50 Tons - Sem Saída escrita por Mary Kate


Capítulo 9
Balada!


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas queridas, estou muito feliz com as participações ! Uma ótima leitura para vocês !



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Christian para em frente a um lugar cheio de luzes do lado de fora, vejo uma fila de pessoas atrás de uma faixa e alguns seguranças entre a porta e a calçada. Um vem até a porta do lado dele a abrindo, enquanto outro abre a minha e segura minha mão para que eu desça do carro. Me dá boa noite mas não me encara muito, dou a volta no carro e vejo muitos flashes vindo em minha direção, Christian me agarra pelo ombro e me leva para a calçada.

— Boa noite senhor Éllenis, parabéns pelo casamento! Boa noite senhora Éllenis. – O homem muito alto, forte, careca e todo de preto que está mais a frente na calçada se dirigi a nós. Pelo modo como cumprimentou meu esposo percebo que deva ser comum suas vindas a este lugar, olho para o lado e os fotógrafos foram afastados pelos seguranças e o carro que viemos já não está mais atrás de nós, as pessoas na fila não param de nos olhar e vejo as mulheres cochichando e sorrindo. – Sejam bem-vindos! – O homem termina de nos cumprimentar, Christian agradece e eu apenas aceno com a cabeça, ele nos dá passagem e o segurança que está na porta nos dá boa noite e permite que entremos sem nem nos encarar.

Ao passar por um corredor pequeno e de luz baixa na entrada chegamos a um ambiente que nunca vi igual na vida, é escuro e tem luzes para todos os lados de cores neons. Estamos no alto de uma sacada, há muitas pessoas lá embaixo, uma música com uma batida forte ecoa, tem cheiro de algodão doce e há uma nevoa pairando em alguns lugares mais densamente. Christian puxa minha mão e descemos cerca de dez degraus, ele me ajuda a passar sem me esbarrar nas pessoas indo na frente abrindo caminho. Seguimos um bom caminho então passamos pela lateral de um bar enorme que ocupa o meio do lugar, seu balcão deve ter uns quinze metros e a sua direita bem distante de onde estamos tem um palco e um DJ com uma mesa grande de aparelhos super iluminada, depois de passarmos pela lateral do balcão chegamos a um espaço onde as luzes piscam menos mas ainda é um ambiente meia luz, tem várias mesas pequenas e altas com banquinhos altos também. A esquerda no canto tem uma escada e alguns seguranças nela, em seu topo uma corrente barrando a entrada de inoportunos. Ou seja, acima de nossas cabeças há outro espaço.

— Nós vamos ficar aqui naquela mesa ali à frente. Eu tenho que conversar com uma pessoa. – Christian me avisa colado em meu ouvido talvez pela da altura da música, porém a mesma aqui já não chega tão alta, nos sentamos em uma mesa próxima às escadas, eu fico de frente para elas e ele a minha frente mais lateralmente a esquerda. Então vejo uma mulher de cabelos platinados na altura do pescoço, com um vestido de couro vermelho muito justo ao corpo se aproximar de Christian sorrindo, ela para ao seu lado ele olha para a mesma e sorri, ela abaixa e dá um beijo demorado demais em sua bochecha que acaba deixando uma marca de batom vermelho.

— Helena, não me suje de batom. – Ele a repreende mas de forma divertida. Sinto meu sangue ferver! Esse homem está querendo me apresentar sua amante?! Não acredito nisso, eu não vou passar por essa humilhação. Fico encarando os dois com seriedade, ela afaga o rosto dele para limpar o batom e sorri.

— Ah meu docinho, estava com saudade. – Sua voz é nojenta, fala querendo ser sensual e melosa, de perto vejo que tem os seios muito grandes, apesar de muito bem cuidada deve ter mais de cinquenta anos, seu rosto é comprido e seu corpo malhado está todo marcado sob o vestido. – Como você está? Tinha me dito que vinha aqui semana passada. – Prossegue sem nem olhar para mim, é como se eu não estivesse aqui.

— Eu sei mas não tive tempo, muito trabalho. Esta é Anastácia minha esposa. – Finalmente alguém resolve se lembrar que estou aqui na mesa. Ele olha para mim quando fala quem sou e olha para ela novamente que me encara pela primeira vez com a feição mais cínica que já vi, seus olhos escuros são como de uma cobra naja, sorri mais falso que uma hiena, mas seu olhar está me queimando, parece mais que quer me engolir viva.

— Olá, prazer Aneticia. – Fala estendendo a mão para mim. Fico boba com sua petulância em errar meu nome de propósito, abro a boca e então sorrio tão falsamente quanto ela mas não estendo minha mão de volta, só digo olá. Ela ri como se divertisse por perceber minha irritação.

— Helena é a dona da Greeck Nights. – Christian me explica e francamente não estou nem aí, nem que ela fosse a presidente dos EUA, minha vontade é arrancar os cabelos dela e fazer uma vassoura. Então uma visão alegra minha vida como água no deserto, vejo descendo as escadas Mia com um vestido branco todo de brilho, justo e curto como a saia que estou usando, inclusive tenho que admitir que fiquei bem mais tranquila quando cheguei pois todas as mulheres estão vestidas como eu ou até menos. Um sorriso gigantesco invade meu rosto então Christian fecha a cara e olha para trás para ver o que estou olhando, ao ver a irmã acena com as mãos e a mesma acaba olhando. Sorri gigante e corre até nós. Pula no pescoço dele o abraçando, ele sorri e beija os cabelos dela, depois vem correndo até mim que levanto e nos abraçamos apertado.

— Anaaaaa! Estou tão feliz de te ver, marquei com umas amigas mas elas ainda não chegaram, já estava quase indo embora. Nossa você está linda e provocante garota! – A mesma se afasta e me olha sorrindo. Sorrio de volta aperto suas bochechas.

— Eu é que estou amando te ver! Estava com tantas saudades cunhadinha! – Nós duas rimos de mãos dadas. Olhamos para o lado pois dois pares de olhos não param de nos encarar, em Christian vejo admiração na naja vejo ódio nos fuzilar.

— Ah oi Helena. – Mia fala sem a menor vontade com a mulher que sorri forçado.

— Oi minha linda, não sabia que você estava por aqui. – A bruxa fala do mesmo jeito ridículo meloso, mas vejo que minha cunhada nem liga somente responde rapidamente e já se volta para a mesa segurando as mão do irmão.

— Pois é.. Chris deixa a Ana me fazer companhia na área VIP?! Porrr favoor, sei que vocês vão ficar aí falando de negócios e tadinha ela não merece essa chateação. – Mia diz com aquele seu jeito fofo e o irmão a olha com bom humor então balança a cabeça positivamente.

— Tudo bem, mas se cuidem. – Ele responde, não sei porque essa preocupação se nem estava ligando para mim há poucos minutos. Mia pula de alegria e me puxa, nem olho para trás. Não vou falar com ele, estou com raiva. Subimos as escadas e estamos em outro espaço bem grande, com um bar comprido, tem poltronas em várias localizações e garçons circulando. Tem bastante gente, mas não ficam tumultuadas se esbarrando. Há uma grade que fica na altura de minha cintura, porque o local parece uma varanda então para que ninguém caia tem que haver proteção.

— Você não gosta dela não é? – Pergunto para minha cunhada quando nos encostamos à sacada. Ela me olha e revira os olhos, eu sorrio.

— Nem um pouco, aquela mulher é uma cobra. Era muito amiga de mamãe mas acabaram se afastando quando ela descobriu que a siliconada já teve um caso com Christian quando ele era muito jovem...ai Ana desculpa! Eu não deveria ter falado. Mas faz muitos anos, ele só tinha dezessete anos. – Ela primeiro me conta como se lembrasse dos fatos, mas quando percebe minha expressão de choque suas feições mudam para arrependimento instantâneo. Sinto meu estômago revirar quem garante que eles não tenham mais nada?! O ódio queima meu corpo, sinto meu rosto esquentar. Um garçom passa próximo a nós duas e a primeira coisa que vejo na bandeja pego, tomo de uma vez só é forte e queima todo o caminho que percorre dentro de mim, faço uma careta e sinto tudo esquentar, me sacudo sentindo um arrepio. – Ana, você acabou de virar um xote de licor de menta. Ai meu Deus, é melhor você beber água. – Me sinto levemente tonta, acho que meu estômago estava vazio demais para isso. Minha cunhada preocupada me leva ao balcão e pede duas águas, o barman nos entrega duas garrafinhas de vidro e bebemos sem falar nada. – Você está chateada comigo? – Ela me pergunta e eu a olho com ternura.

— Jamais, você fez bem em me contar. Está tudo bem. Vamos falar de coisas boas, ah aqui tem comida? Não comi nada agora à noite, preciso me alimentar. – Mia sorri e diz para acompanha-la, ao lado direito do balcão há umas mesinhas como a que estávamos lá embaixo. Então nos sentamos, o garçom traz o cardápio de petiscos e digo para minha cunhada escolher algo que ela já conheça. A mesma pede uma taboa de frios e batata frita.

— E como foram esses primeiros dias de casada? Christian é terrível mesmo né?! Não deixa de trabalhar nem por uns dias para que vocês pudessem ter uma lua de mel em algum lugar diferente. Eu por exemplo quero um dia passar minha lua de mel em Paris, amo aquela cidade, fiz alguns cursos lá também. – Com seu habitual jeito empolgado dispara a falar e eu amo isso, porque me diverte e me distrai.

— Pois é, foram normais... Mas me conta sobre esses planos de lua de mel, surgiu alguém na sua vida? – Pergunto para que ela acabe esquecendo de mim e comece a contar sobre a vida dela, não quero ter que falar sobre minha farsa de casamento.

— Não, não. Tem um rapaz que eu conheci na faculdade que eu achava um gato...nunca consegui tirar ele da cabeça. Mas ele nunca nem reparou em mim e era tão genial que se formou mais cedo que a maioria das pessoas, então não o vejo com proximidade há dois anos. – Vejo que ela fala com pesar, parece que é apaixonadinha por ele mesmo.

— Duvido algum homem não reparar em você Mia! Você é tão linda, simpática, tem um astral que muda o dia de qualquer um para melhor, um sorriso lindo, esses olhos que expressam sua alma! – Falo com tudo que sinto quando a vejo segurando a mão dela sobre a mesa, a mesma sorri amplamente e eu sorrio de volta.

— A família dele é até conhecida da nossa, mas nunca tivemos proximidade e ele nunca me deu nem conversa, talvez ele seja nerd demais... Vive para os estudos e para o trabalho. O nome dele é Ethan Kavanagh. Ele e a família estavam no seu casamento. – Mia fala alternando seu olhar entre as pessoas, o local e eu.

— Ah sim, me lembro desses... ficaram entre as ultimas pessoas a nos cumprimentar, ele tem uma irmã muito bonita e que chama a atenção pelo estilo que apresenta. – Me lembro com curiosidade a respeito dela, pois Elliot se aproximou da mesma e foi rejeitado, algo que me chamou atenção, já que na festa todas as mulheres babavam por ele.

— Sim Katherine é linda, mas é um pouco problemática. Ela fez artes cênicas na mesma faculdade que eu e o irmão dela, mas andava com uma turma meio da pesada, sempre estava envolvida em rumores. Então não temos aproximação nenhuma. – Nossa, fico espantada. Ela me pareceu tão doce quando me parabenizou pelo casamento.

— Mas o irmão é lindo também, você tem bom gosto Mia! Só que ele deve ser um babaca já que não consegue te notar. Por que você não parte para outra?! – Digo tentando passar confiança para mesma, mas logo quem? Eu a que nunca tinha tido experiência com homem nenhum e que agora está nas garras de um troglodita. Mia sorri para mim com um jeito sapeca.

— Eu não sou nenhuma santa sabe Ana?! Já tive alguns rolinhos, mas eu sou romântica também, quero alguém que tope dividir a vida comigo. Porque sexo é bom, mas tenho certeza que com o amor da sua vida é muito melhor, não é?! – Me encara com seus olhos vibrantes. Sorrio completamente sem graça e o garçom se aproxima com uma taboa e uma cestinha com nossa refeição. Agradecemos e eu enfio logo várias batatas fritas na boca para ser impedida de responder qualquer coisa. Mia pega um cubinho de queijo e come também. Depois de comermos tudo em meio a conversas bem menos pesadas e comprometedoras, me sinto bem melhor. Minha cunhada me chama para dançar e sinto que meu corpo está recuperado para fazer qualquer coisa. Vamos para o meio da pista e começamos a nos mover, fico morrendo de vergonha porque nunca dancei em um local assim antes, na minha vida só dancei em minha casa fazendo faxina. Faço movimentos imitando os de Mia que são rápidos e graciosos, os meus saem desajeitados mas dou o meu melhor, a música é rápida e nós duas damos as mãos algumas vezes e até rodamos, me divirto muito, dou muitas risadas. Ela me conta sobre alguns rapazes que estão por aqui que ela já “pegou”, todos só beijos. Até que aparece um que já foi um caso mais sério, ela parece se irritar já que o cara alto e ruivo vem até nós.

— Olá Mia, você não retornou mais minhas ligações mesmo. – Ele parece um pouco alcoolizado, pois fala meio embolado. Minha cunhada o encara com os olhos fulminantes.

— Olha Pitty eu não gosto de escândalos. Você sabe que nosso caso acabou, vá ficar com os seus amigos, por favor. - Ela fala bem séria como nunca tinha visto, segurando o braço do mesmo que bufa e sai em direção a uns homens na saída da área VIP.

— Está tudo bem? Ele te incomoda, devemos chamar alguém? – Pergunto preocupada.

— Não, fique tranquila. Ele só está um pouco bêbado. É um cara legal, mas nosso caso foi bom pelo tempo que durou, não deu mais certo. Aaah minhas amigas estão chegando! – Mia falava com tranquilidade, até olhar para trás e ver duas moças vindo em nossa direção então começa a gritar e dar pulinhos, como de costume. Elas se abraçam e minha cunhada dá uma bronca pelo atraso delas. – Jessica e Pam, essa é minha cunhada linda Anastácia. Essas são as amigas que estava aguardando, fomos todas colegas de curso na faculdade. – Ela nos apresenta, as moças sorriem, nos cumprimentamos com simpatia e beijos no rosto. Até que a mais alta de cabelos compridos pretos diz:

— Mia nós vimos o Pitty, ele tá meio bêbado...acho melhor nós irmos para outra boate. – Fala olhando para minha cunhada.

— E eu fiquei sabendo que aquele DJ top das paradas está na Dionísio hoje, vamos para lá? – A baixinha loira completa o pensamento da primeira. Mia faz cara de quem pondera, olha para mim e me pergunta.

— Tudo bem Ana se eu for com elas? Você está com meu irmãozinho, acho que ele já deve ter dispensado a chata para vocês curtirem a noite... – Não tenho como amarra-la a mim, sinto um pouco de tristeza de ter que voltar para aquela mesa, pois além de tudo estava amando a sua companhia. Mas ela tem direito de se divertir, sorrio e a encorajo.

— Claro, não se preocupe! Vá badalar com suas amigas e aproveite para melhorar a sua lista de pretendentes ein?! – Dou uma risada no final e ela me dá um tapinha no ombro, nos abraçamos, troco acenos com as amigas dela e as vejo descer as escadas. Respiro fundo três vezes e decido que também tenho que descer. Ao chegar ao andar de baixo vejo a mesa que estávamos vazia, então uma pulga do tamanho de um elefante se instala atrás de minha orelha, que bonito! Os dois sumiram. Resolvo me sentar no mesmo lugar, porque não vou correr atrás de saber onde ele está de jeito nenhum. Não vou me sujeitar a isso. Passam-se alguns minutos, estou bebendo uma água quando Christian aparece se sentando no mesmo banco de antes com uma camisa branca, mas ele estava com uma preta quando saímos de casa. Olho chocada, sinto meus olhos arderem de raiva, foi transar com a cobra siliconada e ainda trocou de roupa?! Ah eu quero soca-lo, mata-lo, depois fazer picadinho e jogar para os jacarés comerem. Como pode me humilhar a esse ponto?! Ele me olha, eu viro a cara e bebo mais um gole de minha água para acabar não jogando na cara dele.

— O que foi? Está muito tempo aqui sozinha? Cadê Mia? – Me enche de perguntas como se fosse eu a errada nessa palhaçada. Viro meu rosto lentamente e sorrio mordazmente.

— Ela foi embora com as amigas, por que a preocupação comigo? – Ele estreita os olhos me encarando.

— Por que está usando esse tom comigo? Qual o problema com você? – Fico atônita, ele é realmente muito cínico. Então respondo um simples nada e fecho a cara, ainda mais quando vejo a naja chegando a nossa mesa e se sentando colada a Christian.

— Precisamos continuar a conversa docinho. – Helena diz com aquela sua voz enjoada e propositalmente me encara sorrindo, faço um sorriso para ela que acho que sai como uma careta. Então ela coloca as mãos nos ombros de Christian uma por suas costas e outra para em sua clavícula, e começa a falar ao pé do ouvido dele. Logo começam uma sincronia de revezamentos, hora ela fala próximo ao ouvido dele, hora ele próximo ao ouvido dela. Essa cena vai me enojando e sinto que preciso beber alguma coisa. Peço ao garçom uma bebida do cardápio que vai frutas, açúcar e vodca. Deve ser leve já que quando experimento não sinto quase gosto alcoólico. Perco a conta como o tempo vai passando de quantas acabei bebendo, só sei que quando vejo a bruxa passar a mão na mão dele sobre a mesa, não suporto mais. Me levanto, não sou obrigada a ficar presenciando esse espetáculo de horror, nojento e patético. Vou em direção à pista de dança, sinto minhas pernas estranhas como se pisasse no macio. Chego em meio a multidão e me balanço um pouco freneticamente, já que a música é rápida, as luzes piscam muito, minha cabeça começa a ficar zonza, sinto um embrulho terrível no estômago e resolvo correr para o banheiro antes que vomite em um estranho. Vou rápido, respirando aceleradamente, peço informação a alguns garçons e finalmente chego ao banheiro feminino. Passo pelas portas e graças a Deus é um banheiro muito amplo e parece vazio, faço sua curva e me deparo com duas mulheres se beijando, estão encostadas a parede ao fundo do banheiro. Me aproximo do balcão enorme que tem várias pias e um espelho de par a par, abaixo a cabeça segurando meus cabelos com uma mão para molhar a minha nuca. Ouço umas risadas e escuto que uma mulher sai do banheiro, levanto meu rosto que parece pesar uma tonelada enquanto esfrego meu pescoço e vejo que um par de olhos verdes com uma maquiagem totalmente preta me encara, está com um cigarro na boca, então o segura com o canto dos lábios e me cumprimenta.

— Você é a esposa do Éllenis não é?! – Me diz e começa a acender seu cigarro, aperto os olhos já que vejo as coisas meio tortas. Então a reconheço é a tal Katherine Kavanagh. Me seguro a bancada.

— Sou in felizzzmente. – Respiro pesado, meu estomago está revirando outra vez.

— Eu sou Katherine...você está bem? – Suas mãos vão para meu rosto, porque dou uma cambaleada.

— Estou ótimaaaa. – Digo e faço um bico. – Vo cê precisa fumarrr mesmo? Isssso tá com um cheiro essstranho e..e.. está me deixando enjoadaa.

— Ok. – Ela ri, e apaga o cigarro na pia depois o joga fora. – Como é seu nome mesmo? – Volta a segurar meu rosto que teima em abaixar pelo peso.

— É Anassstácia. – Falo e coloco a mão na boca, acho que tudo que comi quer sair de qualquer jeito.

— Venha Anastácia, você está precisando fazer uma visitinha ao vaso sanitário. – Ela me puxa pela cintura, abre uma cabine, nos colocando lá dentro, me ajuda a baixar e segura os meus cabelos. Ouço que tranca a porta e então ao encarar o vaso aberto sinto meu estomago se retorcer e despejo todo o conteúdo dele para fora, repito algumas vezes. Katherine não solta meus cabelos e também faz carinho em minhas costas. – Fique tranquila, coloque tudo para fora que vai te ajudar. – Me diz quando choro um pouco com a cara ainda virada para o interior do vaso, não acredito que estou passando por isso. Essa é a pior noite da minha vida e tudo culpa do Christian. Despejo tudo que há em meu estomago então bato a tampa do vaso, dou descarga e pego um pedaço de papel para passar na boca. Me sento na tampa e fico com o rosto abaixado. Estou morrendo de vergonha. – Você vai ver agora as coisas vão melhorar, pode crer de ressaca eu entendo. – Ela me diz com calma, olho para cima e a mesma sorri para mim.

— Me desculpe, nunca passei por isso. Você estava beijando uma mulher quando eu entrei? – Meu enjoo passou, mas minha cabeça ainda está bem zonza e me sinto com coragem para falar qualquer coisa. Ela ri.

— Sim, mas não é nada demais. Eu não sou lésbica, somente sou alguém livre. Gosto de pessoas e não de rótulos. Ela é uma amiga e a gente quis se divertir um pouco no banheiro e só. – Ela olha para minha expressão chocada e fica séria. – Fique tranquila eu não vou agarrar você se é o que está pensando. – Parece chateada.

— Não não...não pensei isso, me desculpe. – Balanço a cabeça. – Não sou preconceituosa, obrigada por ter me ajudado. – Falo da maneira mais coerente e sincera que consigo. Ela sorri e me puxa pela mão.

— Vamos agora lavar esse rosto e dar um jeito nesse visual. – Diz me ajudando a sair da cabine. Vejo algumas mulheres saírem do banheiro, nem as tinha ouvido entrar. Nos aproximamos da pia, faço um coque em meu cabelo e lavo o rosto e minha boca com os produtos que estão na bancada. Depois de secar, vejo que estou pálida, com a aparência péssima e faço uma careta. – Eu tenho alguns produtos de maquiagem aqui. Você deixa eu te arrumar? – Fala retirando de sua pequena bolsa preta várias embalagens pequenas. Balanço a cabeça afirmativamente e só então reparo em sua roupa. Ela está com um vestido preto todo cheio de aberturas, é transpassado mas tem um decote enorme, mostra a barriga pelos lados e também apesar de curto tem uma fenda na perna que chega acima da metade da cocha. Seus cabelos estão soltos e revoltos, cheios de miçanguinhas pretas, pratas e brancas. Ela é bem ousada, parece ter muita atitude, me ajudou e eu gostei dela.

— Por que quis me ajudar? – Pergunto enquanto ela maquia meus olhos.

— Porque quando olhei para seus olhos no espelho vi uma tristeza profunda que eu conheço, sei como é se sentir ferida. Não custa nada estender a mão a alguém. – Ela diz passando algo em minhas bochechas. Sinto um pesar profundo em suas palavras, vejo um brilho em seus olhos e pela primeira vez desse período todo vejo que ela pareceu introvertida.

— Sinto muito. – Digo depois de esfregar meus lábios agora com gloss que cheira a morango.

— Tudo bem, olhe para o espelho. – Ela me vira para o mesmo e fico boba, ela transformou o fantasma em que estava em uma gata selvagem. Dou risada internamente, meus olhos estão bem marcados de preto quase como os dela, estou corada e com uma ótima aparência. Me sinto zonza ainda, mas pelo menos o mal estar estomacal passou.

— Nossa, ficou incrível! Você é boa nisso. – Digo a olhando pelo espelho e me viro para abraça-la.

— Ah obrigada, é que como atriz de teatro preciso muitas vezes me maquiar rapidamente, acabei pegando prática. – Depois do abraço olha para mim e aperta minhas mãos. – Sabe o que dizem? Que amizades que começam no banheiro feminino duram para sempre! – Nós duas rimos e eu concordo com a cabeça.

— Obrigada por tudo, vá até minha casa me visitar quando quiser. Vou amar recebê-la! – Falo com sinceridade ela meneia a cabeça sorrindo e sai do banheiro dizendo para que eu me cuide. Me olho no espelho mais uma vez, respiro fundo, solto os cabelos e decido que é hora de sair daqui. Ando agora com um pouco mais de confiança, resolvo dar uma olhada se aqueles dois ainda estão naquela pateticidade. Então vejo que a conversa permanece igual, mas agora estão frente a frente em vez de lado a lado como antes. Ridículo, nem sentiu minha falta. Então passo no balcão e peço uma dose do mesmo licor que bebi sem querer quando cheguei, preciso ver se me sinto anestesiada de alguma forma disso tudo. Quando termino de beber o liquido de menta sinto meu corpo entrar em tranquilidade, tenho vontade de dançar e me divertir como quando Mia estava comigo. Já que Christian não liga para mim, farei minha noite feliz e muito bem curtida sem ele. Chego a um espaço mais vazio e a playlist do DJ está mais suave, é uma música sexy, um pouco lenta e provocante, mas o balanço é bom. Resolvo então dançar sentindo o que a música me passa, fecho os olhos e balanço os braços levemente e rebolo com suavidade. Passo as mãos por meus cabelos, depois por meus quadris e mantenho um ritmo sensual. Abro os olhos pois sinto uma presença a minha frente. Um homem bem mais alto que eu, forte e de cabelos loiros compridos está dançando comigo. Já que quem me trouxe não quis vou dançar com quem quer. Deixo ele me acompanhar, estamos próximos mas sem nos tocar. Nos balançamos, rodamos um pouco vagarosamente, sorrio, então ele coloca suas mãos em meus quadris. Me sinto desconfortável mas quero continuar dançando, logo ele cola seu corpo mais ao meu, tento me afastar mas ele me puxa ainda para mais perto e aproxima seu rosto do meu.

— Para, me solta! Eu não quero. – Digo um pouco desesperada, empurrando seu peito com força o que não adianta.

— Ah deixa de fazer corpo mole gracinha, você quer que eu sei. – Diz se aproximando ainda mais de meu rosto, o empurro com toda força que consigo me jogando para trás e sinto-me esbarrar em uma parede de músculos.

— Ela disse que não quer idiota! – Sua voz é como de um soldado em guerra, me assusto e olho para Christian atrás de mim.

— E quem você pensa que é para se meter imbecil?! – O loiro fala me puxando pelo braço, só vejo Christian tirar as mãos do homem de mim e soca-lo em cheio, o fazendo cair no chão.

— Sou o marido dela seu merda! – Sinto que tudo começa a girar, seguranças aparecem e levam o homem, cambaleio um pouco vendo tudo se escurecendo e sinto braços fortes me ampararem para logo imergir na escuridão.

...***...

Mas que porra! O que Anastácia pensa que estava fazendo se esfregando em outro cara, estou com ela em meus braços desacordada indo embora pela saída de emergência para que não haja ninguém lá fora para nos fotografar assim. Eu teria acabado com a raça daquele bastardo se os seguranças da boate não tivessem chegado e o levado embora. Quem aquele imbecil pensa que é para tocar no que é meu?! Chego à calçada dos fundos do Greeck Nights e Taylor aguarda ao lado da porta do Audi já aberta, com sua eficiência de sempre. A coloco no banco de trás e me junto à mesma, a deitando em meu colo, o segurança acompanha Taylor na frente.

— Mal..malvado...muito. -  A ouço murmurar em meu colo.

— O que? – Pergunto passando a mão em seu lindo rosto de olhos fechados.

— Christian.. é mal comigo... muito. – Fala cada palavra divagar, está sonhando provavelmente. Cheira forte a álcool, nunca a tinha visto beber nada álcoolico até aqui.

— Por que Anastácia, o que eu fiz a você? – Quero ver se consigo tirar informações dela, já que está nesse estado vai ser sincera e nem se lembrará depois do que disse a mim. Ela murmura algumas coisas que não consigo entender. Eu beijo sua testa e falo em seu ouvido. – Por que está chateada? – Ela se contorce um pouco em meu colo.

— Você é rude comigo, faz amor...me abandona...grosso! – Ela diz da mesma forma fora do ar ainda está de olhos fechados. Ela está triste com o modo que a trato, quem diria que ela se importa com a maneira como nos relacionamos. – Triste...humilhada...muito triste...rude. – Ela continua a murmurar as palavras soltas, percebo que realmente ela está magoada comigo.

— Por que você nunca tinha feito sexo com ninguém Anastácia? – Pergunto próximo ao seu ouvido.

— Nunca quis...Ana...só Ana. – Diz e se agarra a minha roupa e respira fundo.

— Você gosta que te chamem de Ana? – Preciso entender o que ela quis dizer. Ela somente resmunga um aham e se aconchega mais a mim, percebo que parece ter caído em um sono mais profundo. Se ela soubesse o quanto venho me sentindo confuso desde que nos casamos, sinto um desejo sem igual por ela e que não passa por nada. Além de uma possessividade fora do comum, nunca briguei com alguém por uma mulher antes e só de ver um outro homem a tocando minha vontade foi de mata-lo. Acho que nós dois precisamos nos conhecer melhor, dar uma chance para esse casamento. Já que estamos atrelados quero entender a mulher que agora carrega o meu nome. Pensava que ela fosse outro tipo de mulher: vivida, alpinista social, patricinha mimada. Mas ao olha-la agora mais de perto desde a nossa noite de núpcias, vejo tanta inocência em seus olhos, pureza em seus gestos. Hoje por exemplo queria expô-la, queria ver se ficaria como uma verdadeira vadia em uma roupa que mostrasse demais, queria ver se sua mascara cairia. Mas mesmo quase nua ou nua na cama, só vejo ingenuidade nela, vejo uma inocência que antes só via em Mia. Não quero magoa-la e não sei porquê. Se antes esse era meu desejo: fazê-la sofrer para ver seu avô sofrer, agora com a mesma dormindo profundamente em meus braços só quero protegê-la e conhecê-la melhor. Está resolvido quando ela acordar a farei uma proposta.


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Notas finais do capítulo

E aí o que estão achando ?
Comentem, favoritem e acompanhem no modo visível !!!
Beijuus ;*



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