A Garota do Cabelo Rosa escrita por Beatriz, Minha Culpa


Capítulo 4
Capitulo 03 - Fim de amizade


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas.

Tenha uma boa leitura.



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Meredith não precisou abrir os olhos para saber que estava no lugar que ela mais odiava: hospital. A única coisa que ela teve que fazer foi respirar e sentir aquele cheiro que ela descrevia como cheiros de produtos fortes de limpeza misturados com o cheiro de pessoas doentes. Ela não tinha nada contra pessoas doentes, mas aquele cheiro não fazia nada bem para ela.

Ela sentiu alguém ou algo bater em sua mão e decidiu que estava na hora de abrir os olhos. E a primeira coisa que viu assim que abriu seus olhos foi Travis encostado no canto do quarto enquanto uma enfermeira colocava uma bandeja ao lado da sua cama, em uma mesinha. Constatou que a mulher havia batido em sua mão, que estava para o lado de fora da cama, quando passou.

― Você acordou bem na hora querida. ― A moça falou e quando Meredith viu à que ela se referia sentiu seu estômago revirar de novo. Não queria comer aquela comida.

― Eu acho que não…

― Seria possível vocês trazerem uma sopa para ela? ― Uma mulher de quase quarenta anos com um coque totalmente desarrumado falou entrando no quarto. ― Esqueça, eu peço na lanchonete aqui do hospital, eles fazem uma sopa ótima. ― Falou assim que viu a cara que a enfermeira fez. Ela olhou para o canto do quarto onde Travis estava. ― Foi você que me ligou? ― Indagou enquanto a enfermeira levava a comida para fora do quarto.

― Sim. Eu achei ela já caindo no chão. ― Ele explicou e a garota o olhou.

― Foi você que gritou meu nome?

― Foi. O médico falou que você estava fraca e por isso desmaiou. ― O olhar de Travis era de quem queria saber o que estava acontecendo, mas a garota não iria contar nada para ele.

― Você não tem uma festa para ir? ― Meredith perguntou enquanto se ajeitava na cama.

― Eu só estava esperando sua mãe, não queria deixar você sozinha. ― Meredith não acreditava naquilo, não havia nenhuma semelhança entre ela e Eliza. Como ele achava que ela era sua mãe?

― Ela não é…― Mas não conseguiu falar nada, porque a mulher a sua frente não deixou.

― Fez bem querido, agora pode ir para sua festa.

Assim que Travis saiu a garota do cabelo rosa a olhou com reprovação.

― Por que você não me deixou concertar o erro? Agora ele acha que você é minha mãe.

― E qual o problema?

― Nenhum, mas eu não preciso de uma terceira mãe.

― Nos últimos meses eu vejo mais você do que meu filho que tem sua idade.

― Eu não sou uma filha substituta Eliza, eu sou sua paciente.

― Então você queria que eu dissesse que sou sua psicóloga para aquele garoto? Podemos chamar ele aqui de volta, como é o nome dele mesmo? ― Falou apontando para porta.

― Não. Não quero, okay? Só não faça mais isso.

A mulher mais velha se sentou na beirada da cama.

― Você conseguiu ficar quase sessenta dias  sem ter uma crise.

― Sério? ― Ela perguntou surpresa. ― Parece que foi ontem que eu vi você aqui nesse quarto, sentada aqui do meu lado. Você tem que parar de fazer isso quando eu passo mal, você não precisa cuidar de mim desse jeito.

― Eu sou seu número de emergência, lembra? Então toda vez que você passa mal e vem parar aqui eu sou chamada. O que aconteceu dessa vez?

― O mesmo de sempre. Alguém citou algo em relação a morte deles e eu comecei a me sentir mal.

A mulher suspirou e avaliou as unhas antes de olhar nos olhos da menina.

― Eu não posso mais ser sua psicóloga, mas eu conheço outros muito bons e também indicaria para você um psiquiatra.

― Eu sei, eu sei. Você já me falou isso, mas eu prefiro você e também não tenho dinheiro para nenhum psicólogo ou psiquiatra.

― Você sabe que é ruim para mim fazer suas consultas por causa da nossa proximidade nos últimos tempos.

― Exatamente por isso que é bom para mim, mas podemos falar disso outra hora?

― Tudo bem. Eu vou pegar uma sopa para você e... ― A garota sentiu o estômago embrulhar só de pensar na comida. ― Não faça essa cara, você precisa comer. Eu vou pegar a sopa e você vai me contar quem falou sobre o assunto proibido.

Meredith revirou os olhos ao ouvir aquelas duas últimas palavras. Odiava tratar a morte dos pais, as pessoas que a tiraram do orfanato, daquele jeito.

 

― Não faça essa cara, não é a primeira vez que você come essa sopa. ― Advertiu

― As outras não eram de carne. ― Falou levando a mão na boca. ― Acho que vou vomitar se continuar comendo isso.

― O que falaram do seus pais para você passar mal? ― Eliza perguntou não dando ouvidos a reclamações da garota.

― Minha mãe. ― Corrigiu colocando a colher de volta no prato. ― Meu professor, aquele que me odeia, ele falou que a revista dela está decaindo e que eu devia cursar jornalismo. Eu iria aguentar tudo, se ele não falasse algo relacionada a morte dela e também meu estomago ja não estava legal porque mais cedo eu…― A mulher se aproximou mais dela. ―  Eu… eu adoro falar sobre meus pais, do dia que fui adotada, só não consigo falar sobre aquele dia, eu…

A mais velha segurou a mão de Meredith e olhou no fundo dos olhos dela.

― Eu sei e é por isso que você precisa de um acompanhamento com um psicólogo e um psiquiatra, Meredith. Não tem nada de mais consultar nenhum dos dois. ― Ela suspirou antes de continuar. ― Eu não posso ser mais sua psicóloga e é por isso que eu não liguei para marcar nenhuma consulta nos últimos tempos.

Meredith bufou.

― Eu não sei se consigo fazer isso novamente, sabe? Começar de novo falando da minha vida para outra pessoa.

― Por enquanto eu vou deixar na sua vontade.

― Por enquanto? ― Meredith perguntou colocando uma mecha de cabelo atrás de olheira.

― Se esse telefone tocar novamente me avisando que você está no hospital porque passou mal, você vai ser obrigada a ir.

― E aquela história de não poder ir contra a vontade?

― Você irá me agradecer mais tarde.

A garota revirou os olhos e solto sua mão da de Eliza, a mesma começou a andar pelo quarto antes de continuar a conversa

― Agora eu tenho outra pergunta para você. ― Falou cruzando os braços e parando do lado da janela que havia no quarto.

A garota revirou os olhos mais uma vez.

― Você não tem uma filha para cuidar?

― Você está cursando o que você quer mesmo ou está lá por algum motivo especial?

― Eu não estou lá porque minha mãe biológica é arquiteta, ok? Tudo bem que no começo poderia ser isso, mas depois eu realmente me interessei por arquitetura.

― Então você não tem nenhuma vontade de cursar jornalismo? ― Eliza perguntou coçando a cabeça.

― Porque eu teria?

― Foi apenas uma pergunta.

Ela voltou a se aproximar da garota que estava na cama.

― Eu acho que nunca tinha pegado um caso como o seu. Ele é bem complexo. Você ouve sobre a morte deles ou algo relacionado, vomita até não poder mais, desmaia e é hospitalizada.

― E você vem correndo me ver. ― Ela sorriu ao terminar de falar. ― Obrigada. Eu sou muito grata por ter conhecido você.

Eliza sorriu como resposta.

― Eu preciso ir, mas eu pedi para o médico deixar você aqui até amanhã de manhã.

A garota olhou para ela desmanchando o sorriso que estava em seu rosto e substituindo por um olhar raivoso.

― Você impediu minha alta? ― Perguntou enquanto ela se afastava e ia em direção a porta. ― Eliza!

― Boa noite Mery e eu vou fingir que você comeu essa sopa. ― Falando dando uma piscadela para a menina antes sair.

― Eliza! ― Ela chamou, mas não obteve nenhuma resposta.

Olhou em volta e tudo que ela via era paredes e mais paredes brancas, suspirou e chamou uma enfermeira para levar o prato e pediu mil desculpas por ela ter que levar até a lanchonete que havia no hospital.

Pegou o celular que estava na mesinha ao lado da cama e percebeu que havia um pedaço de papel em branco por  baixo dele. Pegou o pedaço de papel e virou, vendo o desenho rasgado que havia encontrado no chão antes de desmaiar.

Sabia que o certo era jogar aquilo no lixo, mas não conseguiu ao invés disso deitou na cama segurando o papel e ficou olhando para ele até pegar no sono, esquecendo completamente de ver se havia alguma ligação perdida de Allison no seu celular.

 

A garota passou a mão pelos braços, enquanto andava pelas ruas naquela manhã de sábado, estava muito frio, tão frio que ela preferia ter ficado no hospital. Apesar de estar com duas blusas e um casaco, não parecia ser suficiente.

As ruas estavam mais movimentadas do que ela esperava para as oito da manhã de um sábado. Viu um casal com algumas sacolas e só então se lembrou que era dia 17, no próximo sábado seria véspera de natal.

Assim que virou a esquina parou bruscamente ao ver Allison saltando de um carro, com uma roupa que só poderia ser da festa de ontem à noite. Mas o que chamou sua atenção não foi sua amiga e sim o carro que era exatamente igual ao de Eric, seu ex namorado.

A garota não pode ver quem estava dentro do carro porque alguém bateu nela. Assim que sentiu o impacto virou para trás assustada.

― Você não deveria parar assim querida. ― Uma senhora falou.

― Me desculpa, me desculpa mesmo. ― Falou totalmente sem graça enquanto a senhora retomava sua caminhada.

Quando Meredith se virou o carro já havia partido, mas ela ainda conseguiu olhar a placa antes dele sumir de vista e não acreditou no que estava acontecendo. A garota sabia apenas o começo da placa do carro do ex namorado que era igual ao do carro que a melhor amiga havia acabado de sair.

Allison não iria ou iria?

A garota observou a amiga entrar no prédio onde ela morava e retomou a caminhada até o campus da faculdade ainda intrigada com o que a amiga estava fazendo no carro de Eric e se aquele era mesmo o carro dele.

 

― Sabe quantas vezes eu tentei ligar para você antes de sair de casa? ― Allison perguntou entrando no quarto assim que ela abriu a porta.

― Oi Meredith, boa tarde. Como você está? Muito bem obrigada, tirando o fato que eu passei a noite toda hospital e você Ally, como você está? Como foi a festa? ― Falou enquanto fechava a porta.

― Primeiro, eu não tinha como saber que você está no hospital porque só fiquei sabendo quando você resolveu retornar às minhas chamadas hoje de manhã. Segundo, a festa foi muito boa. Terceiro, você tem ver o que você come e que te faz mal, já pensou em fazer exames?

Meredith revirou os olhos, a amiga não sabia o real motivo dela passar mal. Houve um época que ela achava que a garota estava sofrendo de bulimia.

― Tinha muito gente na festa? ― A garota perguntou com tom de ironia.

― Sim, bastante gente, sabe como é festa de final de semestre lota.

― E  você? ― Perguntou enquanto abria o guarda-roupa.

― E eu o o que?

― Ficou com alguém? ― Perguntou dando de ombros enquanto tirava algumas coisas do armário.

― Não. ― Falou cruzando os braços, mas logo os descruzou e apontou para as peças de roupas que estavam na mão de Meredith. ― Isso ainda não é meu?

― É, eu estou pensando que está na hora de devolver para você. ― Falou abrindo um meio sorriso.

― Okay Mery,  ― Falou colocando a mão na cintura. ― o que está acontecendo? Por que você está…

― A pessoa que você estava tendo um caso, melhor, você está saindo com o Eric? Sabe, aquele cara com cabelos negros, o ex namorado da sua melhor amiga que tentou agarrar ela em uma festa e ela não deixou, então dois dias depois ele atacou ela. É com esse pessoa que você anda saindo Allison? Por que se for acho que nossa amizade termina aqui.


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Notas finais do capítulo

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Lembrem-se: eu não sou formada em língua portuguesa, na realidade na escola eu era péssima em algumas coisas de gramática. Eu escrevo porque eu gosto e me faz bem, nunca tive o sonho de ter um livro publicado.

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