Consequências do Amor escrita por Rah Forever, Reh Lover


Capítulo 20
Capítulo 20 - Um Adeus, Uma Verdade Revelada


Notas iniciais do capítulo

Oiii, gente ❤ Feliz 2019! (meio atrasado kkk). Que esse ano seja um ano maravilhoso para todas vocês! ❤ Muito obrigada a todas vocês que nos acompanharam em 2018, o apoio de vocês foi muito importante para nós! ❤ Esperamos poder contar com vocês também nesse ano de 2019! ❤

Desculpem a nossa demora para postar, pretendíamos postar esse capítulo bem antes, mas tivemos alguns imprevistos. Nos desculpem ❤

OBS: O capítulo ficou maior do que esperávamos, espero que gostem ❤

POSTAREMOS O PRÓXIMO CAPÍTULO COM NO MÍNIMO MAIS 5 COMENTÁRIOS.

Vamos bater a meta dos 100 COMENTÁRIOS? ❤

••• Obrigada as lindas que comentaram:
#Duh Leon
#GabriellaSantos
#Blackspace
#ViolettaS2

••• Os próximos capítulos já estão escritos, então se a meta for batida postamos o próximo capítulo ainda essa semana. ❤

Se esta gostando da fic: Comente, recomende, acompanhe e favorite ❤

Boa leitura! ❤



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"Maybe time will heal your heart
And maybe after time you'll understand
I said goodbye 'cause I love you"

              Love's to Blame
                           (Joel & Luke)


                            NARRADORA

Já passava da meia-noite e German ainda não conseguira voltar a dormir. Ele não podia dormir mais, se essa seria a última noite que teria Angeles nos braços, tinha que aproveitar para guardar cada momento em sua mente.

Ela descansava pacificamente sobre o peito dele. Ela estava tão serena, tão linda. German aproveitou a luz que as velas proporcionavam e olhou para Angeles, querendo guardar cada detalhe da mulher que amava.

Se concentrou primeiro na pele sedosa e corada do rosto dela, depois nos lábios macios e rosados. Mirou as pálpebras, que estavam fechadas, mas que ele sabia que escondiam olhos verdes brilhantes. Desviou o olhar para as madeixas douradas de Angeles.

Ela era perfeita, German pensou. Perfeita pra mim.

Ele balançou a cabeça, para tirar tal pensamento de sua mente. Se continuasse pensando assim, acabaria sendo egoísta e não se afastaria dela. Cada vez parecia mais difícil dizer adeus à mulher que trazia luz a sua vida e tinha seu coração nas mãos.

Ele depositou um beijo casto em sua testa e começou passar as mãos carinhosamente pela cabeça de Angeles. Ela soltou um suspiro e se aconchegou mais no peito dele, aprovando a carícia.

Ele não sabia dizer do que mais sentiria falta de Angeles. Se era do seu jeito tão alegre de ser, da compaixão que ela demonstrava com os outros, do seu sorriso ou da luz que ela tinha.

Ele retirou a mão do cabelo dela e começou a acariciar as costas nuas de Angeles. Era um hábito fazer isso toda vez que dormiam juntos, Angie sempre dizia que isso a ajudava relaxar.

— Adoro isso. — Ela murmurou com a voz rouca pelo sono. — Não está conseguindo dormir?

— É, hoje a insônia veio me visitar.

— Tenho uma ideia. — Ela sorriu.

— É mesmo? — Ele retribuiu o sorriso.

— Sim, agora feche os olhos.

— Sim, senhora. — Ele obedeceu. Angie riu.

— Agora só se concentre na minha voz.

Ele assentiu e Angeles começou a cantarolar docemente a letra de Podemos.

Ao ouvir a voz suave, German já se sentiu relaxar. Ele sentiria tanta falta de ouvi-la cantar. Angeles não se dava conta da voz tão linda e angelical que tinha.

Ela abraçou-o e continuou cantando até perceber, pela respiração ritmada de German, que ele havia adormecido. Não demorou nada para que ela mesma adormecesse também.

                       (…)

                    ANGIE

Ao acordar, a memória da noite anterior veio à minha mente. Sorri, a noite tinha sido maravilhosa. Cada toque, beijo e carícia faziam eu me apaixonar ainda mais por German. Ele me amou como se fosse a última vez, como se nada no mundo importasse tanto quanto aquele momento.

Me sentei na cama e percebi que German não estava ali, ele não tinha o hábito de dormir um pouco mais quando podia, igual a mim.

Fiz minha higiene pessoal, coloquei um vestido florido e uma rasteirinha, ainda era de manhã, mas já estava quente, e prendi meu cabelo num rabo de cavalo.

Encontrei German sentado no sofá. Ele parecia tenso, seu corpo estava inclinado e ele mantinha a cabeça entre as mãos.

Me aproximei dele e tive que perguntar:

— Você está bem? — Pousei uma de minhas mãos em seu braço.

— Não, Angie, eu não estou nada bem. — Sua voz soou aflita.

— O que aconteceu? — Perguntei, ele já estava me deixando preocupada.

Ele soltou um suspiro pesado antes de responder:

— Nós temos que terminar, Angie. — Falou sem me olhar.

— O que?! — Eu não podia ter escutado direito. Ele não diria isso.

German se levantou e ficou de frente para mim.

— Temos que terminar o nosso relacionamento. — Ele ainda não tinha olhado para mim.

— Eu não acredito que você está dizendo isso depois da noite maravilhosa que tivemos. — Senti meus olhos marejarem. — Por que está fazendo isso comigo, com a gente?

— É o melhor para você.

— O melhor pra mim é ficar ao seu lado, German. — Segurei seu rosto em minhas mãos e fiz com que ele me olhasse nos olhos.

— Não é não, Angie. Você merece construir uma vida para você longe de mim.

— Por que você está dizendo isso? Lutamos tanto para ficar juntos.

— Nosso relacionamento foi um erro.

Nada nunca tinha doído como as cinco palavras que ele tinha pronunciado. Um soco no estômago doeria bem menos.

Tirei minhas mãos de seu rosto e dei dois passos para trás. Suas palavras tinham sido como flechas atingindo meu coração.

— Um erro? Como o amor pode ser um erro, German? — Lágrimas rolaram pelo meu rosto.

German encurtou a distância entre nós e fez menção de enxugar as lágrimas do meu rosto.

— Não, não se aproxime. Eu não preciso que me console.

— Você não entende, Angeles? Eu só quero que você seja feliz e que fique longe da bagunça que é a minha vida.

— Ah, entendi. Você se sente culpado pelo que aconteceu. E a culpa que você sente é maior que o nosso amor, não é?

— Angie… — Ele começou.

— Não German, não precisa se explicar. Eu não quero ouvir suas respostas vazias.


                            NARRADORA

Angeles sentia o peito doer. German a tinha ferido como nenhum homem tinha feito antes.

— Você me ama, não é? — Ela respirou profundamente.

— Eu te amo, Angie. — Ele olhou nos olhos dela para que não restassem dúvidas.

— Mas o nosso amor não é o suficiente para te fazer mudar de ideia. A noite anterior foi uma despedida pro nosso amor, não é? Você já planejava terminar comigo. Não foi só uma noite romântica. — Ela tremia, sua voz estava falha.

German só queria abraçá-la e mandar pro inferno a ideia de mantê-la longe de si. Mas ele não podia, ela merecia alguém que não a tivesse feito sofrer tanto. Seu coração estava destroçado por vê-la sofrer por sua causa. Ver Angeles chorar o machucava.

— Responda, por favor. — Ela pediu quando ele não disse nada.

— Foi. — Só uma palavra foi necessária para confirmar o que ela já sabia, mas nem por isso doía menos.

— Nada do que eu diga vai te fazer mudar de ideia. — Ela o conhecia bem o bastante para saber disso. — Eu sou um erro para você. Como eu sou idiota, não é? Eu já tinha imaginado uma vida ao seu lado, mas você não quer o mesmo. Você prefere estragar tudo com esse seu medo infantil.

— Não diga isso, Angie. — Uma vida ao lado dela era tudo o que ele mais desejava.

— Não, tudo bem. Vá embora, German. Corra para longe de mim, é o que você sempre faz mesmo. Sua covardia sempre fica no meio e sufoca o nosso amor.

— Angie, eu preciso que você me escute e entenda porque estou…

— Eu não quero te ouvir. Nada do que você diga vai mudar algo ou vai fazer eu aceitar o nosso término. Nada. — Ela deu ênfase à última palavra.

Ela se aproximou da porta abriu-a. Depois olhou para German.

— Eu vou dizer o que você quer ouvir: vá embora da minha casa e da minha vida, German. Você está livre de mim, pode ir.— Ela tentou fazer a voz soar firme, mas não deu muito certo. Sua garganta estava apertada. Ela teria uma crise de choro em poucos instantes.

German andou até Angie e ficou de frente para ela. Seu peito doía e seus olhos ardiam com lágrimas não derramadas. Mas ele tinha que se manter forte e acabar com o que tinha começado.

Ele tomou o rosto dela carinhosamente em suas mãos, uma última vez, e disse:

— Espero que um dia você entenda que eu te disse adeus porque eu te amo.

Ele olhou uma última vez para a mulher que amava e com um olhar triste, foi embora.

Angeles fechou a porta e escorou as costas na mesma. Sentiu seu corpo deslizar até o chão. Passou os braços ao redor do corpo, como se pudesse se consolar.

— Vai ficar tudo bem. — Ela repetiu baixinho inúmeras vezes quase como um mantra, tentando convencer a si mesma disso.

Não demorou nada pra que uma crise de choro a envolvesse e toda a dor viesse à tona.

                         (…)

                     ANGIE

Eu me sentia quebrada, como se uma parte importante de mim tivesse se rompido e não existisse conserto. Por que o amor tinha que doer tanto?

Mesmo me sentindo da pior maneira possível, tratei de lavar o rosto e me arrumar. Eu precisava conversar com Antônio sobre as minhas as aulas, já que tive que interrompê-las devido ao acidente.

Cheguei ao Studio por volta das 11:00 hrs. Consegui encontrar Antônio facilmente, ele estava na diretoria. A porta estava entreaberta e eu estava prestes a entrar quando percebi que ele não estava sozinho. Espiei mais um pouco e encontrei minha mãe.

Eu sei que eu não deveria ficar escutando a conversa dos outros, mas aquela conversa ali me chamou a atenção, tinha um tom sério demais se tratando de minha mãe e Antônio.

— Nós precisamos contar isso para ela. — Ouvi Antônio dizer, sério como nunca havia o visto.

Minha mãe suspirou.

— Eu sei, mas…

— Mas o quê, Angelica? Ela merece saber a verdade.

— Tudo o que eu mais quero é contar a ela, mas ela está passando por um momento difícil. Ela sofreu um acidente há poucos dias.

Espere aí. Eles estavam falando sobre mim?

— Eu sei, e isso prova que não podemos esperar mais tempo. Angie tem o direito de saber, Angelica! Estou cansado de esconder isso dela.

— E nós vamos contar, só não por agora.

— Então quando? Me diga quando vamos acabar com isso? Minha filha quase morreu sem saber quem é o seu verdadeiro pai. Não posso mais olhar nos olhos de Angie e não dizer a ela que eu sou seu pai biológico.

O quê?! Senti que novamente o mundo girava em uma órbita fora do normal. Eu ouvira direito? Antônio era… meu pai?

Com as pernas ligeiramente bambas e a respiração um tanto alterada, adentrei a sala num rompante, assustando Antônio e minha mãe.

— Isso é verdade? — Quis ter certeza. Depois que German e eu terminamos eu me sentia aérea, eu precisava ter certeza do que tinha escutado, de que tudo aquilo era real e não uma invenção da minha mente ultimamente confusa.

— Angie, filha… — Minha mãe começou, tentando me acalmar.

— Responda a minha pergunta, mãe. — Tentei fazer minha voz soar firme.

Ela assentiu, respondendo o que eu tanto precisava saber.

Eu puxei uma cadeira e me sentei, tudo parecia girar ao meu redor. Eu tentava assimilar tudo, mas nada daquilo fazia o menor sentido para mim.

— Como? — Simplesmente perguntei. Não consegui formular uma pergunta mais complexa.

Minha mãe e Antônio pareceram entender a pergunta.

— É uma longa história. — Antônio falou.

— Eu gostaria muito de ouvi-lá, se não for incomodar vocês, é claro. — Respondi mais ácida do que pretendia.

Minha mãe respirou fundo e começou:

— Sei que você acha que eu e Martin, aquele que você sempre reconheceu como seu pai, tivemos um casamento perfeito. E em parte era, mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que tudo entre nós desmoronou, tudo que fazíamos era brigar. Chegamos ao ponto de pedir o divórcio.

Eu estava chocada. Meus pais haviam se amado muito. Nunca havia visto casal mais unido que eles. Minha mãe sofrera muito com a morte dele. Eu nunca teria imaginado que eles chegaram ao ponto de pedir o divórcio.

— Seu pai e eu passamos a morar em casas separadas, esperando o divórcio sair. Foi um momento complicado, pois eu ainda amava seu pai, mas mesmo que doesse concordei com o divórcio. Eu me sentia sozinha, e Antônio foi o único amigo que permaneceu ao meu lado. Em uma noite, Antônio me levou para sair e aquela noite se provou a melhor que eu tivera em tempos. Mais tarde quando Antônio me levou pra casa, eu o convidei para entrar e tomamos algumas taças de vinho, acabamos exagerando na bebida e o resto você deve imaginar… — Um leve rubor tomou conta do rosto de minha mãe.

Ela respirou fundo e logo retomou a narração:

— No dia seguinte percebemos o que havíamos feito e nos arrependemos. Não planejavamos de maneira alguma aquela noite. Éramos apenas amigos e combinamos de esquecer aquilo. — Ela parou por alguns segundos para observar minha reação as suas palavras. — Dias depois, Martin veio me procurar dizendo que ainda me amava e que queria dar uma segunda chance ao nosso relacionamento. Percebemos o equívoco que cometemos ao pedir o divórcio. Então concordamos em tentar outra vez e tudo entre nós voltou a dar certo. Meses depois eu descobri que estava grávida, mas eu sabia que o bebê não podia ser de Martin, as contas não batiam. Talvez para alguém que olhasse de fora sim, mas as minhas contas não. Eu fiquei com muito medo, pois por mais que seu pai me amasse eu não podia exigir que ele assumisse a paternidade de um filho que não era dele. Então logo que soube de sua existência, contei a ele toda a verdade. Expus todos os meus sentimentos. Pedi perdão e deixei claro que o amava e que respeitaria a decisão dele se ele não me quisesse mais em sua vida, mas seu pai se mostrou mais uma vez o homem maravilhoso que era naquela noite. Ele disse que me amava e que amaria você como uma filha de sangue. E foi o que ele fez. Ele nunca fez distinção entre você e Maria, sempre amou as duas igualmente. Ele cometeu muitos erros, mas era um homem maravilhoso e com um coração enorme.

Minha mãe encerrou a narração com a voz embargada, lágrimas corriam pelo seu rosto e pelo meu também. Martin podia não ser meu pai biológico, mas foi o melhor pai que eu poderia ter tido. Eu sempre me emocionava ao lembrar dele, pois ele realmente foi um homem maravilhoso e sua ausência ainda doia. Pouquíssimos homens fariam o que ele fez.

Respirei fundo e enxuguei meu rosto com as palmas das mãos.

Tentei me acalmar, tinha muitas coisas que eu ainda precisava saber.

— Por que a senhora não contou ao Antônio que estava grávida de um filho dele? — Isso era o que eu não entendia. Eles eram bons amigos, Antônio com certeza assumiria minha paternidade.

Minha mãe olhou rapidamente para Antônio e respondeu:

— Hoje em dia eu percebo que deveria ter contado a Antônio sobre sua paternidade, mas naquela época eu pensei ter tomado a melhor decisão. Antônio vivia viajando, nunca se fixava no mesmo lugar por muito tempo, tinha muitos sonhos e projetos. Desde aquela época, seu grande sonho era abrir o Studio, que naquele momento não passava de um projeto no papel. Eu pensei em contar para o Antônio, mas no dia em que descobri a gravidez, Antônio partiria para Europa, para tentar formar seu tão sonhado Studio. Eu não tive coragem de contar, pois pensei que Antônio acabaria desistindo de ir em busca de seu Studio, pelo qual ele já estava dando muito duro, se soubesse da gravidez. E eu sabia que você seria feliz tendo Martin como pai. Eu pensei estar tomando a decisão correta para todos.

Fechei os olhos por alguns segundos, tentando assimilar toda aquela história. A minha história.

Eu vivi a minha vida inteira acreditando que Martin Carrara era meu pai biológico, quando na verdade, esse posto era de Antônio Hernandéz, o melhor amigo de minha mãe.

— Desde quando você sabe que é meu pai? — Me dirigi a Antônio. Precisava saber há quanto tempo ele também sabia dessa situação.

— Há quase três anos. Sua mãe me contou não muito tempo depois de vocês voltarem para Buenos Aires atrás de Violetta.

Tudo isso? E nenhum deles tivera coragem suficiente para me contar aquilo?

— E por que não me contaram tudo isso antes? Por quê? — Minha voz soou num misto de incredulidade e mágoa. — Essa é a minha história, eu tinha o direito de saber!

— Angie, por favor, acalme-se. — Antônio pediu daquela maneira doce com que ele sempre lidava com os alunos.

Aquela voz já havia me acalmado várias vezes, mas dessa vez provocou o efeito contrário. Eu me sentia traída e magoada por duas das pessoas que eu mais amava.

— Calma?! Eu não posso me acalmar. Vocês me privaram de saber sobre minha verdadeira história, esconderam algo vital de mim… — Terminei a frase com a voz trêmula, minha garganta começava a apertar, anunciando lágrimas a caminho.

— Filha… — Minha mãe tocou meu braço carinhosamente. — Nós tentamos te contar, mas o momento nunca parecia chegar. E você idolatrava Martin, eu não soube como contar…

Balencei a cabeça em negativa, deixando uma lágrima escapar.

— O que eu não entendo é que a senhora crucificou tanto a mim e German por mentirmos e escondermos verdades importantes, mas a senhora fez a mesma coisa e por muito mais tempo. Isso se chama hipocrisia. Não era a senhora que odiava mentira e traição? A senhora se viu no direito de interferir em minha vida, no meu relacionamento, sem ter direito algum. Como pode interferir na minha vida desse jeito? Como pode esconder de mim algo tão grande assim?

Lágrimas escorriam pelo meu rosto. Eu já não aguentava mais represar todos aqueles sentimentos dentro de mim.

Depois de uma noite perfeita, eu estava tendo o pior dia da minha vida, e olha que ainda era manhã.

Senti uma mão tocar meu ombro cuidadosamente, eu sabia que era Antônio, mas não tive coragem de encara-lo. Eu não conseguiria olhar em seus olhos naquele momento.

— Eu esperava mais de você, Antônio. Você sabia disso tudo a menos tempo, mas ainda assim teve várias oportunidades para me contar a verdade e não o fez. Eu sempre te considerei como um pai, mesmo sem saber de toda essa história, mas isso não anula o fato de que você támbem optou por esconder a verdade de mim.

— Eu sei, Angie, e sinto muito por você ter descoberto isso dessa forma… — Sua voz soou triste.

Balancei a cabeça novamente, indignada.

— Quando exatamente vocês pretendiam me contar a verdade? Daqui uma década? — Perguntei, a mágoa sobressaindo em minha voz.

— Você acabou de passar por um momento difícil em sua vida, filha. Você não estava pronta o suficiente para ouvir a verdade… Você merecia descobrir tudo isso de uma maneira melhor, eu nunca planejei que fosse assim. Estavamos pensando em você…

— Porque todo mundo sempre acha que eu mereço algo melhor e não entendem o que eu realmente quero? Por que todos me tratam como se eu fosse de vidro e estivesse sujeita a quebrar a qualquer momento? É essa a imagem que eu passo? A da garotinha fraca que não pode lutar pelo que sente? E a desculpa é sempre a mesma, " fiz isso por você" ou " fiz isso porque te amo". Isso não é pensar em mim. Chega!

De repente, respirar naquele ambiente parecia impossível. Eu não conseguia ficar ali nem por mais um minuto. Toda aquela situação somada ao que acontecera entre mim e German, estavam cobrando seu preço. Eu precisava sair dali o mais rápido possível.

Levantei-me o mais rápido que pude e comecei a andar até a saída da sala.

— Angie, por favor, vamos conversar. Me deixe explicar a situação... — Antônio pediu, sincero e aflito, mas eu não conseguiria continuar naquela sala nem por mais um segundo, mesmo que quisesse.

Antes que eu passase pela porta da diretoria, percebi que quatro pares de olhos me observavam.

Brenda, Pablo, Violetta e German me fitavam com óbvia preocupação. Eles provavelmente tinham escutado a difícil conversa que tive com meus pais.

Antes que qualquer um deles pudesse dizer qualquer coisa, saí da sala da diretoria e me encaminhei a saída do Studio o mais rápido que pude.

Ouvi Brenda e Vilu chamarem meu nome, mas não parei. Corri até meu carro e dirigi o mais rápido que era permitido pela lei até minha casa.

                        (…)

Por que todo mundo se sentia no direito de decidir por mim? German fora quem decidiu terminar nosso relacionamento e minha mãe e Antônio decidiram guardar segredo sobre minha verdadeira identidade. Eu tentava assimilar essas duas coisas, mas essa era uma tarefa complicada.

Eu me sentia cada vez mais confusa e irritada. Parecia até que German, minha mãe e Antônio haviam combinado de tornar meu dia conturbado. Parecia que eles escolheram justo esse dia para despejar "tudo aquilo" sobre mim.

O fato era: eu podia lidar com a confusão e com a raiva, mas com a dor que eu sentia, não. Porque por mais que eu tentasse afasta-la, eu não conseguia.

As boas lembranças e as últimas conversas que eu tivera com German e com meus pais, estavam cravadas em mim. Era difícil esquece-las, principalmente quando parte dessas lembranças estavam a minha frente… As paredes ainda estavam cheias de fotos. Eram tantas boas lembranças que era até dificil respirar…

Eu só queria que a dor fosse embora, nem que fosse por só alguns minutos.

Estava envolvida em pensamentos tão profundos, que acabei levando um susto quando meu celular tocou pelo que parecera a vigésima vez, anunciando mais uma mensagem.

Brenda, Violetta, Pablo, Antônio e minha mãe, todos eles já haviam me ligado e mandado mensagens, mas eu não atendi/respondi nenhuma delas. Tudo que eu queria era ficar sozinha.

Essa última mensagem era de Violetta:

"Tia, eu sei que não é um bom momento, mas por favor, me responde. Estamos morrendo de preocupação. Você sabe que eu te amo e estou aqui para o que você precisar. Sempre."

Senti uma lágrima rolar pelo meu rosto. Eu não queria preocupar as pessoas que eu tanto amava.

Respondi:

"Vilu, eu só preciso ficar sozinha, pelo menos por hoje, tudo bem? Amanhã nós conversamos. Não se preocupem comigo. Eu te amo muito, querida."

Depois de responder, desliguei meu celular e o depositei na mesinha de centro da sala.

Fechei os olhos e respirei fundo. Eu só queria que esses sentimentos conflitantes fossem embora, mas isso não era possível. Infelizmente eu tinha de lidar com eles.

Eu precisava de algo que aliviasse esses pensamentos. Eu precisava relaxar, para assim tentar assimilar tudo o que estava acontecendo e refletir sobre o que eu faria depois do dia de hoje.

Então, fui até a cozinha e peguei a garrafa de vinho que German havia trazido no dia anterior, me sentei em uma das banquetas, de frente para o balcão, e me servi de uma taça com o líquido ambar.

Eu não esperava passar da primeira taça, pois eu raramente bebia. Eu só queria um pouco do conforto que o líquido parecia dar, o bastante para relaxar. Mas conforme eu sorvia o conteúdo de minha taça, as lembranças da noite anterior e dessa manhã preencheram minha mente, e as lágrimas vieram com força total. As lágrimas fluiam e com elas as doses de vinho aumentaram.

Eu nunca me sentira tão vazia e quebrada.

                         (...)

                 NARRADORA

Ele não deveria estar ali. Mas não conseguia evitar. Depois do que presenciara no Studio, precisava saber como ela estava, mesmo sabendo que ele era a última pessoa que ela iria querer ver naquele momento.

Ele tocou a campainha mesmo sabendo que ela dificilmente atenderia. E foi exatamente o que aconteceu.

German então abaixou-se e pegou a chave reserva que Angie guardava debaixo do tapete. Ele não achava seguro guardar uma chave reserva debaixo de um tapete, mas naquele momento sentiu-se agradecido por Angie ainda manter tal hábito.

Levantou-se, abriu a porta cuidadosamente e adentrou a casa.

Seus olhos demoraram alguns segundos para se adaptar a pouca claridade do ambiente, já que era noite.

Olhou ao redor e não encontrou a loira.

Precisou andar mais um tanto, para encontra-la debruçada sobre o balcão. Os cabelos estavam espalhados por todo seu rosto. Sua cabeça apoiada no balcão. E a garrafa de vinho cabernet do dia anterior lhe fazia companhia.

German não conseguiu evitar de sentir uma dor se apossar de seu ser. Ver Angie naquele estado acabava com ele. Ele tinha culpa por ela estar daquele jeito. Mas tinha de se apegar ao que Angelica lhe dissera, que com o tempo a dor ia passar, e Angie perceberia que se afastar dele fora uma boa decisão. Mas isso não excluia a vontade de voltar atrás no que fizera, que as vezes vinha a sua mente, mas ele não podia fazer isso. Não podia ser egoísta a esse ponto.

— Angie… — Ele chamou. A voz calma e suave.

Angie não se mexera nem um centimetro. Ela não estava bem, estava péssima.

Ele então tocou o rosto dela, afastando os cachos que o cobriam.

Angie abriu os olhos com dificuldade, e encarou o moreno.

— German? — Questionou confusa. A voz meio grogue.

Antes que German pudesse reagir ao comentário da loira, ela se desequilibrou da cadeira em que estava. German logo envolveu-a em seus braços, impedindo-a de cair no chão.

Inesperadamente, ela envolveu os braços ao redor da cintura de German e descansou a cabeça em seu peito.

German respirou fundo. Angie estava fora de si, não estava em seu estado habitual, porque do contrário não se permitiria estar entre os braços dele.

German saiu de seus próprios pensamentos quando ouviu Angie fungar baixinho. Ela chorava contra o peito dele. E constatar aquilo doeu.

Por um momento, German segurou Angie mais próxima de si, querendo afugentar aqueles sentimentos que corroíam seu peito.

O momento só provava que Angie deveria se afastar dele. Olha como ela estava agora. Ele ajudara causar isso. Mais uma culpa que ele carregaria consigo.

Minutos depois, Angie se afastou de German.

Percebendo a palidez da loira, German perguntou:

— Tudo bem? — Perguntou, preocupado.

A loira não respondeu. Levantou-se da cadeira e correu com um pouco de dificuldade até o banheiro, que por sorte era próximo.

Chegando lá, Angie debruçou-se sobre a privada e colocou para fora todo o conteúdo de seu estômago.

German segurou o cabelo da loira e espalmou uma das mãos sob as costas dela, dando-a apoio.

Angie era bem fraca para bebidas. Quase nunca bebia. Essa era a primeira vez que exagerava.

Depois de sentir que não tinha mais nada para colocar para fora, Angie fechou a tampa da privada e deu descarga.

Logo após, German ajudou-a se sentar sob um banquinho que havia no banheiro e ligou a luz do cômodo.

Angie estremeceu ao cômodo ser preenchido pela luz, pois sua cabeça já começava a doer.

German se ajoelhou de frente para a loira e agora com a luz acesa, permitiu-se analisa-la.

Angie estava mais pálida que o normal, seus olhos pesados e inchados. Seu rosto estava manchado por lágrimas e maquiagem borrada. Suor grudava seu cabelo a pele. Seu corpo tremia levemente.

German nunca vira Angie naquele estado. Ela não parecia em nada com a mulher que ele conhecia tão bem...

Seus pensamentos foram interrompidos, quando de repente Angie, sentindo-se enjoada, vomitou novamente, sujando o chão e parte de si mesma.

German não podia deixa-la naquele estado, Angie precisava descansar.

Então, ele cuidadosamente ajudou-a a tomar um banho e limpou a bagunça do banheiro.

Depois de ajudar Angie a colocar seu pijama, German penteou seu cabelo recém lavado e a ajudou deitar-se na cama, virada de lado.

Angie logo fechou os olhos, parecendo tão cansada quanto aparentava.

German não conseguiria ir para casa enquanto não tivesse certeza de que Angie estivesse melhor. Ele velaria seu sono, não importasse quanto tempo tivesse que manter-se acordado. Angie poderia precisar dele em algum momento durante a noite e ele não se perdoaria se algo de ruim acontecesse e ele não estivesse pronto para ajuda-la.

Disposto a passar a noite em claro, German sentou-se em uma poltrona bem próxima da cama de Angie e passou a se concentrar nas respirações da loira. O que o fazia recordar das vezes em que ele acordava no meio da noite e a única coisa que era capaz de acalma-lo o suficiente para que voltasse a adormecer era escutar as respirações ritmadas dela. Aquilo sempre o acalmou.

Minutos se passaram, até que Angie acordou sobressaltada.

Percebendo rapidamente qual seria a próxima ação da loira, German logo ajudou-a chegar até o banheiro do quarto a tempo de ela vomitar outra vez.

Depois de repetir o mesmo processo da outra vez, Angie tentou colocar-se de pé para voltar para seu quarto, mas tudo ao seu redor parecia girar, então German pegou-a no colo delicadamente e levou a loira até o quarto.

Logo que adentrou o quarto, German sentou-se juntamente com Angie na cama, um dos braços atrás das costas dela, sustentando-a. E ajudou-a beber um pouco da água do copo que ele trouxera para o quarto pouco antes de coloca-la para dormir.

Depois disso, German ajudara Angie a se deitar novamente e depois passou delicadamente um pano úmido na testa da loira, ao que ela suspirara, parecendo apreciar o gesto.

E mesmo depois de retirar o pano úmido de sua testa, German continuou sentado ao lado da loira, observando-a.

Os olhos de Angie estavam quase se fechando, quando German decidiu se afastar e voltar para a poltrona. Ele começou a se afastar, quando uma mão delicada tocou a sua.

— German… fica… comigo… — Verbalizou, a voz baixa e um tanto afetada como antes.

Seus olhos se encontraram com os dela e ele soube de imediato que não poderia negar o pedido.

Ele então voltou a sentar-se ao lado dela, enquanto ela se manteve deitada de lado.

Angie continuou segurando a mão de German e a última coisa que fez antes de adormecer completamente foi olhar para German e sorrir, como se ele não tivesse partido seu coração ainda naquele dia.

Ele permitiu-se sorrir por rápidos segundos. Seu primeiro e único sorriso do dia.

German nunca esperaria uma reação daquelas vinda de Angie, dadas as circunstâncias, mas ela estava sob o efeito do álcool, pois do contrário ela já o teria explusado de sua casa, como fizera mais cedo.

Aos poucos o sorriso fora se desvanecendo de seu rosto ao lembrar dos motivos que os trouxeram até aquela situação.

Por tudo tinha que ser tão complicado se tratando dele e de Angie?

Olhando ela dormir tão pacificamente, tudo em que ele conseguia pensar era em como Angie não merecia os problemas e sofrimentos que vinha enfrentando ultimamente. Ela era tão boa, meiga e gentil com todos, mesmo com aqueles que não mereciam. Sempre teve um coração enorme.

Saber que fora ele que acarretara parte do sofrimento que a afligia, acabava com ele. Mas pensava estar fazendo o melhor por ela. Acreditava que longe dele, ela poderia ser feliz, mesmo que doesse pensar em tal coisa. Uma coisa que ele aprendera era que o amor não era egoísta, e ele não podia mante-la mais perto de si sem se achar um egoísta quando já a fizera sofrer tanto e colocara sua vida em perigo. Ela quase morrera por uma escolha errada dele. Isso não podia acontecer novamente.

Ele acreditava que poderia viver sua vida longe de Angie, desde que soubesse que ela estava feliz.

                         (…)

Eram quase quatro horas da manhã, quando Violetta tocou a campainha da casa de Angie. A garota sabia que o pai não gostaria de vê-la ali sozinha de madrugada, mas ele teria de entender seus motivos. Ela estava preocupada com a tia e com o pai também, já que o mesmo lhe telefonara explicando a situação de Angie. Vilu percebera que a voz do pai estava cansada, mas ele não dormiria com Angie ainda sob os efeitos do álcool.

Meio minuto depois, um German mais cansado do que Vilu poderia supor, atendeu a porta.

— Vilu… O que faz aqui? — Perguntou coçando os olhos com as mãos. Os olhos pesados de sono e a voz cansada.

— Vim trocar de turno com você, papai. — Disse e entrou dentro da casa, fechando a porta atrás de si.

Violetta caminhou até o quarto de Angie e sentou-se ao lado da tia.

— Você pode ir dormir um pouco, pai. Eu vou cuidar de Angie agora. — Disse, tocando carinhosamente a mão da tia. Doía tanto ver uma das pessoas que mais amava sofrendo tanto. Ela também queria estar perto da tia naquele momento difícil, como tantas vezes Angie estivera do seu lado quando fora Vilu que estava mal.

— Você deveria estar descansando, Vilu. Você tem aula logo cedo…

— Eu adoro o Studio, mas Angie é mais importante do que qualquer aula que eu possa perder. — Falou decidida.

— Eu quero cuidar da sua tia até que ela se sinta melhor. — Confessou.

— Eu sei, pai. — Vilu lançou um olhar compreensivo ao pai. — Mas você já fez bastante por ela, e também precisa descansar um pouco. Qualquer coisa eu prometo que te chamo.

German suspirou. Violetta era tão teimosa quanto Angie, era quase impossível vence-las, quando colocavam algo na cabeça, não tiravam. Ambas sabiam ser bem insistentes quando queriam.

— Tudo bem, filha. Mas não hesite em me chamar se precisar. — Disse e beijou castamente a testa da filha.

— Okay. — Vilu sorriu e beijou a bochecha do pai.

German deu uma última olhada para as mulheres mais importantes de sua vida e marchou para a sala, onde se alojou no sofá mais próximo e logo adormeceu.

                        (…)

                     ANGIE

Acordei com uma dor de cabeça irritante e sentindo meus músculos levemente doloridos.

Tentei me sentar, mas a tontura que me atingiu foi o suficiente para me fazer permanecer deitada e cerrar os olhos.

— Bom dia, tia.

Abri os olhos devagar e encontrei Violetta sorrindo docemente para mim.

— Bom dia, Vilu. — Falei com um pouco de dificuldade, minha garganta e boca estavam secas.

Segundos depois, Vilu me ajudou a sentar, me ofereceu um analgésico e um copo d'água, que eu bebi até a última gota.

— E então, como se sente? — Minha sobrinha perguntou sentada ao meu lado. Seu semblante um tanto preocupado.

— Não muito bem. Minha cabeça parece que vai explodir. — Falei, massageando minha tempora com os dedos.

— E o seu coração? Como está? — Perguntou e suspirei.

Percebendo minha reação a pergunta, completou:

— Me desculpa pela indelicadeza, Angie. Não precisa responder…

— Não tem problema, Vilu. — Tranquilizei-a. — No momento, meu coração está machucado. Sinto que preciso de um tempo para assimilar tudo o que aconteceu.

— Sinto muito por tudo o que aconteceu, Angie. — Disse sincera e triste e me abraçou.

— Eu támbem.— Confessei, correspondendo ao abraço.

— Você sabe que pode contar comigo para o que precisar né? Sempre vou estar aqui para te apoiar, tia. — Vilu disse emocionada.

Tive de seguarar as lágrimas para não chorar naquele momento. Eu amava tanto minha sobrinha, não sabia o que seria sem ela.

— Eu sei sim, querida. É recíproco. — Respondi emocionada támbem.

Sorrimos uma para a outra e nos abraçamos outra vez.

Só desfizemos o abraço quando o celular de Vilu apitou, anunciando uma nova mensagem.

Vilu pegou o celular em cima do criado mudo e respondeu a mensagem.

— Quem é? — Perguntei no impulso.

Ela hesitou meros segundos antes de olhar para mim e responder:

— É o papai.

German… Será que com o tempo eu conseguiria te esquecer? Será que algum dia meu coração deixaria de bater mais forte quando eu pensasse em você?

— Ele ainda esta aqui. Acabou de me perguntar pela mensagem como você esta.

— Seu pai esta aqui?

Vilu balançou a cabeça em afirmativa.

— Sim, ele cuidou a noite e madrugada inteira de você. Só não ficou mais porque eu o obriguei a ir para sala dormir um pouco. E também eu não sabia bem qual seria a sua reação ao acordar e vê-lo tão próximo, depois de tudo o que aconteceu entre vocês… — Explicou.

Flashes do que acontecera noite passada e nessa madrugada preencheram minha mente. German cuidara de mim. Me vira no meu pior estado e ficou do meu lado cuidando de mim, me ajudando.

Eu queria odia-lo, mas como eu poderia quando ele demonstrava que se importava tanto? Eu estava uma bagunça de sentimentos mesmo.

— Você quer vê-lo? — Vilu perguntou, cautelosa.

Eu queria vê-lo? Meu coração traidor implorava para ver German mais uma vez, mas dessa vez a razão ganhou da emoção.

Balancei a cabeça em negativa. Eu tinha que deixar ele ir. Era melhor assim.

Vilu assentiu, entendendo minha escolha. Ela digitou por alguns segundos no celular e instantes depois, ouvimos a porta da frente da minha casa ser fechada.

Adeus, German.

Respirei fundo, tentando controlar a confusão de sentimentos que eu era, mas quando percebi eu já estava chorando em meio aos braços de Vilu.

                        (…)

Já era noite. Fisicamente, Angie se sentia bem melhor do que quando acordara.

Brenda e Vilu lhe fizeram companhia a tarde inteira. A loira não tinha nem como agradecer a sobrinha e a amiga por estarem do seu lado em um momento tão complicado e confuso em sua vida.

Vilu e Brenda haviam saido para buscar as coisas de Angie na Mansão Castillo e comprar algo para o jantar. Levou um tempo para que Angie conseguisse convencer as duas, de que estava bem o suficiente para ficar alguns minutos sozinha, mas por fim, a sobrinha e a amiga acabaram cedendo.

O fato era que apesar de apreciar a companhia de Brenda e Vilu, Angie precisava de alguns minutos a sós, para refletir sobre a decisão que ela pensava seriamente em tomar.

Ela pensava em voltar a morar na França. Uma temporada em Paris poderia lhe fazer bem. Outro país, outros ares… Talvez fosse exatamente do que ela estivesse precisando.

Ela elevou o olhar e encontrou as fotos que German reunira em um mural na parede.

E observando aquelas fotos, ela teve certeza do que faria no dia seguinte.

                        (…)

Sua mala estava praticamente pronta, havia apenas uma peça que ainda se encontrava pendurada no cabide.

Ela encarou a peça e sentiu os olhos umedecerem. O terno de German…

Ela se lembrava perfeitamente da ocasião em que German deixara a peça em sua casa.

Ele a esquecera de propósito, alegando que assim teria um motivo para voltar a vê-la quando viesse buscar o terno. Ah, como ela queria poder retornar àquela noite…

Levou uma mão ao rosto e enxugou uma lágrima sorrateira que insistiu em rolar com a lembrança daquela noite tão especial. Aquela noite representou esperança de um relacionamento entre os dois.

Passou pela cabeça dela manter o terno consigo como lembrança de quando o relacionamento deles poderia dar certo, mas a razão falou mais alto novamente.

Ela então pegou uma caixa dourada, onde um dia ela já guardara um vestido e depositou o terno.

Angie estava prestes a fechar a caixa, quando percebeu que tinha mais coisas que sentia que precisava devolver a German.

Angie pegou delicadamente o anel de compromisso e o relicário que German lhe presenteara, ambos em duas das melhores noites de sua vida, e os colocou na caixa.

Doía devolver cada um daqueles objetos tão especiais e cheios de significado para ela, mas era o melhor a ser feito, pois Angie sabia que seria impossível olhar aqueles objetos e encarar a dura realidade do que o relacionamento deles poderia ter sido.

Ela respirou fundo e fechou a caixa, amarrando cuidadosamente uma fita da mesma cor ao redor.

Mais tarde, no aeroporto, antes de seu vôo ser chamado, Angie despediu-se de Vilu e entregou a ela a caixa, pedindo que entregasse a mesma ao pai.

A garota assentiu, e com os olhos tristes e marejados perguntou:

— Tem certeza que quer ir embora?

Angie respondeu, a garganta apertada:

— Tenho sim. Eu preciso disso. Você sabe que pode ir me visitar né? — Angie forçou um sorriso, porque do contrário acabaria chorando. Iria doer tanto ficar longe da sobrinha.

— Sei, sim. — Vilu devolveu o sorriso e abraçou a tia. — Amo você.

— Eu támbem te amo, Vilu.

      Era difícil ver Angie partir novamente, mas Vilu sabia que no lugar da tia, ela faria o mesmo. Ela entendia Angie e nunca poderia culpa-la por tomar tal decisão.

O vôo de Angie foi chamado e Vilu despediu-se pela última vez de Angie e Brenda, que voltaria para França junto com a amiga.

Vilu observou a tia e a nova amiga até as duas sumirem de sua visão, depois deu uma olhada na caixa que tinha em mãos e não precisou refletir muito para saber que seja qual fosse o conteúdo dela aquilo abalaria seu pai.

                        (…)

German sentia-se agitado, ele sabia que Angie estava partindo em um horário desses e ele simplesmente não se opora.

Como ambos sabiam: não poderia existir um recomeço se não houvesse um fim.

Ele não se opôs a decisão dela, mas isso não queria dizer que não doía saber que tinha perdido-a para sempre. Porque nada mais seria o mesmo entre eles.

         Ele saiu de seus devaneios ao ver Vilu entrar pela porta principal da mansão.

Ela partira. Vilu não precisava dizer nada. Se a garota já estava em casa, era porque a mulher de sua vida tinha ido embora.

— Angie pediu que eu entregasse isso para o senhor. — Disse cautelosa, estendendo a caixa para o pai, que logo aceitou-a.

German abriu o pacote com cuidado e ao olhar o conteúdo teve certeza: Ela deixara aqueles objetos, mas levera consigo o coração dele.

                        (…)

     Angie olhava pela janela do avião Buenos Aires ficar para trás outra vez. Ela amava Baires, mas no momento permanecer em sua cidade natal era impossível. Precisava ficar um tempo longe daquela cidade que lhe trazia tantas lembranças boas, mas que também lhe trouxera tanto sofrimento.

A vida era realmente algo imprevisível. Meses atrás ela se encontrava em um avião, voltando para Buenos Aires e agora se encontrava em outro avião, mas dessa vez partindo da sua cidade favorita no mundo.

Precisava reconstruir sua vida. Tinha tanto para assimilar e refletir…

Deu uma última olhada para a vista de cima de sua tão amada cidade, pegou seu smartphone e fone de ouvido e colocou sua playlist para tocar.

Respirou fundo, fechou os olhos e tentou relaxar, afinal muitas horas de viagem ainda lhe aguardavam até o seu destino.

                          (…)

                  TRADUÇÃO:

"Talvez o tempo vai curar seu coração
E talvez após o tempo você vai entender
Eu disse adeus porque eu te amo"


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? ❤

POSTAREMOS O PRÓXIMO CAPÍTULO COM NO MÍNIMO MAIS 5 COMENTÁRIOS.

Vamos bater a meta dos 100 COMENTÁRIOS? ❤

••• Os próximos capítulos já estão escritos, então se a meta for batida postamos o próximo capítulo ainda essa semana. ❤

Se esta gostando da fic: Comente, recomende, acompanhe e favorite ❤

Beijos e até a próxima! ❤



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