Era estranho depois de quase um mês os dois estarem sentados em um dos jardim do campus, café para Yoongi, Caramel machiatto para Taehyung. O mais velho havia passado em um café antes de ir ao encontro, decidindo que ter algo para beber e comer deixaria o clima menos desconfortável.

Enquanto Yoongi estava no seu usual estado de morto-vivo, com olheiras e o cabelo completamente desbotado, Taehyung parecia saudável e feliz. Algo que fez a garganta do loiro fechar com a possibilidade do moreno não querer nada com ele.

—Me desculpa que você tenha sido o primeiro a iniciar isso, hyung. - Taehyung cortou o raciocínio dele. -Eu acabei me afogando no meu projeto e na euforia de que Non souls realmente podem se conectar.

—Tudo bem...Eu meio que acabei fazendo o mesmo. - Tentou sorrir.

—Eu já tinha contado minha história pra você, hyung. Naquela festa. - Acabou dando uma risada fraca.

—Ah, me desculpe por aquilo. Eu bebi demais e acabei deixando você na mão. - Yoongi não tinha como criar um buraco e se esconder de vergonha, então decidiu em mais um gole de café.

—Tudo bem. - Taehyung não parava de sorrir, e isso fazia algo em Yoongi se sentir confortável. Como se ele estivesse em sua cama enrolado em uma manta, vendo filmes com chocolate quente.

—Eu me mudei várias vezes. De Daegu para Cheonan, Busan, Daejon. Foi aí, com onze anos, que descobrimos que eu era um Non Soul. Meu pai não aceitou isso bem. Ele achava que eu havia nascido ‘defeituoso’ porque minha mãe tinha traído ele, que eu não era filho dele. Ele começou a beber e bater na gente.

Yoongi quase esmagou o copo de café com a raiva que surgiu dentro dele.

—Com treze nós estávamos nos mudando para Ilsan, minha mãe simplesmente abriu a porta do carro quando paramos na estrada e sumiu. Até conseguir sair de casa e vir para Seoul eu tive que aguentar meu pai sozinho. A parte que mais doía era quando ele refrescava minha memória que por ser um Non Soul, eu morreria sozinho…

—Tae… - O moreno negou com a cabeça, tentando conter as lágrimas.

—É por isso que eu estou com medo hyung. Parece tudo bom demais para ser verdade. Alguns Non souls conseguiram criar conexões com mais de um Non mark. Mas ao mesmo tempo eles se quebravam depois de um tempo.

Yoongi queria responder, queria conversar, queria principalmente assegurar o mais novo que eles não se quebrariam e morreriam juntos. Mas ainda não era a hora. Respirou fundo, terminando seu café.

—Eu desenvolvi depressão quando tinha apenas sete anos. Nenhum médico conseguia justificar o porque, e isso só fez meu hyung me odiar mais ainda. Com nove eu me interessei pelo piano. Era um momento de paz, que me fazia bem. Me fez me aproximar do meu irmão. Eu conheci Jin nessa época.

Taehyung o observava como se ele estivesse explicando a cura do câncer.

—Tudo que eu fazia, não era nada demais para os meus pais. Eles são extremamente positivos e hiperativos. Nem sei como sou filho deles. - Os dois deram uma risada fraca. -Mas para o meu hyung, tudo era negativo. Tudo era ruim. Eu ocupava espaço, eu era fraco. Quando entrei pro mundo do rap e composição de música, ele jogou na minha cara que eu morreria de fome. Que eu precisava ser adulto e seguir uma carreira que me desse uma vida.

—Não parece bom ter um irmão. - Taehyung estava com um bico.

—Eu não deixei isso me prender por muito tempo. Por mais que eu quisesse ter um bom relacionamento com meu irmão, a música era a única coisa que me tirava da depressão. Era ter uma vida. Eu comecei em uma universidade em Ilsan junto com Namjoon e Hoseok.

—Hoseok?

—Ele é um dos melhores alunos do curso de dança.

—Ohhhh. Acho que já ouvi falar nele!

Yoongi sorriu com isso. Ele sentia falta do quão fofo Taehyung conseguia ser quando se expressava abertamente.

—Escuta, Tae. Eu sei que tudo isso que aconteceu com a gente é assustador. Me tirou completamente do eixo. Mas os sinais são bem claros. Você ter enxaqueca, meu olfato funcionar as vezes…

—Eu sei…

—Talvez a gente se torne soulmates igual Namjoon e Seokjin. Talvez a gente dure apenas alguns meses. Mas se chegamos até aqui...Eu acho que deveríamos dar uma chance.

—Mesmo? - Taehyung encarava ele com olhos arregalados e brilho de esperança.

—Sim. Eu só queria que a gente conversasse e conhecesse mais um do outro. Para entendermos melhor com nosso passado, saber onde estamos entrando. Eu não queria que você tivesse que lidar com meus surtos de emoção sem saber o motivo por trás disso.

—Sim, eu entendo! E concordo.

—Tem outras duas coisas que eu quero que você saiba. - Taehyung ficou sério, ou até onde dava para ficar com um bico de concentração.

—Em Ilsan eu acabei tendo muita experiência para saber que não me sinto confortável em relacionamentos. Como sexo, e demonstrações de afeto em público.

—Você é asexual, hyung?

—Eu esqueço que você estuda isso e é esperto. - Suspirou, enquanto Taehyung repetia para si mesmo ‘eu sou esperto!’.

—E por segundo, eu me apaixonei por você antes da nossa ligação ser criada. Eu amo você como Kim Taehyung e não como meu soulmate. Antes disso tudo. Eu acho que é mais especial assim do que ser obra do destino.

Taehyung quebrou o sorriso e a pose com isso. Yoongi começou a ficar com medo de que fez algo de errado, principalmente quando o moreno começou a morder o lábio inferior e lágrimas escorreram por seu rosto.

—Eu não...Eu nunca...Oh céus, eu achei que ia morrer sem ouvir alguém dizer que me ama. - Taehyung não conseguiu segurar um soluço, mais lágrimas escorrendo. -Obrigado, hyung. Obrigado por me amar. Por me dar uma chance independente dessa ligação química louca.

Yoongi deu uma risada seca, como se estivesse segurando o próprio choro. Ele decidiu que aquela distância já não era mais necessária e se levantou, dando a volta na mesa de pic nic do jardim. Assim que se aproximou, Taehyung quem tomou a iniciativa, se jogando nos braços do mais velho ainda chorando.

Era a primeira vez que eles se tocavam depois do choque da ligação antes de irem para o hospital. Yoongi ainda sentia como se eletricidade corresse por debaixo da sua pele, mas não o suficiente para apagar ele de novo.

Tirando os efeitos colaterais químicos por serem Soulmates, - oh céus, eles realmente eram! - o que o loiro mais sentia com o abraço era alívio. Era conforto e felicidade. Era ter paz depois de um mês conturbado e seus sentimentos em turbilhões.

E Yoongi, que tanto odiava soulmates, começou a agradecer mentalmente a oportunidade de Taehyung ser seu.

—/-

O grupo quase fez uma festa ao ver que os dois estavam oficialmente juntos. Kihyun mandou os dois a merda, Changkyun pediu desculpas em nome dele. Jihoon finalmente voltou a sorrir para Yoongi. Namjoon e Seokjin voltaram a ser um casal grudado e nojento já que não tinham mais dongsaengs pra cuidar. PJ estava com um sorriso estúpido.

Taehyung respeitava o que o mais velho havia contado para ele, evitando tocar nele que não fosse um braço jogado nos ombros ou mãos dadas em público. Quando estavam no estúdio ou com o grupo, Yoongi mesmo o puxava para mais perto, não se importando com cuddles, abraços, cafunés.

Yoongi, mesmo sendo péssimo para se expressar sem ser através de músicas, tentava sempre lembrar o mais novo que o amava, e que isso era além da ligação deles. Levou duas semanas de confissões para Taehyung finalmente parar de chorar ao ouvir ‘eu te amo’.

Namjoon havia conseguido transferir Taehyung como colega de quarto permanente, dando um lar definitivo para o garoto. Agora ele tinha um armário, uma cama oficial - Yoongi e PJ haviam comprado uma novinha para ele, - e a mini cozinha.

Isso resultava em alguns momentos domésticos em que Namjoon nunca pensou em ver. Como acordar e presenciar os dois fazendo panquecas juntos, sujos de farinha e chocolate e rindo. Ou Yoongi dormindo na cama deles, ao invés de estar no estúdio como sempre. Ou até mesmo a vez que eles tomaram banho juntos.

Namjoon começou a passar mais tempo no apartamento de Seokjin para evitar o casal que estava em lua de mel praticamente.

Mas infelizmente, não era só alegria, fofura e romance que vinha com a ligação Soulmate. Os efeitos colaterais era um bônus no pacote. Eles não se importavam com o choque que sentiam quando ficavam muito tempo sem se ver, e nem com as sensações de conforto que o faziam sorrir automaticamente.

Mas Yoongi foi premiado com a rinite de Taehyung, que era irônico já que seu sentido afetado era o olfato. As crises de espirro, acordar sem conseguir respirar. O moreno, de outro lado, sentia as enxaquecas. Não eram regulares. Mas quando vinham, o garoto mal saia da cama, choramingando.

Yoongi cuidava dele sempre, já que sabia melhor do que ninguém sobre suas crises. Em troca o mais novo estava sempre fazendo chás de erva para que o vapor ajudasse a descongestionar o nariz dele.

Os dois eram uma combinação equilibrada que surpreendeu até mesmo Eunji, a médica que acompanhava a evolução do caso deles. Eles agiam como Marks, mas não sofriam a possibilidade de morrerem sem o outro.

Mas isso também era na personalidade. Desde que se conheceram, Taehyung só tirava o bom de Yoongi. Os sorrisos, cuidar da própria saúde, se expressar. O moreno se sentia mais calmo, seguro. Como se Yoongi fosse a âncora dele na terra. Ajudava ele a focar quando era preciso.

Eles não se preocupavam mais se ia dar certo, quanto tempo ia durar. Eles estavam felizes demais, apenas aproveitando o presente.

—/-

Férias era sinônimo de descansar. Viajar com os amigos, visitar os parentes, festas, comida, dormir até tarde. Era quando o campus ficava vazio. Quando se arranjava um emprego temporário.

Não para Kim Taehyung, que estava na segunda semana das férias de verão enfiado na biblioteca, tentando organizar as últimas pesquisas que havia feito para acrescentar na tese dele.

E por isso ele achou estranho quando um desconhecido começou a dividir a mesa com ele. Parou para observar o garoto. Ele parecia novo, mais novo até que Jihoon. Ele preenchia o formulário de bolsas da faculdade. Taehyung já havia passado por isso.

O garoto suspirou frustrado, batendo a caneta no papel. O cenho franzido lembrava um coelho emburrado. Isso fez Taehyung acabar rindo e chamar atenção dele. O garoto ficou levemente corado, olhos arregalados. Tímido.

—Desculpe, não era minha intenção. - Tae fez um gesto com a mão. -Alguma dificuldade? - Apontou para o papel.

—Ah...Eu ainda não consegui decidir que curso fazer.

—Ah, escolher cursos é sempre a parte mais difícil.

—Mas você não é novato. - O garoto encarou os papéis e livros espalhados na mesa.

—Estou na metade do terceiro ano. - Sorriu simpático. -Mas eu já passei por isso. Ter que decidir quais cursos fazer, quais eu quero bolsa.

—Se eu escolher o curso errado ou não conseguir a bolsa, eu não vou poder ficar aqui. É uma pressão horrível. - Ele franziu o cenho de novo, mordendo o lábio inferior.

—Ok! - Taehyung arrumou um pouco das suas coisas, arranjando espaço. -Quais cursos você tem interesse?

—Hun.. - Ele se remexeu na cadeira, desconfortável. Ele deveria realmente ser tímido, mas Taehyung amava conhecer gente nova, principalmente desde que conheceu a turma de Yoongi. Antes disso ele era um casulo inapto a socialidade.

—Eu tenho interesse no curso de artes, sabe? Todo mundo diz que eu sou bom em desenhar. Mas eu também amo tirar fotos e dançar. - Ele fez uma careta. -É meio estúpido querer tanta coisa, não é?

—Hey! Lógico que não! - Taehyung bufou com isso. -Da onde tirou essa ideia? Fazer mais de um curso ou ter dúvida entre eles não é nada estúpido.

—Desculpa! - O garoto se encolheu em modo de defesa.

—Escuta, eu faço major em Psicologia e Química com minor em Medicina. E já participei do curso de artes especializado em performance.

—Tudo isso?! Uau! Você deve ser inteligente! - A expressão de surpreso e curiosidade era bem melhor do que o outro se auto depreciando.

—Não é só questão de ser inteligente. - Taehyung pegou uma folha em branco e uma caneta, fazendo alguns círculos e escrevendo neles. -Você tem que ver o tempo que você tem disponível, a grade curricular de cada curso que está interessado, e balancear entre amor e talento.

O garoto apenas concordou com a cabeça, olhos fixos no que Taehyung fazia no papel.

—Eu, por exemplo, percebi que a grade curricular de Medicina seria muito pesada pra mim se eu fizesse major nela. Eu não quero ser médico. Mas algumas matérias desse curso, são importante para complementar com química e psicologia.

—O que você vai ser, então?

—Bom, no momento eu sou pesquisador de Soulmates, mas eu pretendo me juntar ao meu hyung e trabalhar com terapia musical. - Sorriu contente com isso.

—Você estuda sobre Soulmates?! Uau! Isso é tão...Legal! Incrível! - Taehyung começou a rir da empolgação dele. -Pena que eu nunca vou ter um.

—Como assim? - Odiou ver o garoto se encolher de novo, dessa vez tristeza refletida nos olhos dele. Era como se ver no espelho antes de conhecer Yoongi.

—Eu sou um Non Soul… - Ele respondeu baixinho, como se tivesse medo da reação do mais velho.

Taehyung apenas respirou fundo.

—Eu também sou.

—Sério?!

—Sim. Eu não sei pelo que você passou, mas não tenha medo ou vergonha disso, ok?

—Desculpa, é que...Eu vim de Busan e lá as pessoas não são muito amigáveis com isso. Eu mal tinha amigos e o resto da família acha que eu vou ser um fracasso como adulto e…

—Hey! - Tae interrompeu ele colocando sua mão levemente por cima da dele. -Tudo bem. Eu meio que entendo. Mas aqui as coisas são diferentes. Eu vou te apresentar para os meus amigos. - Sorriu para ele.

—Mesmo?

—Mas é claro! Eu sou Kim Taehyung.

—Jeon Jungkook! - E o garoto finalmente sorriu. Os dentes da frente dele eram mais pra frente, fazendo Taehyung se lembrar de um coelho novamente. Ele era fofo e bonito ao mesmo tempo.

—Eu também vou te passar um artigo de Soulmate para você ler depois. Ser Non Soul não é nenhum fim de mundo. - Piscou para o garoto que riu de novo.

Antes que pudessem continuar conversando, uma figura conhecida para Taehyung se fez presente, se arrastando como um zumbi em direção à mesa. Yoongi estava a dois meses de se formar, o estado dele de morto-vivo já havia ultrapassado a normalidade.

O agora, rapaz de cabelo verde menta, beijou Taehyung antes de se jogar na cadeira, cruzar os braços sobre a mesa e enfiar a cabeça pronto para voltar a dormir. Taehyung começou a rir com isso.

—Yah! Hyung! Se você ia dormir por que se arrastou até a biblioteca antes das dez da manhã?!

—Não tinha graça ficar na cama sozinho. - Foi a resposta manhosa do mais velho.

Jungkook encarava eles de olhos arregalados e lábios entreabertos.

—Ah, Kook! Esse é meu hyung, Yoongi. Ele é non mark, e aqui. Leia o artigo agora. - Passou a folha pra ele.

Jungkook ainda ficou parado, encarando eles.

—Fecha a boca pra não engolir um mosquito, garoto. - Yoongi deu seu melhor sorriso cansado para o outro.

Isso fez o garoto finalmente sair do transe dele, corando e pegando o artigo para ler. Era sobre o fato de Non souls conseguirem se conectar com Non marks, uma explicação breve do porque isso acontecia, como acontecia e exemplos da vida real.

Jungkook estava novamente com olhos arregalados e boca aberta.

—Isso…

—É chocante ne? - Taehyung deu um sorriso simpático. -Quando isso aconteceu comigo eu nem lembrava como respirar.

—Então...vocês dois são…

—Yup! - Taehyung se inclinou para dar um beijo de esquimó no mais velho para afirmar o que estavam pensando. Yoongi fez uma careta, mas não empurrou ele.

—Uau! - Jungkook pareceu parar de respirar, antes de repetir. - Uau! E pensar que se eu não tivesse vindo para Seoul eu nunca ia saber que isso é real?!

—Bem vindo ao novo mundo!

O sorriso que o garoto deu, os olhos dele ficando marejados, fez Taehyung e Yoongi se entre olharem. Ele parecia genuinamente feliz só de saber que um Non soul namorava alguém, era conectado com alguém.

Como se ele não soubesse o que era ser feliz antes que poucas coisas já valiam ouro para ele.

—Posso te chamar de Kook?! - Taehyung voltou sua atenção para ele, que enxugava os olhos.

—Claro!

—Então, Kook, você disse que estava pensando em tirar fotos? - Ele concordou com a cabeça. -Yoongi hyung faz minor em fotografia, acho que vocês podiam conversar!

—Ah! Por favor!

Taehyung voltou a trabalhar na tese dele enquanto escutava o namorado e Jungkook conversando sobre o curso de fotografia. Em pouco tempo eles haviam convencido-o de fazer major em dança e artes e minor em fotografia. Jungkook estava empolgado, não só com a decisão dos cursos e o fato deles terem oferecido ajuda para concorrer as bolsas e poder ficar na cidade, mas também pela amizade.

O garoto tinha apenas dois amigos de volta em Busan, e mesmo eles o tratavam meio mal porque era Non Soul. Ser recebido assim logo no seu primeiro dia o deixava emocionalmente instável.

—Depois que você fizer todo processo, eu vou te apresentar para o resto do grupo! Jihoonnie também é de Busan, certo hyung?

—Kihyun também. - Yoongi estava mais acordado, mexendo no celular.

Jungkook arrumou as coisas e levantou. Ele precisava deixar tudo na secretaria e torcer para ser aceito no programa.

—Muito obrigado, de verdade. - Fez uma reverência. -Graças a vocês dois minha primeira memória de Seoul é incrível!!

—Agradeça arrasando nos seus cursos sem esquecer da gente!

Depois que o garoto se retirou, os dois soltaram um suspiro ao mesmo tempo.

—Eu quero adotar ele… - Yoongi guardou o celular.

—Alguém se importa se fizermos isso?

—Namjoon e Seokjin já adotaram alguém, acho que podemos.

—Família Min aumentando de integrante?

—Pode apostar!

Uma semana se passou antes de Jungkook voltar a biblioteca, torcendo para encontrar um dos seus hyungs. Ele havia saído tão feliz e excitado que esqueceu de trocar números com eles.

Taehyung estava na região dos sofás com outro garoto, que tinha o cabelo rosa bem leve, quase transparente. Jungkook não gostava dessa cor, mas ele decidiu que deixava o outro muito bonito. Se aproximou meio hesitante.

—Taehyung?

O rapaz de cabelo castanho ergueu a cabeça rápido, e um enorme sorriso em seu rosto ao reconhecer quem era.

—Kook! - Se levantou para cumprimentar o outro com um abraço. Jungkook não negou, sentindo-se amado. -Conseguiu participar de todo programa?!

—Sim! E já saiu a bolsa de artes! Eu estou dentro! - Teve que se segurar para não dar pulinhos de felicidade.

—Isso é ótimo! Aqui, deixa eu te apresentar. - Puxou ele de volta para os sofás, onde o garoto de cabelo rosa os encarava curioso. -Jihoon, esse é o Jungkook. Ele vai começar a estudar aqui esse semestre e é de Busan.

—Oh! Muito prazer. - Cumprimentou ele com um aceno de cabeça.

Taehyung puxou ele para se sentar em frente ao sofá, e tendo uma vista melhor do que estavam fazendo. O mais velho parecia estar terminando a tese dele, menos papéis espalhados e Jihoon mexia com um caderno cheio de notas musicais.

—Jihoon faz composição musical junto com o Yoongi hyung. - Taehyung percebeu o olhar dele. -Assim como os outros do grupo. Kihyun hyung faz canto, Changkyun faz um pouco de tudo e Namjoon ta na parte de produção também. PJ hyung já se formou, mas ele é tutor do pessoal de rap.

—Uau! É bastante gente.

—E o Jin hyung faz medicina. - Terminou com um enorme sorriso, mas diminuiu um pouco ao ver a reação do mais novo.

Jungkook parecia sobrecarregado, transbordando sentimentos. Talvez fosse muita coisa ao mesmo tempo para alguém que viveu em uma sociedade ignorante. Taehyung puxou ele para outro abraço, ignorando o olhar preocupado de Jihoon.

Jungkook perdeu a noção do tempo, apoiado no mais velho, cabeça deitada no ombro dele, observando seus emails no celular. Os outros dois continuaram trabalhando em silêncio, apenas Jihoon vez ou outra tocando algo no próprio celular, para depois rascunhar com força em seu caderno.

—Hyung! - O tom desesperado que Jihoon usou, fez com que desviasse o olhar do celular. Um rapaz de cabelo azul se aproximou deles, um sorriso de covinhas o presenteando. -Eu vou queimar esse projeto. Por que eu escutei você e o PJ hyung?!

—Bom dia pra você também, Jihoon. - Ele riu, se jogando do lado do mais novo na mesa. -Eu te convenci a pegar esse programa de verão para ajudar nas suas notas.

Jihoon bateu a testa na mesa, choramingando que era muito difícil e ele não conseguia determinar se era um minor #C ou #D. Jungkook não entendia nada disso, mas prestava atenção na conversa assim mesmo.

—Hyung! - Taehyung se intrometeu. -Esse é Jungkook, o novato que eu e o Yoongi estávamos falando. - Apresentou o outro sem se mexer, e o mais novo acenou sem sair de cima dele.

—Hey, Jungkookie! Muito prazer. Eu sou Namjoon. - Outra vez um sorriso de covinhas.

Em duas horas ali, Jungkook conheceu também Kihyun, que aprendeu que tirou o rosa porque estava cansado de dividir atenção com Jihoon e voltou para o moreno, e Changkyun que era da sua idade então era mais fácil conversar e criar uma ligação.

Apesar que em todo esse tempo ele não se afastou de Taehyung, apenas no momento que ele foi ao banheiro. Jungkook não sabia explicar o porque ele estava tão confortável com o outro, talvez o fato dos dois serem Non Soul, ou ele ter sido o primeiro que teve contato.

Independente da razão, já havia decidido que amava aquele grupo e o clima que ficava no ambiente.

Jungkook estava quase indo para o mundo dos sonhos, pensando se poderia deitar no sofá ao invés do chão, ou até mesmo pedir o colo de Taehyung que parecia confortável, quando Yoongi chegou. Ele parecia mais zumbi do que na primeira vez que o conheceu.

Todos comprimentaram ele com um tom suave, e Changkyun que estava escutando música sem fone, desligou o celular. Yoongi deu um sorriso de agradecimento para o mais novo, junto com um afagar de cabelo.

Ele se jogou no sofá atrás de Taehyung, se fazendo confortável.

—Hey, Jungkook. - A voz dele era tão cansada quanto a aparência física dele.

—Olá, hyung! - Tentou dar seu melhor sorriso.

Levando Jungkook com ele, Taehyung se encostou no sofá, entre as pernas do namorado e dando seu próprio sorriso.

—Conseguiu terminar seu projeto?

—Uhun. - Yoongi se curvou pra frente para beijar a testa do Soulmate.

—Então essa noite vai conseguir dormir melhor!!

Jungkook observava eles como se fossem uma constelação no céu. Era incrível poder presenciar a ligação dos dois. Yoongi resmungou mais alguma coisa antes de se ajeitar mais uma vez no sofá, deitando e fechando os olhos com um suspiro.

O resto do tempo em que ficaram ali, todos sussurravam enquanto Yoongi dormia. Jungkook acabou se juntando a ele, apagando no ombro de Taehyung, que apenas sorriu com isso. Quando o moreno acordou, não tinha mais ninguém ali, e o sol já estava se pondo.

O mais novo olhou em volta, confuso, e percebeu que alguém tinha colocado ele no sofá junto com Yoongi, o rapaz de cabelo menta usando o ombro dele como travesseiro.

—Hey, você acordou. - Taehyung chamou ele com a voz e um sorriso suave.

—Desculpa, eu não pretendia dormir tanto assim. - Usou a mão do braço não ocupado para não acordar o mais velho, esfregando o rosto para acordar melhor.

—Não precisa se desculpar. Eu pedi para Namjoon colocar você aqui. Você estava desconfortável em mim, não queria que ficasse com um torcicolo depois.

—Uhn…

—Seokjin hyung está vindo trazer o jantar pra gente. Ai você vai conhecer o último integrante do grupo!

—Pode comer na biblioteca? - Kook ignorou o resto, franzindo o cenho.

—Nós somos exceção. - Taehyung deu de ombros.

—Devemos acordar o hyung? - Perguntou enquanto encarava novamente o mais velho dormindo em seu ombro.

—Ele vai acordar sozinho quando sentir o cheiro da comida, deixa ele por agora. A não ser que esteja desconfortável para você? - Jungkook negou com a cabeça.

O moreno aproveitou para estudar a biblioteca, e de fato só tinha os três ali. A mesa estava limpa de qualquer material de estudo, e Taehyung parecia apenas estar jogando no celular dele agora.

—Vocês são as pessoas mais legais que eu já conheci. - Jungkook ainda estava sonolento.

—Fico feliz. Sabe, há um ano e meio eu era você. Não tinha ninguém e era um Non Soul. Até conhecer Yoongi e Namjoon hyung. O grupo me recebeu assim também. Todos me trataram bem desde o primeiro minuto. - Taehyung largou o celular e se virou para ele, passando os dedos em seu cabelo. Jungkook voltou a fechar os olhos com a ação.

—Eu espero conseguir ficar aqui, e poder passar esse tempo com vocês. - Ele respondeu quase em um sussurro.

—Eu e Yoongi queremos adotar você, então pode ter certeza que irá passar todo tempo do mundo com a gente.

Antes que Jungkook pudesse responder, vozes indicaram que alguém se aproximava. E o cheiro de comida veio junto. Dois estômagos fizeram barulho e Taehyung começou a rir.

—Olá dorminhocos! Trouxe a janta.

—Eu não estava dormindo! Estava apenas cuidando deles. - Tae respondeu no meio da risada.

—Olá, Jungkook! - Jin deu seu sorriso mais mãe. -Eu sou Seokjin, soulmate do Namjoon.

—Muito prazer…

—Comida… - Yoongi resmungou ao mesmo tempo, sem realmente abrir os olhos.

Dessa vez Jungkook se uniu a Taehyung para rir, fazendo o rapaz de cabelo menta resmungar de novo, dessa vez sobre ‘que travesseiro rude que está me sacudindo.’ Seokjin praticamente arrastou eles do sofá, obrigando eles a se sentarem no chão em volta da mesa e se alimentarem decentemente.

Olhando em volta todos rindo, comendo e conversando, Yoongi parecendo bem melhor do que mais cedo, Jungkook se sentia em casa.