Ryudan - a História de Um Monstro escrita por Dantas


Capítulo 2
Capítulo 2 - A Criação




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- Já andei demais... Não acho o maldito Laboratório! Deveria estar por aqui...

 

Enzo seguia seu caminho. Fã da alquimia como era, queria expandir seus conhecimentos. Se tornar o melhor Alquimista que o novo e o antigo mundo poderiam ver.

Ele caminhara sobre a floresta, e agora seguia as planícies que levavam à Schwartzwald. Dentro da república, ele caminhava, sem saber, por o que outrora fora Juno, a capital.

Restos de uma grande cidade jaziam naquele lugar. Ele pode reconher monumentos que o avô descrevera, escritas, imagens... Mas nenhum sinal de vida.

 

- Melhor dar uma olhada por aí... - Pensou o curioso Alquimista.

 

Rumando a noroeste, ele encontrou uma verdadeira obra-prima da humanidade. Praticamente intacta, estva a Universidade de Juno, que guardava todo o conhecimento, toda a cultura da era. Era o lar sagrado do Livro e do Coração de Ymir.

E foi justamente num corredor que Enzo achou um livro muito estranho. Pingou certos reagentes na capa, para garantir de que não havia veneno. Informações eram muito bem guardadas nos tempos antigos, cogitou. Nada de veneno. Ele leu o livro.

As palavras lidas naquele livro nunca saíram da cabeça  de Enzo. Nem mesmo pela sua boca.

 

- Nossa... Isso foi, no mínimo, estonteante.

 

Dando mais umas voltas, Enzo encontrou-se perdido. Fazia e refazia o caminho, norte, sul, leste, oeste, e não conseguia encontrar a saída daquele lugar. Parecia ouvir ruídos, periodicamente, mas seguiu. As salas adquiriam os formatos mais estranhos...

Foi em uma sala, totalmente bem conservada, que ele encontrou um maquinário surpreendente. Aquilo não era de sua época. Muito menos da antiga! Só podia ser coisa do futuro!

 

- Isso deve ser estudado! Um grande avanço para a Ciência, sem dúvida! Até mesmo à Engenharia! Arquitetura, pelas barbas de Odin!

 

Ao tocar na peça central do maquinário, ele leu a inscrição abaixo, tardiamente: "Aqui jaz o coração de Ymir". Ao encostar o tecido de sua pele no frio metal, ele sentiu-se num estado frenético. As cores balançavam perante sua visão. Ele girava. O céu girava. Sentido horário, anti-horário... Que viagem!

Quando se deu conta de que estava acordado, Enzo se viu num hall. Uma pasarela, do mais fino mármore. O céu pairava ao seu lado, com as nuvens bem abaixo do estreito corredor. Seguiu adiante, sem o medo, que não lhe era característico. Não conseguia avistar um palmo de distância à sua frente, devido à nevoa. Foi andando, no ritmo do seu coração. Analisou a caminhada. Percebeu que, curiosamente, seu coração não estava acelerado; estava devagar, como se fosse parar a qualquer instante.

Um bater de asas de ouviu. Enzo pensou em sacar seu pesado machado e se preparar para o combate. Quando checou o cinto, não havia sua arma lá! Ele estava completamente livre de seus utensílios.

 

- Aproxime-se. - Retumbou uma voz lírica feminina.

 

A tonalidade daquela voz era encantadora. Nunca tinha ouvido nada daquele tipo. O cérebro desenvolvido de Enzo agora não sabia o que fazia: sentia amor, cautela, medo, tensão, ódio, alegria; tudo ao mesmo tempo. Aproximou-se, sem mesmo se dar conta.

A Valquíria era linda.

 

- Enzo, o Alquimista. Está pronto para atingir o auge da sua vocação, exceder seus limites e transceder?

 

- Hãn... Azul.

 

- Muito bem.

 

O cajado da Valquíria desceu como um raio, mas Enzo, não sabe-se por que até hoje, se desviou, fazendo com que a Valquíria errase o alvo, e atingisse o chão.

 

- Haha, errou!

 

- Ah, muito bem, meu querido! - A Valquíria tinha a malícia no olhar, mas encantou o jovem.

 

- Azul...

 

Dessa vez a cajadada foi diretamente na têmpora esquerda.

_

 

- O que sou eu? Quem aconteceu? - Acordou com uma forte dor de cabeça.

 

Enzo viu-se deitado na cidade de Juno. Ele não se lembrava de nada, só de que estava rumando para Ligthalzen, a procura do Laboratório de Somatologia.

 

- Ok... Vamos testar meu estado mental... Duas vezes oitocentos e setenta e quatro sobre a raíz quádrupla de Pi ao quadrado é igual a...

 

Ele congelou.

 

- Droga. Não me lembro.

 

A dor de cabeça o fez recuar o pensamento. Ele seguiria em frente, sem fazer muito esforço, mas aniquilando alguns monstros pelo caminho. Suas habilidades eram bem básicas, mas ele sentia-se mais forte.

Esse seria o destino de Enzo. Rumar até encontrar o tal Laboratório de Somatologia, onde, ao lado do Criador Zenit, ele poderia treinar cada vez mais sua alquimia.

Os anos se passaram, mas Enzo nunca achava Lightalzen. A falta de mapas no novo mundo era uma grande complicação. O ex-Alquimista (agora era um Criador, tendo renascido e buscado superar seus limites humanos) continuava, dia após dia, liquidando monstros e mapeando o mundo.

Gostava de passar as noites vigiando o céu estrelado. Imaginou a cena do Ragnarök. Aquelas lindas estrelas, tirando a vida humana. A vida humana era o maior motivo de estudo dos Alquimistas e Criadores.

 

- Um brinde... à vida humana. - Disse, sem o menor ânimo, e bebeu uma poção laranja.

_

 

- Ora, finalmente Lightalzen! Já não era sem tempo!

 

A voz de Enzo havia engroçado. Suas habilidades, se expandido à nível transcedental. Ele aprendera a criar a vida dos homunculus, monstros seguidores dos antigos Alquimistas e Criadores, e agora sua ambição pela ciência estava cada vez maior. Encontrar o Laboratório de Somatologia fora um grande feito para ele.

Logo conheceu Zenit, o inventor do Laboratório de Somatologia. Zenit também era um Criador, e realizava diversos experimentos em seu laboratório.

Os dois logo se tornaram amigos. Zenit, o cientista chefe, vigiava as pesquisas e fazia prevalecer sua palavra de ordem em seu Laboratório. Enzo escutava, obediente, as palavras do "mestre".

 

- Nunca, nunca em toda sua vida, suba ao segundo andar deste Laboratório, entendeu?

 

- Por que, Zen?

 

- Bom... Fiz uns experimentos perigosos lá... Provavelmente ainda sobrou algum tipo de material que pode danificar a saúde...

 

- Do tipo, radioativo?

 

- Quase...

 

E assim eles foram levando a vida. Porém, meses se passaram até que os dois tivessem confiança um no outro para dividirem suas teorias e conclusões. Foi quando chegou este tempo que Zenit confessou:

 

- Enzo, preciso te contar uma coisa. Eu desenvolvi esse Laboratório e te chamei aqui com uma finalidade secreta: descobrir o segredo da vida. Como vivemos? De onde viemos? Para onde vamos? Bom, por isso nunca deixei você subir ao segundo andar do Laboratório, e, consequentemente, ao terceiro. Eu recriei a vida humana.

 

- O quê? Mas... Não é possível! Tamanho feito deve ser divulgado! Deve ser refeito! Cadê a criatura? Posso vê-la?

 

- NÃO! FIQUE LONGE! Eu reproduzi a vida a partir de uma fórmula secreta, e acabei me extasiando demais... Fiz várias criações...

 

- Me ensine, por favor!

 

- Bom, eu fiz anotações. Estão na minha mesa. Mas peço para não olhar, e se for olhar, só faça isso quando eu partir...

 

- Para onde vai?

 

- Niflheim.

 

- Como assim?

 

- O processo consiste numa pequena doação vital. Eu acabei fazendo muitas doações. Pelos meus cálculos, tenho uns dez segundos de vida.

 

Ele estava errado. Quatro segundos depois, Zenit caiu e desintegrou-se.

 

- Meus deuses... - Enzo nada mais disse.

_

 

O Criador, que agora assumira controle total do Laboratório de Somatologia em nome da Corporação Rekenber, só leu as anotações do antigo mestre no outro dia. Mal podia acreditar no acontecido.

Quando pegou no velho papiro que se encontrava sobre a mesa, sentiu calafrios. O segredo da Humanidade, ali... No mais fácil acesso... Será que era isso que ele queria?

Sim.

Abriu o papiro. Leu cálculos, fórmulas, conclusões, encontrou erros, aperfeiçoou o que pôde. Sentiu-se lisonjeado por ser o único ser existente que sabia de tudo aquilo. Na verdade, o único ser humano. Ele não havia superado os deuses.

 

- Vou trabalhar na minha criação. Vou criar um ajudante. Alguém com quem eu possa trocar ideias. Sinto falta de Zenit, e agora posso repôr a perda.

 

Enzo passou o resto da noite colhendo os materiais necessários para sua criação. Ervas, itens, misturas, recipientes, tudo. Tudo deveria ser perfeito.

 

Na manhã seguinte, tudo estava pronto. Ele releu o pergaminho pelo menos sete vezes antes de tentar o experimento.

 

- Bem... Acho que é isso...

 

Ele fechou os olhos e respirou fundo.

 

- Na verdade... Tem uma coisa que eu gostaria de fazer antes. Vou visitar o segundo andar do Laboratório. Aí sim, posso avaliar melhor os experimentos e criar o meu, melhor. Sim, é isso! Vou para o segundo andar, e vai ser agora!

_

 

Ror tossia muito.

 

- Estamos ficando velhos... A família está grande, as primeiras raízes foram cortadas... Minha mãe, Dalia, se foi... Assim como a mãe dela, a salvadora Lif... Vocês são o que me resta, meus caros netos e bisnetos.

 

Ror estava muito velho. Muito tempo se passara desde a partida de Enzo. Muitos da família haviam saído atrás do Alquimista, mas ninguém nunca encontrou-o. O próprio Rekenber não chegou a vê-lo, já que, assim que chegou à Schwartzwald, se dirigiu ao laboratório. Rekenber estava ficando velho também, e passara o controle da Corporação para seus descendentes. Assim como Kafra. A Corporação Kafra estava fazendo muito sucesso em Rune-Midgard, tendo suas belas atendentes, todas mulheres.

 

- Meus queridos... Lembrem-se de quem são. Lembrem-se de quem foram seus antepassados. Lembrem-se dos que salvaram o mundo por nós.

 

Muitos pensaram em Ryudan. A história foi passada para todas as ramificações.

 

- Lembrem-se de seus irmãos em Rune-Midgard! Lembrem-se de seus irmãos em Arunafeltz! Lembrem-se de seus irmãos em Schwartzwald!

 

Todos fizeram um silêncio sepulcral.

 

- Paz na vida de todos.

 

Ror se foi. Pouco a pouco, os membros das primeiras gerações vinham caindo. As novas gerações brilhavam pouco, pois estavam descobrindo o mundo ainda. E as ramificações eram muitas.

_

 

- Aqui estão... As escadas...

 

Enzo sentiu um frio tremendo na barriga.

Seus músculos haviam se desenvolvido. Sua capacidade mental também. Não era mais apenas um garoto, mas ainda era muito tomado por suas emoções. Se deixava levar facilmente por qualquer pensamento que lhe viesse à cabeça.

 

- Essa experiência... Isso pode mudar o mundo!

 

Ele ambiocionava quebrar as barreiras do possível.

 

- Posso, por exemplo, repovoar o mundo mais rapidamente! Acelerar o processo de recriação do mundo!

 

Lembrou-se da história contada por Lif, muitos anos atrás.

 

- A destruição do nosso futuro... Essa maldita necessidade de repovoar o mundo...

 

O ódio tomou conta de Enzo.

 

- Prometi salvar o futuro...

 

Ele cerrou os punhos.

 

- Vou criar o mundo. Do meu jeito. Educá-lo. Os habitantes; serão meu exército. Meus amigos. Minha família.

 

Lembrou-se da família, que aparentemente esquecera dele. Mais raiva se acumulou.

 

- E alguém tem que pagar... Ah, sim... O mundo sofreu demais... Por causa de uma pessoa. Só uma...

 

Seus olhos pareciam duas bolas de fogo incandescente.

 

- Ryudan, o Shura.


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Notas finais do capítulo

Galera, me desculpem a demora! O mês foi muito corrido pra mim...
Bom, pra começar, meu Monge já virou Mestre e estou no nível 71 o/
As woes andam tensas...
Ah, não seja por isso. Vocês não precisam saber dos meus problemas.... Bem, foi só uma explicação. Vou tentar ser mais breve para postar os próximos capítulos
Obrigado por acompanharem



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