Novas direções escrita por Aurora Vermelha


Capítulo 1
Um (re)começo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Depois de muito tempo, tomei coragem e decidi postar o primeiro capítulo da minha história. Espero que vocês gostem :)



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O dia amanheceu cinzento com o chão todo molhado da tempestade da noite anterior. Muitas árvores foram derrubadas, e com isso, alguns acidentes aconteceram. O jornal não mostrou todos, somente os mais graves, dentre eles, o dos meus pais.

Eu estava na casa da minha avó sedenta de informações sobre o acidente, mas parecia que todas as pessoas queriam me poupar de sofrer mais pelos meus pais. As horas passavam e nada do telefone tocar. Minha avó passeava pela casa nervosa com o telefone na mão. Bastava uma ligação para saber do paradeiro dos meus pais. Eu não queria pensar no pior, mas as chances de eles sobreviverem eram mínimas. O hospital não deixou ninguém ficar lá esperando as notícias, eles recomendaram que ficássemos em casa, e qualquer informação que eles obtiverem, ligariam para casa imediatamente.

Finalmente o telefone tocou e eu pulei do sofá. Uma mistura de sentimentos tomou conta de mim. Uma angústia forte apertava o meu peito, mas ao mesmo tempo, eu tinha esperanças de que tudo ficaria bem. Afinal, eu queria acreditar que o acidente de carro não tinha sido foi tão feio assim.

Minha avó de esperançosa ficou sem reação e começou a chorar enquanto escutava o que diziam na ligação. Logo o telefone caiu no chão e ela se ajoelhou chorando desesperadamente. Eu sem saber o que fazer, me agachei para ajudá-la, mas era tarde demais.

 

 

2 meses depois

 

Olhei pela janela do carro para observar a paisagem e ver se me distraía um pouco. Minhas malas estavam me apertando dentro do carro. Fiquei pensando se era necessário levar tanta roupa, já que o lugar para qual eu ia tinha um uniforme.

Fiquei imaginando a quantidade de jovens que passaram pelas mesmas coisas que eu e recorreram a essa mesma solução. Na verdade, não tive opção. Minha avó não tinha condições de cuidar de mim, mas o internato Spirit tinha.

O carro parou minutos depois em frente a um lugar enorme, com estrutura antiga e um enorme jardim na frente, cheio de alunos conversando e arrumando as suas malas. Me levantei e saí junto com as 3 malas. Tive uma leve dificuldade para tirá-las do carro, parecia que uma delas tinha ficado presa no cinto de segurança.

—Precisa de ajuda? –Perguntou uma menina loira que estava se aproximando.

—Preciso sim, pode me ajudar a tirar essa mala daqui?

—Claro! –Sorriu e entrou no carro para pegar.

Como que alguém poderia ficar feliz naquele lugar igual aquela menina estava?

—Então, como veio parar aqui? –Ela puxava assunto enquanto tentava tirar a mala.

—É um assunto um pouco delicado. –Observei o campus e as pessoas que estavam ao me redor –Podemos falar de outra coisa?

—Ah, claro, desculpe a minha indiscrição –Disse saindo do carro –A propósito, me chamo Priscila, e você?

—Catarine –Disse pegando a mala da mão dela.

Finalmente estava com as 3 malas fora do carro. Logo ele deu partida e me deixou lá em um lugar completamente desconhecido e com uma quase desconhecida ao meu lado.

—Você não é de falar muito, não é? –Disse pegando uma das minhas malas e indo em direção à porta principal.

—É que ainda é tudo novo pra mim. Não tenho muito o que dizer –Disse tentando ser educada.

—Bom, logo logo você se acostuma com esse lugar, vai por mim –Disse entrando na escola -tem vários cantos e passagens secretas, dá para fugir de um monte de aulas... Hum, também tem meninos muito bonitos aqui, mas alguns deles são encrenca, então é melhor nem se aproximar. Ah, tem a nossa diretora –Disse apontando para um quadro que estava pendurado na porta da direção –que é um porre, mas você se acostuma com ela rapidinho.

O internato era enorme e cheio de corredores, e em cada um deles, havia um inspetor direcionando os alunos para os seus respectivos quartos. Pude perceber que no Spirit haviam duas alas: a ala dos dormitórios/lazer e a ala da escola em si.

Passamos por um corredor cheio de meninas soltando risinhos e segurando uns livros azuis de capa dura. Elas passavam de um lado para o outro cantando e rindo. Como pode ter tanta alegria aqui?

—Achei que aqui seria o lugar mais deprimente que eu poderia estar –Bufei enquanto andava com as malas.

—Bom, nós tentamos nos manter felizes aqui. Nesse corredor, somos como uma família. Todas essas meninas dormem nos quartos que ficam nesses corredores. Se você for pega em outro corredor, é mandada para a sala da diretora, e bom... Não queira saber o que acontece se você for pra lá.

—E qual é o meu quarto?

—Como você é novata, seu quarto deve ser o 16 –Sorriu quando parou em frente a uma porta que estava com o meu nome e de mais 2 meninas escrito.

—E qual o seu?

—Lá no final do corredor. Deu sorte de estarmos no mesmo. Depois da janta você vai receber o uniforme. Use sempre o uniforme corretamente. Ah, não durma tarde, o café da manhã é 6h em ponto. Quem se atrasa fica sem comer até o almoço. Ah, mas como hoje é a primeira noite dos novatos aqui, pode ir de pijama para o jantar.

—Sigo dizendo, como vocês conseguem ser felizes aqui com todas essas regras? –Soltei uma leve risadinha.

—A gente dá o nosso melhor –Sorriu enquanto acenava para uma menina do outro lado do corredor. –Bom, te vejo no jantar, agora tenho que aprontar umas coisas do comitê de boas-vindas. Qualquer dúvida, só me procurar.

 Tomei coragem e abri a porta do meu quarto. Para minha sorte, não tinha ninguém lá dentro. Enfim estava sozinha. Entrei com as minhas malas e fechei a porta.

O quarto era grande, as paredes eram na cor de gelo, as camas eram feitas de madeira, e os cobertores eram todos iguais. A janela tinha uma cortina cor de vinho que deixava o quarto completamente escuro. Tinham 3 cômodas de tamanho médio para guardar as nossas roupas de dormir e de usar no final de semana. Duas delas estavam completamente bagunçadas, com roupas jogadas em cima e cada uma com o nome de sua respectiva dona.

Arrumei as minhas coisas na minha cama e coloquei meus pertences na minha cômoda. Entrei no banheiro e tomei uma ducha demorada, pensando em como eu conseguiria sobreviver a esse lugar. Comecei a pensar nos meus pais, no dia do acidente e na reação da minha avó. Um choro inevitável tomou conta do momento, que se misturou com as gotas do chuveiro. “Pelo menos Priscila é uma menina amigável, você não está sozinha aqui” pensei comigo mesma. Uma nova vida iria começar, e eu, com apenas 17 anos, teria que aguentar tudo isso.

Saí do banho enrolada na minha toalha e fui direto até a minha cama pegar as roupas que ainda estavam nas malas. Observei o quarto mais uma vez. Em cima da cômoda de uma das meninas do meu quarto havia um livro azul, o mesmo que as meninas do meu corredor estavam segurando.

Em um impulso de curiosidade, abri o livro para ver o conteúdo. Não tinha nada. Era um livro completamente em branco. Fiquei foleando para ver se encontrava algo, e na página 16 tinha um convite para uma festa:

Se você recebeu esse convite, parabéns! Você está sendo convidado(a) para a noite mais divertida e icônica do internato Spirit. Venha bem arrumado(a) às 22h pelo caminho secreto da biblioteca que dá direto no sótão. Até lá,

Comitê de festas do Spirit.

Fiquei lendo e relendo aquele convite pensando no motivo de eu não ter recebido um. Se era uma festa para os novatos se integrarem, certamente eu deveria ter recebido um.

Fiquei tão concentrada naquelas palavras que não percebi a porta se abrindo e uma pessoa se aproximando.

—Por que você está segurando o meu livro? –Disse erguendo uma sobrancelha.

Era uma menina morena de cabelos lisos e olhos verdes. Sua expressão era de surpresa e medo ao mesmo tempo. Estava sem uniforme, usando apenas uma calça jeans e uma blusa estilo ciganinha vinho. Ela me encarava fixamente esperando uma resposta.

—Perdão, vi todo mundo com esses livros e queria saber o que era –Disse sem saber aonde enfiar a cara de tanta vergonha.

—Isso não te dá o direito de mexer nas minhas coisas –Disse tomando o livro da minha mão.

—Perdão.

Ela guardou o livro na cômoda dela e correu para trancar a porta do quarto. Assim que voltou, olhou em volta para se assegurar de que não tinha ninguém escutando.

—Ninguém pode saber sobre esse convite, novata, ninguém –Se agachou na minha frente para falar olhando nos meus olhos dando ênfase no “ninguém”.

—Você que está organizando?

—Eu e mais alguns alunos. A diretora não pode nem imaginar nisso. Essa festa é completamente secreta, só acontece a cada 6 meses para ninguém desconfiar –Disse me encarando com seus olhos verdes intimidantes –Não mexe mais nas minhas coisas não, valeu?

—Eu imagino, desculpa mais uma vez.

—De qualquer forma, seu convite deve chegar na hora do jantar –Se aproximou da minha cômoda para ler meu nome e sorriu –Catarine.

Ela se levantou e saiu do quarto sem ao menos se apresentar. Ela tinha uma postura intimidante e ao mesmo tempo amigável. Seria uma pessoa bem difícil de lidar.

Levantei da cama e me vesti para jantar. Assim que saí do quarto, segui os caminhos mais movimentados da escola e dei de cara com a sala da biblioteca. Lembrei do convite para a festa e entrei para saber qual era a passagem secreta que a biblioteca continha.

A biblioteca era enorme, parecia ter o mundo inteiro ali dentro. Todas as paredes com colunas antigas que pareciam ser revestidas de ouro. Fileiras e mais fileiras com livros que iam de literatura infantil a Shakespeare. Entrei e fiquei observando a beleza daquele lugar. Um silêncio enorme habitava aquele lugar.

Comecei a passar a mão pelas estantes procurando algum livro que pudesse me tirar da realidade, já que aquela estava sendo muito difícil de aturar. Entre duas estantes tirei uma coleção de livros de um autor desconhecido, assim podendo ver quem estava do outro lado da estante. Por um breve momento senti um frio na barriga e calafrios. Tinha mais alguém na biblioteca. Não consegui ver seu rosto, apenas seu cabelo loiro. Coloquei os livros outra vez na prateleira para que ele não pudesse me ver. Uma belíssima tentativa falha.

—Tem alguém aí? –Indagou observando ao redor.

Fiquei em silencio e voltei a andar pelas estantes. Segui meu caminho distraída procurando por livros interessantes. Logo escutei um barulho estranho, como se uma porta antiga estivesse se abrindo. Me agachei atrás de uma estante e fiquei observando através dos livros.

—Cara, era para você ter chegado mais cedo –Disse um menino de olhos azuis e cabelos pretos.

—Eu sei, mas tive que dar aquela enrolada para ninguém desconfiar, né –Olhou em volta –Temos que entregar os convites das meninas novatas também.

—Deixa que a Yasmin cuida disso, ela já entregou o de algumas. Agora vamos logo –Disse puxando seu amigo –Temos muita coisa para resolver.

A porta se fechou lentamente na tentativa de evitar qualquer ruído. Respirei fundo e me levantei. Pelo menos já saiba aonde ficava a tal entrada para a festa. Ajeitei a minha roupa e fui em direção ao corredor. Lá, vi várias pessoas correndo para o refeitório. Fui andando no ritmo das pessoas para não ficar para trás.

—Pelo visto você já está pegando o ritmo das coisas, né ruivinha –Disse um menino moreno enquanto andava rapidamente.

—Só estou seguindo o fluxo –Respondi sem dar muito papo.

—Pelas suas roupas suponho que hoje seja o seu primeiro dia aqui. Não sabe que usamos uniformes?

Respondi dizendo que uma menina havia me aconselhado que os uniformes eram apenas para passar o dia, que na hora do jantar já poderíamos usar pijamas. Ele riu de mim e concordou dizendo que era um trote que eles passavam para os novatos. Ninguém ia jantar de pijama.

—Meu Deus, não acredito!

Antes que ele pudesse contestar algo, saí correndo para o meu quarto, indo contra o fluxo sem ver quem estava na minha frente. Em meio a tanta correria esbarrei com uma menina e ambas caímos no chão. Essa menina era a mesma morena que eu dividia quarto.

—Ou, novata, cuidado por onde anda!

—Perdão –Respondi enquanto levantava.

—Hoje você já disse isso umas cinco vezes –As meninas e volta dela riram –Por que está correndo tanto?

—Por nada, só tenho que trocar de roupa –Respondi sem graça.

—Deixa eu adivinhar, descobriu do nosso trote? –Riu

Fiz que sim com a cabeça e ameacei me retirar. Logo, senti uma mão segurando no meu braço e me virei para a menina mais uma vez.

—Fica de pijama. Eles vão entregar os convites restantes para as meninas que estão de pijama –Respondeu sorrindo.

—Vem com a gente –A menina que estava ao seu lado me convidou.

Sorri com frio na barriga e fui andando em direção ao refeitório com elas. Percebi que uma das meninas que estava comigo também estava de pijama. Me senti mais confortável e o frio foi embora. Ao chegar lá sentamos em uma mesa que estava vazia e logo um menino familiar veio em nossa direção e abraçou a menina dos olhos verdes por trás.

—Bruno! Pelo amor, alguém pode ver a gente –O repreendeu rapidamente tentando se soltar.

—Ah, é só um abraço, acalma aí –Piscou para as meninas da mesa.

Reconheci seu rosto. Era o mesmo menino que tinha conversado comigo no corredor e me alertado do trote. Sorri para ele por educação.

—Conhece ele? –Uma das meninas me perguntou.

—Nos encontramos no corredor –Ele respondeu se sentando do meu lado.

—Eu não entendi essa nova distribuição de quartos –A menina de pijama resmungou.

—Eu também não –Respondeu Bruno –Minha sorte é que não caiu novato nenhum no meu quarto, mas no corredor, tem vários –Soltou uma gargalhada -Eu nem perguntei, qual o seu nome?

—Catarine... E o de vocês?

—Sou Bruno, e a minha mina é a Yasmin, mas acho que vocês já se conhecem –Sorriu olhando para a menina de olhos verdes

Então ela que iria entregar os convites da festa.

—Sou Bianca –Disse a menina do pijama, dona dos olhos verdes e cabelos loiros e sedosos.

—Sou Mariana –Disse a menina que não tinha trocado nenhuma palavra conosco desde que sentamos à mesa. Dona de enormes cabelos castanhos e de olhos castanhos, que combinavam com seu tom de pele.

—A Bianca divide quarto com a gente –Yasmin me explicou –Eu estava mostrando a escola para ela. Alguém já te apresentou a escola?

—Sim... A menina do comitê de boas-vindas, mas não deu tempo de ver tudo.

—Quem? Uma lorinha? –Mariana indagou.

—Aham, a Priscila –Respondi –Afinal, conhecem ela?

Yasmin revirou os olhos e Bruno deixou escapar uma risada de leve.

—O que houve? –Perguntei sem entender nada.

—A Yasmin e a Priscila não se dão muito bem –Respondeu Bianca

Ficou um clima tenso na mesa e todos trocaram olhares.

—A Pri é minha ex –Bruno acabou com o mistério.

Yasmin se levantou e foi em direção a fila do jantar. Rapidamente Bianca também se levantou e seguiu Yasmin.

—Eu não sabia que dava para namorar nesse lugar –Soltei uma piadinha para tentar quebrar o clima.

Bruno riu e se levantou para ir pegar seu jantar. No caminho encontrou com dois meninos muito familiares e apontou para a nossa mesa. Eles já estavam com seus pratos montados.

—Então, com quem você está dividindo quarto? –Perguntei para a Mariana.

—Com a Priscila e outra menina que eu não conheço –Disse rindo.

—Nossa... Eu achei ela muito gente boa.

—Ela é. O problema é entre a Yasmin e ela, eu não tenho nada com isso –Sorriu pra mim enquanto dava ênfase no “nada” –Acho que como você é nova aqui, ainda não deve ter muita intimidade com a Yasmin, mas ela é uma boa pessoa. É meio esquentada, grosseira, mas no fundo tem um coração bom. Só não mude seu jeito por causa dela. É o que as pessoas mais fazem por aqui, mudam o jeito delas para se adaptarem às outras.

Os meninos se aproximaram e se sentaram com a gente. O loiro sorriu para Mariana e soltou uma piscadinha. Logo senti um clima no ar.

—Fala Mari –Disse o amigo dele que tinha um lindo par de olhos azuis.

—Oi Hugo, finalmente sentou com a gente né –Riu dando um tapinha em seu braço.

—Os preparativos estavam uma correria. Ainda temos que entregar o resto dos convites –Respondeu enquanto comia.

—Eu vou lá pegar a comida, já volto –Respondeu sorrindo enquanto se levantava.

—E você novata, não vai comer não? –Disse o menino loiro.

Observei o refeitório e a fila do jantar estava enorme. Mariana furou fila e conseguiu pegar um lugar ao lado de Yasmin e Bianca. Pensei em fazer o mesmo, mas ainda não tinha tanta intimidade assim com elas.

—Você vai acabar sendo a última a comer, melhor ir alcançar as meninas –Disse Hugo.

Sorri e me levantei. Não fui em direção as meninas, pois sabia que ainda não tinha intimidade com elas. Fui para o final da fila e fiquei pensando em 50 motivos para ser feliz naquele internato, e adivinha? Não encontrei nenhum.

Comecei a pensar em como a minha vida seria diferente se os meus pais tivessem sobrevivido aquele acidente de carro. Eu seria muito mais feliz. Minha mãe fazia muita falta. Só de pensar na saudade que eu tinha deles, perdi a fome e segurei o choro.

—Finalmente te encontrei! –Disse uma voz conhecida.

Finalmente um rosto amigo naquele lugar. Observei sua roupa e ela estava sem uniforme também. Cheguei à conclusão de que os alunos só usavam uniformes durante o período de aulas. Organizei meus pensamentos e respondi:

—Oi Pri –A abracei como se ela fosse a minha mãe e segurei as minhas lágrimas.

—O que aconteceu? Espera, está tudo bem? –Disse preocupada.

—Está sim –A soltei. –Eu só perdi a fome.

—Entendi... Não senti firmeza, mas tudo bem –Sorriu para mim –Aqui está o seu convite –Me entregou o livro azul.

Pensei que Yasmin que ia me entregar o convite. Estranhei por ter sido Priscila, mas peguei mesmo assim e sorri. Era um livro muito bonito por sinal, mas eu não estava com ânimo para ir em festa alguma.

—Eu nem sei se eu vou –Disse devolvendo –Não estou com ânimo.

—Ah, então já estava sabendo da festa? –Indagou surpresa.

—Eu sem querer vi o convite da Yasmin. Ela ficou uma fera.

—Normal, você se acostuma –Disse observando a fila.

—Você vai na festa? –Tentei mudar de assunto.

—Eu tenho que ir –Soltou uma risadinha –Eu organizo junto com a Yasmin, Hugo, Bruno e Lucas. Capaz de você não conhecer eles.

Agora sim eu havia entendido o motivo de Priscila ter me entregado o convite. Observei mais uma vez o refeitório e vi que mais algumas meninas estavam segurando seus livros azuis.

—Eu não sei quem é Lucas.

—É aquele loirinho sentado do lado do menino de olhos azuis –Disse apontando para a minha mesa.

 Yasmin e as meninas foram em direção a mesa e logo perceberam que eu não estava lá. Bianca apontou para mim na fila e acenou, respondi com um sorriso e ela se sentou ao lado dos meninos. Priscila percebeu que eu estava sentada com elas e deu um sorriso meio desapontado. A fila andou rápido e logo eu peguei o meu prato, me despedi de Priscila e fui em direção a minha mesa.

Sorri e comecei a degustar o meu jantar. Aquilo parecia um sonho misturado com pesadelo, em poucas horas no internato eu já estava andando com os organizadores da melhor festa do internato, tinha sido convidada e já estava sabendo das intrigas amorosas. Ao mesmo tempo que eu não me sentia muito confortável com essas pessoas, foram elas que –obrigatoriamente –me acolheram.

Terminei o jantar rapidamente e me retirei da mesa. Fui em direção aos corredores para procurar o do meu quarto. Os corredores eram enormes e cheios de quadros. O corredor paralelo a sala de jantar era feito com paredes de vidro, que tinham uma linda visão para o jardim central do internato. Parei para observar e fiquei pensando quantos meses de castigo eu levaria se saísse de lá para respirar um pouco de ar puro no jardim. Toquei a minha mão no vidro. Era o mais próximo do jardim que eu poderia chegar naquela noite.

—É realmente um jardim muito bonito –Disse Yasmin se aproximando.

—Nós não temos acesso, não é? –Disse me virando para ela.

—Não. Mas a gente dá um jeito para tudo –Sorriu para mim.

—Sei que não começamos bem, mas eu não quero ficar de mal com ninguém aqui. Ainda estou aceitando a ideia de que vim parar em um internato e de tudo que aconteceu fora daqui.

—Ninguém mandou você já chegar aqui bisbilhotando as minhas coisas. Mas fica tranquila, contanto que não faça isso outra vez, acho que podemos conviver em paz.

—Isso é um acordo de paz? –Sorri

—E tivemos alguma briga por acaso? –Sorriu para mim e voltou a andar pelo corredor desaparecendo em questão de segundos por aquela enorme escola.


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Notas finais do capítulo

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