Underwater escrita por JuremaDoMar


Capítulo 14
Fulminantes olhos


Notas iniciais do capítulo

CHEGUEI IHUUUL.
EAE garela, turu bom?
Cheguei com capitulo novo e cheiroso que a propósito está com uma surpresinha no meio.
Espero que gostem.



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Eu despertei com um leve toque eu meus cabelos que jurei ser da Rebecca ou da Tereza, abri os olhos e bocejei, mas engasguei quando vi quem passava a mão na minha cabeça.

  -V-viljami.- Levantei rápido corada.

  -Bom dia bela adormecida.- Ele sorriu brincalhão.

  -Cadê todo mundo?- Perguntei olhando para os lados e vendo que ninguém além de nós dois estava na sala.

   -Já foram pro intervalo.

   Arregalei os olhos, eu tinha dormido todas as aulas? Por Deus! Eu sou uma dorminhoca, esfreguei os olhos bocejando.

   -Não se preocupe, não teve aula.- Ele disse percebendo meu espanto.- Nenhuma professor dessas três  aulas vieram.

  Não estranhei, era normal faltar três ou quatro professores na primeira semana de aulas, sempre acontecia. Levantei-me espreguiçando e fazendo um barulho estranho com a boca.

  Viljami riu, droga. Esqueci dele.           Era incrível como eu conseguia sempre passar pelos momentos mais constrangedores com ele por perto, parecia um imã. Eu gostava de estar perto dele, mas tinha algo estranho dentro de mim, uma mínima fagulha de ódio por ele, mas eu sempre a expulsava afinal eu só tinha que o agradecer, de tantas vezes que ele me salvou.

  -Um bolo pelos seus pensamentos.- Ele disse no pé do meu ouvido enquanto andávamos, dei um pequeno pulinhos me assustando com a sua voz.

  -Não seria um beijo?- Perguntei.

  -Não. Achei que você preferiria um bolo, mas se você quiser o beijo...- Ele sorriu para mim travesso. Pelos mares, que sorriso.

  Eu ri tentando disfarçar minha cara de tacho perante sua grandiosa beleza. Oh cara delicinha.

   -Ainda não me disse o que tanto pensava.

     Suspirei sentando em um banco no pátio, eu queria mesmo que a nossas escolas fossem como as escolas de fora, qual o problema da gente perambular por aí?  Se for pra roubar algo a gente rouba em hora de aula, ninguém vai ver mesmo. Mas tínhamos que ficar em um pátio sem nada de interessante, andando para lá e para cá, parados ou sentados em bancos como eu fazia, tinha também como ir para o refeitório filar uma bóia. Mentira, o máximo que tínhamos para comer era o famoso “x-tega” e leite com chocolate, que mais parecia água fervida com terra.

  -Viajou de novo nos pensamentos. -Ele apoiou o cotovelo na perna e me olhou com atenção.

  -Eu estava pensando em quão merda as escolas do Brasil conseguem ser.

   Ele riu.

  -Ué. Mas é verdade.- Eu disse verdadeira.

  -Eu acho a mais pura verdade, mas talvez ela se aplique com a personalidade Brasileira bem merda se ser.

   Assenti.

   -Como dizia o sábio filósofo  Juãum “Carai meu irmão eu sou um merda”.- Ele disse sério,  como se citasse um sábio conhecimento. Eu caí na gargalhada.

  Por pouco tempo, levantei o olhar dando de cara com uma, digo três piranhas vindas diretamente do rio Amazonas, fechei a cara.- Mas que merda elas nem sabiam da minha existência a alguns dias.- Suspirei pesadamente vendo que até Viljami ficou em silêncio, vi pelo canto dos olhos que seu olhar se direcionou à elas assim como o meu, ele parecia pouco se importar com a presença das mesmas. Talvez só tivesse olhado porque eu o tinha feito primeiro.

   -Quem são?- Ele perguntou olhando para as três.

   Pensei que ele se lembraria afinal ele separou uma briga nossa.

   -Não se lembra de mim?- Miriam perguntou melosamente fazendo biquinho, quem chamou essa porra?

    Viljami levantou uma das sobrancelhas e se encostou no banco, entrelaçou as próprias mãos e suspirou.

     -Exato, por isso perguntei para ELA.- Ele apontou para mim.-Não pedi para que viesse aqui, ou que ouvisse nossa conversa muito menos que participasse dela.

       Ui levou.

       Miriam me olhou mortalmente e depois olhou para Viljami, e assim sucessivamente, percebi que ela estava quase soltando fumaça pelo nariz de tanta raiva. Talvez pelo fato da minha presença ser mais desejada que a dela. - As vezes sua presença não é tão amada quanto você pensa.— Pensei em falar porém a bosta já está fedida demais.

    -E-eu pensei em fazer amizade.- Ela sorriu amarelo. Falsa maldita, não pode ver um homem bonito que já quer tirar as teias da perseguida.

    Viljami mordeu os lábios e estreitou os olhos. Vi Miriam sorrir e suas piranhas, que só são usadas como secundárias, ofegaram, até eu perdi o ar quando olhei para suas feições.

     -Só isso? -ele perguntou.- Rouco.

     Por Deus! Ele é um deus grego eu tenho toda certeza.

      Miriam sorriu sedutora e se aproximou lentamente, ele estava a convidando para algo? Eu não sabia mas ela havia se alto convidado e parecia bem feliz com isso, nojentos. Senti a fagulha de ódio crescer minimamente. Eu não podia acreditar que ele iria… iria...Eu estou com ciúmes? Mas que bosta!

       Ela tocou sua perna e eu quis vomitar o suco gástrico do meu estômago, será que ele não via o perigo? Aquela cobra estava se preparando para o bote.

      -Sabe eu gostaria de algo mais.- Ela sorriu deixando seus rostos milimetros de distância.

      -Tipo bom senso, vergonha na cara e mais o que fazer? -Ele perguntou cruzando os braços e afastando seu rosto do dela.- Não te julgo por você ser mais um objeto pra eles, ou por tentar dar a volta por cima e no meio do caminho cair do barranco. Fique com que quiser, mas pelo menos seja inteligente o suficiente para analisar.  As vezes o feitiço volta contra o feiticeiro.

       Meu queixo caiu.

       O de Miriam também, talvez aquela tinha sido a única e primeira vez que ela foi rejeitada e por um garoto de beleza avassaladora como a de Viljami.

         

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    Depois do episódio de Viljami no intervalo, eu tinha permanecido de boca aberta até voltar para sala e aproveitar mais uma aula vaga. Quando cheguei Rebecca me fez um interrogatório com perguntas desde: “ Ele te beijou?” até “Quando ‘cês’ vão casar”. Claro que a Tereza não ficou de fora, ela se juntou a sua mais nova amiga Rebecca e complementou o interrogatório com coisas do tipo “usou camisinha?”, eu quase morri de vergonha porque ele estava à três  fileiras de mim, Tereza e Rebecca estavam hiper íntimas eu não deixei de ficar com medo, é como dizem naquele ditado “se juntas já causam imagina juntas”. Agora de bônus eu tinha duas retardadas pra cuidar.

   Bati a cabeça na mesa bufando.

    -Que foi?- Adrian perguntou me olhando.- É a segunda vez que tu bate a cabeça na mesa desse jeito.

     Olhei para ele ainda com a cabeça na mesa.  Apontei para as minhas duas amigas que falavam de várias merdas pela qual eu fazia questão de não me meter.

     -Tá com ciúmes?- Ele perguntou risonho.

     -Não. Tereza é minha, nem você vai tirar ela de mim.- Eu disse e ele levantou uma das sobrancelhas.

     -Não?-O loiro perguntou cruzando os braços.

     -Não.- Afirmei.

   Eu nunca fui muito próxima dos peguetes ou namorados da Tereza, mas Adrian era uma exceção, ele parecia ser legal então eu daria uma chance, mas ainda sustentava o conceito de “magoe ela e eu partirei para cima”, quase nunca eu o usava afinal era sempre Tereza que terminava então…

   -Cansou de talaricar meu homem e agora tá talaricando o da sua melhor amiga.- Kaila se atreveu a direcionar a palavra a mim atrapalhando minha conversa com Adrian.

   Posso ser sincera? Eu tô começando a ficar cansada desse negócio de paz, qualquer hora dessas eu viro o tapa nessa piranha de peruca.

 -Primeiro.- Levantei uma dedo.- Vai se fuder.- Ela cruzou os braços e fez uma careta claramente irritada.- Segundo.- Levantei outro dedo.- Quando o Marcos virar homem a gente conversa.- Virei para frente abri meu caderno e passei a rabisca-lo.

   -No dia em que você chegar ao meu nível a gente conversa. - Ela se virou preparada para ir para suas amigas.

  Ah não. Não mesmo, a última palavra é minha.

   -Hoje não estou a fim de descer tanto, tô com preguiça.-Eu disse ainda rabiscando meu caderno.- Até porque seu nível é tão baixo que eu precisaria de uma escavadeira para chegar até lá.

   Ela iria se virar para começar uma discussão comigo quando a porta se abriu, todos os olhos que antes estavam voltados para nós foram para a porta, uma mulher loira de estatura alta entrou, ela era particularmente bonita usava um vestido florido por debaixo do jaleco, estava com uma sandália preta, sua pele era de cor clara e sem nem uma mancha ou ruga, seus lábios eram finos e rosados, seus olhos eram severos e somente com o olhar ela me fez estremecer.

  -Sentem-se e façam silêncio.- A mesma disse com uma voz autoritária, a sala toda se sentou e não ousou dar um pio.

   Kaila olhou-me como se dissesse “isso não acabou”, antes de se sentar ela sorriu para mim.

   -Eu sou Emma.- Ela disse, sua voz era carregada por um forte sotaque, ela não era daqui, não era brasileira.- Sou a nova professora de língua inglesa. E vamos deixar uma coisa bem clara, eu odeio bagunça.- Dito isso ela começou a escrever na lousa, se todos os professores eram assim, eu teria de dar adeus aos meus dias de zueira, que nem começaram ainda.

  

Rebecca tinha ido embora na minha frente e Tereza estava ocupada demais beijando loucamente Adrian, nem morta que eu iria espera-los e segurar vela. O jeito era ir sozinha. Comecei a andar pela rua enrolando, ainda não tinha dado nem meio dia eu poderia andar calmamente pela praia ou por aí.  

   Tirei meu tênis e meia e afundei meus pés na areia, suspirei aliviada sentindo a cosquinha nos meus pés.

  -Tu ta parecendo uma doente de olhos fechados aí no meio do nada. - Jefferson disse aparecendo do meu lado.

   -Quem te chamou aqui ,embuste?- Perguntei ainda de olhos fechados.

   -Sou um ser livre faço o que eu quiser. Clara.- Engasguei, eu não tinha falado meu nome pra ele.

   Ele é o que?  Um Stalker? Ele sabe que eu sou sereia. Como ele sabe? Ele sabe meu nome também, como?

 Engoli em seco e abri os olhos, virei lentamente vendo-o se lambuzar com uma casquinha, por Deus! Ele é uma criança?

  -Clara você tem que me dar a pedra.- Ele disse lambendo o sorvete.

  -Me deixa homem.- Peguei minhas coisas e comecei a andar pela praia, eu já disse que esse cara é chato?

  Mas algo me chamou atenção, ele estava atrás de uma pedra e a amante do Fernando também estava, será que eram as mesmas pedras? Por que de repente uma pedra se tornou tão importante? Perguntas rondavam minha mente de forma avassaladora, eu nem mesmo prestava atenção a minha volta ou em Jefferson ou em qualquer coisa, meu cérebro parecia querer entrar em colapso e eu não me surpreenderia se realmente acontecesse. Era tantas coisas acontecendo e o pior era que não fazia nem mesmo uma semana que minha vida tinha virado do avesso.

  

Entrei em casa me deliciando com o maravilhoso cheiro de feijoada, eu só tinha o que agradecer aos criadores dessa delícia. Eu simplesmente amo feijoada, teve uma vez que era quase meia noite e eu fiz questão de comer uma feijoadinha básica. Mamãe quase quebrou minha cara depois porque eu virei a noite vomitando, mas valeu a pena.

 Respirei fundo e entrei pela porta saltitante, finalmente eu estava em casa. E tinha uma feijoada me esperando. Agarrei Lucas o rodei e um abraço carinhoso, ele riu divertido me abraçando de volta.

   Eu estava feliz minha casa me deixava feliz. Parecia que as preocupações sumiam, era meu lar doce lar, meu aconchego, meu reino.

    -Querida você chegou! Venha conhecer nossa visita.- Mamãe disse me puxando pelo braço.- Clara essa é Danyelle. Danyelle essa é Clara, minha filha.

     Eu travei, não só eu o tempo parou, sons não faziam mais efeito e meu corpo não queria mais responder meus comandos, eu queria gritar, correr, sumir, tudo menos continuar no mesmo lugar que aquela mulher.

    -É um prazer meu anjo. - Ela sorriu simpática, quando ouvi sua voz quis esmurrá-la.

      Danyelle era particularmente linda, nojenta também, mas ainda sim linda, ela tinha um corpo curvilíneo, pele levemente pálida, lábios carnudos, seios fartos, olhos verdes e cabelo arroxeado, o símbolo da perfeição, senti inveja de sua beleza, meus olhos pairavam por cada canto do seu corpo, mas eles pararam nos olhos dela.

  Ela tinha algo neles.

   Algo estranho.

  Algo sedutor,algo que me atraía e me repelia ao mesmo tempo.

   Me senti pequena, frágil e assustada,  seus olhos eram como brasa ardente. Tinham um leve brilho vermelho.

   Eram fulminantes.

   Meu pai traiu minha mãe com uma mulher de fulminantes olhos verdes.


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Notas finais do capítulo

Vrau. E esse final hein? Parece que a menina Clara está em apuros, a cobra conseguiu entrar no ninho.
Vocês gostaram da surpresa que eu dei pra vocês? Eu disse que traria alguns personagens de H2o e Mako, Emma foi a primeira, quem será a próxima?
Bom...Comentem, digam o que acharam se gostaram, odiaram, preciso melhorar.
Até o próximo capítulo



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