O Líder Da Máfia escrita por Liah Rothchild


Capítulo 3
O Passado Sempre Volta Para Te Assombrar


Notas iniciais do capítulo

Oiii leitoreeees !
Estou postando dois capítulos no mesmo dia porque não estou conseguindo me segurar ! Hahahah
Eu disse que postaria somente um capítulo por dia, mas está sendo difícil, já que eu já tenho 32 capítulos prontos. Tenho quase certeza de que vocês querem saber o motivo, então lá vai: eu apenas escrevia os capítulos e ia salvando, então um dia minha melhor amiga os leu, disse que estavam ótimos e me incentivou a postar no Nyah, e aqui estamos.
Mas sem mais delongas, aqui vai mais um capítulo, espero que gostem !

Boa leitura !



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Nunca senti tanta falta da minha cama como agora quando acordei com o corpo dolorido devido ao colchão super fino que se assemelhava a dormir no próprio chão. Vi que a cama ao meu lado estava vazia e perfeitamente arrumada, então me levantei e saí do quarto.

Toda a casa estava silenciosa, só se ouvia pequenos ruídos no final do corredor à minha esquerda. Caminhei lentamente em direção aos ruídos e me deparei com uma cozinha improvisada e simples ao estilo americano, onde vi o idiota que usava apenas uma calça de moletom enquanto carregava um saco de farinha com o braço baleado e uma caixa de ovos com o outro. 

— Bom dia. - ele disse. - Está com fome ?

Fiquei em silêncio enquanto me sentava na cadeira alta em frente ao balcão.

— Tenho quase certeza de que eu disse para não fazer esforço com esse braço... - comecei.

— Cozinhar não é esforço. - ele disse dando de ombros enquanto jogava um pouco de farinha em um recipiente.

— Carregar peso é. - retruquei ouvindo ele bufar.

— É só um saco de farinha, não enche Darella. - ele revirou os olhos.

— "Não enche" ?! Você levou um tiro, seu idiota ! - esbravejei me levantando e indo em sua direção, ficando frente a frente. Eu precisava olhar para cima por conta de sua altura.

— Não é como se nunca tivesse acontecido antes. - ele respondeu no mesmo tom cruzando os braços e revirando os olhos. - Além disso, nas outras vezes eu não tive alguém que cursou medicina para me ajudar.

— Como soube disso ? - perguntei percebendo segundos depois o quão idiota foi essa pergunta. Ele deu de ombros.

— Investigação.

— Você não tem o direito de investigar sobre a minha vida sem a minha autorização ! - fiquei na ponta dos pés para ver se conseguia ficar pelo menos um pouco mais perto de seus olhos para causar medo e arrependimento, mas foi uma ação completamente inútil.

— Eu não precisaria investigar se você me contasse. - ele disse ficando de costas para mim enquanto colocava os ovos no mesmo recipiente.

— Eu não te devo satisfações ! Eu nem te conheço !

— Isso poderia mudar se você parasse de ser tão implicante !

— Já tenho problemas suficientes e depois de ontem tenho certeza de que não te quero na minha vida. Eu quase fui baleada te conhecendo a menos de dois dias ! 

— Tem razão. Você QUASE foi baleada, quem foi baleado no seu lugar fui eu e você me agradece reclamando até do oxigênio.

— Obrigada. - eu disse sem mais nem menos.

— Só isso ? - ele começou a andar para frente lentamente, desistindo de cozinhar, e eu tive que dar dois passos para trás, até sentir a parede gelada atrás de mim.

— Obrigada é um agradecimento. O que mais quer que eu diga ? 

— Bom, já que perguntou... - ele sorriu maliciosamente enquanto colocava as mãos ao lado da minha cabeça na parede. - Eu quero que você diga que está incomodada com nossa proximidade e que se eu chegar só um pouco mais perto, você vai corar.

— Eu nunca diria isso, porque não é verdade. - eu disse firme, cruzando os braços.

Ele soltou uma risada baixa e então tirou suas mãos dos lados da minha cabeça e as colocou em minha cintura, onde me puxou com força em sua direção. Me arrependi amargamente quando resolvi baixar o olhar e perceber que ele tem aquele "V" na virilha, como uma flecha sinalizando o mau caminho, junto de um corpo bem definido com várias cicatrizes. Nossos corpos estavam completamente colados um contra o outro.

Senti vontade de bater no meu próprio rosto quando senti minhas bochechas queimarem e Alecssander sorrir vitorioso. Durante a vida, nunca tive muitas experiências com homens, por isso, infelizmente e contra minha vontade, não posso controlar o rubor em meu rosto quando ocorrem momentos como esse.

— Eu quero voltar para meu apartamento imediatamente, e se você não me levar, eu vou andando. - eu disse firme retirando suas mãos com brutalidade da minha cintura e indo em direção ao quarto, mas fui impedida quando o babaca segurou meu braço e me puxou em sua direção, colando nossos corpos novamente e imobilizando meus braços atrás do meu corpo.

— Eu acho que não deixamos as regras claras entre nós - ele sussurrou próximo ao meu rosto com uma voz ameaçadora. - Sou eu quem digo se você vai ou não voltar para seu apartamento.

— Você não pode me manter aqui para sempre. - eu o desafiei.

— Você não sabe do que sou capaz.

— Senhor ! - ouvimos alguém na entrada da cozinha e eu empurrei o idiota abruptamente para que se afastasse. - É... Desculpe atrapalhar, mas temos um problema.

O homem saiu do cômodo e eu e Alecssander o seguimos até a entrada da casa, onde outros homens recarregavam suas armas e saíam em pequenos grupos. 

Alecssander foi até um homem alto e super forte, trocou algumas palavras com ele que eu não pude ouvir e foi até a janela, onde analisou o que estava lá fora por alguns segundos. Foi até uma parede com as maiores armas e pegou uma preta que provavelmente era maior que meu braço, depois vestiu uma camisa qualquer e colocou um colete a prova de balas. Então olhou em minha direção.

— Darella, vá para o quarto e só saia quando o agente Williams for te buscar. - ele apontou para o homem super forte. - Thompson, Collins, vocês vem comigo.

Eles saíram da casa rapidamente e o brutamonte agente Williams veio em passos largos em minha direção e me puxou pelo braço em direção ao quarto. Ele me jogou -literalmente- dentro do pequeno cômodo e eu gritei um xingamento. Quando fui tentar abrir a porta, obviamente estava trancada e algo parecia a estar bloqueando do outro lado.

Fiquei andando em círculos pelo quarto e levava pequenos sustos a medida em que os tiros lá fora se aproximavam. 

Fiquei pensando em por que diabos Alecssander teve que se sentir atraído por mim naquela maldita boate. Ele poderia ter escolhido qualquer vadia, mas resolveu escolher a loira bêbada que mal conseguia andar sem cair de cara no chão. Eu estava super feliz com minha vida monótona e melancólica onde eu sentia raiva até de aqueles seres humanos estarem respirando o mesmo ar que eu. E nos três dias em que conheço esse idiota, já fui sequestrada, quase fui baleada, me senti uma anã e agora estava trancada em um quarto esperando que "meu príncipe encantado" venha me salvar enquanto todos se matam com tiros do lado de fora. Que situação deplorável.

Estremeci quando ouvi o que parecia ser a porta de entrada sendo aberta brutalmente e alguém entrando a passos firmes enquanto atirava. Quando ouvi um tiro bem ao lado do quarto, congelei. E então tudo ficou em silêncio até segundos depois alguém chutar a porta com brutalidade e um homem não muito alto de aparência asiática entrou segurando duas armas acompanhadas de um sorriso diabólico nos lábios.

— Ora, ora, ora... O que temos aqui ?! - ele colocou uma das armas em um suporte em sua cintura. - Qual o seu nome, gracinha ?

— Não é da sua conta. - ouvi uma voz conhecida vindo de trás do intruso e então vi que era Alecssander.

O asiático apontou a arma para o idiota mas o mesmo foi mais rápido, ele segurou o pulso do intruso com força e levantou seu braço, fazendo o asiático atirar no teto, e quando o mesmo tentou pegar a outra arma em seu quadril, Alecssander o impediu e pegou primeiro, depois o virou de costas e o empurrou brutalmente na parede apontando ambas as armas para o asiático. Então me encarou.

— Eu te aconselho a olhar para o outro lado. A cena à seguir não vai ser das melhores. - ele deu de ombros.

E então quando encarei o chão, pude ouvir Alecssander atirar apenas uma vez e o baque do corpo do intruso caindo com força no chão. Estremeci quando vi meus sapatos com respingos de sangue e o idiota veio rapidamente em minha direção me puxando brutalmente pelo pulso e me levando em direção à saída.

— Não olha. - ele disse quando passamos pelo corpo ensangüentado do... Agente Williams ?!

A casa estava completamente diferente de antes. Agora, parecia cena de um filme de terror com jatos e respingos de sangue nas paredes brancas e diversos corpos estraçalhados caídos no chão. Alecssander nos levou até seu carro e então começou a dirigir velozmente.

— Mas que merda... - ele murmurava vez ou outra enquanto acelerava cada vez mais.

— Então isso é ser da máfia ? - comecei fazendo o idiota me encarar. - Agentes morrem apenas para te proteger e você simplesmente os deixa para trás como se não fossem nada ?!

— A maioria não é obrigado a estar na máfia. Muitos entraram por livre e espontânea vontade, outros porque não tinham mais nada e entrar para a máfia parecia ser a melhor opção, e claro, tem aqueles em que  ameaçamos, mas não sem um bom motivo. De qualquer forma, ambos sabem que podem morrer a qualquer momento, e quanto a isso, não posso fazer nada.

— Isso é repugnante. - cuspi, passando a encarar a estrada.

Ficamos em silêncio.

— Não precisava ter matado aquele homem... - comecei depois de alguns minutos em silêncio. - Ele não fez nada.

— "Não fez nada" é uma coisa irônica de se dizer quando estamos nos referindo àquele idiota. Ele era membro da máfia chinesa e era procurado por ter estuprado e depois matado mais de trinta mulheres. - ele me encarou. - Você teria o mesmo destino se eu não tivesse chegado a tempo.

Apoiei minha cabeça na janela enquanto absorvia aquelas informações. Então, se Alecssander não tivesse chegado a tempo eu teria sido estuprada por aquele homem nojento...? 

Não.

Aquilo não podia acontecer, não de novo. Estremeci quando lembranças ruins surgiram na minha mente e eu logo dei um jeito de as espantar. 

Encarei o homem ao meu lado que dirigia atentamente pelas ruas movimentadas de New York. Abri e fechei a boca diversas vezes, mas as palavras simplesmente não saiam. Mas que merda Darella, não consegue nem agradecer. Revirei os olhos, por fim desistindo.

— Se tem algo a me dizer, fale de uma vez ao invés de ficar enrolando. - Alecssander disse enquanto parava no sinal vermelho. 

— Obrigada. - murmurei. Ele me encarou.

— Pelo que ? 

— Oras, você sabe! - eu me exaltei desviando o olhar e cruzando os braços.

Pude ouvir o idiota soltar uma risada baixa e então acelerou o carro novamente. Ele dirigiu por mais alguns minutos até finalmente estacionar em frente ao prédio cinza escuro onde eu morava. Quando fui abrir a porta, pude ouvir um click e então percebi que todas as portas do carro estavam trancadas.

— Não vai me deixar sair também ?!- eu o encarei com raiva. 

— O que vai fazer agora ? - ele perguntou sem me responder.

— Nada que seja da sua conta. - respondi.

Ouvi ele bufar e segundos depois senti sua mão segurando meu rosto como se eu fosse uma criança, sendo o polegar de um lado da minha bochecha e os outros dedos do outro lado apertando fortemente. Então aproximou meu rosto do seu.

— O que pensa que está fazendo ? - perguntei tentando soltar meu rosto de sua mão.

Ele não respondeu e se aproximou abruptamente do meu rosto até enfim me beijar. Quem aquele idiota pensava que era para me beijar ?! Essa foi a primeira coisa que pensei. 

A sensação era estranha. Fazia muito tempo que eu não beijava alguém, não que eu ligue para isso, e mesmo sendo apenas bocas encostadas, não deixava de ser um beijo. Senti minhas bochechas queimarem quando o babaca fez menção de aprofundar o beijo e finalmente tomei a coragem de empurrar o corpo de Alecssander para trás e dar um tapa super forte em seu rosto, que certamente ficaria marcado mais tarde.

— Seu idiota ! Você não deveria ter feito isso ! - eu gritei quase gaguejando.

— Você fala como se eu tivesse cometido um crime. - ele revirou os olhos passando a mão por seu rosto que já estava ficando vermelho.

— Na próxima vez eu juro que te mato !

— "Próxima vez" ?! - ele sorriu maliciosamente. - Então você quer que aconteça mais vezes ?

— Eu tenho nojo de você. - eu cuspi da forma mais sombria possível. - E a única coisa que eu quero vindo de um bandido como você é que faça um bem à humanidade e morra logo.

Ele ficou rígido e assumiu uma expressão sombria, assim eu consegui uma brecha para me apoiar no banco e apertar o botão que ficava atrás do volante, destravando as portas. Peguei minha bolsa e abri a porta do carro, e segundos antes de fecha-la ouvi Alecssander falar em alto e bom som, com determinação na voz:

— Você ainda vai ser minha, Darella. É apenas uma questão de tempo.

E quando a porta foi fechada, ele acelerou o carro a toda velocidade pelas ruas de Manhattan, me deixando parada feito uma estátua na beira da rua. Adentrei o hall de entrada do prédio, e para minha sorte o elevador já estava parado no térreo e estava vazio. Encarei meu reflexo no espelho do elevador e vi que meu estado estava lamentável. Os cabelos loiros completamente bagunçados, os olhos azuis inchados devido a péssima noite de sono e o mesmo vestido de ontem, agora nem tão bonito, amarrotado e sujo com pequenos respingos de sangue. Qualquer pessoa que me visse agora certamente pensaria que eu estava no mínimo presa ou num tiroteio, o que não deixa de ser verdade. 

Suspirei pesadamente ouvindo as portas serem abertas no sexto andar e comecei a caminhar em direção ao meu apartamento. Lá, me joguei no sofá encarando o teto e pensando no dia que tive. Então essa era a minha vida a partir de agora ? 

Somente quando deitei no sofá percebi o quanto estava exausta. Juntei as forças que ainda me restavam e fui em direção ao banheiro retirando as roupas no caminho, liguei o chuveiro e fiquei em baixo da água que caia rapidamente sobre meu corpo. O encanamento do prédio não era dos melhores, por isso mesmo a temperatura estando em quente, a água estava morna, o que não foi suficiente para me fazer relaxar, mas era o melhor que eu tinha no momento. Os encanadores inúteis contratados pelos donos do prédio não sabiam nem fazer seu próprio trabalho, por isso nós, moradores, precisávamos nos contentar com o que tínhamos.

Inúteis como você, Darella.

Uma voz masculina disse, me fazendo olhar ao meu redor. Ninguém.

Estremeci. Eu conhecia aquela  voz melhor do que gostaria. Desliguei o chuveiro rapidamente, me enrolei em uma toalha e corri em direção ao meu quarto, abrindo a gaveta da escrivaninha com brutalidade procurando os pequenos frascos de comprimidos. 

Por que tomar remédios Darella ? Você odeia comprimidos, odeia o gosto amargo dos remédios e odeia ainda mais quando precisa tomar injeções. 

Achei o pequeno frasco, mas infelizmente estava vazio. Corri até o outro lado do quarto, abrindo a gaveta do criado-mudo e percebendo que eu precisava organizar minhas gavetas.

Desista de procurar. Você gosta de mim. Vamos, admita.

— CALE-SE ! - gritei enquanto jogava tudo que estava dentro da gaveta pra fora e vendo que os frascos não estavam ali. 

Minha última tentativa foi ver atrás do espelho do banheiro e lá estava. O pequeno frasco de cor laranja com um único comprimido branco com azul dentro. O coloquei na boca e o engoli sem nem pensar duas vezes. O remédio me faria dormir em poucos minutos e então essa voz desapareceria.

Encarei meu reflexo no espelho embaçado, e atrás de mim, encostado na parede com um sorriso diabólico, estava ele.

ASSASSINA ! VOCÊ VAI PAGAR PELO QUE FEZ ! 

Quando olhei para trás, ele já havia sumido e apenas o eco de sua voz pairava no ar.

— VAI EMBORA ! EU JÁ TOMEI O REMÉDIO... VAI EMBORA ! - eu gritei passando a mão pelos cabelos com força e sentindo as lágrimas em meus olhos. Me encostei na parede gelada e escorreguei até o chão, me sentando abraçada aos joelhos. - VOCÊ NÃO É REAL ! VOCÊ ESTÁ MORTO !

Eu sou tão real quanto você, sua vadia.

Senti ele puxar uma mecha do meu cabelo e soprar no meu ouvido, o que me causou arrepios. Eu estava com... Medo. Fazia mais de um ano que eu tomava meus remédios corretamente e tinha até esquecido como era a sensação quando eu não tomava. Era assustador. Eu parecia uma criancinha medrosa que estava com medo do bicho-papão, e realmente, essa situação de agora estava semelhante. 

Me levantei do chão e corri até a sala na tentativa de fugir, mas era impossível fugir dele. Era impossível fugir do passado. 

Ouvi sua risada maligna ecoar pelo apartamento inteiro e estremeci, era como quando Alecssander falou comigo no quarto escuro, ele estava em todos os lugares e em lugar nenhum ao mesmo tempo, mas ao contrário de agora, eu sabia que Alecssander era real

Comecei a ficar com a visão turva e percebi que estava ficando sonolenta e o remédio em breve faria efeito, eu só precisava dormir.

E você acha que eu vou te deixar dormir, Darella ? 

Me sentei no sofá da sala e vi o homem mais uma vez em pé na minha frente. Ele estava com as mesmas roupas de quando morreu: um casaco escuro, uma calça verde musgo e a camisa branca ensanguentada com uma faca apunhalada no meio do seu abdômen. Ele sorria sem mostrar os dentes, com um filete de sangue escorrendo pelo canto de sua boca e seus olhos cor de mel me encaravam com a mesma repugnância que eu olhava para as pessoas à minha volta no dia-a-dia.

— Você... Não passa de um fruto da minha imaginação. Você está morto e quando eu acordar, você terá sumido. - eu disse com dificuldade.

E quem foi que me matou, Darella? QUEM?

Ouvimos alguém batendo na porta calmamente.

Parece que temos visita... 

Ele sorriu maliciosamente. Decidi que deixaria a pessoa bater o quanto quisesse, pois não estava com ânimo, força ou paciência para atender. Porém, quando as batidas se tornaram mais altas e rápidas, fui obrigada a me arrastar até a porta para abrir, dando de cara com Alecssander com as mesmas roupas de antes e uma sacola na mão.

— O que você quer ? - perguntei com a voz seca. Ele me analisou dos pés à cabeça, pousando o olhar por alguns segundos na região dos meus peitos sob a toalha branca.

— Eu sei que está com raiva de mim, mas você esqueceu suas roupas no meu carro, então eu decidi ter a decência de devolver. - ele disse desviando o olhar e esticando o braço que segurava a sacola em minha direção. Eu não conseguia vê-lo, minha visão estava começando a ficar embaçada e meus olhos estavam pesados. Peguei a sacola de sua mão e o encarei. - Você não parece nada bem...

— Eu estou... Bem. - tentei dizer com firmeza mas acabei fraquejando na última palavra. 

Que cara idiota. Vocês formam um casal perfeito.

— VAI EMBORA ! - eu gritei para a voz e vi Alecssander arquear as sobrancelhas.

— Eu entendi, você está com raiva, mas não precisa gritar. - revirou os olhos - Já estou indo. 

— Ei seu idi... Idiota. - eu disse dando um passo em sua direção quando ele se virou de costas, mas devido ao atordoamento do remédio, caí de joelhos no chão e Alecssander apareceu do meu lado rapidamente, me dando apoio com seu próprio corpo. De uma forma desajeitada, me pegou em seus braços e me levou até a sala, onde me deitou no sofá.

O QUE ESSE IDIOTA TA FAZENDO ? MANDE ELE EMBORA AGORA MESMO !

— Bom, agora acho que já vou indo, espero que fique bem. - Alecssander disse se afastando.

Ah, ela vai ficar. Eu vou cuidar super bem dela. 

— Não. - eu disse sentando na sofá e segurando a barra de sua camisa. Alecssander obviamente não esperava por essa reação e se virou, com uma expressão surpresa. - Por favor... Fique.

Era humilhante pedir aquilo para ele, mas eu não queria ficar sozinha com aquela voz, na verdade, eu faria qualquer coisa para nunca mais precisar ouvi-la. Alecssander estava imóvel e eu tive certeza de que ele recusaria quando afastou minhas mãos de seu corpo e começou a andar em direção à saída. Mas para minha surpresa, ele apenas fechou a porta do apartamento, veio em minha direção e se sentou ao meu lado, mantendo uma distância adequada.

— Só quero que saiba... - comecei, quase sem voz. - Que não estou no meu estado mais consciente e que quando eu acordar, vou te mandar embora porque ainda estou com raiva de você e porque eu te odeio, seu babaca. - ao ouvir isso, Alecssander riu.

— Não tenho dúvida disso. 

Respirei profundamente e pude sentir o cheiro de seu perfume amadeirado, mesmo daquela distância em que estávamos. Vi o dono da voz na minha cabeça sentado no sofá menor em nossa frente, então, comecei a fechar os olhos. 

Da próxima vez que nos virmos novamente, não serei tão gentil como fui hoje, vadia.

A voz dele ficou ecoando em minha mente como se fosse um gravador. Pensei que sonharia com os terríveis olhos cor de mel essa noite, mas o que eu realmente sonhei foi com os olhos castanhos igual chocolate.


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Notas finais do capítulo

Opaaaaaa !!!!
Quem será essa voz hein ??? Confesso que estou animada para ler suas sugestões ! Hahaha
Gostaram ? Não ?
Comentem o que acharam !
Nos vemos no próximo capítulo !



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