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—O que você pensa que está fazendo?— Um grito me fez cair do sofá e um miado assustado soou bem no meu ouvido.

Me levantei depois de verificar que não tinha quebrado nada e encontrei Camie e Leoné paradas na porta, me olhando como se eu fosse o assassino do John Lennon.

Elas estavam engraçadas, meio descabeladas e suadas. Foi só quando vi a faixa de cabelo típica de shows na mão de Camie que eu caí na real.

O show do Nathan!!!

Que horas eram? Que dia era? Jesus já nasceu? Já comemoramos o Natal?

—Lizzie, você usou drogas?— Leo me olhou agora preocupada.

—Por que você não tá arrumada?— Camie franziu a testa.— O show é daqui a uma hora e meia e o trânsito está caótico.

—Meu Deus, como eu vou me arrumar em menos de uma hora e meia?— A pergunta real era por que eu estava tão eufórica se eu nem era fã do cara.

—Que ideia de dormir foi essa?— Leoné questionou enquanto eu escalava o sofá para chegar ao banheiro. —Se eu fosse você não me jogaria debaixo do chuveiro com tanta euforia.

Eu me virei lentamente para ela e estreitei os olhos.

—Não é possível, Leoné Beauchamp! Você vai pegar esse gato tirar daqui ou eu vou ter que te matar.

—O nome dela é Morgana.— Leo colocou a mão no coração como se estivesse magoada.

—Foda-se.

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A água congelante do chuveiro contribuiu para que minha estadia no banheiro fosse a mínima.

Quando voltei para a sala com uma toalha enrolada no cabelo e outra ao redor do corpo, me senti mal por ver que Leoné realmente havia se livrado de Morgana, afinal ela tinha ficado ao meu lado contra David.

Porém, nada se comparou ao meu choque ao ver a quantidade de possibilidades de roupas e utensílios de beleza que Leoné e Camie distribuíam pela sala.

—Vocês vão vestir um time de vôlei?—Perguntei do quarto enquanto colocava minhas roupas íntimas e desembaraçava os meus cabelos.—A roupa de vocês não estão boas o suficiente?

—Estas roupas são para você.— Camie respondeu inocentemente.—Quer dizer, você vai escolher um conjunto só para usar, mas te demos algumas opções.

—Não passou pela cabeça de vocês que eu já tenha algo em mente?— Perguntei enquanto Leoné me guiava até uma cadeira posicionada no meio da sala.

—Que seja, sempre quis dar um toque para valorizar esse rostinho de qualquer forma, vou aproveitar a oportunidade.

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Alguns minutos e muitas picadas de pinças para sobrancelha depois, elas me disseram que a primeira fase havia sido concluída, mas não me deixaram ver o resultado.

Então começou o dilema das roupas.

—Pessoal, eu não estou indo me casar. E nós não temos tanto tempo assim. — Eu disse enquanto as meninas discutiam sobre suas escolhas para mim.

Olhei para os conjuntos na mão de cada uma e suspirei.

—Vocês não estão tentando me fazer ir para um show de vestido estão?— Arqueei a sobrancelha e ambas me olharam como se eu tivesse acabado de inventar a lâmpada e então olharam para as peças em suas mãos.

As duas seguravam vestidos.

—Ela tem razão.— Camie disse um tanto desanimada.

—O que faz vocês pensarem que eu não posso escolher minhas roupas sozinhas? Eu já fui a um show antes, galera.

Elas fizeram uma cara de que não confiavam muito no meu senso fashion, mas eu dei de ombros e entrei no meu quarto fechando a porta.

Pensei em dar uma espiadinha no meu rosto e no meu cabelo, mas o espelho havia sido levado para sala pelas meninas.

Coloquei minha única calça jeans que não me fazia parecer adulta ou séria demais. Era era um jeans claro com os rasgos feitos nos lugares certos.

Ao continuar vasculhando meu guardar roupa percebi como eu havia virado uma pessoa básica e sem graça. As milhares de blusas e camisetas de estampa lisa e que variavam apenas entre branco, preto e cinza dominavam o espaço.

Escolhi rapidamente uma regata branca e por sorte achei uma blusa xadrez vermelha, que era a coisa mais radical ali dentro.

Peguei minhas botas plataforma de cadarços e que me faziam parecer que eu estava indo para uma trilha. Era isso ou os meus tênis sujos, surrados e arrisco dizer que até rasgados.

Sabe aquela história de que universitário não tem dinheiro nem para comida? Eu era a prova viva disso.

Quando saí do quarto, Camie bateu palminhas animadas e Leo torceu a boca.

—É o que temos para hoje, não é?— Ela disse soltando os braços ao lado do corpo, e deu um sorrisinho que me dizia que estava grata por eu não ter colocado minhas roupas de sempre.

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Acho que eu não preciso dizer como estava o local do show. A maior casa de show da cidade— e eu posso dizer que era impressionante— parecia um formigueiro.

Eu nunca vi tanta adolescente por metro quadrado!!

Tá bem, tá bem, eu já vi algo parecido quando eu própria era adolescente, o que —se você desconsiderar o meu jeito rabugento de ser— não fazia tanto tempo assim.

Eu também fazia parte de um fã clube e todos os shows que a banda fazia eu morria para ir.

Não vou mentir e dizer que eu não as entendia porque eu sabia muito bem como era o fanatismo, mas não me orgulhava muito disso.

Vários portões para vários setores estavam à nossa frente. Camie havia achado o grupinho de seu fã-clube e se despedido temporariamente de nós.

O que me deixou sozinha com Leoné que não tinha o senso de direção muito melhor que o meu.

Nos encaramos e encaramos a multidão à nossa frente.

—Preparada?— eu perguntei antes de enlaçar meu braço com o seu.

—É agora ou nunca.

Segundos depois estávamos desbravando o mais raivoso mar de pessoas.

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