Consequências do Amor escrita por Rah Forever, Reh Lover


Capítulo 9
Capítulo 9 - Um Momento Inesperado, Um Toque Inusitado


Notas iniciais do capítulo

Oiii ❤ Aqui está o capítulo 9, espero que vocês gostem ❤ Nos desculpem por demorarmos para posta-lo. O capítulo ficou um pouquinho grande, espero que vocês não se importem kkk ❤

Muita obrigada as lindas que comentaram no último capítulo:

- Leitora Tinista
- Duh Leon
- ViolettaS2
- Germangie17
- GabriellaSantos

Obrigada pelo apoio e pelo carinho de vocês nos comentários. É muito bom saber o que vocês acham. Fique feliz em ler cada um dos comentários ❤

IMPORTANTE: Postaremos o próximo capítulo com 8 comentários ❤

Boa Leitura!



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                                  "Nobody said it was easy
                                              It's such a shame for us to part
                                              Nobody said it was easy
                                              No one ever said it would be this hard
                                              Oh, take me back to the start"

                                                The Scientist
                                                            (ColdPlay)

 

                                            2 semanas depois …

 

                                               NARRADORA

Angie se sentia sobrecarregada. Com o Studio passando por uma crise econômica e Pablo e Antônio viajando em busca de um novo investidor, ela ficara no comando. Já faziam cinco dias que essa era sua rotina.

 

Angie até sugerira a Pablo que talvez seria melhor que Gregório assumisse o posto, pois ela tinha acabado de voltar para o Studio. Mas Pablo insistiu e ela acabou cedendo.

 

Agora ela se via sentada na sala dos professores, no único tempo livre que tinha antes que sua próxima aula começasse, revisando pelo décima vez a parte de contabilidade do Studio.

 

Ela não era nenhuma especialista na área, mas estava tentando o seu melhor para achar uma solução para o problema do Studio. Mas mesmo assim ela precisava admitir que precisava de ajuda profissional.

 

Angie tinha voltado a olhar para a mesa cheia de papéis a sua frente, quando ouviu a porta da sala dos professores ser aberta.

 

— Oi Angie. Posso entrar? — Violetta perguntou.

 

— Claro, Vilu. Entre. — Ela respondeu, sorrindo para a sobrinha.

 

— Como você está diretora? — Vilu perguntou carinhosamente, abraçando a tia.

 

— Estou bem. — Angie riu. — E eu sou apenas a diretora temporária.

 

— Tem certeza Angie? — O olhar da sobrinha mudou rapidamente de divertido para preocupado. — Você parece cansada. Precisa descansar.

 

— Como eu já disse, eu estou bem. Não se preocupe. — Tentou tranquilizar Vilu.

 

— Eu estou falando sério Angie, você não pode trabalhar por horas e horas seguidas sem dar um tempo. — Segurou as mãos da tia.

 

— Eu não posso parar agora, preciso revisar a contabilidade do Studio, tem que existir algo que possamos fazer.

 

— Acho que você está precisando de alguém que entenda de administração pra que você não precise ficar horas e horas revisando-as.

 

— Sim, eu já pensei nisso. Mas o Studio não tem dinheiro suficiente para contratar alguém que atue nessa área.

 

— Eu sei de alguém que não cobraria nada e ficaria feliz em te ajudar. — Vilu sorriu, como se tivesse uma ideia brilhante.

 

— Quem? — Questionou.

 

— O meu pai. — Ela disse, como se o problema estivesse solucionado.

 

— Violetta …

 

— Eu sei que vocês estão se evitando nessas últimas semanas, mas tenho certeza que o papai ficaria feliz em poder te ajudar. E você não ficaria tão sobrecarregada. — Vilu insistiu na ideia.

 

— Acredite em mim Vilu, as coisas serão mais fáceis se nós não estivermos perto um do outro. — Ela respondeu, a voz assumindo um tom melancólico. A verdade era que sentia falta de German, ficar longe dele estava se provando ser mais difícil do que ela imaginara.

 

— Eu sei como você se sente Angie e como toda essa situação deve ser difícil pra você. Você sabe o quanto eu desejaria que as coisas pudessem ser diferentes. Mas você precisa de ajuda. — A garota respondeu, compreensiva e preocupada com o bem estar da tia.

 

— Tudo bem, eu vou achar alguém para me ajudar com isso. — Angie cedeu. — Mas não será o seu pai. Vou ver se o Ramalho pode me ajudar.

 

Vilu esperava por outra resposta, mas ficou aliviada em saber que a tia não precisaria se preocupar mais com essa tarefa.

 

— Você sabe qual era a resposta que eu esperava, mas o Ramalho é muito bom com números e não se incomodará em ajudar. — Ela sorriu para Angie.

 

— Vou ir para a sua casa conversar com o Ramalho enquanto ainda tenho algum tempo até a minha próxima aula. E você senhorita, precisa ir para a aula do Milton agora mesmo. — Ela olhou de soslaio para o relógio em seu pulso.

 

— Você tem razão. Já vou indo. Tchau Angie e, por favor, lembre-se de descansar um pouco. — Depositou um beijo no rosto de Angie.

 

— Tchau Vilu. — Elas deram um abraço rápido e ambas seguiram o seu caminho.

 

                                                         (…)

 

                                                     ANGIE

Tudo bem Angeles Carrara. Pare de agir como uma criança, você pode fazer isso.

 

Fiquei encarando a porta da mansão Castillo por alguns longos minutos. Eu sabia que para conversar com Ramalho, eu precisaria entrar. Mas a chance de encontrar German ou até mesmo Priscilla, era alta.

 

Eu teria que passar por cima do meu orgulho. Não era algo que eu gostava de fazer geralmente, mas eu não podia ser egoísta, o Studio precisava de ajuda.

 

Criei coragem e apertei a campainha. Torci para que fosse Olga ou Ramalho que atendesse. Não que eu não quisesse ver German, mas é que era doloroso olhar para ele e imaginar como as coisas entre nós poderiam ter sido diferentes.

 

A porta se abriu e para minha má sorte, quem atendera a porta não era Ramalho e nem Olga. Mas sim o homem que eu estava tentando ficar longe.

 

German olhou para mim um pouco surpreso, mas sorriu.

 

— Olá Angie. — Ele olhou nos meus olhos.

 

— Olá German. — Repeti a saudação.

 

Eu não sabia o que falar, olhar para ele ali na minha frente e impedir que as memórias de duas semanas atrás viessem a minha mente, era quase impossível. Lembrar da forma como ele me beijara …

 

— Angie. — A voz de German me tirou de meus devaneios.

 

— Ah, sim. — Respondi, um pouco desorientada.

 

— Você quer entrar? — Ele se afastou da entrada da porta.

 

— Sim. — Respondi apenas, antes que eu deixasse algum dos meus pensamentos escapar em voz alta.

 

Dei alguns passos a frente e entrei. German fechou a porta atrás de mim.

 

— O que te traz aqui Angie? — Ele se aproximou de mim, sorrindo.

 

— Eu gostaria de falar com o Ramalho. — Não sei se foi apenas impressão minha, mas German pareceu desapontado com minha resposta.

 

German limpou a garganta antes de responder.

 

— Infelizmente o Ramalho não está aqui agora Angie. Ele fez uma mini viagem há duas horas atrás e só volta hoje à noite. — Ele explicou.

 

— Que pena. Então amanhã eu falo com ele. Tchau German. — Eu já estava me dirigindo para a porta, mas German segurou meu pulso com delicadeza.

 

German me virou de volta para ele e por um momento acabamos ficando mais próximos. E sem querer, minha outra mão acabou parando espalmada em seu peito.

 

Percebi que os dois primeiros botões de sua camisa estavam abertos e que seu coração batia forte contra minha mão.

 

Ele colocou sua mão sobre a minha e eu olhei para os seus olhos pretos. Tão brilhantes quanto uma noite sem estrelas. O seu perfume parecia inebriar todos os meus sentidos.

 

Por um momento, só fiquei olhando para os seus olhos. Mas quando tomei consciência do que estava fazendo, me afastei abruptamente.

 

German pareceu tão desorientado quanto eu, mas pareceu se recompor rapidamente.

 

— Acho melhor eu ir. — Meu olhar permanecia no chão, não queria que ele visse o quanto minhas bochechas estavam vermelhas.

 

— Tudo bem, mas primeiro me diga o que você queria com o Ramalho. Talvez eu possa ajudar. — Ele pediu, com gentileza.

 

— Não se preocupe. Eu posso conversar com o Ramalho amanhã. — Levantei meu olhar.

 

— Por favor Angie, não seja teimosa.

 

— Tudo bem, é que eu preciso de alguém que entenda de administração para me ajudar com a contabilidade do Studio. Como o Antônio e o Pablo estão fora, eu acabei ficando responsável por isso. Eu até que estou lidando bem com essa tarefa, mas nada como a ajuda de um profissional. — Acabei contando.

 

— Eu posso ajudá-la. Eu entendo de administração. — German ofereceu.

 

— Como eu já disse, não preci … — Ele me interrompeu antes que eu pudesse concluir a frase.

 

— Angie, deixe-me ajudá-la. — Pediu. — Pelo bem do Studio. — Ele acrescentou.

 

Golpe baixo. Ele sabia que se mencionasse o Studio, eu acabaria concordando.

 

— Ok, vou aceitar sua ajuda. — Mesmo sabendo que essa poderia não ser uma boa ideia, acabei concordando.

 

— Que horas posso ir ao Studio ajudá-la? — Ele olhou pra mim.

 

— Acho que umas três horas. Eu tenho uma hora livre das três até as quatro. — Verifiquei mentalmente quando eu teria algum tempo disponível. — Está bom para você?

 

— Claro, está ótimo pra mim. Não tenho nada marcado para esse horário.

 

— Obrigada German. Não sei nem como te agradecer. — Sorri para ele.

 

— Não precisa me agradecer. — Ele retribuiu o meu sorriso.

 

— Bem, agora eu preciso ir. Não falta muito pra minha próxima aula de canto começar.

 

Caminhamos até a porta, German abriu-a e eu saí. Voltei meu olhar para ele.

 

— Tchau German. Mais uma vez, obrigada.

 

— Tchau Angie. Te vejo mais tarde.

 

Senti seu olhar me acompanhar até eu sair de seu ponto de vista.

 

                                                     (…)

 

                                                NARRADORA

Desde que falara com German, as horas pareceram passar voando para Angeles.

 

Após ter voltado da mansão, ela tinha dado sua aula de canto, e logo após, tinha ido supervisionar os ensaios de seus alunos para o espetáculo que eles teriam no Studio no dia seguinte.

 

Ela ficara feliz e orgulhosa em saber que seus alunos estavam progredindo cada vez mais. As últimas duas semanas tinham sido regadas de ensaios para que tudo ocorresse conforme o planejado.

 

Angie estava se esforçando e fazendo tudo que estava ao seu alcance para que tudo desse certo.

 

Ela olhou para o relógio em seu pulso e percebeu que faltavam apenas cinco minutos para que German viesse ajudá-la com a contabilidade.

 

Ela sentia-se receosa em passar um tempo sozinha com ele, mas como ele bem lembrara, era para o bem do Studio. Angie nunca colocaria seus problemas pessoais acima da ajuda que o Studio precisava.

 

Ela dirigiu-se para a sala dos professores no intuito de esperar lá por German.

 

Ela serviu-se de uma xícara de café e sentou-se. Tomou um gole e apoiou a xícara na mesa. Ela ainda tinha muito o que fazer e esperava que a cafeína a mantesse desperta.

 

Ela ouviu a porta se abrir. Esperou que fosse German, mas na verdade, era Milton.

 

— Olá Angie. — Ele cumprimentou.

 

— Oi Milton, precisa de alguma coisa? — Ela perguntou, prestativa.

 

— Não, tudo está andando conforme o planejado. — Ele sentou-se na cadeira ao lado dela. — Só vim ver se você precisa de ajuda com a contabilidade. Você tinha comentado que precisava de alguém para ajudá-la.

 

— Ah, eu … — Ela estava prestes a dizer que já tinha encontrado alguém para ajudá-la, mas Milton a interrompeu.



           — Posso ver as planilhas?

 

— Claro. — Ela assentiu.

 

Depois de olhar por alguns minutos para as planilhas, ele soltou-as na mesa e olhou para Angie, que mantinha-se pensativa.

 

— Se você quiser, posso ficar aqui com você o resto da tarde te ajudando com a contabilidade. — Milton aproveitou a oportunidade e depois de se aproximar um pouco mais dela, segurou as mãos de Angie.

 

Angie ficou surpresa com o gesto, mas antes que pudesse retirar suas mãos das dele, ouviu alguém pigarrear.

 

Ela olhou para a porta e viu German ali parado, olhando para suas mãos entrelaçadas às de Milton.

 

Não precisava ser muito inteligente para perceber que German tinha ouvido a última frase que Milton dissera também.

 

Angie tratou de soltar suas mãos das de Milton e levantou-se.

 

— Ah, oi German. — Ela disse, um pouco encabulada. — Er … Milton, você poderia nos dar licença? Depois eu converso com você.

 

— Claro, Angie. Estou ao seu dispor. — Ele sorriu, e logo após saiu da sala.

 

Ela não sabia o que dizer, então esperou que German dissesse algo.

 

— Por que você aceitou minha ajuda se seu namorado está tão empolgado em te ajudar? — Sua voz soou áspera.

 

— O Milton não é meu namorado. — Ela respondeu, ríspida.

 

— Você foi rápida em encontrar um namorado. Foi por isso que você concordou que nós precisávamos de uma despedida? Para ficar logo com ele?

 

— Como você pode dizer isso? Eu não sou esse tipo de mulher e achei que você soubesse disso. E se eu quisesse ficar com o Milton, o problema seria meu, não seu. Pare de ser hipócrita. — Angie aumentou o tom de voz.

 

— Eu não estou sendo hipócrita. Só estou impressionado com a sua falta de consideração.

 

— Com a minha falta de consideração? Ah German, me poupe dos seus ciúmes bobos. — Ela apontou um dedo em sua direção.

 

— Eu não estou com ciúmes.

 

— Ah, não está? Então porque você ficou tão bravo ao nos ver de mãos dadas?

 

— É que ele não é o cara certo pra você. Não quero que você se engane com a pessoa errada.

 

— E você quer que eu ouça o conselho de alguém que SEMPRE se engana com a pessoa errada? — Angie deu ênfase a palavra sempre.

 

— A culpa não é minha se os meus relacionamentos nunca dão certo.

 

— Bem, como eu poderia culpar você se você só atrai mulheres que não são muito normais? — Sua voz soou irônica.

 

— Antes de falar isso, lembre-se que você também é atraída por mim. — Ele disse se aproximando dela.

 

— Você conjugou o verbo atrair da forma errada. Eu era atraída por você. Não sou mais. — Mentiu.

 

— Então se eu fizer isso, você não vai sentir nada não é? — Ele se aproximou dela e passou delicadamente os braços ao redor da cintura dela.

 

Angie sentiu seu peito arfar em busca de ar, ela não esperava que ele se aproximaria tão rápido dela. Nem que seu corpo tão forte e tão másculo ficaria tão perto do dela.

 

Ela sentiu as pernas quase falharem e para se equilibrar, apoiou as mãos em seus braços fortes.

 

Angie olhou para ele e German, por sua vez, segurou o rosto dela em suas mãos, como tinha feito da primeira vez em que a tinha beijado.

 

Ele foi se inclinando cada vez mais em sua direção como se fosse beijá-la.

 

Angie se sentiu tão envolvida por ele que fechou os olhos e esperou que os lábios dele tocassem os dela. Mas passaram-se alguns segundos e nada. Angie abriu os olhos e olhou pra German.

 

Ela mal tinha aberto os olhos, quando German se afastou dela tão rápido quanto havia se aproximado. Ele lançou um olhar frustrado na direção dela e sem dizer nada, saiu da sala. Deixando uma Angie um tanto confusa e arfante para trás.

 

                                                         (…)

 

                                                 GERMAN

Olhei para meu celular. Já eram sete horas da noite. Faziam 2 horas que eu tinha voltado da construtora e estava resolvendo alguns assuntos pendentes no meu escritório. Eu tinha acabado de parar um pouco para dar uma pausa.

 

Eu não iria resolver esses assuntos hoje, mas é que eu precisava me distrair. E essa era no momento a única coisa que eu pensei poder me fazer tirar Angie da cabeça.

 

Eu até pensei em ir atrás de uma garrafa de vinho, mas ainda era cedo demais para beber. E se toda vez que Angie viesse a minha mente, eu bebesse, eu entraria em coma alcoólico. Além do mais, não era bom descontar as frustrações na bebida o tempo todo.

 

Eu precisava admitir que ficar duas semanas longe dela, estava sendo extremamente difícil. Era tão fácil estar com ela, Angie fazia todos os momentos com ela serem especiais.

 

Eu tive que me afastar dela antes que eu sucumbisse a vontade de beijá-la. Se eu continuasse naquela sala eu não teria resistido.

 

Ouvi uma batida na porta e logo depois Violetta e Ludmila entraram no meu escritório.

 

— Boa noite German. — Ludmila disse primeiro.

 

— Boa noite papai. — Vilu disse logo após.

 

— Boa noite meninas. — Estranhei um pouco vê-las tão juntas. A relação delas tinha melhorado desde que Ludmila viera morar em casa, mas mesmo assim elas não eram tão próximas. — Vocês estão de bem agora? — Eu esperava que a resposta fosse afirmativa.

 

— Sim, papai. Eu e a Ludmila somos amigas agora. — Ela sorriu ao contar a novidade.

 

— Sim, e também vamos tentar ser boas sisters uma para outra. — Ludmila também sorriu, um sorriso verdadeiro que era raro e fazia tempo que eu não via.

 

— Vocês não sabem como eu fico feliz em ouvir isso. É bom saber que os problemas entre vocês foram resolvidos.

 

— Sim, mas isso não te dá o direito de usar as minhas roupas e nem as minhas maquiagens, sister.

 

— Tudo bem Ludmila, fique tranquila. Não penso em pedir suas roupas emprestadas. — Vilu riu, o que fez com que Ludmila fizesse o mesmo.

 

— Mas o que vocês estão fazendo aqui tão cedo? Não iam ficar ensaiando até mais tarde no Studio hoje?

 

Vilu e Ludmila se sentaram nas cadeiras em frente a minha mesa.

 

— É que a Angie decidiu liberar os alunos mais cedo. Ela disse que nós precisávamos relaxar e descansar para o espetáculo de amanhã. — Ludmila explicou.

 

— Pena que ela não segue o mesmo conselho. — Vilu pareceu preocupada.

 

— Como assim ela não segue o mesmo conselho? — Mesmo que nós tivéssemos brigado, eu me preocupava com ela. Mais do que eu devia.

 

— É que a Angie está muito ocupada essa semana. Ela tem trabalhado sem parar o tempo todo. Ela mal tem tempo pra relaxar. — Vilu respondeu.

 

— Sim — Ludmila concordou. — Ela está responsável pelo Studio nesses últimos dias. O Antônio e o Pablo viajaram e decidiram que a Angie era a melhor escolha para essa tarefa.

 

— E além disso a professora que substituiria o Pablo está doente e precisou faltar hoje, então a Angie teve de substituí-la também. E ela também insiste em cuidar da contabilidade. — Acrescentou Violetta.

 

— Mas ela não pode ficar se esgotando tanto assim. Não faz bem pra saúde. — Eu não me sentia bem em saber que ela estava trabalhando tanto assim. Me senti um idiota por ter agido mal com ela mais cedo. Se eu tivesse ficado com a parte de contabilidade, Angie não precisaria se sobrecarregar tanto.

 

— Eu estou preocupada papai. Eu disse a ela para descansar, mas você sabe o quanto Angie é teimosa.

 

— Quando saímos ela disse que ficaria mais um tempo no Studio para se certificar que tudo estava preparado para amanhã. — Ouvi Ludmila dizer.

 

Eu não podia deixar que ela continuasse com essa rotina todos os dias. Eu sabia por experiência própria que isso causava mais mal do que bem. Ela poderia até ficar doente, e eu não suportaria a ideia de vê-la assim.

 

— Papai, acho que o senhor deveria falar com ela. Ela sempre te escuta. — Sugeriu.

 

— Claro, eu já estava pensando nisso. — Falei ao me levantar. — Vou conversar com ela e ver se consigo dissuadi-la a ir pra casa descansar.

 

— Boa sorte. — As duas disseram em uníssono.

 

Me despedi de cada uma delas, sai da mansão e entrei no meu carro.

 

Depois de alguns minutos dirigindo, cheguei ao Studio. Estacionei o carro e desci.

 

Eu não deixaria que Angie continuasse se sobrecarregando. Não mesmo.

 

                                                        (…)

 

                                                NARRADORA

Angie sentia a cabeça latejar. Ela levou dois dedos a têmpora e ficou massageando o local por alguns minutos. Esperava que isso fizesse com que a dor de cabeça cedesse um pouco.

 

Ao ver que isso não estava ajudando, ela abriu sua bolsa, que estava apoiada em cima da mesa na qual ela estava sentada em frente, e depois de encontrar um analgésico, o engoliu com o resto de água que tinha na garrafa que ela comprara mais cedo.

 

Ela estava olhando para as planilhas a sua frente, mas desistiu da tarefa ao sentir as palavras e os números escritos nelas, se misturarem em sua mente.

 

Ela concordou consigo mesma que nesse momento não conseguiria continuar com o que estava fazendo. Então debruçou-se sobre a mesa e apoiou a cabeça em cima dos braços.

 

Não fazia nem 5 minutos que ela tinha se debruçado na mesa, quando ouviu o som da porta da sala dos professores se abrir. Ela levantou a cabeça com um pouco de dificuldade para olhar quem era.

 

Sentiu-se surpresa quando viu que era German.

 

Ela tentou se levantar, mas sentiu a cabeça girar e quase se desequilibrou. German se aproximou dela, com um olhar preocupado.

 

Ela se segurou na mesa para obter sustentação. Olhou para ele e disse:

 

— Eu consigo andar sozinha. — Respondeu com a voz trêmula.

 

Angie tentou dar alguns passos, mas seu corpo não respondeu aos seus comandos. Sentiu sua cabeça latejar com força e seu corpo ficar mole.

 

German foi rápido e segurou sua cintura no momento em que percebeu que ela iria cair.

 

Angie, sem forças, não protestou. Ao contrário, deixou que ele a segurasse contra si, mesmo que ainda estivesse brava com ele.

 

— Eu estou bem. — Ela tentou dizer.

 

— Não minta pra mim Angeles. Você não está bem. — Ele olhou para ela.

 

— Eu só estou um pouco … cansada. Só isso. — Sua voz soou fraca.



          Ao vê-la daquela forma, ele sentiu-se ainda mais culpado. Talvez se ele a tivesse ajudado, ela não teria ficado tão sobrecarregada e agora não estivesse desse jeito.

 

German segurou-a mais firme contra si e conduziu-a com cuidado até uma poltrona — ele decidira que seria muito mais confortável para ela — e a ajudou a sentar-se nela.

 

— Obrigada. — Ela murmurou.

 

German assentiu e abaixou-se de frente para a poltrona onde ela estava. Seu olhar era de pura preocupação.

 

Ele passou um polegar na bochecha dela carinhosamente e pediu:

 

— Me diz o que você está sentindo.

 

— Minha cabeça está latejando e eu me sinto muito cansada. — Ela resolveu ser sincera, não adiantaria nada mentir.

 

— Não é bom que você trabalhe tanto assim. — Ele disse, a voz gentil.

 

— Eu sei, é só que o espetáculo de amanhã será muito importante para o Studio. E como estou no comando até que o Pablo chegue, não vou me perdoar se algo der errado. — Ela desabafou.

 

— Vai dar tudo certo Angie. Com todo o seu esforço e dedicação e o dos alunos também, não tem como dar errado.

 

Ela sorriu fracamente.

 

— Tudo tem que estar perfeito. Tirando a Vilu, os alunos ainda não sabem, mas o Studio está passando por uma crise econômica. E um dos objetivos do espetáculo, é conseguir um investidor para o Studio. E novos alunos também.

 

— Fique tranquila, eu vou verificar as planilhas de contabilidade. Vou te ajudar a encontrar uma solução.

 

— Mas você não está mais bravo comigo?

 

— Não tem como ficar bravo por muito tempo com você. — Ele pegou nas mãos dela. — E a culpa foi minha. Me perdoa por tudo o que eu disse, você não merecia que eu fosse um idiota com você. Talvez se eu tivesse ficado com a parte da contabilidade você não estaria assim como está agora. Você teria tido mais tempo livre.

 

Angie apertou as mãos dele de leve e balançou a cabeça.

 

— Está tudo bem, a culpa não foi só sua. Eu também disse coisas que não deveria ter dito. E se eu estou assim como estou agora não é culpa sua. Eu já estava me sentindo sobrecarregada desde que acordei.

 

— Mas … — Ele começou, mas ela logo o interrompeu.

 

— Não se culpe por algo que não é culpa sua. — Ela sorriu.

 

Ele decidiu não insistir nesse assunto e perguntou:

 

— Você já tomou algum remédio?

 

— Sim, um pouco antes de você entrar na sala dos professores, eu tomei um analgésico. — Ela contou.

 

— Você está pálida Angie, se alimentou direito hoje? — Ele concentrou seu olhar inquisidor nela.

 

— Sim. — Ela desviou o olhar.

 

— Angie … — Ele não acreditou na resposta dela nem por um segundo.

 

— Tudo bem, eu não me alimentei direito hoje. A única refeição adequada que eu tive foi no almoço. — Ela acabou confessando.

 

— E o resto do dia?

 

— Tomei algumas xícaras de café.

 

— Você sabe que não é certo fazer isso.

 

— Eu sei, mas … — Foi a vez dele de interrompê-la.

 

— Quer que eu a leve pra jantar em algum lugar? — Ele ofereceu, esperando que a resposta fosse sim.

 

— Acho que eu estou cansada até para ir à um restaurante.

 

— Então eu vou ir comprar algo pra você comer. — Ele levantou-se.

 

Angie fez menção de dizer algo, mas German adivinhando o que ela diria, disse:

 

— E não diga que não é necessário, porque eu sei que é.

 

Angie suspirou, ela sabia que essa seria uma discussão que ela não iria ganhar.

 

— O que você quer que eu compre pra você? — Ele perguntou.

 

— A coisa mais gordurosa que você encontrar.

 

— Tudo bem. Eu já volto. Não se levante. — Ele recomendou.

 

— Ok doutor, não vou me levantar. — Germán riu. Se o senso de humor de Angie se fez presente, ela já deveria estar um pouco melhor.

 

                                                     (…)

 

15 minutos depois, Germán já estava de volta. Ele tinha ido à uma lanchonete próxima ao Studio.

 

Ele adentrou a sala dos professores e ficou impressionado ao ver que Angie estava no mesmo lugar onde ele a havia deixado. Ele duvidou que ela fosse seguir a sua recomendação.

 

Ele se aproximou dela e lhe entregou o que tinha comprado para ela.

 

Angie se sentiu agradecida por ele ter trazido algo gorduroso. Sentiu seu estômago roncar. Ela percebeu que ele tinha seguido a risca o que ela tinha pedido, quando percebeu que ele tinha comprado um hambúrguer com batatas fritas e suco de laranja.

 

— Eu ia te trazer uma Coca-Cola, mas como você já bebeu muita cafeína pra um dia só, eu optei por um suco de laranja.

 

— Não, tudo bem. Eu adoro suco de laranja. Obrigada German. — Ela sorriu, em agradecimento.

 

— Disponha. — Ele retribuiu o sorriso dela.

 

German se sentou numa cadeira em frente a mesa e enquanto ela se alimentava, ele decidiu analisar as planilhas de contabilidade.

 

Não demorou muito para ele saber que demoraria para que conseguisse analisar tudo. As planilhas continham muitas informações. Mas só de bater os olhos na primeira planilha, ele percebeu que as coisas realmente estavam meio complicadas para o Studio. Algumas dívidas precisavam ser quitadas com urgência.

 

Ele desviou seu olhar para Angie e percebeu que ela estava olhando para ele.

 

— O que foi Angie? Está tudo bem?

 

— Sim, eu só queria saber qual é a real situação econômica do Studio. — German viu tanta esperança nos olhos dela, que não pôde dizer a verdade. Ele deixaria para tocar nesse assunto outro dia.

 

— Não dá para saber exatamente. Vou precisar de mais tempo para analizar tudo. Mas não fique preocupada, vai ficar tudo bem. — Ele tentou soar confiante.

 

— Ah, sim. Compreendo. Obrigada por me ajudar com isso. — Angie sorriu para ele e German sorriu de volta para ela.

 

                                                       (…)

Depois de continuar analisando as planilhas por um tempo, German olhou para Angie e percebeu que ela tinha dormido. Ele decidiu que era hora de levá-la pra casa.

 

German descartou no lixo a embalagem do que Angie tinha comido e o copo descartável também.

 

Ele se aproximou de Angie, estava prestes a pegá-la no colo para levá-la para o carro, quando ela abriu os olhos aos poucos.

 

Não demorou para que ela percebesse o que ele pretendia.

 

— Não se preocupe, eu estou melhor. Não precisa me carregar.

 

— Tem certeza?

 

Ela anuiu com a cabeça e se levantou com cuidado. Ainda se sentia cansada e a dor de cabeça não havia passado por completo, mas pelo menos, sua cabeça tinha parado de latejar e não se sentia mais fraca.

 

Ela pegou sua bolsa e a chave do Studio. German pegou as planilhas e desligou o interruptor da sala dos professores.

 

Ambos saíram do Studio e Angie fechou a porta.

 

German abriu a porta do carro para Angie. Depois que ela entrou, ele fez o mesmo e começou a dirigir.

 

Angie estava tão cansada, que foi só ela entrar dentro do carro, que logo adormecera novamente. German olhou para ela e sorriu. Ela tinha um ar tão angelical enquanto dormia …

 

Não demorou para que ele estacionasse na frente da casa dela, o Studio era próximo de sua casa.

 

Depois de pegar Angie no colo, German fechou o carro e foi em direção à casa dela. Ele se abaixou com um pouco de dificuldade para pegar a chave extra que Angie guardava em baixo do tapete e logo após abriu a porta.

 

Ele levou-a até o quarto dela e deitou-a na cama com delicadeza. Ele tirou as sapatilhas que ela estava usando e cobriu-a com um cobertor que encontrara em seu guarda-roupa.

 

Antes de ir embora, ele sussurrou:

 

— Boa noite Bela Adormecida.

 

— Boa noite Príncipe Encantado. — Angie sussurrou, a voz grogue por conta do sono. German duvidava que ela se lembraria disso no dia seguinte.

 

German sorriu e depositou um beijo casto na cabeça dela. Angie virou para o lado, e voltou a dormir.

 

Ao sair da casa dela, ele trancou a porta e jogou a chave por baixo da porta, pois não achava seguro que Angie a mantesse debaixo do tapete.

 

German entrou no carro e seu olhar repousou em cima das planilhas. Ele ainda não sabia o que faria para ajudar o Studio. Mas por Angie ele pensaria em algo.

 

E foi com esse pensamento que ele dirigiu de volta para a mansão.

 

                                                    (…)

 


                                               *NOTAS: TRADUÇÃO

                              "Ninguém disse que seria fácil
                                          É uma pena nos separarmos
                                          Ninguém disse que seria fácil
                                          Mas também não disseram que seria tão difícil
                                          Oh, me leve de volta ao começo"

 

 


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Notas finais do capítulo

Postaremos o próximo capítulo com 8 comentários ❤

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