Born to be free escrita por hidechan


Capítulo 2
Cap II: Free to love


Notas iniciais do capítulo

Hey cap 2 s2 Obrigada para quem está lendo o/

E não se esqueçam: me sigam na minha pag no face o e no tumblr também.

— https://www.facebook.com/rainbowdropskah/

— http://kahs2hide.tumblr.com/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/738275/chapter/2

— N-não Ryo, me desculpe... hoje tenho um compromisso _beijou o topo de sua cabeça antes de pegar uma das panquecas doce sobre o prato.

— Vai ao quartel? _lhe ofereceu mel, aproveitou para lamber a colher quando terminou de servir o namorado.

— Hum, depois. Primeiro vou encontrar com uma pessoa.

                Regra número três: nunca dar informações pela metade.

— Vou encontrar Kagami Taiga _se rendeu _vamos só... dar um passeio, tenho que treinar pesado hoje. Vai sair?

— Não _respondeu murcho, já lavando os pratos _...pode me trazer uma torta de frutas? Se você se lembrar.

— Claro! _o abraçou de surpresa fazendo o mesmo soltar a esponja, a espuma se espalhou pelo avental gelando a barriga de Kise_ amanhã é um grande dia. Não me esqueci.

— Hum, vou ficar em casa para descansar.

— Descanse bem meu amor.

O beijo doce foi a última coisa que Daiki faria antes de sair correndo para a quadra de basquete duas ruas acima de casa e encontrar Taiga, assim que seus pés tocaram o chão liso Kise ficou esquecido em qualquer lugar da sua mente: estava ansioso para reencontrar o ruivo, saberia de vez se alguma coisa estava mesmo acontecendo consigo ou se era apenas sua imaginação. Durante todo o trajeto ficou apenas a pensar como seria seu dia (fez mil planos sem que fosse realmente concretizar algum deles, mas estava valendo).  Era como se apaixonar pela primeira vez, coisas bobas de casal e o sentimento de formigamento que dava em seu corpo toda vez que pensava na outra pessoa. Ainda assim não era amor, não conseguia organizar as coisas em sua mente.

Quicou a bola várias vezes e arremessou fazendo as correntes balançarem, sempre que podia jogava com o namorado, mas hoje era diferente. Estava com um inimigo a altura – talvez – poderia voltar a ser o monstro que fora no colegial.

— Oe!

O timbre forte trouxe arrepios e da mesma forma que chegou, passou levando o ar a sua volta.

— Pronto para perder? _Aomine só arremessou, não precisou nem mesmo olhar para a cesta, e marcou três pontos _já abri vantagem. E agora?

— Ok, é pra ser sem vaselina? Então beleza.

O jogo durou a tarde toda, Aomine venceu com uma pequena diferença fechando uma revanche. Eles recostaram na grade fria para recuperarem o fôlego enquanto debatiam sobre alguns jogos do passado. Se Aomine tivesse continuado a jogar no segundo ano com certeza teria conhecido aquele homem antes, teria sido derrotado e sua vida enfim não seria a mesma.

No fundamental seu time de basquete era bom, Ryota participara assim como outros integrantes talentosos sendo reconhecidos como a Geração dos Milagres. Mesmo com as habilidades de cada um, Daiki sempre se destacou entre eles e depois de muitos campeonatos os outros times simplesmente desistiram de competir contra sua equipe. Foi muito pior do que aparentava, a vontade de jogar fora massacrada por seu próprio brilhantismo, aos poucos se afundou num mundo fechado, sem vontade de jogar o esporte que tanto amava e perdendo totalmente a base de uma de suas maiores felicidades. Se lembra que na época quase perdeu a amizade de Kise e dos outros por sua arrogância; deixou o time de lado no colegial indo estudar numa escola totalmente desconhecida perdendo o contado do mundo. Se não fosse o loiro a lhe procurar de forma insistente talvez hoje nem estivesse mais no Japão – não era seu país preferido afinal – felizmente o jeito meigo e a paciência foram fatores que ajudaram o moreno a amadurecer.

No começo sua raiva era canalizada totalmente para as pessoas ao redor, não fez um único amigo em sua sala de aula no primeiro ano. Brigava sem motivos, se isolava e não permitia nenhum contato inclusive de Satsuki (sua amiga de infância que acabou indo para a mesma escola que ele). Ao passar do tempo, Kise acabou conseguindo com que o moreno ficasse um pouco mais sociável já que o mesmo era muito popular por seu trabalho como modelo, porém ainda havia o problema da raiva e o menor era sua vítima constante do descontrole. Passara a ser maltratado o tempo todo muitas vezes por nada, apenas por estar lá.

Demorou muito para Daiki crescer e admitir que estava sendo imaturo, seus sentimentos por Kise aumentavam dia após dia e ainda assim não era capaz de se libertar de seus fantasmas. Acabou por entrar no time de basquete do colegial, mas saiu novamente vendo que fora um passo em falso para sua recuperação. Se sentira perdido, muito mais do que já estivera, e se não fosse Ryota Kise sempre ali – mesmo sendo alvo de sua raiva – hoje seria um homem totalmente apático. Estar ou não na mesma escola não impediu Kise de salvar a pessoa que amava, Aomine ainda se lembrava perfeitamente do menor no portão da Toou com seu almoço nas mãos e o sorriso enorme. Aquele gesto fora recusado na primeira vez deixando-o plantado na calçada esperando até o final do intervalo para enfim desistir e voltar os 50 minutos até a Kaijo; o arrependimento veio, claro, ainda assim não fora capaz de se desculpar. Era tão imaturo! Tão idiota, prepotente, via o esforço de Ryota como algo nojento mesmo que no fundo seu coração pulasse com vontade dentro do peito estufado de orgulho. 

Não se arrependia de nada, mas ficou a refletir sobre a possibilidade de ter sido derrotado no colegial e mudando sua personalidade um pouco antes – quem sabe não entraria para o time nacional? Continuaria com o basquete, ficaria famoso.

Riu de sua própria bobagem.  

— O basquete não deu certo pra mim _confessou Taiga _tentei por um bom tempo, mas... tive que ganhar dinheiro de alguma forma. Bom... _se espreguiçou _acredito que tenha sido melhor assim.

— Quem sabe _deu os ombros, Aomine fitou o céu límpido e logo se deu conta de que já estava atrasado.

— Foi um bom jogo, vou te vencer da próxima vez. Com certeza—frisou a ultima frase arrancando um olhar severo do outro.

— Nunca. Vai cheirar o chão da quadra de novo e de novo! Mas agora tenho que ir _disse já se levantando e pegando sua mochila do chão.

— Ok... _o observou sem grandes expectativas, ficou ali parado pensando em nada de importante.

— Você não vem?

                Taiga sorriu.

— Não, vou ficar mais um pouco _apontou para o horizonte _gosto do por do sol e em breve ele vai sumir por aqueles prédios, será uma vista espetacular.

— ...como sabe que será ali?

— Aprendi com o passar do tempo, já assisti muito deles. Mas é um pouco de intuição também.

Aomine queria se sentar e ficar, Taiga o tragava para dentro de seu mundo a todo o momento e tudo nele parecia gritar ‘liberdade’. Essa ideia poderia até parecer clichê, muitas pessoas se diziam livres e se inspiravam nesse conceito para basearem sua vida, porém a realidade é que elas apenas davam passos em direções certas com total segurança; isso era realmente ser livre? Ações programas prevenindo erros, planejamentos... tudo isso parecia ficar sem sentido na visão de mundo do ruivo. Ele simplesmente andava e andava, as vezes para frente, as vezes alguns passos para trás, tudo ao som de Nirvana – talvez de Avicci ou quem sabe até mesmo Mozzart – o que importava sempre era seu bem estar. Não existiam medos, os erros eram todos aceitos e reparados.

E ainda tinha aquele sorriso lindo no rosto, com os caninos branquinhos aparecendo.

— E-eu sei olhar as horas mais ou menos _apontou para o nada acima de si.

— E sabe, por exemplo, que está atrasado?

— ...como?

                Taiga deu os ombros e se acomodou melhor na grade.

— Até uma próxima vez, Aomine! E pode ter certeza que você é quem vai cheirar o chão da quadra.

— Bastardo _resmungou.

Partiu para seu treino, não antes de arrancar um beijo voraz como se quisesse dizer “você não vai escapar de mim tão cedo, Taiga!” e mesmo não tendo certeza do que aconteceria foi embora com mil borboletas no estômago. Toda vez que se encontravam tinha a sensação que seria a última e mesmo assim deixava assuntos pendentes, o ritual que seguia com seus casos extraconjugais não fora o mesmo com o ruivo: o levara para casa, o procurara sem pensar duas vezes e o pior, ainda não tinha nem ao menos transado. Seu intimo gritava pelo corpo de Kagami Taiga, seus lábios tremiam todas as vezes que pensava onde poderiam estar tocando naquele exato momento.

                Então por que?

— Cacete _disse para si mesmo ao entrar no batalhão, deu de cara com os colegas de equipe trocando o uniforme.

— Tudo bem, capitão? _o maior deles acenou.

— Sim, vamos começar _abriu seu armário jogando a mochila de qualquer jeito no canto.

Parecia estressado, mas ninguém teve coragem de se pronunciar. Seria um longo treino.

—---------- + --------------

                É loucura.

Total loucura.

— Meu caralho! _Aomine sorria ao mesmo tempo em que entrava em pânico.

Estava correndo com uma caixa de doces na mão e o celular na outra, corria não para casa que é onde deveria estar a quase uma hora atrás, corria para um apartamento em algum maldito lugar em Saitama.

Passou o treino todo com vontade de algo, aquela sensação estranha o comichando por dentro, querendo rasgar seu peito... quer dizer, quantas vezes na vida uma pessoa sente o coração apertado, a ansiedade sem controle e o sorriso gigante só na menor possibilidade de fazer tal coisa?! Aomine não era um cara com grandes planos, se autodenominava um ser humano sem a menor ansiedade (um dos motivos pode se dado bem na polícia), sentir-se daquela forma era raro. Há quanto tempo atrás?

Parou de correr para recuperar o fôlego, há quanto tempo atrás? Então olhou para a caixa em suas mãos. Kise já não lhe provocava esse sentimento fazia realmente muito tempo, ainda assim, todas as vezes o motivo fora ele. Agora estava correndo para os braços de um alguém desconhecido deixando de lado a promessa que fizera pela manhã. Em sua mente um emaranhado de pensamentos sem sentido, no coração o sentimento confuso... culpa talvez?

O celular vibrou em sua mão mais uma vez, Kise ainda estava insistindo que atendesse.

— O-oi amor, diga.

— Oi, está tudo bem? _sua voz era calma, mas Daiki sabia o que estava por trás da simples pergunta: toda vez que não chegava na hora combinada, Kise acreditava que alguma coisa havia acontecido. Era um fato comum uma vez que trabalhava em risco, ainda mais para alguém superprotetor como ele.

— Sim, não se preocupe comigo. Eu... eu só decidi vir de encontro com o Taiga agora, quer dizer, novamente _foi sincero se sentindo mal por cada palavra _desculpe não ter avisado.

— Ah... é... relaxa, só fiquei preocupado _sua voz ficou por um fio _então... até mais.

Aomine tentou lhe dizer alguma coisa, mas sua hesitação deu espaço para o loiro desligar. O tinha o magoado mesmo sabendo que Kise jamais brigaria consigo por aquele motivo, afinal esse era o trato entre eles: um relacionamento totalmente aberto, baseado na confiança e na sinceridade. Pela primeira vez o moreno sentiu seu coração apertar, algo estava errado.

O doce ia derretendo lentamente na caixinha de papelão, tinha de fato saído do quartel e passado na doceria francesa preferida de seu namorado, comprou a torta de frutas mais atraente que encontrou e mandou embrulhar com cuidado. Já estava chegando quando o celular vibrou, Taiga o convidara para jantar em sua casa – tinha feito sua especialidade: curry – e ainda dissera que poderia passar a noite se estivesse sem o carro. Era um convite surpresa feito por alguém que ele jamais imaginou que fosse fazê-lo, Taiga não gostava de tomar responsabilidades para si.

Ponderou, tinha pego o trem por impulso e agora estava praticamente na metade do caminho era só continuar a caminhar para encontrar a rua certa e ter sua noite tão desejada.

                Mas não era apenas mais um caso.

A frase borbulhou em sua mente até chegar ao prédio baixo de quatro andares, tocou a campainha e Taiga atendeu com o timbre animado não escondendo sua felicidade.

—------- + --------------

O apartamento do ruivo era muito menor do que o de Daiki, apenas um cômodo para cozinha e sala, um quarto nos fundos usado para guardar tranqueiras uma vez que o dono dormia apenas na sala, o banheiro apertado e a lavanderia minúscula sendo enfeitada apenas por uma máquina de lavar e o varal. Tudo era estranhamente confortável e encaixado trazendo harmonia nas cores e nos móveis. Assim que Daiki fora recebido parou para olhar ao redor, Taiga se sentiu um pouco envergonhado e pediu desculpas pela humildade de suas coisas; Daiki quase teve um infarto, não era nada daquilo que estava reparando e sim o sentimento de “lar doce lar” que o ambiente passava. Também não esperava que tudo fosse tão limpo, lustroso.

Depois disso se apoderaram um do outro esquecendo totalmente do assunto, nem ao menos pareciam que tinham se encontrado algumas horas antes. A voracidade com que Daiki foi de encontro com a boca de Taiga o deixou sem fôlego. Já era tempo da transa que tanto desejou naquela noite de sexta-feira.

Daiki puxou o ruivo para o sofá sem pedir permissão, seu corpo estava quente pelo treinamento e queria aproveitar para se livrar de toda a tensão de uma só vez. Logo estava devorando os mamilos pequenos e antes que Taiga pudesse se dar conta seu pênis já era acariciado pelos lábios macios, tudo intenso demais. Seus gemidos saíram roucos, incontroláveis, queria ser fodido com todas as letras o quanto antes por aquele homem cheio de desejo.

O moreno transpirava masculinidade e dominância, Taiga teve a certeza que o mesmo dominaria qualquer homem ou mulher se ele quisesse; não importava ser um sexo gay ou hétero, Daiki era aquele que se encaixava em qualquer situação.

— Está gostando? Uh? _disse em seu ouvido mordendo-o em seguida _me diz, Kagami, o que você quer.

— Me fode com vontade, com tudo! Dê tudo de si! _praticamente ordenou passando uma de suas pernas ao redor da cintura de Daiki _me faz gozar duas, três, quatro vezes.

— Cacete _resmungou perdendo qualquer resquício de auto controle.

                Kagami Taiga não tinha medo de nada.

—------------ + --------------------

— Meus pais moram mais ao sul _Daiki afagava os cabelos ruivos enquanto contava um pouquinho mais de si _não somos tão bem sucedidos assim, quero dizer, os Aomine... Kise e eu só demos sorte na vida. Nossas profissões são bem remuneradas _explicou _então conseguimos um lugar legal em Ginza.

— Hum... que bom _o timbre suave não transpassava nada além de admiração _fico feliz por vocês.

O dia amanheceu ameno no Domingo, Aomine se levantou com dores por todo o corpo devido ao treinamento de campo que tivera Sábado com os militares; ser promovido a capitão do exército não fora uma ideia excelente. Ainda assim olhou com orgulho para a farda exposta sobre a cadeira, era agora um oficial intermediário e soava infinitamente melhor do que subalterno.

Na despedida de seu ano escolar, o moreno logo prestou concurso para a academia de polícia conseguindo se graduar em pouco tempo indo de soldado para primeiro-sargento em tempo recorde. A conquista na sua carreira deu a ele liberdade para seguir com sua vida sem depender de seus pais indo morar com Kise em menos de dois anos após o colegial; começaram num pequeno apartamento os redores de Tóquio.

— Para salvar as pessoas temos que estar muito bem com a gente mesmo, não? _Taiga olhou para a janela sem cortinas _ter paz de espírito diante tudo o que pode acontecer.

— Hn... _rangeu os dentes enquanto via Taiga divagar em suas próprias lembranças mórbidas.

Tinha muito a agradecer ao loiro, nos dias mais difíceis ele estava ao seu lado lhe dando forças para não desistir: ver sangue todos os dias, seja por suicídios ou tragédias naturais, quase tirou sua sanidade por diversas vezes, tinha certeza que acabaria indo por um caminho torto se não contasse com o carinho do mesmo.

Carinho esse que muitas vezes o deixava se sentindo um merda por estar numa profissão de risco, ele sabia que por mais que geralmente não tivesse ocorrências graves Kise sempre o esperaria chegar com doses de aflição e ansiedade. Quantas vezes não ganhou um abraço apertado ao abrir a porta de casa? O sorriso de alívio, as palavras doces.

— Como você faz?

Daiki descobrira que Taiga era membro oficial do corpo de bombeiros de Saitama, além desse fato apenas que o mesmo morava sozinho. O ruivo era aberto e responderia qualquer coisa, porém não conseguiu simplesmente cobri-lo de perguntas.

— Eu? Bom... acho que já nasci bom nisso _riu _quer dizer, ajudar está na minha natureza e mesmo que aconteça tragédias sei que tudo ficará bem ao passar do tempo. O pôr do sol continuará o mesmo.

— Taiga...

— Algum lugar além do arco íris, pássaros azuis voam _apontou para o céu escuro _...mesmo que só tenha nuvens de chuva agora.

                Eles riram.

— Tá, era para ser uma frase legal. Over the rainbow é uma música ótima.

— Desculpe não conheço, Sr. Kagami Cultura Inútil.

— Hey! Não acabe com o clima.

Entraram numa luta de cócegas e depois de ficarem ofegantes, Daiki simplesmente o beijou dando início a um clima diferente da calmaria de antes; seu corpo estava quente e a mente fervilhou.

—--------------------- + ------------------

— Kise? _o chamou a esmo largando a faixa do uniforme sobre a cama, se dirigiu até a cozinha encontrando apenas um bilhete sobre a bancada.

                Por que era sempre tão burro?

Fechou os olhos por um segundo se odiando, hoje era o primeiro voo comercial como piloto, Kise estava ansioso fazia dias e simplesmente deixou que fosse sem lhe dar um mínimo de apoio. Tentou ligar, mas já deveria estar no ar fazia muitas horas.

A ansiedade correu pelo peito até a ponta dos dedos, tinha dormido na casa de Taiga e voltara tarde demais. Aomine sentou-se à mesa e apoiou os cotovelos na mesma, estava cansado da noite passada não querendo pensar em nada no momento. Olhou para os retratos na estante ao lado da tv, Kise sorria em todos eles então abriu um sorriso mecânico em resposta desejando poder abraçá-lo naquele mesmo instante: sentiu saudades do loiro mesmo o tendo visto no dia anterior, como se sua ausência trouxesse um enorme vazio existencial.

— Que loucura _jogou no ar.

Havia acabado de voltar de uma noite intensa, parecia um adolescente em seu primeiro amor há apenas alguns minutos atrás e de repente nada daquilo parecia certo em sua vida. Estava com 27 anos, morando com Kise desde o término do colegial, ambos com a carreira consolidada, a um passo para a tranquilidade de um futuro perfeito... mas todas as coisas que ele disse estavam rodando em sua mente.

E elas o perturbavam. O que aconteceria se ele atravessasse a linha? Uma linha imaginária entre sua vida atual e uma página totalmente em branco.

Desde que conhecera o ruivo sentira que o Daiki do passado estava voltando aos poucos, sabia que muitas coisas erradas estavam acontecendo e ele não queria admitir magoando Kise dia após dia. De propósito. Não, não era de propósito, só não queria admitir que era um filho da puta. Isso mesmo, filho da puta, desgraçado, imbecil... como fora no colegial.

O medo instalou dentro de si. Tentou inutilmente ligar para o celular de Kise mais uma vez. Nada. Estava se comportando como um adolescente, Kise estava bem – óbvio – quem não estava bem era o próprio Aomine Daiki. Resolveu que tomaria um banho e dormiria o dia todo até o namorado dar sinal de vida.

— Ótimo! _espalmou as mãos sobre o tampo de vidro e se levantou.

O banho o relaxou completamente, em menos de dez minutos deitado na cama confortável já sonhava com qualquer coisa totalmente aleatória. Sempre tinha muitos sonhos, alguns deles bons, outros nem tanto, mas naquela tarde de Domingo estava tendo seu pior pesadelo; avião em destroços, piloto desaparecido, pessoas sangrando e muitos gritos. Aomine como capitão do exército ficou responsável pelo recolhimento dos passageiros, o suor escorria até os olhos o cegando. Ele queria gritar, mas não saia voz alguma.

Não era incomum tragédia fazer parte de seu subconsciente, detestava do fundo da alma relembrar qualquer uma delas e sua mente ainda fazia o favor de criar outras novas. Mas sonhar com um acidente aéreo com Kise era demais para si; acordou suando, com as mãos erguidas para o nada e a visão embaçada. Claro que ele não sonharia se a culpa não estivesse pesando sobre seus ombros.

— Não, não... não! _esfregou as mãos ásperas no rosto. Precisava falar com ele.

Daiki se levantou ligando para a companhia aérea depois de verificar que o loiro não havia dado sinal de vida ainda, esperou por alguém ouvindo os toques intermináveis e ritmados.

— Companhia White Star Line, pois não?

— Olá, boa... _olhou ao redor _boa tarde, aqui é Aomine Daiki e preciso de uma informação sobre um dos voos comerciais que partiu hoje de manhã.

— Pode dizer.

— Foi o voo do capitão Ryota Kise, para França. Não tenho o número, nem o horário exato, mas ainda não recebi nenhuma notícia então...

O moreno era um idiota. Ainda assim insistiu.

— Olha ele é meu conjugue e é seu primeiro voo como capitão, e-eu...

— Senhor, senhor! _a cortou _não posso simplesmente encontrar um voo com essas informações vagas, por dia, decolamos centenas deles. Mas posso afirmar que hoje não tivemos nenhuma ocorrência grave, fique tranquilo. Posso lhe ajudar em mais alguma coisa?

— ...não, obrigado. Desculpe-me pelo transtorno.

— A White Star Line agradece sua ligação, boa tarde.

Ficou a fitar o celular em sua mão, o sol se pondo trouxe penumbra para o apartamento tirando todo seu bem estar. Precisava caminhar até o interruptor, fazer algo para comer, ligar a tv... mas seu corpo não respondia; se sentia daquela maneira sempre que voltava de uma missão em campo – geralmente após terremotos – então Kise o tirava do estado catatônico lhe oferecendo um abraço caloroso.

                Mas agora ele não estava ali.

                Fechou os olhos. Ia ficar tudo bem.

>>>


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

bjinhos da hide ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Born to be free" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.