Não era novidade para ninguém que Akutagawa Ryuunosuke admirava Osamu Dazai com cada parte do seu ser. O garoto inexpressivo buscava pelo reconhecimento do seu mentor como um animal tropical procurava por água no deserto. Alguns até estipulavam que Akutagawa era incapaz de sentir qualquer outro sentimento por ter transformado todos em admiração por Dazai.

Mas não que a admiração do menor tornasse a relação deles algo fraternal e bonito, o ego não lhe subia à cabeça de Dazai, longe disso, o mais velho muitas vezes o disse, com um tom gélido “Você diz me admirar tanto, mas não se faz digno de ser meu aluno”. Eles eram exatamente como uma bela e maravilhosa escultura de gelo.

E esculturas de gelo têm sempre um fim. Primeiro, derreteram pelo mais brilhante sol, pelo sentimento caloroso da amizade – talvez até do amor, de Dazai por Sakunosuke Oda. Aquele sol incomodou tanto Ryunosuke, chegando a cegar e o garoto não notou que estava sendo empurrado para trás.

“Dazai Osamu saiu da Máfia do Porto.” A metade daquela relação, sobrevivente ao derretimento, quebrou em mais pedaços do que podia se contar, derretendo vagarosamente, com o sol se pondo no horizonte, até ambos sumirem.