TORMENTA escrita por Kath Klein


Capítulo 2
Mate a Solidão


Notas iniciais do capítulo

Música do Capítulo: Shot In The Dark (Tiro no Escuro) by Within Temptation

Link: http://www.youtube.com/watch?v=fwuh8xc3hBs&feature=youtu.be



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TORMENTA

FEITICEIROS - Spin-off

Por Kath Klein

Mate a Solidão

Akame fazia o curativo no machucado que tinha na perna. Maldita distração que a tinha deixado ser atingida por aquela bala, se tivesse atenta e não distraída em seus pensamentos teria percebido que estava sendo estreitada por um sniper. Tinha convivido com Mine suficiente para lembrar que a jovem garota de aparência delicada e vestidinho rosa conseguia acertar seus alvos a quase quilômetros de distância.

‘Inferno!’ Soltou passando a mão pelo rosto suado e trincando os dentes ao mesmo tempo que jogava o antisséptico no buraco que a bala havia feito na sua coxa direita. Por sorte, ele tinha atravessado a perna dela e não se alojando.

Apertou o pedaço de linho branco com força contra o ferimento tentando estancar o sangue. Olhou para o lado e pegou a garrafa de bebida e tomou um gole longo. O certo seria usar anestesia que tinha consigo para estas eventualidades, mas não gostaria de perder completamente a consciência. Além disso, não era médica nem nada, tinha aprendido aquilo com “papai”, era muito melhor ficar “alta” do que anestesiada. Sempre!

Soltou uma risada, provavelmente o álcool já estava fazendo algum efeito para ela ter aquela subida alegria apesar da dor quase insuportável para qualquer ser humano comum.

‘Sniper idiota. Se fosse Mine tinha acertado direto aqui?’ Falou brincando para si mesma e tocando o dedo indicador na altura da testa entre os olhos. ‘Ou aqui.’ Riu de forma boba tocando na altura do coração. Balançou a cabeça. ‘Acho que seria mesmo no coração…’ Concluiu ao lembrar o rosto da ex-companheira a fitando decidida a salvar Tatsumi das garras de Esdeath.

Até mesmo ela que era uma tonta nestes assuntos tinha percebido o súbito interesse de Mine pelo rapaz. Antes o chamava de baka e imprestável, que não deveriam se colocar em risco por ele, mas naquela hora, sabia que a garota lutaria com todas as suas forças para salvar o rapaz da execução.

Caiu na gargalhada como idiota, concluindo de forma óbvia que Mine estava apaixonada por Tatsumi. Lembrava-se claramente da jovem de cabelos excêntricos rosas falando que ela seria uma idiota se tentasse salvar Tatsumi na primeira vez que o rapaz tinha sido sequestrado por Esdeath mas na segunda vez, estava disposta até mesmo a morrer para salvá-lo. Vai ver os dois já estavam até namorando naquela época e ela não tinha enxergado. Não via o que não queria. Simples assim.

Se Mine soubesse que ela tivesse algum interesse em Tatsumi era bem capaz mesmo de explodir sua cabeça… ou melhor seu coração. Riu novamente. Mas depois voltou a ficar séria. Estava bêbada e isso era um péssimo sinal. Voltou a focar na missão que era… o que era mesmo?! Ah sim! Limpar o ferimento e fazer aquela droga parar de sangrar.

Pegou mais um pedaço de pano limpo e trocou pelo já completamente encharcado de sangue. Trincou os dentes, aquilo estava doendo demais. Ah que se Dane! Tomou mais um gole da bebida, começando a achar o gosto do líquido agradável, bem diferente de sua opinião inicial, em que os primeiros goles foram a contra gosto e de forma forçada. Até que “papai” tinha razão em afirmar que  era melhor que anestesia.

‘Ainda bem que Leona deixou um estoque enooooooorme.’

Akame ria e falava alto seus pensamentos devido ao efeito do álcool no sangue.

‘Merda!’ Ralhou mais uma vez olhando para o machucado. Franziu a testa e estreitou os olhos no machucado. Nem estava doendo mais tanto assim. Riu novamente e colocou um dedo no buraco que o disparo atravessou. Será que demoraria quanto tempo para cicatrizar?

‘Sniper idiota… Mine nunca erraria um alvo tão distraído e bobo como eu…’

I've been left out alone

(Eu fui deixada sozinha)

Like a damn criminal

(Como uma criminosa)

I've been praying for help

(Eu tenho rezado por ajuda)

'Cause I can't take it all

(Porque eu não posso aguentar tudo isso)

I'm not done? It's not over?

(Eu não acabei? Não está acabado?)

Fora fácil para ela depois alcançá-lo e eliminá-lo rapidamente. Realmente tinha sido uma tonta em se deixar atingir por um idiota daqueles, o bom é que havia arrancado dele o nome de mais um membro do exército traidor aos ideais revolucionários. O cara tinha lhe dado o nome do seu próximo alvo, precisava apenas do okay de Boss. E precisava se recuperar rapidamente também.

‘Merda…’ Soltou novamente e tomou mais um gole da bebida quase finalizando a garrafa. Levantou-a e viu pelo vidro marrom transparente só o restinho no fundo da garrafa. Riu como boba e riu mais ainda quando achou que tinha visto através do vidro marrom a figura de Tatsumi a sua frente. Deveria ser alucinação, efeito da bebida.

Levou o gargalo a boca e virou a garrafa tomando o restinho que estava no fundo da garrafa. Riu ao levantar o rosto e continuar a ver Tatsumi olhando para ela com o rosto sério e os braços cruzados. Estava encostado na parede do quarto dela, perto da janela. Parecia bem bravo ou contrariado.

‘Você gostava de beber junto com Leona, não é? Então não fique com esta cara para mim.’ Alertou-o com a voz zombeteira.

Now I'm fighting this war

(Agora eu estou lutando nessa guerra)

Since the day of the fall

(Desde o dia da queda)

And I'm desperately holding on to it all

(E eu estou me agarrando a tudo desesperadamente)

But I'm lost, I'm so damn lost

(Mas eu estou perdida, estou tão perdida)

Tatsumi arregalou os olhos de leve e descruzou os braços. ‘Consegue me ver?’

Ela riu. ‘Claro! Você é uma alucinação e eu estou bêbada! Esta era a bebida preferida de Leona…’ Falou levantando o braço com a garrafa na mão e mostrando para ele o rótulo. ‘Se era a preferida dela, era porque realmente deixava a gente muito, muito doido…’ Esclareceu rindo.

Tatsumi caminhou até ela com o rosto preocupado. ‘Está sangrando demais. Tentei lhe avisar sobre o sniper, mas você não me escutava. Ainda bem que ele errou.’

‘Claro que errou.’ Ela rebateu, colocando a garrafa na cama ao seu lado. ‘Mine não erraria. Hei! Você a viu? Se você está morto como todos os outros... devem estar fazendo uma festa todos os dias seja lá onde estão, né? Estava pensando agora que ela explodiria minha cabeça se soubesse que eu gosto de você!’ Falou imitando um revólver com a mão e levando até o lado da cabeça. ‘Pown!’ Continuou rindo e observando-o com o rosto amarrado.

‘Gosta de mim… humph.’

‘Tooodas as garotas gostam…’ Ela reteve-se. ‘Gostavam… acho que é o tempo verbal correto. Todas gostavam de Tatsumi.’ Completou ainda em tom zombeteiro. ‘Eu é que sobrevivi e fiquei com o tempo presente…’

‘Está falando besteiras agora.’ Ele falou incomodado, mas sentiu o rosto esquentar e desviou os olhos dela.

Akame não queria parar de colocá-lo em situação constrangedora. Estava divertido, não se divertia assim a muito tempo. ‘Sabia que ela me deu uma encarada quando nos encontramos no corredor da sede para fugir e tentar salvar você da execução?’

Tatsumi estreitou os olhos na jovem, Akame estava com a língua solta demais.  Normalmente ela sempre era quieta e de poucas palavras, era estranho vê-la tagarelando como Leona. Seus olhos foram até a garrafa de bebida ao lado da jovem.

Oh I wish it was over

(Eu queria que estivesse acabado)

And I wish you were here

(E eu queria que você estivesse aqui)

Still I'm hoping that somehow

(Eu ainda estou esperando por isso de alguma forma)

‘Você está bêbada.’ Ele comentou.

Akame riu novamente. ‘Você sempre pergunta ou faz observações óbvias, Tatsumi.’ Ela esticou o corpo e fez uma cara tentando imitá-lo. ‘Você realmente pretende matar essa garota?’ Imitou a voz dele perguntando sobre Aria. Caiu na gargalhada.

‘Hei! Hei! Chega! Você bebeu demais! Não precisava tanto.’ Ele a advertiu aproximando-se dela, queria ajudá-la mas sabia que não poderia.

‘Para de agir como bom rapaz! Você bebia junto com Leona e Lubbock o tempo todo, até cair bêbado no chão.’ Ela rebateu, enquanto tentava de forma frustrada continuar a fazer o curativo.

‘Humph…’ Ele soltou contrariado com a observação dela. ‘Se soubesse que eu morreria tão cedo, tinha era bebido muito mais.’

‘Viu? Você está é com inveja porque eu posso beber e você não. Alucinações não bebem… só se eu quiser imaginar que você está bebendo.’ Ela concluiu. Olhou para a garrafa vazia. ‘Você como sempre deu azar, Tatsumi… a garrafa está vazia. Eu já bebi tudo.’

‘É… acho que eu dei azar em tudo mesmo.’

‘Eu bebo por você e por Leona… e por Lubbock...e por… hum… Mine não gostava muito de beber, só milkshake.’ Falou rindo. ‘Sheele! Guy!!!’ Gritou mais alto lembrando-se do ex companheiro quando fazia parte da Elite dos Sete.

‘Guy?’ Tatsumi perguntou franzindo a testa.

Ela riu enquanto tentava amarrar o pano de linho no ferimento. ‘Era um idiota que vivia bêbado e com dívidas de jogo e de prostitutas. Mas era apaixonado pela Cornélia…’ Akame continuou falando de seu passado, o que era raríssimo. ‘Pena que ela morreu… mas depois eu matei a idiota que a matou.’

‘Akame… é melhor você descansar…’

‘Não quero dormir.’ Ela falou e sorriu para ele de forma debochada. ‘E não vai ser você a me obrigar. Alucinações só fazem o que eu quiser…’ Esclareceu a ele de uma vez. ‘Bem… que eu queria que você cozinhasse para mim…  mas acho que não dá, né?’

Ele a olhou contrariado, não gostava de vê-la daquela forma. Estava machucada e suja de terra, sangue e suor pela luta e também por conta da tortura que fez contra o inimigo para arrancar dele o nome do mandante do atentado contra ela. Tinha vontade de pegá-la nos braços e  cuidar dela, como tantas vezes ela cuidava de seus ferimentos quando voltava machucado das missões.

‘Por favor…’ Ele pediu com a voz suave. ‘Deite-se e tente descansar.’

Ela fez biquinho para ele e ele não teve como não achar graça. ‘Estou com fome. Ainda não jantei.’ Esclareceu tentando se levantar e cambaleando.

Tatsumi tentou segurá-la por reflexo e arregalou os olhos quando percebeu que conseguia fazer isso. Sorriu sem conseguir acreditar e a primeira coisa que fez foi puxá-la para poder abraçá-la.

Akame sorriu e suspirou. Deveria estar sonhando como acontecia às vezes. Sentiu ele beijando demoradamente a cabeça dela.

'Cause your soul is on fire

(Porque sua alma esta em chamas)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

What did they aim for when they missed your heart?

(No que eles miraram quando erraram seu coração?)

‘É tão bom sentir você.’ Ele comentou.

‘Faz o jantar para mim?’ Ela pediu. ‘Yakiniku! Por favor…´Pediu com a voz dengosa.

‘Você só pensa em carne…’ Ele resmungou sorrindo. ‘Vou fazer ramen!’

‘De carne! Mais carne que macarrão… pouco macarrão... por favor…’ Pediu novamente afundando o rosto no peito dele.

‘Está bem.’ Concordou por fim e ela sorriu jogando-se para trás e caindo de costas na cama.

Tatsumi sorriu observando-a se acomodando para dormir e aguardar a comida. Não sabia direito o que tinha acontecido, ainda estava tentando saber qual era o seu alcance quando estava fora do plano superior. Normalmente Akame não conseguia vê-lo nem ouvi-lo pelo que havia constatado. Não entendeu porque ela conseguia fazer isso agora. Levantou o braço e sorriu mais uma vez ao sentir os dedos da mão tocarem a perna dela que estava machucada. Poderia fazer de maneira correta aquele curativo.

Olhou para Akame e a viu com os olhos fechados e respirando de forma lenta. Tinha caído no sono. Ergueu o corpo e foi até o material de primeiros socorros, voltou a olhar para o corpo jogado na cama e pensou que ela estava suja demais, estava com o grande ferimento na perna, mas tinha vários arranhões pelo corpo. Seria melhor limpá-la e evitando assim que algum  dos machucados infeccionasse. Depois que a limpasse e fizesse os curativos faria tanto ramen de carne como yakiniku que ela havia lhe pedido. Faria tudo que ela lhe pedisse.

I breathe underwater

(Eu respiro dentro d'água)

It's all in my hands

(Está tudo em minhas mãos)

But what can I do?

(O que eu posso fazer?)

Don't let it fall apart

(Não deixe desmoronar)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

A shot in the dark

 (Um tiro na escuridão)

~*~*~*~KK~*~*~*~KK~*~*~*~KK~*~*~*~

Akame sentiu o sol no rosto e abriu os olhos devagar olhando para a janela do quarto por onde vinha os raios solares. Sorriu de maneira suave e voltou a fechar os olhos, aconchegando se melhor na cama macia e perfumada, apenas apreciando o calor solar.

Sentia a cabeça doendo e um pouco pesada, tinha bebido tanto no final das contas que havia caído no sono e sonhado com Tatsumi novamente. Abriu o sorriso lembrando-se de que havia sonhado que ele tinha lhe feito vários pratos de carne. Ele sabia cozinhar muito bem, não foi a toa que gostava de tê-lo como companheiro na cozinha para preparar as coisas.

‘Apesar de que Susano cozinhava melhor.’ Ela pensou alto lembrando-se da Teigu orgânica de boss. Sentia falta dele também… mesmo que fosse para muitos apenas uma teigu.

‘Humph’ Ouviu um murmúrio contrariado e abriu os olhos, franzindo a testa e observando Tatsumi ao lado de sua cama com os braços cruzados. ‘Então você acha que realmente ele cozinhava melhor que eu?’ Perguntou sem esconder o tom decepcionado.

Akame olhou para ele ainda com o rosto confuso. ‘Acho que bebi demais.’ Falou erguendo o corpo e sentando-se na cama. Colocou uma das mãos na cabeça e fechou os olhos. ‘Minha cabeça  está doendo demais.’

‘Você não precisava ter exagerado daquela forma.’ Ouviu novamente a voz de Tatsumi.

‘Eu ainda estou ouvindo você. Preciso acordar… Tenho que falar com Boss sobre o próximo alvo.’

‘Não!’ Tatsumi falou de forma firme, fazendo-a voltar a abrir os olhos e encará-lo com o rosto confuso. ‘Você precisa descansar. Recuperar-se. Está ferida demais. Precisa de um tempo até seu corpo voltar a ter força. Assim não conseguirá ajudar Najenda e ainda será alvo fácil.’

‘Por… Por que estou vendo você?’ Ela olhou para os lados. ‘Estou no meu quarto mesmo?’ Olhou para si e viu que estava limpa e com uma de suas poucas camisolas, inclusive uma que havia ganhado de Leona e que nunca havia usado por achar decotada e provocante demais. Franziu a testa olhando para si e depois voltou-se para Tatsumi. ‘Como é que eu…’ Voltou a se olhar e realmente confirmar que estava com a tal camisola. Arregalou os olhos de leve e tirou o lençol para observar o grande e caprichado curativo protegendo o ferimento da coxa direita. Levantou o rosto e encarou Tatsumi. ‘Estou sonhando?’

Tatsumi sorriu de forma suave para ela e já responderia se o estômago dela não tivesse roncado informando que pelo visto e como ele esperava, ela acordou com fome depois de tanto tempo de cama e febre alta por conta dos machucados.

‘Vou pegar o café da manhã para você.’ Disse dando as costas para ela e caminhando para fora do quarto.

Akame observou-o sem entender. Coçou a cabeça sentindo-se realmente confusa. Não sabia se estava dormindo ou acordada. Viva ou morta. Reparou nos outros ferimentos tratados, tocou no ferimento da coxa e trincou os dentes. Sentiu a fisgada do machucado. Novamente olhou para si e sentiu o rosto esquentar, vendo-se com a camisola decotada. Ouviu os passos de Tatsumi e cobriu-se com o lençol até o pescoço.

Ele entrou com uma bandeja do tamanho que sabia exatamente qual era o apetite dela. Riu ao ver as estrelinhas nos olhos castanhos-avermelhados ao fitar a comida. Se ela estava por algum motivo envergonhada pela roupa que ele escolheu para colocar nela, pelo visto tinha perdido assim que viu a bandeja com a comida que ele colocou a sua frente e a qual ela começou a comer de forma rápida.

Tatsumi permaneceu próximo a cama dela. Debruçou-se sobre um móvel qualquer e cruzou os braços observando-a comer e exclamar elogios ao que ele tinha feito para ela. Sorriu realmente sentindo-se feliz em observá-la comer de forma animada como ela sempre fazia. Era bom vê-la daquela forma. Soltou uma gargalhada quando Akame falou sem graça que os korokkes dele estavam muito melhores do que os preparados por Susano.

‘Está mentindo.’ Ele rebateu em tom jocoso.

‘Não!’ Ela falou rapidamente. ‘Susano não sabia fazer o massa corretamente. Não da maneira que eu gosto. Eu lhe ensinei a fazer como eu gosto.’ Ela explicou.

Tatsumi concordou com a cabeça. Fazia sentido. Akame era sincera demais para falar algo só para ele se sentir melhor. Lembrava-se das vezes que Leona dava cascudos nela por falar de forma sincera sobre o peso e a aparência da vaidosa loira.

‘Que bom que gostou.’

Ela acabou a refeição e olhou para ele que tirou a bandeja da frente dela.

‘Por que estou lhe vendo?’ Akame perguntou por fim.

‘Não sei direito.’ Ele respondeu de forma sincera. ‘Acho que como você estava realmente numa situação ruim, o pessoal lá de cima…’ Falou com o dedo indicador apontado para cima. ‘Deixou que eu interviesse.’ Expôs sua conclusão. ‘Confesso que quando vi que poderia te tocar, não procurei saber o porquê.’ Falou encolhendo os ombros. ‘Depois quando eu voltar lá para cima pergunto para o Miguel.’ Olhou para os lados. ‘Ele ainda não veio encher o meu saco, então deve estar tudo de acordo com o que é permitido.’

‘Miguel?’

‘Meu supervisor…’ Ele clarificou. ‘Meu novo “Boss”.’ Completou de forma debochada, sabia disso. Mas não teve como não achar graça do que constatava.

‘Hum… novo Boss…’ Akame repetiu inclinando a cabeça. ‘Então foi você que trocou minha roupa e fez os curativos?’

Ele acenou de forma positiva e desviou os olhos dela sentindo o rosto esquentar. Akame também desviou os olhos dele, envergonhada.

‘Se te faz se sentir melhor… Já vi você sem roupa antes…’ Disse encolhendo os ombros sem encará-la. ‘Você só não conseguia me ver… E eu também sou um cavalheiro, não faria nada contigo desacordada. Foi apenas de maneira profissional como você sempre fez ao tirar minha roupa para verificar se eu estava com algum ferimento nas minhas primeiras missões.’

‘Eu nunca tirei sua roupa íntima.’ Ela rebateu. ‘Aquela vez quem tirou foi a Leona e não, eu. Além disso, você vivia com o zíper da sua calça aberto.’

‘Ah! Não tem porque você se lembrar disso!’ Tatsumi rebateu voltando a fitá-la com o rosto vermelho.

Akame ficou séria novamente. ‘Eu vi você se transformar em um monte de cristais de gelo e desaparecer com Esdeath. Não faz sentido eu vê-lo agora… inteiro… assim.’ Falou inclinando a cabeça e observando-o.

Tatsumi ajeitou o corpo incomodado. ‘Você viu o meu corpo, ser congelado e depois se quebrar. Eu estava ao seu lado quando ela fez isso.’

‘Ao meu lado?’

Ele concordou com a cabeça. ‘Estava preocupado se você voltaria ao normal ou não depois que se cortou com Murasame. Inicialmente não sabia… na verdade… não entendi que eu estava “morto”.’

‘Ah…’ Ela soltou. ‘Então quando se morre não se morre?’ Perguntou confusa. ‘Você sabe onde estão os outros?’

Tatsumi respondeu que sim com um gesto. ‘Estão bem.’ Sorriu de leve. ‘Estão esperando a oportunidade de reencarnarem.’

‘Reencarnarem?’

‘A alma é imortal, Akame. Não se pode ressuscitar o corpo como eu pensava antes e acreditava ser possível achar uma teigu para fazer isso. O corpo morre… mas a Alma… a principal essência permanece… é eterna. Ao reencarnar, a alma ganha um novo corpo, uma nova chance, uma nova vida. Mas todas suas lembranças são apagadas para que o ciclo de evolução continue sem resquícios dos erros e falhas passadas. É uma nova chance de se começar do zero.’

Ela abriu um sorriso enorme. Tatsumi não teve como não se recriminar por ter sido tão lento ao constatar em como gostava dela. Sentia-se tão bem em apenas olhar para o rosto dela. Reparou que ela arregalou os olhos de repente, como se lembrasse de algo muito importante.

‘Kurome?’ Ela perguntou, tentando levantar-se, mas sentiu o ferimento da perna fisgar de dor, não permitindo que ela continuasse o movimento. Trincou os dentes. ‘Você sabe onde está Kurome?’

Tatsumi se aproximou dela com o semblante sério. Abaixou-se, tocando um joelho no chão perto da cama dela. ‘Kurome fez muitas coisas erradas sabendo que eram erradas, Akame. Sei que ela é muito importante para você…’

‘O que aconteceu com ela depois que eu a…’ Ela respirou fundo. ‘Que eu a matei? Responda-me por favor!’ Pediu com o rosto sério.

‘Ela seguiria para o plano inferior, mas… está ainda esperando para ser julgada. Ela possui sentimentos muito fortes por você, sentimentos realmente nobres e verdadeiros. Isso faz com que ela esteja numa situação especial.’

Akame franziu a testa. ‘Ela é uma boa menina… Eu sei disso.’

‘Eu também… Mas não cabe a mim decidir isso.’

‘Esdeath? Ela morreu com você. Ela deveria estar com você, não?’

Tatsumi rodou os olhos. Akame não estava entendendo direito as coisas. ‘Esdeath morreu ao lado do meu corpo.’ Tentou esclarecer mais uma vez. ‘Ela está onde é apropriado. Está no plano inferior, junto com vários de nossos alvos.’ Ele sorriu de lado. ‘Principalmente o porco do primeiro ministro.’

‘No inferno?’ Ela perguntou. ‘Existe mesmo?’

Tatsumi confirmou sorrindo de leve.

‘Por que estou lhe vendo? Eu posso ver os outros?’

‘Não…’ Ele respondeu e ergueu o corpo voltando a ficar em pé ao lado da cama dela. Sentou-se na beirada, observando-a. ‘Estou numa posição diferente. Vou ficar com você para ajudá-la a combater o mal que ainda está neste mundo. Mas infelizmente só posso ajudá-la a combater demônios. Não posso intervir quando o assunto é entre humanos. Aí cabe a cada um seguir o que chamamos de livre escolha. Por isso, Akame…’ Ele falou segurando as mãos dela e a fitando de forma profunda. ‘Você precisa se cuidar. Por mais que eu esteja sempre ao seu lado, não posso ajudá-la ou alerta-la quando seu inimigo é humano. E nós sabemos que existem humanos muito piores que demônios ou monstros.’

In the blink of an eye

(Em um piscar de olhos,)

I can see through your eyes

(Eu posso ver através dos seus olhos)

As I'm lying awake I'm still hearing the cries

(Enquanto eu deito acordada eu ainda ouço o choro)

And it hurts, hurts me so bad

 (E me machuca, me machuca tanto)

Akame abaixou os olhos observando as mãos dele apertando as dela. Era estranho sentir o calor das mãos dele, sendo que havia sentido a temperatura do corpo dele aos poucos diminuindo entre seus braços.

‘Hei! Não pense apenas nisto… não quero que se lembre de mim apenas assim.’ Tatsumi falou assustando-a. Ela puxou as mãos, afastando-se dele.

‘Como…’

Ele soltou um suspiro pesado. ‘Consigo… algumas vezes... saber o que está pensando.’

‘Como o poder de Spector?’

‘Mais ou menos.’ Respondeu sem graça. ‘Você me vê porque ainda está febril por conta dos machucados. Quando você se recuperar totalmente, provavelmente deixará de me ver.’

Ela desviou os olhos dele. ‘Não é justo apenas você me ver e eu não poder vê-lo... só quando estou doente ou em combate…’

Tatsumi sorriu de forma triste observando-a. ‘Acredite em mim… É muito dolorido estar ao seu lado e saber que você não pode me ver ou me ouvir. Que não posso tocá-la como eu gostaria…’

And I'm wondering why I still fight in this life

(E eu me pergunto porque eu ainda luto nessa vida)

'Cause I’ve lost all my faith in this damn bitter strife

(Porque eu perdi toda minha fé nessa amarga contenda)

And it's sad... It's so damn sad

(E é triste, é tão triste)

Ela voltou a fitá-lo com o rosto sério.

‘Amo você, Akame.’ Ele falou de forma firme. ‘Eu sinto muito não ter lhe falado isso quando estava vivo. Deveria ter feito isso em vez de ter me desculpado.’

Oh I wish it was over

(Eu queria que estivesse acabado)

And I wish you were here

(E eu queria que voce estivesse aqui)

Still I'm hoping that somehow

 (Eu ainda estou esperando por isso de alguma forma)

Ela arregalou os olhos. Abaixou o rosto, observando agora as mãos que estavam repousadas sobre o seu colo. Sentia um bolo na garganta e o coração bater de forma frenética.

‘Eu… eu acho que… não sei… acho que eu também…’ Akame falou de forma incerta. Não sabia direito o que era amor. ‘Sinto muito a sua falta. Sinto tanto quanto a falta de Kurome…’ Soltou um suspiro. ‘Acho que até mais…’ Voltou a fitá-lo. ‘Você cozinha muito bem.’

Tatsumi sorriu para ela. ‘Tive uma ótima instrutora de preparação de korokkes.’

Ela levantou o rosto para voltar a fitá-lo. Era bom poder encontrar-se com ele novamente. Nem que fosse apenas nas horas difíceis e complicadas. Ou quem sabe tudo não passasse de pura loucura da sua cabeça. Sorriu para ele, estava feliz por tê-lo ao seu lado. Não estava mais sozinha. Não completamente sozinha.

'Cause your soul is on fire

(Porque sua alma está em chamas)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

What did they aim for when they missed your heart?

(No que eles miraram quando erraram seu coração?)

I breathe underwater

(Eu respiro dentro d'água)

It's all in my hands

(Está tudo em minhas mãos)

But what can I do?

(O que eu posso fazer?)

Don't let it fall apart

(Não o deixe despedaçar-se)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

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Akame caminhava entre as pessoas que passavam de forma apressada pelas ruas da capital. Estava com um vestido rosa, cabelos presos e maquiagem cobrindo as marcas em sua pele. Agradeceu a Chelsea que havia insistido em dar aulas de maquiagem mesmo achando que era ridículo e desnecessário.

Chelsea tinha passado pouco tempo com eles, mas sempre era muito simpática com ela. Além de sempre ter doces disponíveis a qualquer hora. Ela e Susano foram companheiros dela por pouco tempo, mas conviveu de forma intensa com eles. Susano e ela tinham como ponto em comum gostarem de cozinhar, havia aprendido a cozinhar pratos muito bons com ele, porém sempre a receita era em quantidade enorme pois faziam para muitos. Cozinhar apenas para ela era algo chato. Vivia sempre sozinha, Tatsumi havia desaparecido assim que ela havia se recuperado por completo. Ele tinha avisado sobre isso. E talvez fosse até o melhor. Ele estava morto não? Todos estavam mortos.

Porém era uma merda constatar que sentia falta de Chelsea, assim como sentia falta de Leona e suas risadas e histórias sem pé nem cabeça que ela narrava, contando vantagem sempre para ela. Chelsea e Leona assim como Tsukushi e até mesmo Martha tentavam fazê-la usar vestidos mais femininos e prendedores de cabelo. Respirou fundo e balançou a cabeça de leve, tinha que mantê-las no passado. Nenhuma existia mais. Nenhum deles existiam mais.

Fechou os olhos de forma dolorida. Droga! Quando a Elite dos Sete havia sido extinta depois do desaparecimento de “papai” e quando Murasame a aceitou, dando assim a certeza de que ele não voltaria mais, ficou como líder do grupo por um tempo até que cada um foi para um canto. Algumas vezes queria acreditar que todos estavam vivos ainda… Tsukushi, Green… gostaria que principalmente os dois estivessem vivos, mas sabia que isso era impossível. Bateu de leve em Murasame que estava presa a sua cintura fina por baixo do vestido. No final, apenas Murasame havia ficado ao lado dela.

Abriu os olhos, olhando para a Praça Heróica. Engoliu em seco ao ver o monumento feito em homenagem ao herói que morreu para salvar centenas de pessoas e havia derrotado a teigu imperial descontrolada. Sem querer parou de caminhar observando a estátua dourada a frente. Era uma cópia muito mal feita da Incursio desenvolvida, mas considerando as circunstâncias de como ela apareceu e não havendo nenhum registro sobre uma possível evolução daquela arma imperial, criaram a estátua de forma a parecer algo entre um anjo e um demônio.

Inclinou a cabeça de leve observando-a e sorriu de forma triste pensando na ironia. Tatsumi havia tentado lhe contar sobre a situação atual que ele estava. Tinha falado algo como ser guardião daquele universo. Falou algo sobre vários universos e o que eles existiam, ou melhor, o que ela existia era um dos menos desenvolvidos e com proximidade com o plano inferior por isso havia tantos demônios, violência, sangue e horror.

Será que realmente já existiam lugares melhores e em paz como ela e todos seus ex-companheiros almejavam? Esperava que sim, apesar de não acreditar totalmente nas explicações complexas que Tatsumi havia lhe dado.

Respirou fundo e soltou o ar devagar, ainda com os olhos cravados na estátua. Quando começou a sentir os olhos arderem, resolveu que já era demais. Virou o rosto e recomeçou a caminhar de forma decidida para onde havia recebido instruções para se encontrar com Najenda.

Caminhava olhando para os lados de forma cuidadosa. Sabia que existiam rumores de que ainda estava viva e não morta como a maioria dos Night Raids. E principalmente, a maioria dos militares a favor da ditadura estavam literalmente a caça dela, pois desconfiavam que ela é quem estava os caçando. Um a um.

Parou em frente ao um cartaz de “Procura-se” preso num dos muros. Sorriu de lado confirmando suas suspeitas. A foto era ainda a antiga. Ela estava de perfil com a franja cobrindo seus olhos. Não identificariam ela nunca por aquela foto.

‘Militares idiotas.’ Soltou e voltou a caminhar em direção ao seu destino. Olhou de relance para um relógio em uma vitrine de uma das lojas e constatou que estava um pouco adiantada, como sempre. Era o tempo de reconhecimento do local. Estratégia.

Um rapaz mexeu com ela, assobiando e comentando sobre sua beleza. Detestava isso. Olhou para ele de maneira tão dura que fez o rapaz arregalar os olhos assustado e se afastar sem saber exatamente porquê do pânico que sentiu ao receber o olhar duro da bela jovem de traços delicados.

Levantou o rosto olhando para o letreiro e soltou um suspiro. Era exatamente o local onde Boss havia marcado de encontrar-se com ela. Já fazia anos que as duas não se encontravam. Apenas trocavam correspondências. Não tinha entendido o porque daquela mudança de padrão, mas sabia que também poderia ser uma armadilha. Estava preparada caso fosse isso. Olhou para um lado e depois o outro, observando as pessoas passando de forma apressada e até certo ponto nervosa pelas ruas.

A capital estava parecendo uma panela de pressão pronta para explodir. Haviam vários rumores sobre a quebra da aliança militar. Dois grupos estavam medindo forças e deixando no final das contas as pessoas de lado. Olhou novamente para o estabelecimento comercial e sorriu de leve lembrando-se de Lubbock.

Suspirou novamente como se tentasse daquela forma buscar forças para enfrentar o que quer que estivesse vindo como sua missão. Entrou na livraria. Soube que um parente distante de Lubbock havia no final assumido a loja e com ajuda de Najenda manteve o estabelecimento. Provavelmente a experiente general fez questão de manter aquele refúgio dos Night Raid para alguma eventualidade.

Cumprimentou o atendente e falou que gostaria apenas de observar os títulos para ver se algum lhe interessava. O rapaz falou que ela poderia se sentir à vontade e qualquer dúvida, chamá-lo.

Andou pelos corredores estreitos entre as prateleiras. Reparou que apenas dois clientes também estavam fazendo o mesmo que ela falou que faria. Apenas vendo os títulos ou folheando algum livro que tenha lhe chamado mais a atenção.

Ouviu o barulho da porta abrindo e olhou de esguelha para a entrada observado Wave entrando por ela. Franziu a testa mostrando-se preocupada agora. O recado que havia recebido era que se encontraria com Najenda. Não esperava encontrá-lo. Será que Boss havia enviado-o no lugar dela ou foi apenas uma coincidência? Estava com seus sentidos todos em alerta. Tocou de leve em Murasame apenas para lhe dar a certeza que ela estava ali ao seu lado.

Wave entrou na loja e depois de cumprimentar o atendente olhou para os lados procurando algo ou alguém. Ele não era bom em se manter discreto. Assim que avistou a jovem de cabelos negros caminhou decidido até ela e a segurou pela mão puxando-a. Akame apenas deixou ser guiada por ele. Caminharam em direção ao fundo da loja.

Quando passaram por uma senhora que estava vendo alguns títulos e reparou no casal, soltou uma risadinha e comentou que os jovens apaixonados não perdem tempo e não conseguem ser discretos.

Akane sentiu que Wave segurou mais firme sua mão, puxando-a mais rápido. Estava nervoso. Tão nervoso quanto ela desconfortável em andar de mãos dadas com ele. Arregalou os olhos de leve, surpresa quando ele a empurrou de costas contra a parede e a abraçou.

‘Avise-me quando ninguém estiver olhando.’ Wave  sussurrou ao ouvido dela.

Akame engoliu em seco, se a intenção era se passarem por um casal de enamorados estavam conseguindo e isso a deixava em uma situação desconfortável. Wave era parecido com Tatsumi, não fisicamente, mas em caráter e força de vontade. Isso a deixava de forma extremamente desconfortável com a aproximação dele. Wave não era Tatsumi.

Ela olhou sobre o ombro direito dele, atenta às pessoas da loja. Assim que reparou que ninguém reparava neles, deu o aviso e sentiu quando ele a empurrou, passando finalmente pela entrada do esconderijo dos Night Raids.

Akame tateou a parede de pedra e usando ela como guia, desceu a escada que sabia que existia. Wave foi atrás dela, fazendo o mesmo, após fechar de forma cuidadosa a entrada secreta.

‘Está cheirando a mofo.’ Ele reclamou e tampou a boca e o nariz com um lenço para evitar um espirro.

‘Está a muitos anos fechado.’ Ela respondeu e logo conseguiu achar o interruptor de um abajur que os iluminaria o suficiente para não chamar a atenção de ninguém dentro da loja.

‘As paredes são espessas para serem anti ruídos mas não é recomendável trocarmos informações aqui.’ Avisou olhando para o rapaz e cruzando os braços sobre o peito. ‘Onde está a General Najenda?’

‘Ela não pode vir.’ Ele respondeu, olhando em volta. ‘Então aqui era o famoso esconderijo dos Night Raids… humph… bem nas fuças do Primeiro Ministro.’

‘Por que está aqui, Wave?’ Foi direta. Sabia que alguma coisa estava fora do padrão, mas se reencontrar com Wave na antiga base dos Night Raid na Capital estava mais fora do padrão do que jamais imaginou.

‘Najenda está doente.’ Ele respondeu sem esconder o tom triste. ‘Você sabe… quando ela deu parte da sua força para Susano durante a luta dele contra Esdeath…’

Akame fechou os olhos e assentiu com a cabeça, sabendo do que o rapaz estava falando. ‘Ela está tão doente assim?’

‘Não está bem. Está com os movimentos comprometidos, apesar da mente lúcida. Estão querendo obviamente substituí-la no comando da ditadura.’

“Merda!” Akame pensou estalando a língua e caminhando de um lado para o outro tentando controlar a irritabilidade e principalmente tentando manter a mente fria. Tinha que ser racional, mas pensar que Najenda estava de alguma forma próxima a morte era como lhe desse a certeza que logo estaria completamente sozinha e elas tinham tanto a fazer ainda. Os ideias revolucionários ainda não tinham sido completamente atingidos. A morte de Tatsumi, Leona e dos outros não poderia ser em vão. Ela não permitiria isso.

Wave observou a jovem caminhando devagar tentando controlar a irritabilidade. Estava com um vestido rosa e os cabelos negros presos, parecendo mais curtos. De costas, parecia muito com Kurome. O mesmo tom negro brilhante. Reparou que ela estava maquiada, nunca havia visto Kurome e muito menos Akame maquiada antes. Estava muito bonita. Parecia uma garota normal. Na verdade, normal não seria exatamente o correto. Um garota linda. Lindíssima.

‘Está muito bonita, Akame.’ Ele falou fazendo a jovem arregalar os olhos e fitá-lo por um segundo, logo depois desviando o rosto vermelho, pelo embaraço do elogio inesperado. ‘Você lembra muito Kurome... Você é tão linda, tão forte e tão impressionante quanto ela.’

Akame encolheu os ombros de leve, constrangida. ‘Você me lembra muito Tatsumi.’ Ela comentou fitando um ponto qualquer no chão.

Wave estreitou os olhos nela e se aproximou devagar. ‘Vocês… vocês tinham… enfim…’ Soltou um suspiro. ‘Lembro-me dele intervindo quando vocês duas lutaram… e depois quando ele…’ Desviou os olhos dela. ‘Ele a abraçou antes de morrer...’

‘Hum…’ Ela murmurou incomodada. ‘Ele está morto.’ Ela o alertou. Assim como tantos outros e sua irmã.

‘Ainda pensa nele?’ Wave perguntou.

Mas que droga Wave estava fazendo falando sobre aquele assunto? Akame pensava virando o rosto para evitar encará-lo e ele percebesse que a pergunta tinha mexido com ela. Como falaria para ele que não conseguia parar de pensar nele a ponto de ter alucinações com Tatsumi. Ele pensaria que ela era louca. O que no fundo começava a desconfiar que estivesse mesmo. Estava tão louca por viver completamente sozinha que estava tendo alucinações justamente com Tatsumi.

‘Todos os…’ Ela começou a tentar responder já que percebeu que ele a observava esperando pela maldita resposta. Percebeu que a voz tinha saído embargada. Pigarreou. ‘Todos os dias lembro dos meus companheiros que morreram…’ Comprimiu os lábios e engoliu em seco na tentativa ainda frustrada de tentar não passar emoção. ‘Que morreram lutando por um país melhor.’ Finalmente completou a frase.

Ficaram em silêncio algum tempo, até ela soltar um suspiro irritada e balançar a cabeça de leve, voltou a fitá-lo com o rosto sério. ‘Se Najenda está doente desta forma, por que não convocam eleições de uma vez e implantam a democracia como o plano inicial?’ Voltou a ser objetiva e focar na missão, como sempre.

‘Não temos o apoio da maioria dos militares. Muitos querem continuar com a ditadura.’ Wave respondeu.

‘Assim apenas mudamos o poder de mãos. A ditadura seria apenas para implementar a república.’

‘Eu sei disso. E continua a ser nossa meta, mas…’ Wave reteve-se alguns segundos e balançou a cabeça de leve. ‘O ser humano sempre será corruptível.’

‘Inferno…’ Ela falou entre os dentes e deu dois passos na direção dele, encarando-o, com o rosto mais fechado ainda. ‘Muitos morreram, se sacrificaram para que o Império fosse derrubado e uma nova Era surgisse. Uma Era de paz e igualdade! Não vou permitir que o sacrifício deles tenham sido em vão.’

‘E não serão!’ Wave falou rapidamente. Tentou tocar o ombro dela, mas ela afastou-se.

Ficaram em silêncio alguns minutos. Akame tentava controlar a raiva e a tristeza pelas notícias sobre Najenda e sobre a República.

‘Vou assumir o lugar de Najenda.’ Wave falou, fazendo-a voltar a fitá-lo.

‘Acha que está preparado?’

‘Tenho que estar. Como você mesma falou, não posso deixar que o sacrifício de tantos, e de Najenda, sejam em vão. Vou assumir e tentar implementar a democracia que ela não conseguiu ainda.’

Akame assentiu. Confiava nas boas intenções de Wave, ele lhe lembrava muito Tatsumi, não só por conta de suas tengus, mas também pela inicial ingenuidade e vontade de fazer o certo. Não foi a toa que quando enxergou a verdade, mudou de lado, lutando ao lado deles contra o Imperador e o Primeiro Ministro.

‘Confio em você.’ Ela falou séria. ‘Terá a minha lealdade assim como Najenda.’

Wave desviou os olhos dela por alguns segundo e depois voltou a fitá-la de forma profunda.

‘Quero você ao meu lado.’ Falou, fazendo-a franzir a testa, sem entender.

‘Como eu falei, estarei ao seu lado.’ Ela repetiu e arregalou os olhos quando ele deu alguns passos parando a sua frente e segurando o braço dela de maneira firme.

‘Quero você ao meu lado.’ Repetiu novamente. ‘Fisicamente. Não tem porque você se manter nas sombras como está agora. Você virá comigo, darei um jeito de não tocarem em você.’

Akame inclinou a cabeça de leve, confusa. ‘Do que está falando? É muito mais vantajoso que eu permaneça nas sombras. Além disso… concedendo o perdão ao Night Raid poderá ser usado como desculpa para não aceitarem você como substituto de Najenda.’

‘Não importa!’ Ele falou com o tom de voz mais alto, fazendo-a arregalar os olhos. Sentiu ele segurar seu outro braço e assustou-se mais ainda quando fora pega de surpresa pelo homem que abaixou o rosto e tocou seus lábios nos dela.

Akame piscou os olhos, tentando entender o que estava acontecendo e assim que o susto passou empurrou-o com força, afastando-o.

‘O que pensa que está fazendo?’ Ela perguntou entre os dentes. ‘O que pensa que está fazendo, Wave?! Enlouqueceu?’

I feel you fading away

(Eu sinto você desaparecendo)

‘Não! Quero me casar com você!’ Falou de uma vez com o rosto sério.

Ela não sabia nem o que falar, tamanho foi a surpresa pela proposta dele.

‘Kurome não está mais entre nós… Ela não voltará. Não posso ficar preso ao que sentia por ela. Preciso continuar minha vida.’ Ele começou a falar. ‘Já se passaram mais de dez anos, Akame.’

‘Dez anos?’ Ela repetiu franzindo a testa de leve, não tinha se dado conta que havia se passado tanto tempo, não era a toa que havia percebido o quanto Wave estava diferente, não era mais um rapaz de 18 anos. Nas ocasiões que eles se viam, sempre era de maneira rápida e normalmente em frente ao túmulo de Kurome.

‘Sim… Quero me casar. Ter uma família, filhos… reconstruir este país para eles. Não posso ficar preso eternamente a um fantasma.’

Ela levou a mão até o rosto e balançou a cabeça de leve. ‘Por que está me falando isso?’

‘Por que quero me casar com você.’ Ele respondeu e a viu fitá-lo novamente com os olhos assustados. Sorriu de leve. ‘Como eu lhe disse… você é tão extraordinária quanto ela…’

Akame balançou a cabeça confusa. Wave só poderia ter enlouquecido e Najenda mais louca ainda por fazer ela se encontrar com ele para que propusesse tamanho absurdo.

I feel you fading away

(Eu sinto você desaparecendo)

‘Por que não Akame?’ Wave perguntou com a voz doce.

Ela o fitou por alguns segundo e logo abaixou o rosto levando a mão até ele para cobri-lo. Sabia que estava vermelha de embaraço.

‘Você é a única pessoa no mundo que eu confio.’ Wave voltou a tentar argumentar. ‘E a única pessoa que acredito que conseguiria entregar meu coração.’

Akame balançou a cabeça de leve, sentindo os olhos arderem novamente. ‘Por que isso?’

‘Por que… oras… porque precisamos continuar nossas vidas. Precisamos continuar o trabalho daqueles que se foram. Porque…’ Ele soltou outro suspiro. ‘Por que sei que além de ser fascinado por você como era por Kurome, poderei amar você como um dia a amei. E farei de tudo para que você… que você seja capaz de me amar como amava-o.’

I feel you fading away

(Eu sinto você desaparecendo)

Permaneceram em silêncio por alguns minutos. Wave esperando a resposta de Akame, e ela tentando entender o que fazer. Tentando saber o que era o certo. O que deveria ser sua missão. Será que Najenda tinha mandado o recado para o encontro para que ela e Wave pudessem conversar? Será que Boss estava lhe dando uma missão? Casar-se com Wave seria esta missão para protegê-lo enquanto assumisse a república? Será que era isso?

‘Eu… eu…’ Ela começou a balbuciar, sem saber direito o que falar, quando ouviram um barulho seco de um dos objetos espalhados pelo cômodo cair no chão com força.

Ela franziu a testa, sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Tinha impressão de que não estavam sozinhos. Olhou para os lados como se procurasse por alguém

“Sempre estarei ao seu lado, Akame.” Lembrou-se das palavras de Tatsumi quando o encontrou pela primeira vez. Ele tinha lhe dito que sempre estaria ao lado dela, mas nem sempre ela poderia vê-lo. Sentiu novamente um arrepio correr pela suas costas. Será que estava enlouquecendo tanto a ponto de achar que realmente Tatsumi estava ali com os dois?

I feel you, I'm fading away

 (Eu sinto você, eu estou desaparecendo) 

‘Preciso ir embora.’ Declarou.

‘Deve ser apenas um rato.’ Wave tentou tranquilizá-la e esperando pela resposta da jovem.

Ela deu um passo para trás e levantou o rosto encarando o homem. ‘Sinto muito. Não posso aceitar. Não é justo nem comigo e nem com você vivermos a sombra de Kurome e Tatsumi. Vamos deixá-los descansar em paz.’

Wave trincou os dentes. ‘E o que é justo, Akame? É justo você continuar viver como uma criminosa?!’

‘Eu sou uma criminosa.’ Ela rebateu. ‘Matei mais pessoas que qualquer um na época do Império. Talvez tantos quanto Esdeath. Não tenho como mudar o passado. O que posso fazer é ajudar você e os outros a continuar a erguer este país, tornando-o justo para todos.’ Falou de maneira firme. ‘Eu sempre seguirei o caminho que o meu coração me alertar que é o correto.’ Declarou, virando-se e se afastando de Wave que cerrou os punhos.

‘Akame…’ Ele ainda a chamou.

‘Você é um bom homem, Wave. Ache uma boa mulher para constituir uma família. Kurome ficaria muito feliz em saber que você está feliz. E eu também.’

‘E por que não com você?’ Rebateu mais uma vez.

'Cause your soul is on fire

(Porque sua alma está em chamas)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

What did they aim for when they missed your heart?

(No que eles miraram quando erraram seu coração?)

‘Porque… não há possibilidade de felicidade para mim.’ Respondeu por fim, caminhando para a saída do cômodo, quando ouviu novamente o barulho de um objeto ser arremessado longe, virou-se para trás e fitou Wave que acabara descontando a raiva daquela forma.

Engoliu em seco, sinceramente esperava que apenas fosse coisa da cabeça dela acreditar que Tatsumi estivesse ali.

‘Como eu lhe falei, serei fiel a você. Assuma assim que Najenda não conseguir mais manter o controle. Mande-me os nomes dos que devem ser eliminados. Najenda lhe ensinará como me contactar para enviar as missões.’ Orientou-o, começando a subir a escadas de pedra que levavam para a parte de cima do estabelecimento. Esperava sinceramente que Wave encontrasse a felicidade, pois sabia que era isso que Kurome desejaria para ele. Era triste constatar que Wave ainda amava de forma tão profunda Kurome a ponto de achar que por ela ser parecida poderia transferir para ela os sentimentos que ele fortemente nutria pela irmã. Realmente fora uma pena Kurome não estar mais entre eles, Wave seria um ótimo companheiro para sua irmãzinha e sabia, tinha a esperança, que apesar de tudo, talvez Kurome seria capaz de superar todo o horror pelo que passou ao lado dele.

Quanto a ela própria… Enfim… estava assim como Wave presa aos seus sentimentos por Tatsumi, no fundo… depois de tudo que viveu, deveria estar enlouquecendo ao ter alucinações com ele, mas só o fato de já ter isso, lhe dava a certeza de que nunca conseguira superar aquele sentimento. Esperava que Wave fosse mais forte que ela. Esperava que ele superasse seu sentimento por Kurome e encontrasse a felicidade que ela não encontraria.

I breathe underwater

(Eu respiro dentro d'água)

It's all in my hands

(Está tudo em minhas mãos)

But what can I do?

(O que eu posso fazer?)

Don't let it fall apart

(Não o deixe despedaçar-se)

~*~*~*~KK~*~*~*~KK~*~*~*~KK~*~*~*~

Tatsumi olhava com fúria para Wave. Como ele teve coragem de propor aquilo para ela? Cerrou os punhos, tinha tentado duas vezes acertá-lo com socos, primeiro por ter abraçado-a, depois por ter beijado-a e finalmente tivera coragem de propor aquilo para ela.

Levou uma das mãos até o rosto secando-o pelas lágrimas de desespero que havia derramado por medo dela aceitar a proposta dele. Desespero ou raiva… nem sabia mais. Inferno!

Observou Wave ainda caminhando de um lado para o outro inconformado com a recusa de Akame a sua proposta.

‘Droga…’ Ouviu o homem soltar entre os dentes enquanto passava a mão pelos cabelos. ‘Eu faria você feliz, Akame… tenho certeza disso.’ Ainda falou fazendo-o novamente mal se controlar de raiva dele ou de não poder dar-lhe um soco por aproximar-se daquela forma de Akame.

Olhou para cima vendo o vulto de Akame finalmente sair de maneira sorrateira do esconderijo dos Night Raid, deixando Wave sozinho. Correu até ela. Seguiria, protegeria de tudo… de todos. Atravessou a parede de pedras sem problemas e logo encontrou o corpo pequeno passando pelas prateleiras de forma ágil e finalmente saindo daquele lugar.

Novamente foi obrigado a secar o rosto, pelas malditas lágrimas de ódio que havia derramado enquanto presenciava a conversa dos dois. Não soube nem como conseguiu mover aquele maldito objeto tamanho era seu desespero quando pensou que ela aceitaria a proposta de Wave.

Logo estava ao lado de Akame que caminhava depressa pelas ruas da capital. Ela estava com o rosto baixo, pensou que seria perigoso ela estar sozinha. Pelo que havia constatado a capital ainda não havia se tornado um lugar seguro. Os militares estavam medindo forças em vez de realmente se preocuparem em melhorar a vida do povo e controlar a violência.

Akame estava linda vestida como uma jovem normal. Mesmo tentando ser discreta era impossível não chamar a atenção masculina. Não era a toa que Wave havia lhe proposto aquele absurdo. Merda! Ele era seu amigo! Não deveria cobiçar daquela forma a mulher que ele amava! Balançou a cabeça de leve pensando que Wave também não sabia dos dois… Ele tinha sido um idiota de descobrir que a amava apenas quando estava morrendo. Inferno!

Assim que a jovem virou a esquerda, numa rua deserta, apareceram três vultos. Akame soltou um suspiro contrariado. Queria ir para casa. A conversa com Wave havia feito com que ela lembrasse de momentos que tentava desesperadamente superar.

Os três homens se aproximaram dela com sorrisos maliciosos.

‘Olá bonequinha…’ Um falou com os olhos vidrados nela. ‘O que uma linda jovenzinha como você está fazendo sozinha a esta hora? Não sabe que é perigoso? Existem lobos muito maus loucos para comer menininhas como você?’

Tatsumi trincou os dentes novamente. Idiotas. Vermes que deveriam ser eliminados da humanidade. Eram muito piores que demônios.

‘Saiam da minha frente.’ Ela falou irritada. Eles não tinham a encontrado num bom momento. Continuou a caminhar sem se intimidar, assustando os três com a atitude dela.

‘Você é minha. Gosto de garotas destemidas assim…’ Disse um brincando com uma adaga na mão esquerda. ‘Vou adorar rasgar sua roupa e depois você toda.’

Akame percebeu quando ele se aproximou dela pela direita, segurou o punho dele, e puxando com força ao mesmo tempo que levantava a perna para com uma joelhada quebrar o braço do homem que soltou a adaga e gritou de dor. Os outros dois apesar do susto inicial pela reação da garota que julgaram indefesa, logo se aproximaram dela armados com faca e tacos.

‘Use Murasame, Akame!’ Tatsumi não se conteve em falar, mesmo sabendo que ela não o ouvia. ‘Acabe logo com eles!’

Ele não entendia o porque dela não puxar a espada e acabar com aqueles vermes de uma vez, se fossem demônios, ele mesmo faria isso, mas como infelizmente eram humanos não podia intervir. Aquele tipo de ser humano era pior que muitos demônios que havia combatido. Irritava-o aquela limitação.

Akame abaixou-se desviando da investida de um deles que tentou acertá-la com o pedaço de madeira, esticou a perna e girou o corpo atingindo com força as pernas dele que caiu no chão, sem nem saber o que tinha acontecido. Ela se levantou e virou o corpo, fazendo o segundo que se aproximava correndo e irado de raiva passasse por ela, sem nem ao menos conseguir resvalar a lâmina da faca nela. Ergueu o braço e atingiu um cotovelada com força na costas dele que foi ao chão, na hora gritando de dor.

Akame pisou na mão dele, fazendo-o soltar a faca e se abaixou para pegá-la, olhou de soslaio para a direita vendo o primeiro que a atacou e que estava agora com o braço quebrado tentar fugir. Ela jogou a faca, rodando no ar e pegando-a pela lâmina, apenas para mirar melhor e soltar na direção dele acertando-o na nuca e fazendo-o tomar no chão morto.

Novamente percebeu a investida do que tinha o pedaço de madeira nas mãos como arma tentar lhe atingir novamente. Desviou de todas as investidas dele que tentava acertá-la de maneira furiosa, ainda mais reparando o rosto apático dela para ele. Como se ele fosse absolutamente nada. Ele atingiu um poste com força quebrando a madeira em duas. Uma metade ficou nas mãos dele e a outra seria lançada longe, se Akame não fosse rápida o suficiente para pegá-la e em dois movimentos rápidos cravar a parte pontiaguda formada pela quebra da madeira no pescoço do homem, espirrando sangue e sujando o belo kimono que ela usava, antes do corpo cair no chão se contorcendo antes de finalmente ficar estático e sem vida.

Ela soltou um suspiro cansado. Caminhou até o terceiro que tentará duas vezes se levantar para fugir, mas deveria ter duas ou três costelas quebradas pelo golpe fortíssimo dela. A mão que ela tinha pisado com força com o tamanco deveria estar quebrada. Ele se arrastou pedindo clemência para ela.

Akame caminhou devagar em direção a ele, tinha que finalizar com ele para não ter testemunhas de que a viram na capital. Detestava quando imploravam pela vida miserável deles sendo que ela sabia que eram capazes de tirar com requintes de crueldade a vida de qualquer um que fosse mais fraco que eles.

Era melhor ser rápida, logo os guardas apareceriam devido ao grito dos idiotas. Em dois passos alcançou o grande homem e com segurando a cabeça dele de forma firme a virou, ouvindo o barulho seco já conhecido dela pela quebra do pescoço. Soltou-o, vendo-o tombar a frente.

Ouviu ao longe passos, e deduziu que seriam a guarda. Voltou ao seu caminho. Queria sair o quanto antes da capital. Queria o quanto antes apenas tomar um banho e dormir mesmo que em volta de seus pesadelos.

Oh a soul is on fire

(Oh, uma alma está em chamas)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

What did they aim for when they missed your heart?

(No que eles miraram quando erraram seu coração?)

Tatsumi observou os três corpos dos grandes homens jogados sem vida no chão. Sorriu de leve, entendendo finalmente que Akame optou por não usar Murasame pois os corpos seriam encontrados e logo perceberiam que eles foram envenenados pela perigosa teigu. Ela não queria deixar pistas de que esteve na capital. Ela era incrível. Não tinha como não ser mais fascinado por ela.

Logo apareceu um dos seus companheiros para levar a alma deles para serem julgados.

O certo seria seguir com ele, mas virou o rosto observando o vulto de Akame começar a desaparecer ao longe.

‘Estou louco para levar aquela alí para ser julgada.’ Ouviu o anjo comentar referindo-se a Akame. ‘Ela é pior que qualquer demônio.’ Completou.

‘Vá cuidar do seu trabalho.’ Ele falou contrariado começando a se afastar.

‘Não virá comigo, Azrael?’

‘Tenho mais o que fazer.’ Respondeu contrariado.

‘Reportarei isso a Miguel.’ O outro ameaçou.

‘Faça o que quiser.’ Ele respondeu já correndo em direção por onde Akame havia partido. Queria ficar ao lado dela, mesmo que ela não pudesse vê-lo, ouvi-lo ou senti-lo. Queria estar apenas ao lado dela, já que não poderia senti-la novamente entre os seus braços. Ela poderia até pensar que estivesse sozinha, mas nunca estaria realmente só, ele sempre estaria ao lado dela.

I breathe underwater

(Eu respiro dentro d'água)

It's all in my hands

(Está tudo em minhas mãos)

What can I do?

(O que eu posso fazer?)

Don't let it fall apart

(Não o deixe despedaçar-se)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

A shot in the dark

(Um tiro na escuridão)

Continua.


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