O Amor da Lua escrita por Ryusth Lunyia


Capítulo 8
A aliança das guardas


Notas iniciais do capítulo

Eu volteeeii! ( 'u')/
E esse capítulo está bem grandinho e-e, eu empolguei bastante nele, e olha eu adorei escrever cada cena. Ainda mais esse final cute >U<.
Boa leitura!



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   Miiko estreitava o olhar para os desconhecidos que entravam na sala do cristal. Era estranho o fato deles estarem ali, ainda mais acompanhados de seus subordinados que aparentavam não reagir.

   - Quem são? – ela perguntava curiosa.

   - Somo a guarda da Cruz, nós-

   - Então os boatos eram verdadeiros? Havia mesmo humanos do nosso lado? – Cassandra toma uma feição séria, estava claro que ela os conhecia. Apenas um aceno com a cabeça, era tudo o que Miiko precisava.

   - Queremos saber onde guardaram os outros cetros, pretendemos mantê-los a salvo em nosso esconderijo.

   - Era isso que eu esperava que você me respondesse. – o elfo se intrometia na conversa. A mulher ergue as sobrancelhas assustada. – Não estamos com os outros cetros.

   - O cetro de água, terra, luz e fogo não estão com vocês?

   - Pensamos que estava com vocês ou com a nova organização.

   - Malditos Illuminatis, estão causando mais problemas do que nunca.

   - Como eles conseguem pegar tantos tesouros de uma só vez? – a raposa se questionava em voz alta, tinha a esperança de que alguém tivesse a resposta.

   - Isso nos leva a questão de como VOCÊS conseguiram pegar o cetro das trevas. – o olhar frio e desconfiado era direcionado a Eclaire que ainda segurava o cetro.

   - Isso não é da conta de vocês. – Valkyon se intrometia, não tinha direito nenhum de estar levantando a voz daquele jeito, porém a raiva dos humanos falava mais alto.

   - Se vamos trabalhar juntos é da nossa conta sim! – ela revidava.

   - E quem lhe disse que trabalharemos juntos? – Miiko desferia as palavras como tapas.

   A partir daí uma confusão se formou, um querendo fazer sua voz se elevar mais alto do que a do outro. Ninguém podia ser ouvido naquela bagunça, e parecia que não iria acabar tão cedo. Minutos deviam ter se passado, a loira apenas olhava confusa para tudo o que acontecia a sua frente.

   - CHEGA! – Cassandra gritou fazendo todos ali presentes se calarem e dirigirem seus olharem para si. – Se ela conseguiu passar por Tamuth significa que ela sabia como.

   - Aquela coisa, que você chama de Tamuth, lançou um feitiço de blindness, mas parece que apenas ela não foi afetada. – o elfo concluía seu resumo da luta. Agora todos os olhares estavam direcionados para a pequena.

   - Eu ainda não entendi o que vocês querem saber. – ela ria coçando a nuca.

   - Como você não foi afetada pelo feitiço de blindness da criatura da tumba? – Valkyon ia direto ao ponto.

   - Ah, isso não funciona comigo.

   - Isso já sabemos, mas por que?

   - Porque eu sou cega. – pasmo com um misto de vergonha tomava conta da face de todos ali presentes. Ela ria da própria situação, achava que todos ali sabiam desse fato. – Vocês não tinham percebido isso?

   - Você nunca teve dificuldades pra andar nem pra nos reconhecer... – Nevra boquiaberto pensava em qualquer coisa que justificasse a situação, nada lhe via a mente.

   - É porque eu uso a magia do som. Uma bruxa uma vez me ajudou e me ensinou essa magia, com ela eu uso pra “enxergar” o mundo.

   Eles se entreolhavam perdidos na explicação. Não passava despercebida por Eclaire a confusão de todos. Ela pensava em alguma forma de explicar como usava a magia.

   - Eu uso as ondas sonoras pra me localizar. Do mesmo jeito que fizemos na caverna pra vocês saberem onde eu estava.

   Os rapazes se olhavam, estavam começando a entender como tudo funcionava.

   - Eu escuto as ondas sonoras que são lançadas de tudo a minha volta. O universo pra mim é como uma grande canção, mesmo na noite silenciosa eu posso ouvir uma melodia. – ela ria de modo terno, mostrava gostar das “músicas” que ouvia.

   - E como consegue nos distinguir? Saber nossas feições? – novamente Nevra fazia perguntas.

   - Como eu disse eu escuto as ondas sonoras que são lançadas de tudo a minha volta, ou seja, tudo faz um som, mas a cada pessoa, cada organismo, cor ou textura muito divergente transmite um som diferente. Com isso eu consigo saber quando se movimentam, quando sorriem, quando estou perto de uma parede e até a cor de coisas que estão a minha volta.

   - Até mesmo as cores têm vibrações diferentes umas das outras? – a kitsune indagava, estava incrédula com tamanha habilidade da garota. Astaroth tinha razão quanto ao potencial da criança.

   - Sim!

   - Era por isso que você dizia que as flores faziam muito barulho... – Nevra pensava consigo mesmo.

   - Então foi assim que passou por Tamuth, você sabia onde ele estava pelo som que fazia.

   - Exatamente.

   - Isso pode ser muito útil para a causa.

   - Já disse que não dissemos nada sobre ajudar. – Miiko perdia a paciência, ainda mais quando um estranho queria ditar as regras. – Nevra a partir de hoje você é o líder da guarda da Sombra, a velha se aposentou.

   - Entendido.

   - Agora nos dêm licença, eu tenho que ter uma séria conversa com essa... Com ela. – para não causar ainda mais problemas ela se corrigia. Todos saiam sem recusar as ordens da raposa.

 

 

 

(...)

 

 

 

   Leiftan havia sido promovido a braço direito da Miiko, o trabalho era mais do que exaustivo, porém as recompensas eram satisfatórias. Mal havia amanhecido e ele já seguia para a sala do cristal, tinha uma reunião importante para fazer com Miiko.

   Assim que adentra a sala vê a raposa sentada em cima de seus pés enquanto Eclaire fazia um penteado no longo cabelo negro. Ele sorri imediatamente ao observar a cena.

   - Vocês realmente ficaram próximas.

   - Irmão Leif! – a pequena corria na direção do mais velho e o abraçava. – Bom dia.

   - Bom dia. – ele sorria tão largo quanto ela. – Miiko não tínhamos uma reunião para fazer?

   - Ah sim, é verdade. – ela se levantava e tirava a poeira da roupa. – Eclaire, você pode nos dar licença.

   - Claro. Vejo a irmã Miiko no almoço. – ela abraçava a kitsune e o lorialet para sair da sala saltitante.

   Ela seguia rumo ao jardim, imaginava que há tal hora Astaroth poderia a treinar como de costume. Não fora difícil de encontrá-lo, ele treinava alguns novatos a sombra do muro de Eel, Eclaire se junta a ele sem cerimônia.

   O almoço se aproximava quando o treinamento se dava por finalizado. Eclaire havia pegado um copo de água na cozinha e já voltava para o jardim a procura de alguém para fazer companhia. Na sombra da cerejeira ela encontra Valkyon.

   - Está zangado? – ela perguntava se inclinando sobre ele. Os cabelos loiros caiam em volta do faeliano deitado na grama.

   - Não. – a rispidez fazia parte de sua personalidade desde que a guarda da cruz se juntara a guarda de Eel.

   - Está sim. – ela ria. – Veja está até fazendo bico.

   - Não estou não! – ele abria os olhos para encarar a garota. Tentando mudar de assunto ele a analisa rapidamente. – Esta suada... Estava treinando?

   - Sim, Astaroth estava me ajudando com alguns golpes que ainda não sei muito bem. – ela sorria satisfeita enquanto se sentava ao lado do rapaz.

   - Você está aqui há quanto tempo?

   - Hm... Um ano, eu acho.

   - E ainda está treinando?

   - Sabe que eu não gosto disso, só faço porque Astaroth me pede. – Valkyon ria.

   - Sabe alguma coisa sobre a aliança com a guarda da Cruz?

   - O irmão Leif ia conversar com a irmã Miiko, imagino que seja sobre isso.

   - Dez meses e eles ainda não definiram nada? Tsc. – o faeliano estalava a língua enquanto cuspia as palavras. Odiava os humanos, no fundo ele desejava que aquela aliança não desse certo e que eles fossem embora, ou que eles simplesmente explodissem.

   - E você? Por que está bravinho?

   - Já disse que não estou bravinho! – uma veia pulsava em sua têmpora mostrando sua raiva.

   - Está fazendo bico de novo! – ela voltava a rir.

   - Tsc.

   - Os humanos estavam te importunando de novo? – ela tentava descobrir o motivo de qualquer jeito, não se importaria de ter que chutar todos os motivos, um a um.

   - Meio que isso... – ele desviava o olhar.

   - Sobre o que era dessa vez?

   - ...

   - Sabe que pode confiar em mim Valkyon.

   - Era sobre minha raça. – a garota apenas arqueia a sobrancelha mostrando desentendimento. – Você não entenderia...

   - Parando pra pensar você nunca me disse qual a sua raça... E qual é? – os olhos dela brilhavam imaginando as milhares de possibilidades.

   - Esse é o problema... Eu não sei qual é.

   - Oh... Mas por que isso é tão importante?

   - As pessoas te respeitam apenas por saber qual a sua raça! Sem raça, sem respeito.

   - As pessoas te respeitam por quem você é, não pelo que é.

   - Você não entende.

   - Eu também não sei qual a minha raça, e as pessoas me respeitam.

   - V-Você não sabe qual a sua raça? – ele arregala os olhos.

   - Não.

   - E não tem vontade de descobrir?

   - Não. Isso não vai mudar quem eu realmente sou.

   Valkyon fita as folhas da cerejeira balançando conforme o vento, se sentia um pouco idiota por pensar que sua raça o moldaria. Nunca tinha imaginado que tal informação era tão... Desnecessária.

   - Já está na hora do almoço, vamos nos juntar ao pessoal no refeitório. – ele apenas assente e passa a segui-la.

   Eles haviam virado grandes amigos, ela estava há apenas um ano e já conquistara completamente todo o QG. No refeitório o grupo de humanos que estava sentado com Nevra e Ezarel conversava sobre algumas raças, assim que Valkyon e Eclaire entram no lugar os humanos começam novamente a caçoar do faeliano.

   - Olha lá o sem raça de novo.

   - Fazer o que se não me disseram o que sou. – a garota ria chamando a atenção para si.

   - Você também não sabe de que raça é? – ela respondia negativamente.

   - Mas podíamos tentar descobrir. Hm... – ela fingia estar pensando. Logo em seguida abria um sorriso enorme. – Quem sabe eu não sou um elfo?

   - Vá sonhando! – o azulado sentado a mesa debochava.

   - Ah vai, só falta as roupas de flores e as orelhas pontudas. – Ezarel cuspia todo o hidromel que tomava e xingava a garota na sua língua nativa. – Ou eu posso ser uma ogra.

   - Você é bonitinha demais pra isso! – um dos humanos gritava, todos os demais caiam na gargalhada. Ela então fazia uma careta expondo os dentes e rosnava. Todos riam da imitação da garota.

   - E se eu fosse um vampiro?

   - E onde estão suas presas condessa? – Nevra inquiria divertindo-se com a cena.

   - Estão aqui! – ela mostrava os dentes para logo em seguida correr para o rumo do elfo e começar a dar leves mordidas em seu pescoço. Ele para completar a diversão soltava gritinhos agudos e “implorava” por piedade.

   Nem mesmo Valkyon pode deixar de rir com tamanha cena que a garota estava criando. No fundo ele admitia para si mesmo que a raça não era o mais importante, mas nunca diria isso em voz alta, ainda mais perto de Eclaire, era orgulhoso demais pra isso.

   - Ou quem sabe você não é uma lorialet? – Leiftan entrava no lugar dando sinais de sua presença. Os risos cessam com a surpresa.

   - Leif! – ela corria para abraçá-lo sorrindo o mais largo que conseguia. – Aí seriamos mesmo irmãos.

   - Assim que terminarem de comer vão para a sala do cristal, Miiko quer fazer um anúncio. – com ternura ele se despedia de sua “irmã caçula” e voltava para a sala do cristal.

   Não demorou muito para que o lugar ficasse lotado, estavam todos ansiosos para saber o que a líder da Reluzente iria dizer. Quando todos estavam presentes ela da inicio ao discurso, as informações eram passadas de modo rápido e prático. Agora oficialmente a guarda de Eel e a guarda da Cruz estavam trabalhando juntas, um dos membros havia passado para a guarda da Sombra e se casaria com outro membro.

   A noticia de um casamento se espalhou como veneno na água. No mesmo dia estavam todos sabendo que era Rosemary que iria se casar, e os humanos faziam questão de dar uma enorme festa para comemorar a união de duas pessoas e a união das guardas. Miiko havia dito que arrumaria a decoração e o lugar enquanto que os humanos arranjariam a comida e o entretenimento.

   Uma semana se passou e os preparativos estavam nos seus finalmentes. Eclaire procurava por Valkyon a pedido da raposa, porém ele parecia ter evaporado. Não o encontrava em lugar algum, e a raposa estava impaciente naquele dia. Por fim decidira entrar no banheiro masculino, era o único lugar que não o havia procurado ainda.

   - Eclaire?? – Ezarel gritava colocando suas mãos tampando suas partes íntimas.

    - Pelo Oráculo, o que você está fazendo aqui? – o vampiro tinha a mesma reação do elfo. Valkyon estava tomando banho com eles, e parecia ser o único a não se importar com isso.

   - Vocês agem como se eu não soubesse o que tem por debaixo das mãos de vocês. – ela gargalhava. – Valkyon, Miiko está a sua procura, eu sugiro que não demore.

   - Certo, eu já vou. – desligava o chuveiro e pegava a toalha para se secar, já imaginava a Kitsune impaciente já que a festa seria no dia seguinte.

   Ele se vestiu rapidamente e seguiu para a sala do cristal, lá a raposa deu o aviso de que o pessoal das guardas deveria dançar uma valsa em homenagem ao casal, e que ele deveria se preparar para isso. O animo que ele tinha para a festa fora de zero a negativo. Não gostava de lugares com muitas pessoas e ainda teria de dançar.

   Antes que pudesse sair da sala vira Eclaire entrar e começar a conversar com Miiko, elas se sentavam sobre os próprios pés e a loira começava a fazer e desfazer penteados na garota a sua frente. Parecia brincar com o cabelo e a kitsune parecia gostar.

   Valkyon passara o resto do dia fazendo pequenos trabalhos, mas sua cabeça estava sempre em outro lugar. Imaginava milhares maneiras de fugir durante a dança, e nenhuma era boa o suficiente. Pensou até mesmo em fingir estar doente. No fundo sabia que nada funcionaria, e quando a noite caiu sentiu o desespero tomar conta.

   Aquele desespero era tão grande que o sono se perdia. Quando se deu conta estava embaixo da cerejeira encarando as mechas de cabelo amarradas no galho.

   - O que está fazendo aqui? – Eclaire perguntava, estava surpresa de encontrar o faeliano acordado tão tarde da noite, ainda mais encontrá-lo debaixo da cerejeira fitando as mechas.

   - Estou sem sono.

   - Preocupado com algo? – ela se sentava ao lado dele.

   - Algo do tipo...

   Ela percebia que ele falaria, só precisava deixar ele confortável e dar espaço a ele. Sabia muito bem quando ele falaria algo e quando se calaria. Havia aprendido muito sobre ele no ano em que passara no QG.

   - Ainda me lembro de quando Ezarel e Nevra também colocaram as mechas de cabelo deles no galho. – ela puxava um assunto qualquer.

   - O mais difícil foi a do Nevra. – ambos riam.

   - Tivemos que fazer uma trança com mini pedaços de cabelo.

   - A cara dele quando cortamos o cabelo foi a melhor. – ele dava uma pausa e encarava as quatro mechas amarradas. – Amanhã teremos que dançar para o casal.

   - Sim, você foi o único que ficou fugindo do assunto e por isso foi avisado por último. – ela ria do constrangimento de Valkyon. – Mas qual o problema nisso? Vai dizer que não tem uma parceira!

   - O problema não é esse! – ele parava pra pensar nesse detalhe. – Bom... Tem isso também, mas o principal é que eu não sei dançar.

   - Isso eu posso te ensinar. – ela se levantava e esticava a mão para que ele a pegasse.

   Com calma ela explicava os movimentos e como deveriam se executados. Tinha toda a paciência do mundo para ajudá-lo. Ele começava desastrado e tropeçava nos próprios pés, porém conforme a prática avançava ele melhorava. Eclaire o tentava ensinar passos um pouco mais complicados para que não parecesse que ele aprendeu tudo de última hora.

   Ela passara a noite inteira o ensinando, havia progredido bastante e ela acreditava que ele saberia dançar a música inteira sem pisar no pé de sua parceira. Começava a amanhecer quando as aulas haviam acabado, Valkyon estava cansado, suado e apesar de tudo satisfeito por ter aprendido ao menos a não tropeçar durante a música.

   Eclaire por outro lado sentia uma pontada de desapontamento. Achava que ele a convidaria para ser seu par na festa, mas até agora nenhum convite, nem mesmo de forma indireta. Claro que a grande maioria do QG também estava mais preocupado em aprender a dançar para não pagar mico do que achar um parceiro, e pares era o que não lhe faltava. Ainda sim queria ir com ele, dançar com ele e poder ficar perto dele.

   Ele era o seu motivo pelo qual lutar, gostava dele, e sem saber se ele sentia o mesmo queria ao menos poder ficar ao seu lado. Ela solta um suspiro desapontado imaginando se não teria que aceitar os outros convites que recebera. Valkyon saia para tomar um banho e descansar antes da festa começar, contudo quando estava saindo ele para no meio do caminho e se vira para a loira a sua frente, abre a boca para falar e fecha logo em seguida ponderando suas palavras.

   - Ah... Eclaire? – ele a chamava sem jeito, o rubor em sua face era tão barulhenta quanto a canção dos polpatatas. – E-Eu queria saber... – ele engolia em seco, estava nervoso demais pra isso. Um guerreiro enorme que não tinha medo de morrer em batalha estava ali fraquejando ao fazer um convite para a festa para uma garota. – E-Eu queria saber... S-Se você q-quer vir a festa c-comigo...

   - Eu adoraria! – a faísca da esperança se ascende novamente.

   - Legal... Te vejo na frente do salão hoje a noite então. – ele ainda estava sem jeito algum ao falar com ela.

   - Tudo bem.

   Ele saia dali voando, sentia vontade de enfiar-se num buraco tamanha vergonha. Mas estava cansado demais pra isso, então seguia para o banheiro onde tomava uma rápida ducha e logo caia na cama. Não esperou nem um minuto e ele dormia tranquilamente.

   Enquanto isso Eclaire seguia sem rumo. Nos corredores ela se encontra com Rosemary, que começa a fazer várias perguntas.

   - Como assim você não sabe o que vestir?!

   - Eu não tenho outra roupa além dessa.

   - Então você vai passar o dia comigo. Vou te transformar numa princesa para hoje a noite.

   - Mas- ela fora interrompida pelo estalar de língua da mais velha, que ainda insistia que a levaria para fazer compras e balbuciava coisas sem sentido.

   Arrastando Eclaire, Rose a levava para a loja da madame Purriry, na loja a purreko lhe empilhava milhares de vestidos. Tinha que experimentar cada um, eram “ordens” de sua superior. Ambas que a esperavam do lado de fora do provador tinham sorrisos enormes estampados, Eclaire achava tudo desnecessário, mas mesmo assim se divertia com o entusiasmo das duas.

   Horas se passaram até que um foi escolhido, um presente da tia Rose, segundo ela, já que havia pagado por tudo. Quando saíram da loja, várias outras garotas iam a loja para experimentar roupas.

   A manhã e boa parte da tarde se passaram voando com a anja lhe arrastando de um lado para o outro a procura de suas coisas que haviam sido pegas “emprestadas” pelas garotas mais jovens que queriam impressionar o mais recente líder da Sombra. Sem contar pelo fato que Eclaire havia passado uma boa parte aprendendo a como andar naqueles malditos saltos.

   - Agora vamos tomar um banho para eu poder te arrumar, minha querida.

   - Isso tudo é mesmo necessário tia Rose? – ela perguntava a seguindo para o banheiro.

   - É claro que sim! Você tem que estar apresentável como todos.

   A conversa a partir daí tomou outro rumo e quando todos perceberam já era hora de ir para o salão que logo a festa começaria. Todos começavam a se dirigir para o salão, alguns esperavam seus pares para não entrarem sozinhos enquanto outros entravam com os amigos. Eclaire era uma das que estavam esperando seu par na porta do salão. Estava ansiosa, feliz e extremamente bonita.

   Valkyon que estava atrasado, como boa parte dos homens, por causa do nó da gravata, corria para o salão.

   - Maldita roupa que os humanos inventaram de nos fazer usar. – ele reclamava enquanto ainda ajustava a gravata ao pescoço. Aquela coisa o apertava e era desconfortável. Como conseguiam usar uma coisa daquelas?

   Porém tudo pareceu sumir no mesmo instante em que seus olhos se encontraram com a garota que estava a sua espera. Ela usava um vestido azul marinho escuro com detalhes em branco acima e abaixo do busto, os detalhes se repetiam na cintura para segurar o tecido chiffon branco que era aberto apenas na frente. No centro da abertura do tecido branco três cordas estavam penduradas com pedras no mesmo tom do vestido.

   Mangas estufadas e com duas ondulações tampavam um pouco de seus braços, o tecido também era chiffon branco. Em sua cabeça passando por sua testa uma tiara com pedras que a deixava ainda mais bonita. Diferente do de costume seu cabelo estava penteado e preso numa espécie de rabo de cavalo no alto da cabeça, sua franja estava bagunçada dando um aspecto mais natural ao seu rosto, e do lado duas mechas de cabelo perfeitamente onduladas caiam. Até mesmo a maquiagem que usava estava perfeita, o marrom delineava o canto dos olhos e um dourado leve no canto perto do nariz, a boca parecia ser de uma boneca de tão rosada que estava.

   Céus, aqueles olhos nunca ganharam tanta vida em todo o tempo que estivera com ela. O azul parecia brilhar na escuridão que estava o lugar, e a alegria que carregavam era vibrante. Pela primeira vez podia ver que seu corpo possuía curvas, o vestido as destacava bem, incluindo os seios. Eles não eram tão grandes como os de outras garotas da guarda, mas ainda sim ela estava linda. Cada detalhe a fazia perfeita.

   Assim que ela nota Valkyon a observando de longe ela sorri largo e suas bochechas tomam uma coloração rosada. O faeliano não sabia dizer por que de ela ter corado, mas sabia dizer que ele deveria estar mais vermelho que a calda de um Musarose a essa altura.

   - D-Desculpe a demora.

   - Tudo bem. – ela sorria gentil. Por fora ela parecia calma, apenas ansiosa para a festa, mas por dentro a felicidade lhe consumia como um veneno. Sentia seu coração bater forte contra o peito, seu corpo nunca havia cantado uma canção tão diferente.

   Estendendo-lhe o braço Valkyon a acompanhava para dentro do salão. Todos ficavam maravilhados com a decoração e com a quantidade de comida que havia ali. Poucos minutos se passaram até que se deu início a música para que a homenagem ao casal começasse. O primeiro casal a entrar na pista era Miiko e Leiftan, logo entrava Astaroth com sua esposa.

   - Temos que ir. – Valkyon sussurrava em seu ouvido, ela apenas assentia com a cabeça.

   Eles entraram na pista de dança junto com Ezarel e Nevra, que estavam acompanhados de duas garotas que Eclaire não conhecia. Sem esperar mais eles começavam a dançar. Valkyon conseguia manter o ritmo com mais facilidade que antes, apesar de ainda tomar cuidado para não pisar no pé da pobre Eclaire.

   Durante a dança ele a fitava o tempo todo, simplesmente não conseguia não olhar aqueles olhos azuis. Pareciam duas safiras brilhantes, isso o hipnotizava. Sempre que se pegava a encarando demais ele ruborizava e tentava olhar para algo ao redor. Eclaire não estava muito diferente, sentia o coração de Valkyon acelerar cada vez mais, e o seu o acompanhava, a música que ele emitia estava agitada e desconexa. O ritmo da música também aumentava gradativamente, mas os passos eram sempre lentos.

   Sequer haviam percebido quando o fim da música chegara. Estavam entretidos demais prestando atenção um no outro. Foram tirados de seus próprios devaneios quando Nevra arrastou Eclaire para apresentar a uma novata, provavelmente alguma outra garota que ele queria se atracar por ai. Com isso o faeliano fora pegar uma cerveja, durante alguns bons minutos não vira sua parceira.

   Já estava cogitando a ideia de ir embora quando percebeu uma cabeleira loira enorme saindo do salão. Ele sabia quem era, e sabia ainda mais que não era de seu feito sair sem avisar, ainda mais com tanta comida e diversão disponível. Decidiu segui-la para averiguar se tudo corria bem.

   - Já está saindo da festa? – ele perguntava para a garota que se sentava debaixo da cerejeira.

   - Eu tinha que recuperar minha força, se não amanhã estaria acabada. – ela sorria. Ele se sentava ao seu lado e deixava por uns minutos o silêncio tomar conta. Eclaire então solta uma risada satisfeita e mira sua face para cima, como se encarasse as estrelas.

   - O que foi?

   - Lua me dizia que quando eu morresse, eu viraria uma estrela. – uma pequena pausa nostálgica. – Sempre que ela dizia isso eu resmungava, achando mentira. Mas... Se fosse mesmo pra eu virar uma estrela eu gostaria de ser a mais brilhante de todas.

   - Por quê?

   - Porque assim você poderia me reconhecer de onde estivesse. – ambos coravam, sentiam a vontade um com o outro, mas a vergonha insistia em estar presente certas vezes.

   A conversa se estendeu pouco. Na verdade ela foi praticamente cortada no meio quando Valkyon simplesmente parou de falar e passou a observá-la. Ela mantinha sua cabeça virada para o céu, contudo quando ele se calou ela o mirou. O faeliano encarava aquele oceano imenso em seus olhos e se aproximava, devagar e sem nem mesmo piscar. Ele passava seus dedos na bochecha de Eclaire a fazendo corar ainda mais. Nenhum deles se atrevia a dizer nada. Ele então junta seus lábios nos dela calmamente.

   Ambos fechavam os olhos para aproveitar melhor o toque. Os lábios dela eram tão quentes, mesmo sem aprofundar o beijo ele podia sentir o leve gosto da sobremesa de morango que estava sendo servida na festa. E pelo oráculo, como aquela boca era macia, era viciante seu toque, seu calor.

   As mãos de Eclaire rodeavam o pescoço do que se inclinava para beijá-la, ele se apoiava na mão esquerda enquanto que a direita ia para a nuca, assim a mantendo perto. Ele passava a língua em seus lábios para aprofundar o beijo, e ela o recebia sem hesitação. Valkyon já não aguentava mais ficar naquela posição, então a inclinava conforme o beijo para deitá-la na grama e ficar sobre ela.

   Infelizmente para ambos o ar lhes fez falta e tiveram que se separar para respirar. E quando o fizeram o rosto de ambos estava mais do que vermelho.

   - E-Eu... – as palavras sumiam, não importava o que ele quisesse dizer, sempre que abria a boca elas não saiam, pareciam entalar em sua garganta. A confusão em sua cabeça só piora quando ela ri.

   - Foi bom... – ela balbucia depois de perceber que Valkyon estava travado. Ele assente com a cabeça e se deita ao lado dela.

   Para sua surpresa ela se ajeita em seu peito e volta a falar das estrelas. A essa altura o faeliano tacava um grande foda-se pra tudo, principalmente para a vergonha e a rodeava com seus braços, como se quisesse protegê-la de algo.

   - Mas sabe... – ele começava. – Você já é mais brilhante do que uma estrela.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Espero que não tenha muitos erros e-e
Ah sim, caso queiram ter uma ideia melhor de como é o vestido da Eclaire está aqui o link com a roupa:
https://br.pinterest.com/pin/428193877056839642/
ou:
https://i.pinimg.com/236x/12/58/b0/1258b01c5a77afe222395749826187d5--anime-outfits-queen-of.jpg
Qualquer problema com a imagem me avisem!
Enfim, vejo vocês no próximo capitulo! o/



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