Born to be free escrita por hidechan


Capítulo 1
Capítulo 1: Love Hurts


Notas iniciais do capítulo

Yay! Depois de ficar em hiato por uma c**** de tempo, finalmente estou de volta! Espero que gostem dessa fic nova s2.

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Daiki destrancou o apartamento a muito custo, foi difícil segurar Taiga com uma das mãos e separar a chave dos cartões de crédito e cigarros com a outra no bolso apertado da jaqueta de couro.

— Hey, você está bem? _fechou a porta com um leve chute _consegue tirar os sapatos?

— Uhum... _Taiga respirou fundo descalçando o Allstar preto lentamente.

— Ótimo, se não faço isso, o Ryo fica louco _comentou para o nada _deita ai _ordenou ainda auxiliando o mesmo_ vou trazer uma coberta pra você.

O ruivo se jogou no sofá macio e virou para o lado, estava bêbado e praticamente apagou no carro. Daiki voltou do quarto com uma coberta nas mãos e jogou sobre ele, rezou para que o mesmo não passasse mal no carpete ou se meteria em sérios problemas mais tarde. Refletiu um segundo ou dois antes de resolver confiar em sua sorte.

— Durma um pouco _bagunçou seus cabelos e sorriu ao perceber que ele jamais o ouviria naquele estado _boa noite, Taiga _disse com a voz rouca, embargada num desejo que não seria atendido pelo menos naquela madrugada. Respirou fundo.

O moreno entrou no banheiro para uma ducha, seu corpo estava pesado sentindo dores em muitos pontos denunciando que um homem de quase 30 anos já não tinha a mesma vitalidade de antes – na época da faculdade voltar às cinco da manhã não significava nada. Voltou a sorrir, pelo menos tinha conhecido uma pessoa legal; Kagami Taiga era inteligente e muito bonito, dançaram juntos a noite toda e ainda tiveram tempo para conversar sobre algumas coisas antes do ruivo se entregar à tequila. Não fora culpa dele, só perdera o desafio.

Ficaram juntos por quatro horas e já pode conhecer seu lado competitivo. Não tinha como não gostar dele.

A água fria fez sua vontade de transar diminuir, infelizmente tinha apostado muito alto e acabou se dando mal. Além de não conseguir levá-lo para um motel ainda o trouxe para casa – muito errado – olhou de canto a aliança prateada na mão direita, o metal largo e bem polido brilhou com a luz artificial. Pois bem, o que dizer ao loiro quando acordasse e visse alguém dormindo em seu sofá de Jacquard azul?

Aomine Daiki e Ryota Kise mantinham um relacionamento de quase 12 anos, começaram como curiosidade no colegial com muitas brigas e confusos com a própria sexualidade. No começo Kise pouco se importava com relacionamentos, apenas queria brincar com o máximo de meninas ao seu redor sem se importar com os sentimentos de ninguém; nem os seus próprios. Após conhecer Daiki e entrar no clube de basquete finalmente teve um alguém para se importar e isso deu a ele uma visão diferente de seu mundo fechado. O menino de 16 anos, que não tinha nada agora ganhara um amigo, um amante, uma família ainda que muito imatura.

Seguiram em frente vivendo num conto de fadas até a formatura, foram morar juntos sempre na desculpa de poupar dinheiro (eles precisavam de uma na época) e embriagados pela vida fácil que levavam quando um estava perto do outro, depois de mais baixos do que altos não puderam mais simplesmente se separar. Muitas coisas aconteceram naqueles longos anos, uma história de vida sólida com tragédias e conquistas; sinceramente Aomine não saberia como lidar se um dia viesse a perder o companheiro. Seria isso apenas comodismo? Entretanto, antes de começar a divagar sobre sua própria vida voltou a atenção para o bêbado em sua sala. Era um relacionamento, sim, mas totalmente aberto. Começaram como todo casal: tradicional e fiel à cultura monogâmica. Na metade da faculdade ocorreu um fato curioso que veio mudar totalmente a vida dos amantes. Kuroko Tetsuya, o pivô de uma das muitas discussões entre eles, reapareceu com seu sorriso discreto e palavras gentis reacendendo a paixão que Aomine nutria pelo menor no colegial; Kise por sua vez confessou em meio a uma tempestade de sentimentos que seu desejo era pelo menos uma vez cair nos braços daquele que foi seu ídolo e assim, começando por um caminho torto, eles aprenderam que nem sempre o comum era o melhor.

Depois de provar sexo e sentimentos tão diferentes, o moreno percebeu que era cedo demais para acreditar que não possuía as tais asas da liberdade. Propôs ao namorado que começassem devagar, escolhendo os parceiros que mais lhe atraiam, um beijo ou um oral, um olhar sedutor ou uma transa rápida nos fundos de qualquer balada e assim, quase seis anos depois de tal acordo já não havia meios de voltar para os primórdios do namoro. Regras sempre seriam necessárias, óbvio, e levar (o)s parceir(o)s para dentro de casa era uma delas.

Teria que se desculpar depois, se desculpar terrivelmente afinal Aomine não era capaz de magoar Kise (muito menos de propósito) e sabia que o menor ficaria arrasado ao ver que o namorado trouxera alguém para finalizar a noite em sua própria cama.

— My bad..._se secou rapidamente e dirigiu ao quarto, abriu a porta lentamente afim de não acorda-lo.

— Daikicchi? _Kise resmungou ainda sonolento.

— Desculpa _deitou ao seu lado o abraçando _ainda é cedo, durma.

O loiro se aconchegou adormecendo em seguida, ao contrário do moreno que continuou acordado olhando para a escuridão do quarto. Podia sentir o perfume cítrico vindo dos cabelos macios, amava abraçá-lo e sentir o calor de seu corpo.

— Amo você _murmurou sabendo que iria acordá-lo se continuasse, apesar do banho frio tê-lo acalmado voltou a se excitar quando sentiu a pele macia roçando na sua. Tinha tomado meio comprimido de doce no final da balada e o efeito ainda presente não iria deixá-lo em paz tão cedo.

Os movimentos nada sutis fizeram Kise despertar e antes de entender o que estava acontecendo, sua ereção já doía por debaixo da boxer branca. Afastou para que fosse despido, Aomine não seria bruto ao ponto de penetrá-lo sem preparo algum então optou apenas pelo toque.

— Hum... que delícia _resmungou ainda pendendo para o sono, simplesmente se entregou a Daiki ajeitando-se melhor para que o moreno aproveitasse o sumata.

O moreno gemeu baixo ao sentir seu pênis ser pressionado pelas coxas quentes do loiro, mordeu sua nuca começando com os movimentos agora quase brutos. Não iria esperar nenhum segundo a mais para se aliviar – estava cansado e queria dormir – fechou as mãos em torno da cintura fina de Kise deixando marcas ao redor.

— Ah...! Isso, que tesão _murmurou, se não fosse pelo cheiro tão característico de seu namorado, poderia imaginar facilmente que estava transando com o ruivo que acabara de conhecer. Sua sanidade, ou o que restava dela, porém não deixaria dar mais aquela mancada em sua noite, então apenas resolveu se calar e finalizar.

E daí que existiam sete bilhões de pessoas no mundo? Mesmo que o moreno resolvesse que não deixaria esse fato passar em branco por sua existência, Kise ainda seria único.

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O sol queimou sua retina ao abrir os olhos, Taiga xingou baixinho.

— Cacete... nossa _olhou a sala desfocada , onde estava mesmo? Se sentou no sofá macio e olhou para a tv a sua frente, viu também um aparador azul e a janela sem cortinas.

— Bom dia _Aomine o cumprimentou trazendo uma xícara de café do cômodo ao lado, reparou então que era uma cozinha americana_ sente-se bem?

— Uhum, obrigado _sua voz saiu rouca, melhoraria após um gole daquele café maravilhoso_ foi mal, dormi no seu carro não é?

— Sim _riu aproveitando para se sentar também _mas não tem problema.

— ...seu apartamento é legal _comentou após alguns segundos de silencio. O clima parecia bem mais leve na balada, agora se sentia um pouco intruso e de repente Daiki poderia estar sendo apenas bem educado esperando ansiosamente que o outro fosse embora.  

— Gosto de morar aqui _bocejou _ei me dá um pouco disso ai _tirou a xícara de suas mãos roubando junto um beijo _hum, que delicia _murmurou com a voz macia.

— Ah... _sua breve paranoia foi embora.

O ruivo passou o braço em volta de seu pescoço enquanto Daiki apoiava a xícara de porcelana sobre a mesinha de centro, no ato reparou que o mesmo usava uma larga aliança de prata. Se afastou.

— Você namora? _perguntou de súbito assustando o moreno.

— Hum? Ah... _ergueu a mão _sim?

— Filho da puta! _estalou a língua no céu da boca _com-

— Calma, calma. Não é assim! O Ry- O Kise sabe, temos um relacionamento aberto _disse o mais rápido que pode _juro que não estou fazendo nada de errado e eu te falei isso ontem a noite.

— Oi? Que merda está me dizendo? Quer dizer... _fechou os olhos por um segundo, a dor de cabeça agora aparecia de mansinho _lógico que não é da minha conta, ainda assim se eu soubesse antes com certeza não estaria aqui agora.

                Daiki respirou fundo.

— Nunca ouviu falar? Existem muitos casais assim hoje em dia, mas vou entender se você quiser me dizer alguma coisa afinal estava bêbado quando tocamos no assunto. Foi no meio dos shots de tequila e limões com sal _viu uma careta cômica se formar no rosto do outro.  

— ...bom, não é sua culpa _disse um pouco envergonhado _...minha ressaca não está me deixando pensar na verdade.

Foi compreendido com um aceno.

— Fez a mesma pergunta quando viu a aliança, teve a mesma reação de me afastar. Gosto da sua honestidade.

— Cl-claro! Traição está fora de cogitação _fez um gesto exagerado com as mãos _definitivamente.

Não teve tempo de concluir sua linha de raciocínio, alguém logo apareceu na sala arrumando os cabelos de forma preguiçosa. O homem vinha distraído sem olhar direito para frente, Taiga sentiu o moreno prender a respiração rapidamente antes de se levantar.

— Bom di-dia _gaguejou ao ver uma pessoa estranha sentada no sofá. Parou no batente da porta sentindo a cor de seu rosto mudar para o vermelho sangue.

— Esse é meu namorado, Kise. Kise, esse é Taiga _deu a volta no sofá para dar um selinho no mesmo.

Kise o cumprimentou de longe deixando o silêncio constrangedor reinar em seguida.  

— De qualquer... _disse ainda olhando para Kise _de qualquer forma preciso ir agora. Obrigado por me deixar dormir aqui.

— Acontece. Não entre mais em nenhuma competição por bebida... você é ruim demais _o alfinetou ganhando sobrancelhas franzidas e um grunhido e insatisfação. 

— ...besta _se levantou agradecendo o café com um gesto simples _até mais, foi um prazer conhecê-lo. Desculpe pelo incomodo _acenou para o loiro sem saber como reagir ao olhar parado do mesmo.

— Eu te levo. Amor, já volto ok? Vou deixá-lo na estação e volto para fazer panquecas _disse travesso alcançando a chave do carro em cima do aparador. Kise apena desapareceu pelo corredor como um fantasma.  

Eles saíram em direção ao elevador, o clima estranho fez Taiga desejar estar de carro e não precisar depender daquela carona. Olhou de canto para Daiki sem saber o que dizer, tinha sido uma noite tão legal, se deram infinitamente bem e agora isso? Quer dizer... quantas pessoas no mundo levam outras para casa sendo que o namorado estava dormindo no quarto? Quis morrer ao saber daquele detalhe – bosta de tequila – jamais pegaria o moreno.

— Está divagando ai, Bakagami? _o abraçou afagando seus cabelos.

— Nã-não é nada _disse com a voz abafada _acho que deixei seu namorado um pouco... bravo?

Daiki pensou por um segundo antes de responder.

— Sim, deixou. Mas não foi você, fui eu... não está no nosso trato levar pessoas para casa.

— My bad! Foi por que eu capotei no seu carro, não?

— ... _concordou balançando a cabeça positivamente _não tem problema. Eu quis te levar em casa, poderia ter ido a um motel ou coisa parecida _disse a esmo viajando um pouco em alguma coisa que Taiga não fazia ideia do que seria_ enfim, curti a nossa noite juntos.

O elevador desceu 17 andares até a garagem, foi o abraço mais longo de sua vida, pensou Taiga,  Daiki desligou o alarme de sua BMW dando uma rápida conferida no retrovisor antes de abrir a porta.

Era um pouco infantil, claro, mas o ruivo não pode deixar de babar por um segundo na X6 azul estacionada. Seus olhos brilharam ao abrir a porta do passageiro – com muito esforço uma vez que era blindada e muito mais pesada do que o normal – e encarar o interior luxuoso revestido por couro bege e aroma de carro novo.

— Sua blusa ficou aqui _pescou a peça de roupa no banco traseiro _te deixo onde, Tiger?

— Uh? Ah pode me deixar na estação mesmo.

— Fechou... _respondeu com falsa atenção manobrando o carro em direção à saída.

Taiga não havia reparado – e nem tinha condições – mas estavam num bairro luxuoso perto da capital. O prédio de 23 andares ficava para trás rapidamente e ao seu lado apenas um borrão de cores vibrantes. Ginza era realmente sensacional vista daquele ângulo, sentiu que queria sorrir e o fez chamando a atenção do outro.

— Feliz? _o pegou de surpresa com a pergunta simples.

— Ah... gosto de luzes _tentou se explicar _onde moro é mais afastado então... quer dizer, tem luzes mas...

O embaraço fez Daiki rir.

— Onde mora?

— Aqui do lado em Saitama _diminuiu o tom de voz, morava no subúrbio de Tóquio, bem diferente de Ginza e isso aumentou seu desconforto.

— Legal! _parou ao lado da estação _quero que volte com cuidado, mas antes... hey, olhe pra mim _segurou seu queixo de modo autoritário _ quero um beijo.

E como dizer não? O toque macio dos lábios fez com que ambos perdessem a noção do espaço/tempo. O contato quase fez com que Aomine se esquecesse das panquecas, do apartamento e do próprio Kise que ainda deveria estar infinitamente chateado.

Desde que se conheceram, Taiga o deixava fora de si por nenhum motivo aparente, era como se de repente tivesse encontrado um velho amigo e tinham muito a contar um ao outro.

— Vamos nos encontrar novamente _murmurou _dessa vez com menos tequila.

— Quem sabe... agora tenho que ir. Mesmo.

— ...tudo bem _seu tom de voz denunciou sua decepção _me avise quando chegar em casa.

Taiga não soube o que responder, apenas abriu um sorriso e desceu do veiculo. Fez questão de olhar para trás só para reafirmar que tinha realmente amado conhecê-lo. Daiki fez todo o caminho de volta com o coração acelerado.

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O apartamento continuava no absoluto silencio quando Daiki chegou, esperava encontrar Kise no sofá com um café nas mãos e a tv ligada em algum de seus programas preferidos, porém ele ainda estava deitado provavelmente esperando seu pedido de desculpas.

Desde que começaram com o relacionamento aberto muitas brigas aconteceram, no começo foi bem difícil para Daiki e toda vez que o moreno fazia cagada tinha que pensar em como pedir desculpas de forma apropriada ou o menor ficaria naquele modo irritante por eras. Ainda assim, separação jamais passou por sua cabeça. Era engraçado pensar em como Ryota Kise era importante e ao mesmo tempo o deixava de lado sempre que tinha vontade; algo confuso quase sem explicação. Não era corriqueiro magoá-lo, aliás fazia tempo que não passava por aquela situação horrível... sentia a garganta secar e toda a magia de Kagami Taiga agora não lhe trazia nada daquele coração acelerado. Por que infernos fora levá-lo ao apartamento mesmo? Tacou um foda-se tão grande na hora por nada.

Respirou fundo antes de entrar no quarto, precisava parar de enrolar, o encontrou sentado com o tablet nas mãos e fone de ouvido.

— Ryo? _o chamou de mansinho _oi amor, me desculpe por hoje... _o loiro retirou os fones, seu rosto era inegavelmente triste _não fizemos nada aqui, só... que ele bebeu demais e não queria deixá-lo na mão. Foi minha culpa afinal.

— Foi você mesmo quem criou essa regra _murmurou _se a quebra assim como vou confiar da próxima vez?

O moreno refletiu. Preferiu dar o braço a torcer por hora.

— Tem toda razão, a base da nossa relação é exatamente a confiança, tem... toda razão. Sou um idiota, me perdoa.

— E como não te perdoaria...? _afagou sua nuca com leveza _tão orgulhoso, me pergunto onde foi parar aquele Aomine Daiki que conheci no fundamental.

— Ah cala boca! _o derrubou no colchão prendendo suas pernas _venho todo preocupado, fala sério.

Arrancou do menor uma gargalhada audível. Amava aquele som e foi um dos motivos pelo qual se apaixonou por Ryota Kise.  

— Fiquei mesmo chateado! _não precisava nem dizer, seus olhos disseram por si a minutos atrás e foi isso que preocupou Daiki _ mas passou, sabe que se vier pedir desculpas sinceras sempre vou aceitá-las... sabe que é a pessoa que amo _sua voz diminuiu e as lágrimas brotaram pequenas nos cantos dos olhos.

O abraço durou muito mais do que 17 andares, Daiki sabia que tinha o deixado frustrado e que estava apenas dando o melhor de si para não arruinar a relação entre eles. Kise era sua família e seria eternamente responsável por cativá-lo daquela maneira. Beijou a lateral de seu pescoço ganhando um aperto suave nas costas, sentiu seus lábios tocarem na cicatriz pequena. Não podia deixar Kise sozinho jamais.

— Amo você _resmungou agora com malícia levando seus dedos para a parte interna das roupas do loiro _te quero por inteiro.

— Daikicchi... _o chamou com um ofego.

— Você é meu.

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Não conseguiu tirar o maldito ruivo de seus pensamentos nem mesmo por um segundo ao decorrer do dia, depois de ter transado com Kise e do mesmo ter adormecido, voltou a desejar os lábios quentes e o beijo agressivo de Kagami Taiga. Sua mente só podia estar lhe pregando uma peça, em seis anos de relação aberta nunca ficou com aquele arrependimento de não ter finalizado antes de deixá-lo ir embora. Era só mais uma transa, quantas vezes tinha largado sua companhia na mão por preferir simplesmente voltar pra casa?

                Mas não era apenas mais um caso.

Ele sabia que alguma coisa tinha revirado dentro de si, como uma sombra que vem de mansinho tirando a luz da qual está acostumado. Algo naquela pessoa apagou de leve o brilho que mantinha nos olhos ao ver Kise; estaria Aomine errando ao insistir naquele assunto? Apesar de talvez nunca mais voltar a ficar somente com o namorado, como um casal tradicional, teria ele suporte emocional o suficiente para mudar totalmente o rumo de sua vida? As perguntas precoces foram logo esquecidas, ele podia até ter amadurecido muito ao chegar naquela idade ainda assim sua personalidade preguiçosa e tranquila não o deixaria pensar de mais e entrar em parafusos nunca. Daria um jeito quando chegasse a hora.

Checou o Iphone mais uma vez, nada de Taiga lhe avisar que tinha chego bem, talvez ele só tivesse esquecido ou estava jogando consigo. Resolveu ser legal apenas dessa vez.

“Chegou bem?”

Visualizou a mensagem por alguns instantes; regra número dois: não se importar em demasiado com a companhia na situação que fosse.

Ele tinha ditado isso por puro ciúme, inúmeras vezes pegara seu celular com dúzias de mensagens com perguntas e mais perguntas, se Kise estava bem e o caralho que fosse. Odiava ver que ele as respondia com infinita atenção; no fundo tinha medo que algumas delas prendessem tanto sua atenção que se transformasse em obcessão ou em pior das hipóteses alguém querendo lhe fazer mal então bateu o martelo dizendo que eles se preocupariam somente o necessário. Era um ato mais ou menos possessivo e mais ou menos protetor.

— ...é, só dessa vez _prometeu para si mesmo largando o aparelho em seguida, se o ruivo não lhe respondesse então desistiria de procurá-lo.

— ... o que está fazendo? _se aproximou já estendendo o braço, Aomine entrelaçou seus dedos.

— Nada, só vim matar um tempinho na sala enquanto você não acordava. Quer fazer alguma coisa hoje?

— Sair para jantar? _olhou para a janela vendo o sol se por lentamente, tinham passado o dia na cama literalmente.

— Claro...

O beijo agradável relaxou Aomine ao ponto de fechar os olhos e ficar apenas sentindo o carinho bom em seus cabelos. Kise acariciou sua nuca, os dedos finos não lembravam em nada Taiga, porém o toque era o mesmo que recebera durante boa parte da noite enquanto conversavam sobre qualquer coisa na área para fumantes; desejou que o tempo voltasse e em seus lábios um pequeno sorriso.

Ao abrir os olhos se deparou com o par de topázios amarelos e um misto de decepção e culpa se formou. Odiou a si mesmo sentindo uma gosma descer em seu âmago, que merda estava desejando?!

— Daikicchi! _mordeu o lábio ao sentir o toque sobre a cicatriz de seu pescoço e ombro _n-não faça isso... _os dentes cravaram a pele macia e a língua acariciou logo em seguida no mesmo local, Kise choramingou tentando se afastar inutilmente _pare por favor!

— Shhhh... não fique com medo, sou eu. Olhe pra mim meu amor... não, não chore.

Não estava chorando, mas Daiki sabia que iria se continuasse.

— Não sinta vergonha, são suas medalhas de guerra... iguais as minhas.

— Isso não tem graça _disse em bom tom conseguindo finalmente se soltar de forma um pouco bruta _sabe que..! Que ... _perdeu a coragem baixando a voz novamente _ nada _murmurou.  

— ...me desculpe. Não quis te deixar irritado _balançou a cabeça _vou tomar uma ducha e te levo onde quiser ok?

Kise não teve tempo de responder, Aomine aproveitou a deixa para sumir pelo corredor, não estava sendo um bom dia afinal. Entrou no banheiro esperando esfriar a cabeça. Por que foi tocar naquele assunto idiota? O clima já não estava bom e conseguiu piorá-lo. Estava irritado por causa do ruivo – por causa de si mesmo na verdade – e de alguma forma acabou descontando no namorado. Toda vez que se sentia acuado com alguma coisa descontava sua raiva em qualquer pessoa que estava ao redor e em 90% das vezes quem estava com ele era o loiro. Ryota Kise conheceu esse lado no fundamental quando o basquete quase acabou com sua vida; o aceitou jurando que salvaria aquela pessoa e conseguiu. Hoje já não era um incomodo tão grande ser seu descarrego de stress apesar de ainda se sentir horrível todas as vezes que isso acontece. Infelizmente muitas coisas entre eles aconteceram e cada um só pode se desculpar por ser assim, eles não puderam escolher os fatos do passado afinal.

Assim que tirou a camiseta o Iphone brilhou por debaixo da toalha de banho, Taiga havia lhe respondido e as poucas palavras foram o suficiente para tirar todo o peso que sentia sobre os ombros de uma vez só. Sorriu.

— Vamos nos encontrar amanhã? Aposto que jogo basquete melhor do que você _mandou um áudio sentindo a voz vibrar de ansiedade. 

Não teve que esperar muito e logo a ducha rápida se transformou numa banho de espuma.

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Amor a primeira vista é apenas uma história contada exaustivamente até que se torne verdade ou podemos explicar cientificamente? Talvez a base genética ou uma ativação de neurotransmissores feita com sucesso explique o que Aomine sentia naquele exato momento, ainda assim custava a acreditar que estava acontecendo; mesmo com todos os sintomas. Mesmo com o coração palpitando e sorriso besta nos lábios.

Já fazia mais de meia hora que estava a tagarelar naquele celular, conversaram sobre o clima, música, esportes, iguarias e ainda teriam muito mais se a realidade não batesse em sua porta com tanta insistência: o banho estava ficando gelado e ainda tinha um compromisso. Alcançou a toalha felpuda na beirada do Box e se secou rapidamente, voltou para o quarto olhando de canto para o companheiro que havia adormecido enquanto esperava o mesmo para usar o banheiro.

— Sorte _murmurou largando o celular sobre a escrivaninha, se vestiu rapidamente e deitou ao seu lado para acordá-lo _se arrume, estou com fome _disse em seu ouvido.

— Hum... uhum _mordeu o lábio contendo um bocejo _demorou.

— Resolvi usar a banheira.

Kise se levantou olhando ao redor, um pouco perdido e tonto de sono.

— Quer ficar em casa?

— Não... já vou me trocar.

— Quer um beijo?

Sorriram, o menor aceitou o selinho e despertando por completo.

— Já volto.

Foi a deixa para voltar ao celular, onde tinham parado mesmo?

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