minha situação. – Eu vou no meu quarto passar uma pomada nessa queimadura, já volto. – E saiu andando. – Vá se vestir Lauren. – Disse já saindo pela porta da cozinha.

Me senti um pouco sem jeito, mas subi para o banheiro para terminar de me secar e me vestir.

Fiquei pensando no que mais poderia dar errado esta noite. Ainda chateada com Lucahs por ter sido tão insensível. Poderia ter demonstrado mais preocupação. Mas ele estava dormindo, e não sabia o que estava acontecendo. Será que tô exagerando?

— Lauren? – Camila me chamou batendo na porta. – Trouxe umas roupas limpas pra você, acho que vai caber.

Eu abri a porta e a olhei.

— Ah, obrigada. – Disse com um sorriso.

— Não precisa agradecer...vou terminar os hambúrgueres.

Concordei com a cabeça. Muito gentil essa Camila, parece ser tão responsável e preocupada com os outros.

Vesti as roupas. Era uma blusa de manga curta branca e um short de algodão, muito confortável. Coube bem, ela acertou.

Desci as escadas e a encontrei cortando os pães.

— Tudo bem com sua mão? Eu posso ajudar.

— Não precisa, foi uma queimadura simples, já estou melhor. Algo contra maionese ou ketchup?

— Não. Gosto assim.

Meu celular tocou de novo. Olhei a tela, era Lucahs.

— Pode falar. – Atendi.

— Oi, an...só queria te lembrar pra trazer leite e cereal amanhã de manhã, porque estou comendo a última porção.

— Ok. Eu levo.

— Está tudo bem por aí? Onde você está afinal?

— Bom...estou na casa de uma colega. Não consegui sair, com a confusão nas ruas.

— Entendi, tudo bem. Beijos, durma bem.

— Beijo Lucahs.

Camila estava me olhando curiosa.

— Está tudo bem com esse Lucahs? – Ela perguntou.

— Ah, claro! Muito seguro no conforto de sua cama.

— O que te chateou?

— Bom, é que... – Comecei, mas não sabia direito o que dizer.

— É que...?

— Ele podia ser mais interessado sabe, sei que ele gosta de mim, estamos juntos desde o colegial, mas ele não tem interesse nenhum em estudar ou trabalhar. Ele não conseguiu passar pra faculdade quando se formou, na verdade não sei nem como ele consegui se formar no colégio, e até hoje ele fica assim...e não tem vontade de fazer mais nada. Eu fico chateada, mas as vezes tenho a impressão de que estou exagerando.

— Entendo...já tentou conversar com ele sobre isso?

— Sim...ele diz que vai procurar um emprego, e nisso passa uma, duas semanas e, nada.

— Bom, parece complicado. – Ela estendeu a mão com um dos pratos pra mim. – Aqui está seu hambúrguer, à luz de velas. Bon Appétit! – Exclamou com seu sorriso meigo, que já comecei a me acostumar.

— Obrigada, parece delicioso.

— Sobre seu namorado, bom...eu poderia falar pra você ter paciência, mas sinceramente parece que você já teve paciência demais. Relacionamentos são assim...as vezes complica.

Assenti com a cabeça, pois estava ocupada saboreando o hambúrguer. Nossa! Não sei se era porque estava com muita fome, mas Camila cozinha muito bem.

— Parece que está aprovado. – Ela disse rindo.

— Realmente está uma delícia.

Ouvi um celular tocar. Não era meu toque, então só podia ser o dela. Esticou seu braço, pegou o celular da bancada e olhou a tela.

— Oi Del! Tudo bem com você? – Ela disse num tom preocupado. Fiquei imaginando quem seria Del. Uma irmã? Talvez uma amiga?

— Que bom, fico aliviada...não, porquê? – E deu mais uma mordida no seu hambúrguer. – Ok...é porque estou comendo. – e riu. – Hambúrguer, quer? – Deu uma gargalhada. – Não, não estou comendo sozinha no escuro...que nada amor...é só uma amiga...claro, qualquer coisa liga do fixo...tá bom então, beijo! – e desligou.

— Era Delphine, minha namorada. – Ela disse.