Contra o Tempo escrita por Nightshade


Capítulo 3
Renaissance London Heathrow Hotel




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O Renaissance London Heathrow Hotel ficava a apenas 5 minutos de carro dos Terminais 1,2 e 3 do Aeroporto Heathrow, algo pelo que Emma agradeceu mentalmente. Ela já conhecia o hotel e sabia que ele era relativamente mais simples que vários outros, mas ainda assim era refinado e acolhedor.

O quarto não era tão grande quanto o que ela havia ficado em Paris, mas era acolhedor e não era pequeno. Havia uma sala com televisão, um sofá e duas poltronas. A janela dava a vista para os Terminais, e as cortinas tinham um tom vinho maravilhoso. Havia uma mesinha no centro.

O quarto era muito bonito; uma cama de casal com cobertas brancas e cor de vinho combinavam com as paredes. Também havia uma televisão no quarto, assim como uma escrivaninha e dois criados-mudos de cada lado da cama. Havia um banheiro no quarto, bem limpo e com toalhas felpudas.

Emma olhou o relógio em seu pulso, já eram duas da tarde e ela sentia um pouco de fome. A última refeição que tivera foi um café da manhã com Anne antes de sair da França. Poderia tomar um banho e descer para almoçar em algum lugar do hotel, mas primeiro o dever a chamava.

Pegando seu celular na bolsa, ligou rapidamente para o consulado britânico, explicando a situação de seu atraso e que realmente nada poderia ser feito. E claro, ficou sob suas costas a responsabilidade de comunicar a embaixada do Reino Unido na Rússia.

Após conseguir cumprir todos esses afazeres, foi até a porta de seu quarto de hotel e checou para ver se estava trancada. Perfeito. Foi até suas malas e abriu uma, tirando seu Notebook e o colocando na escrivaninha. Após uma breve procura, localizou uma tomada e conectou o carregador do Notebook ali. Nunca se sabe quando iria precisar dele.

Abriu a mala e pegou algumas peças de roupa, entrando no banheiro em seguida, ao mesmo tempo em que uma forte chuva começava a cair do lado de fora.

***

Quando desceu até o restaurante, ficou quase impressionada com a claridade que ele transparecia. Primeiro, as paredes eram pintadas de branco. Segundo, os azulejos do chão eram brancos e pareciam ter sido esfregados até brilhar.

Haviam poucas pessoas ali, muito provavelmente já haviam almoçado horas atrás. Foi para uma mesa vazia e se sentou, já pegando o cardápio. Hmmm... vejamos, o que ela pediria? Ah, algo francês. Já sentia saudades da França.

— Posso ajuda-la, madame? - um garçom parou ao lado de sua mesa, sorrindo cordialmente.

— Sim. - ela retribuiu o sorriso - Eu gostaria de Coq au Vin e vinho tinto para acompanhar, por favor.

— Com sua licença. - ele inclinou levemente a cabeça e se retirou.

Coq au Vin havia sido o primeiro prato típico da culinária francesa que ela havia provado, e nada mais era do que 'frango ao vinho tinto francês'. Levantou a cabeça e olhou distraidamente o restaurante, vazio, salvo um homem algumas mesas depois dela que parecia falar ao celular e usava um terno preto bem cortado. Algumas outras poucas pessoas se espalhavam por ali, mas Emma não iria se virar na cadeira para ver quem se sentava atrás dela.

Comeu silenciosamente quando o garçom finalmente trouxe seu prato. O vinho estava maravilhoso. Talvez fosse por conta do silencio do restaurante ou talvez fosse por está sozinha mesmo, mas começou a se sentir solitária. Se deu conta do quanto sentia saudades de sua família e dos amigos que não via desde a universidade.

Eram nesses pequenos momentos que ela se perguntava se valia tanto assim seguir a carreira de diplomata. Abriu mão de tantas coisas...

Bem, agora não adiantava ter crises existenciais, a vida continuava. Se ergueu da mesa e voltou para seu quarto de hotel. Não estava com vontade andar; estava cansada por ter acordado cedo e cansada por ter passado horas no aeroporto. Precisava dormir, por isso se deitou, sem trocar as roupas, e fechou os olhos.

Quando voltou a abri-los, não sabia quanto tempo havia passado, mas estava quase escurecendo. Uma batida insistente era ouvida na porta e Emma se levantou, tentando ajeitar os cabelos. Por sorte, sua roupa não estava tão amarrotada.

Quem poderia ser? Se alguém quisesse falar com ela, tinha seu telefone e não seria necessário deixar recados com a recepção do hotel. Assim como sabia que não eram o serviço de quarto, já que as camareiras só iam pela manhã e as vezes a noite.

Quando abriu a porta, porém, percebeu que nada que imaginara a preparara para ver quem estava atrás da porta.


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Notas finais do capítulo

*Coq au vin é um prato típico da culinária francesa, inspirado num prato português na altura confecionado com carne de galo lusitano. Este prato é feito à base de carne de galo e vinho do Porto.

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