A Mágica De Dentro escrita por Escritora Desconhecida


Capítulo 3
CAPÍTULO TRÊS- A mudança.




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Não dormi nada na noite passada, fiquei acordada pensando no pesadelo. Quando desci, para tomar o café da manhã com o meu pai e Enrico, ouvi eles conversando sobre ela, a minha mãe, passo correndo por eles e saio da casa sem o meu café. Vou andando pelas ruas sem olhar para a frente e acabo esbarrando numas pessoas no caminho, quando finalmente chego no metrô sento no banco e fecho meus olhos, até que sinto um braço no meu ombro. Eu fico pronta para bater na pessoa, mas quando me viro para ver quem é vejo Enzo rindo.

              -Bebeca você se estressa demais.

              -E você é babaca demais.

              Ele olha para mim muito sério e mostra a língua.

              Quando chegamos na estação do colégio, saímos do metrô e fomos em direção da catraca, onde vemos a Gabi e o Leo, que quando olham para gente sorriem, mas quando olho para a luz do Leo vejo que ela está rosa, não acredito que ele está apaixonado.

              -Oi gente! -Falo animada.

              -Vocês vieram juntos? -Gabi faz uma cara safadinha, enquanto Leo fica com uma aura meio azulada.

              -Sim. –O Enzo diz sério.

              -Lógico que não. -Falo dando uma cotovelada de leve nele. -Encontrei ele na metade do caminho. Leo, posso falar com você? A sós...

              -Claro... -Ele diz curioso.

              Saio andando com ele na frente dos nossos amigos.

              -Leo, você tá gostando de alguém?

              -Que? Como assim? Tá maluca?

              -Leo... Fala logo.

              -É só um crush... Eu não sei, não é como eu esperava.

              -Isso é normal, estranho é não se sentir estranho na nossa idade.

              -Sim, mas não era isso... Deixa.

              -Você tá assim por que é um amigo, ou por que é um menino?

              Ele me olha surpreso.

              -Como você sabe?

              -Ué, você começou a agir estranho desde ontem no almoço, eu só juntei as peças.

              Ele me olha triste.

              -O que eu faço? Eu sempre gostei de meninas.

              -Se joga mona.

              -Aff Beca.

              Quando entro na minha sala o Enzo começa a me encarar.

              -Bebeca o que você e o Leonardo ficaram sussurrando no caminho? -Ele me pergunta me encarando.

              -Não te interessa.

              -Grossa.

              Preciso saber se ele é bi... Como será que descubro?

              -Lorenzo... Aquele menino da frente não para de encarar, o João. Acho que alguém gosta de você.

              -Você acha? -Ele olha para o João depois para mim.

              -Tenho certeza. O que você acha?

              -Eu geralmente não fico com caras assim.

              -Como assim? O que tem de errado com ele?

              -Ele é muito magrelo, gosto de caras fortes, tipo o seu amigo, mas meninas gosto que nem você. -Ele fala piscando.

              -Nunca vai acontecer querido. -Falo também piscando.

              Quando o sinal toca esboço um sorriso, vai começar minha aula preferida, quando o professor chega ele coloca seu material em sua mesa e escreve na lousa: PROF. DANILO – GEOGRAFIA. E começa a falar sobre os conflitos do Oriente Médio, quando olho para o lado vejo o Enzo num sono pesado. Quando as aulas acabam todos saímos e fomos almoçar no restaurante em frente ao colégio.

              -Beca o que vamos fazer amanhã pra comemorar? -Leo pergunta animado.

              -Nada. -Falo irritada.

              -O que tem amanhã? -Enzo pergunta sem entender a nossa conversa.

              -O aniversário da Becaa. -Gabi diz cantando.

              -E ela não me falou nada. -Enzo fala fingindo decepção.

              Todo mundo ri.

              -Eu só não gosto de comemorar meu aniversário, não é estranho.

              -É sim, aceita. -Leo diz rindo.

              -E por que isso? Pensando bem, antes você gostava, até o ano passado, quando você fez dezesseis.

              Foi quando tudo começou... Acordei no meu aniversário com o meu pai dando bom dia, e atrás dele tinha uma luz amarela, que me assustou um pouco, mas achei que era o cansaço, já que eu tinha passado a noite chorando a morte do Felipe. Mas quando sai de casa, em direção ao colégio todas as pessoas na rua tinham essa mesma luz, cada uma com uma cor diferente, expressando um sentimento diferente. E desde então nunca vi uma pessoa sem essa luz, até eu conhecer o Enzo, há alguma coisa familiar sobre esse cara.

              -Leo, posso falar com você? -Falo sussurrando.

              Leo concorda com a cabeça e me segue até a saída do restaurante.

              -Aconteceu alguma coisa Beca?

              -Sim! -Falo animada. – Eu falei com o Enzo.

              -Você o que? – Ele fala quase gritando.

              -Relaxa, eu não falei aquilo. Eu descobri que ele é bi sim, e que você é o tipo dele.

              -Você tá falando sério Beca?

              -Tô!

              Ele ri e me abraça forte me levantando, e quando me coloca no chão solta um sorriso enorme.

              -Nunca amei tanto o fato de você ser intrometida. – Ele fala antes de eu socar seu braço.

              -Aii!

              -Você mereceu. -Falo fingindo estar séria. -E aí? O que você vai fazer?

              -Não sei Beca. – Ele fala voltando para o restaurante.

              Quando eu sento na mesa a Gabi me encara tentando saber o que aconteceu.

              -Pode encarar, não vou falar nada. -Falo ignorando a cara de brava dela.

              O Leo começa a olhar o Enzo de lado, sem coragem de falar com ele.

              -Enzo. -Eu falo. -O Leo quer falar com você agora.

              -Rebeca. -Ele me olha bravo, enquanto sua luz fica avermelhada.

              -Relaxa cara, bora lá fora. -Enzo fala rindo.

              Quando eles saem a Gabi surta.

              -Rebeca você precisa falar o que tá acontecendo, agora, sério. -Ela me encara com olhos de filhote.

              -Tá... O Leo gosta do Enzo.

              Ela para durante um momento perplexa.

              -O Leo é gay? Mas ele namorava a Melissa.

              -Eu acho que ele é bi. -Digo meio sem saber. -E vamos esquecer desse passado obscuro dele?

              -Era tão estranho, lembra? Ele ficava o dia inteiro falando nela, e eles ficavam se abraçando. -Ela faz uma cara de nojo.

              -Antes disso ela nem notava a gente, depois que eles terminaram ela virou obcecada em irritar a gente.

              -Nossa, lembra como ela tinha ciúmes de quando nós três saíamos?

              -Meu... Ela é maluca.

              Enquanto a gente ria relembrando o passado amoroso do Leo, ele entra ao lado do Enzo quieto e senta na mesa. Todo mundo fica quieto, e Gabi fica com medo, mas quando eu vejo a luz do Leo, ela está o mais rosa possível.

              -Gabi. -Eu falo, enquanto ela encara os dois sem saber o que pensar. -Eles tão juntos.

              Ela sorri e olha para mim chocada.

              -Como você descobriu? -O Enzo pergunta rindo.

              -A gente tava escondendo tão bem. -Leo diz fingindo estar triste.

              -Só que não. -Eu digo. -E dá pra ver vocês segurando a mão em baixo da mesa.

              Eles soltam as mãos corando e olhando para o outro lado.

              -Vocês são oficialmente o casal mais fofineo do planeta. -Gabi fala sorrindo muito.

              -Vocês perceberam que a última pessoa que vocês dois ficaram é a Melissa?

              Todo mundo me olha com uma cara estranha.

              -Desnecessário Bebeca. -Enzo diz sacudindo a cabeça.

              -Nada que eu faço é desnecessário.

              Depois do almoço nós quatro andamos indo para o shopping, quando o Leo recebe uma ligação da sua mãe. E se separa da gente enquanto fala com sua mãe.

              -Gente olha a cara dele. -A Gabi fala encarando ele.

              Quando olho para ele vejo que a sua luz está mais o escura que eu já vi.

              -Porra, deu merda certeza! -Falo preocupada

              Enzo não fala nenhuma palavra e o encara, até o momento que o Leo volta pra nós e encara o chão.

              -Eu vou me mudar. -Ele olha para o Enzo, que olha para o chão. -Pra outro país.

              -O QUE? -Eu, a Gabi e o Enzo gritamos no meio da rua.

              -Minha mãe recebeu uma proposta de trabalho, e ela tinha recusado, mas depois da traição ela não quer mais ficar.

              -E ela vai te levar? -Gabi disse chocada.

              -Sim, meu pai não pediu pela minha guarda então minha mãe é a única responsável por mim.

              -Quando? -Enzo diz esperançoso.

              -Amanhã.

              -JÁ?! -Todo mundo grita de novo.

              -Mais um motivo pra não celebrar meu aniversário. -Digo triste.

              -Não. -Gabi disse chorando. -Esse é um outro motivo para comemorar. Vai ser nossa festa de despedida. O que vocês acham?

              Todos concordam sem se animar.

              -Gente, tô indo pra casa. -Leo fala triste. -Tenho que arrumar minhas coisas.

              Eu dou as costas para eles e saio com uma mistura de raiva e tristeza sem saber o que pensar.

              -Eu não acredito que vou der que dar adeus pra outra pessoa. -Falo sozinha no metrô.

              -Quando uma porta se fecha, outra se abre. -Uma garota da minha idade fala olhando para frente.

              -Você citou um ditado popular agora? -Pergunto rindo.

              -Fazer o que né? Fui criado pelos meus avós.

              -Tendi. -Olho bem para ela, que tem feições delicadas e olhos preto, com uma luz vibrante. -Meu nome é Rebeca, mas me chamam de Beca, e o seu?

              -Camille, mas me chamam de Cami. -Ela ri.

              -Francês?

              -Sim, minha mãe era francesa, meu pai brasileiro. Dupla nacionalidade.

              -Seus avós são brasileiros?

              -Quem me dera, eles nem falam português, e o meu francês é péssimo.

              -Te entendo, meus avós também não falavam português, mas agora eles aprenderam, quer dizer, minha nonna, meu vô morreu há uns anos.

              -Nossa meus pêsames.

              -Relaxa. -Eu rio, nem me lembro dele, ele abandonou minha nonna há uns dez anos.

              -Eu me mudei pra São Paulo ontem, começo as aulas segunda. -Ela fala tirando um papel do bolso. -Você estuda nesse colégio?

              Eu pego o papel e leio o nome do colégio.

              -Não. -Falo triste. -Mas tenho um “amigo” que estuda lá, o namorado da minha melhor amiga.

              -Ele é legal? -Ela pergunta esperançosa.

              -Ele tem seus momentos. -Falo rindo e ela sorri.

              O metrô chega na minha estação e eu levanto.

              -Eu moro aqui.

              -No metrô? -Ela ri me zuando.

              -Você entendeu. -Falo mostrando a língua.

              -Sorte sua, eu também. Me mudei pra um prédio na rua de cima.

              -Não.

              -Como assim? -Ela ri.

              -Quais são as chances? Vocês são os franceses do noventa e dois?

              -Caraca. Você mora lá também?

              -Sim! -Falo rindo. -Cento e dois.

              Enquanto saímos do metrô e fomos em direção do nosso prédio.

              -Se você quiser amanhã eu posso te apresentar o Fernando.

              -Isso ia ser ótimo. Mas amanhã é sábado, não quero atrapalhar o rolê.

              -Todo mundo vai te amar.

              A gente se despede no elevador, enquanto eu penso no dia de hoje. Quando entro em casa meu pai vem falar comigo.

              -Amanhã você vai fazer alguma coisa para o seu aniversário?

              -Sim, o pessoal quer sair, e eu vou apresentar eles para a nossa nova vizinha, a Camille. E preciso me despedir do Leo, que vai se mudar pra outro país.

              -Ai filha. -Ele me abraça. -Vai dar tudo certo.

              -Eu sei, só tô de saco cheio, vou tomar banho.

              -Você vai jantar hoje filha?

              -Hoje não pai, tchau.

              -Tchau. -Ele fala preocupado.

              Enquanto eu tomo banho eu penso em como no ano passado, no meu aniversário, eu acordei vendo essa luz envolta do meu pai, fiquei muito assustada, mas não falei com ninguém. Quando eu acabo o banho me lembro das histórias que a minha nonna me contava histórias sobre pessoas que possuíam habilidades mágicas de ver a aura de uma pessoa, ela me contava também que a aura é um elemento etéreo, imaterial, que emana e envolve seres humanos, expressando suas emoções e sentimentos. Aura? Será isso que eu vejo? Preciso falar com a minha nonna. Fui dormir com esse pensamento na minha cabeça.


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