Bem Me Quer escrita por Maitê Miasi


Capítulo 1
Hoje Não


Notas iniciais do capítulo

Então pessoainhas, olha eu aqui de novo *-*



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[... “Então nós desmoronamos e partimos

O coração um do outro

Se quisermos viver um amor jovem

Melhor começarmos hoje...”]

****

Nessa altura do campeonato, Diana nem acreditava que aquele dia finalmente estava chegando ao fim, esse dia merecia o título de “o pior dia da sua vida”, mas pelo menos se via livre do seu ex-marido, livre e sem nada, pobre de marré de si, isso seria um tanto cômico se não fosse trágico.

À volta para casa foi um completo silêncio, sua mãe, que falava como uma maritaca ficou quieta ao longo do caminho, certamente foi um sacrifício para Ana permanecer calada, mas Diana não se importou, não tinha nada a dizer mesmo, às vezes o silêncio é um belo aliado, e sua mãe tinha que entender isso de vez enquanto.

As duas saíram do táxi, e bateram a porta, cada uma ao seu lado, tristes, pois, provavelmente, elas não andariam mais de táxi tão cedo. O simples fato de terem que andar de ônibus, mexia com o psicológico daquelas duas dondocas, principalmente de Diana, que havia se acostumado com todo o luxo que aquele casamento lhe proporcionou.

Elas entraram pelos portões grandes daquela mansão, que um dia Diana foi dona, e agora era apenas uma intrusa, e ainda estava ali, por falta de um lugar para ficar. Com todos os olhares de pena dos empregados sobre si, ela continuou andando, mas não se deu o trabalho de olhá-los, somente seguiu para dentro da casa, e ver se conseguia sentir um pouco de paz ali dentro, mas sentir paz nesse estágio era meio improvável. Talvez não sentisse a paz que tanto almejava estando entocada, mas pelo menos sentiu um enorme conforto quando tirou aqueles saltos que comiam seus pés, e se jogou no sofá. Ela fechou seus olhos, estava cansada, não só fisicamente, mas sua alma doía, estava visivelmente abatida, sua vontade era de se trancar no seu quarto e chorar, e só sair de lá dez anos depois, quando finalmente a poeira abaixasse. Sua mãe, ao invés de passar direto, sentou-se em um sofá a sua frente, ela queria falar alguma coisa, queria muito.

— E agora Diana – finalmente disse algo, depois de tanto tempo em silêncio – o que vamos fazer? – Diana abriu seus olhos para olhá-la, seu semblante era preocupado.

— Sei lá. – Ela deu de ombros e fechou seus olhos colocando o antebraço no rosto, por causa da claridade.

— Filha – ela foi até ela, e se sentou ao seu lado no espaço minúsculo que havia ali – você não pode se entregar, você é jovem, é bonita e inteligente.

— Ah, não esquece de encaixar chifruda no meu currículo tá. – Continuou na mesma posição.

— Não fala assim Diana, você não pode ser negativa. Daqui a pouco as coisas começam a melhorar e...

— Ah claro – a interrompeu se sentando no sofá – mãe, não tenta melhorar as coisas com palavras bonitas e ensaiadas! – Foi um pouco rude.

— Ah, e você não acredita que há males que vêm para o bem?

— Não – ela saiu do sofá, os olhos de sua mãe a seguiam – sou muito cética pra acreditar nessas bobagens. Acreditei um dia que o amor verdadeiro existia, e olha o que aconteceu comigo. Agora sou conhecida como a traída, a trocada, a nada! – Ela pegou sua bolsa, tinha que sair de perto de sua mãe, ela não era uma boa companhia nesse momento, mas antes de sair, ainda disse umas palavras. – Mas pode ficar tranquila mãe, desse mal eu não morro, amor? – Desdenhou. – Não sei mais o que significa essa palavra.

— Diana filha... – Suas palavras vieram acompanhadas de um suspiro triste.

Antes que Ana pudesse dizer mais alguma coisa, ela saiu de perto. Subiu as escadas as pressas, de dois em dois degraus, e chegou ao topo ofegando, algo bem normal para alguém que não era nem um pouco fã de exercícios físicos. Ao entrar em seu futuro antigo quarto, teve vontade de quebrar tudo, de colocar fogo em tudo que a fizesse se lembrar de Pedro, mas sabia que, mesmo destruindo aquela casa, não esqueceria o quanto ele a fez de idiota, rindo da sua cara acompanhado da próxima senhora Linhares.

Diante daquele turbilhão de emoções dentro de si, Diana se jogou em sua cama, lembrando das vezes que os dois foram felizes ali, das promessas que ele fez, e muitas não chegou a cumprir.

“Onde eu errei?” – Pensou, com os olhos transbordando em lágrimas.

Em meio às lembranças, a única coisa que lhe restava, era mesmo chorar. Soluços invadiram sua garganta, e as lágrimas desciam impiedosas, mas ela sentia que precisava mais que nunca ser forte, por sua mãe, por ela.

Algum tempo se passou desde que se trancou no quarto, e ela acabou cochilando depois de quase se desidratar de tanto chorar, mas voltou à consciência quando seu celular começou vibrar, tirando-a do transe em que se encontrava. Ela procurou sua bolsa, ainda um pouco atordoada do sono, e pegou seu celular, era Pedro. Por um momento, ela pensou em recusar a ligação, mas voltou atrás, talvez ele estivesse arrependido, querendo voltar.

~~

— Alô. – Atendeu friamente.

— Diana, preciso falar com você, um assunto delicado – ele andava de um lado para o outro, dava para ouvir seus passos, essa era uma mania que ele tinha, e ela conhecia bem – será que a gente pode se encontrar? – Ele parou de caminhar.

— Eu não tenho nada pra falar com você Pedro – independente do que ele queria falar, ela não se mostrou interessada no assunto – será que você não está satisfeito com tudo o que me fez não? – Sua vontade era que ele estivesse na sua frente, para que pudesse encher sua cara de tapas.

— Tudo bem, eu vou falar por aqui mesmo. Eu preciso que você desocupe a casa em dois dias.

— O que?! – Ela saiu da cama em um pulo. – Você ficou louco? – Dessa vez ela caminhava de um lado para o outro. – Eu não tenho pra onde ir Pedro, eu preciso de mais tempo!

— Clarisse quer a casa, e agora nós dois não temos mais nada a ver um com um o outro. Diana, eu sinto muito...

— Sente muito? – O cortou. – Ah, por favor, ironias uma hora dessas não!

— Você tá tornando as coisas mais difíceis, não precisaríamos terminar assim se você não fosse tão infantil.

— Claro – parou frente à janela – a única culpada sou eu, fui eu quem traiu você, você quem saiu com uma mão na frente e outra atrás. Mas pode ficar tranquilo, sua casa estará desocupada em dois dias. – Ela passou a mão pelo cabelo.

— Diana, eu quero que você seja feliz, eu digo isso com toda a sinceridade do mundo.

— E eu quero que você se exploda, você e aquela mulherzinha. – Ela ouviu seu suspiro e logo desligou o telefone. – Canalha, desgraçado!

Diana arremessou o celular o mais longe possível, e logo se deitou de novo, colocando o travesseiro por cima da cabeça para abafar seu choro, mas de qualquer forma, sabia que sua mãe não demoraria um minuto pra aparecer em seu quarto.

— Diana? – Ana bateu a porta.

— Entra. – Sua voz estava chorosa.

— Eu ouvi que você estava falando com alguém, quem era? – Ela se sentou ao seu lado na cama.

— Pedro – sua voz saiu abafada por causa do travesseiro que estava sobre seu rosto – ele quer que a gente desocupe essa casa em dois dias.

— Dois dias? Isso é muito pouco tempo. – Disse de forma calma. – Filha, me olha – ela não se moveu – Diana – ela retirou com cuidado o travesseiro que a escondia – não adianta ficar aqui chorando, temos que dar um jeito nas nossas vidas, ou você quer que Pedro te olhe sempre como a frágil? – Ela olhou a mãe com um pouco de raiva, sabia que ela estava certa.

 — A única coisa que eu queria, era sumir. – Se sentou de frente para ela, com pernas de chinês.

— Bom, eu tenho algumas economias, podemos usá-las pra alugar uma kitnet, já é um bom recomeço.

— Kitnet mãe? – Ela não queria acreditar que poderia estar morando numa Kitnet em menos de 48hrs.

— Ou se você preferir tem um mendigo a duas quadras daqui, Pingo é o nome dele, ele é muito simpático, eu sempre dava a ele alguma coisa pra comer quando saía pra caminhar, acho que ele não vai se importar em dividir o espaço dele com nós duas.

Diana se levantou e foi até a porta, estendendo a mão para fora. Ana entendeu muito bem o recado, e já estava se retirando do quarto.

— Quer que eu mande preparar um chá pra você? – Ana perguntou.

— Não.

— Tem certeza? Não sabemos quando vamos tomar um chá decente outra vez.

— Eh, você tem razão. – Ela sabia muito bem como convencer a filha. – Você sabe como eu gosto, né?

— Sei sim – sorriu – vou mandar fazer um no capricho. – Ela tocou seu rosto daquele jeito que só mãe faz, e saiu.

Depois de fechar a porta, Diana ficou a pensar nas palavras de sua mãe. Ela não podia se dar por vencida, não ainda. Ficar em sua cama chorando não era a melhor das opções, e ela sabia que nunca escolhia a opção mais fácil, e não seria essa a primeira vez.

O primeiro passo para um recomeço, é um belo banho, e era disso que ela precisava. No caminho até o banheiro, uma fotografia lhe chamou a atenção. Seus pés a levaram até lá. Ela encarou a foto. Pedro e ela, os dois formavam um belo casal. Ela tirou a foto do porta retrato e a olhou mais de perto, tentando achar algum defeito nela que pudesse ter acabado com seu casamento, porém não achou nada que considerasse grave. Depois de tanto olhar, ela começou a destruir aquela prova de fracasso. Ela rasgou a foto ao meio, em quatro partes, depois, dezenas de pedaços estavam jogados pelo chão do quarto.

...

Depois de um banho demorado, ela foi até a cozinha, encontrando lá, sua mãe se deliciando com seu chá e biscoitinhos.

— Pensei que tivesse desistido do chá.

Ela disse assim que Diana entrou. Ela se sentou de frente para sua mãe, e tomou um gole do seu chá preferido, que estava como ela gostava.

— Biscoitinhos? – Ela ofereceu.

— Não, obrigada.

— Eu estava aqui pensando Diana, as coisas vão começar apertar pra nós, e eu acho que vamos ter que procurar um emprego.

— Eu pensei nisso também – ela repousou sua xícara na mesa – mas fica tranquila mãe, você não vai precisar trabalhar, eu posso dar um jeito de sustentar nós duas.

— Que isso filha! É claro que eu vou ajudar. Eu posso, sei lá, trabalhar como cozinheira.

— Mãe, você cozinha mal à beça.

— Ah, então posso procurar algo, como vendedora, eu me dou bem com as pessoas, garanto que venderia em qualquer coisa.

Nisso ela tinha razão, Ana sempre gostou de falar, mas às vezes falava mais que o necessário.

— Tá mãe, a gente vê isso depois. – Se levantou, sem terminar o chá.

— Vai sair? – Perguntou curiosa.

— Vou dar uma volta por aí, preciso espairecer um pouco. Continua pensando numa solução boa pra gente, eu não demoro.

— Tá bom, se cuida.

...

No momento em que saiu de casa, sabia exatamente aonde iria. Um sorvete de creme sempre a ajudou pensar melhor. Com aquela maravilha gelada em mãos, ela saiu da sorveteria, com um sorriso contente na boca, e foi a uma pracinha que ficava perto do condomínio onde morava. Alguns olhares curiosos a seguia, pelo menos ninguém teve o disparate de ir até ela perguntando mil coisas, ou dizendo palavras que julgavam ser de força.

Ela se sentou no balanço, fechou seus olhos, e deixou que o vento frio da noite que surgia, bagunçasse seu cabelo, essa sensação era agradável, e era disso que ela precisava, sensações agradáveis. Algumas crianças que passavam por ali, a olhavam, com uma cara não muito boa, provavelmente pelo fato de estar no balanço atrapalhando a brincadeira. Ela sorriu, e saiu do balanço, seu ato foi muito bem aceito pelas crianças, que rapidamente, ocuparam o lugar onde ela estava.

Mais uma volta era o suficiente, e logo após, casa. Sua tarde terminaria razoavelmente bem, a não ser por um certo alguém que cruzara seu caminho.

— Ora, ora, quem está aqui, a mais nova sem teto. – Clarisse, que seguia direto, parou somente para provocá-la.

— E olha quem está aqui – ela se virou para olhá-la – a ladra de maridos alheios, destruidora de lares.

— Olha aqui Diana, eu não tenho culpa se Pedro se cansou dessa sua cara enjoativa.

— Se certas mulherzinhas fáceis não se insinuassem, talvez eu ainda estivesse casada. Mas só vou te dizer uma coisa Clarisse, da mesma forma que ele me deixou, ele pode fazer com você, espera só aparecer uma mulher melhor e mais bonita, aí num instante você fará parte do clube. – Deu uma piscadela pra ela. – Agora me dá licença, que não vou perder meu precioso tempo com uma qualquer como você.

Rápida e objetiva. Diana não se deu ao luxo de ficar discutindo com Clarisse, tornando sua situação pior que já estava, ela tinha que mostrar que era forte, ou pela menos fingir que estava diante dessa situação. Ela virou as costas e a deixou falando sozinha. E sabia que ela estava se corroendo por dentro, mulheres como Clarisse não gostavam de ser contrariadas, alguma coisa naquele dia valeu a pena.

Quando chegou a casa, já estava bem escuro, os raios de sol já haviam dado lugar às luzes noturnas da cidade grande. Ela entrou e não viu sua mãe, mas Ana já tinha visto-a, pois a esperava para dizer-lhe algo.

— Diana! – Sua voz foi firme, fazendo Diana parar onde estava para ouvi-la.

— Oi mãe. – A fitou.

— Já tenho uma solução pra todos os nossos problemas, pelo menos por enquanto, depois pensamos em algo melhor.

— Sou todo ouvido. – Ela se aproximou um pouco, mas continuou de pé.

— Lembra da minha prima Valquíria?

— Sim, me lembro, tia Valquíria – sorriu se lembrando dela – não é ela que tem um filho? – Indagou.

— Isso, Chico. Vocês eram amigos quando criança.

— Bom, disso já não me lembro.  Mas o que tem a tia Valquíria com a nossa situação? – Perguntou sem entender onde ela queria chegar.

— Eu liguei pra ela assim que você saiu, e disse que estamos passando por maus bocados, expliquei por alto o que está acontecendo, e adivinha? – Seu sorriso foi de orelha a orelha. – Ela nos convidou pra passar uma temporada na casa dela, isso não é maravilhoso?

Diana encarou sua mãe por alguns segundos sem dizer nada, esperando que ela dissesse que estava brincando, que estava lhe pregando uma peça, só para animá-la, mas Ana não disse nada, ao contrário, ficou esperando uma reação da filha.

— Mãe – disse tão calma como a brisa que invadia a sala – você tá brincando, não é?

— Não, eu pareço estar brincando? – Não, ela não estava brincando.

— Mãe, eu não vou voltar pra Tapebuias – ficou histérica – eu não vou voltar pra aquele fim de mundo – ela estava falando tão alto, que alguns empregados apareceram na sala, e viram-na gesticulando como uma louca – eu não vou mãe!

— E qual o problema de voltarmos pra lá? Caso não se lembre foi em Tapebuias que você nasceu.

— Na verdade, eu queria esquecer que aquele lugar existe, esquecer que morei lá um dia! – Ela passava a mão pelo cabelo ostensivamente.

— Se você quiser ficar, que fique. Aí estão duas passagens – Ana olhou para as passagens que estava em cima da mesa de centro – pra amanhã à noite. Acho que não temos outra escolha.

Diana foi até a mesa e olhou as passagens, queria rasga-las em mil pedaços, mas só as colocou de volta onde estavam de forma ríspida, voltou os olhos novamente para sua mãe com cara de poucos amigos, ou nenhum amigo, e foi para o seu quarto, definitivamente, esse era o pior dia da sua vida.

****

Depois de um dia longo e cansativo, finalmente Chico conseguiu parar para alguma coisa, passar o dia todo de pé, não era seu esporte favorito. E ali estava ele, recostado numa macieira com algumas belas maçãs do seu lado, e uma fome de leão. De onde ele estava, conseguia sentir o aroma da comida que sua mãe preparava, mas não queria entrar ainda, não estava disposto a escutar a mesma ladainha de todos os dias de sua mãe, ela era outra que gostava de falar, talvez estivesse no sangue.

— Chico – Rosa se aproximou, estava bom demais pra ser verdade – a madrinha tá chamando.

— Pra quê? – Perguntou sem interesse algum na resposta, dando uma mordida em sua maçã.

— Ah, eu não sei ora, ela só pediu que eu viesse te chamar.

Ele se calou para ver se ela saia, mas não, ela continuou ali plantada na sua frente, e ele a encara-la.

 — Por que cê tá me olhando assim?

— Tô esperando você sair da minha frente! Vai Rosa, some daqui! – Gritou grosseiramente.

— Mas a madrinha...

— Deixe que com a minha mãe eu me entendo depois!

Ele foi tão grosso com Rosa, que a moça saiu resmungando dali. Sua paciência era mínima, mas foi ver o que sua mãe queria, pois não demoraria muito, e Rosa estaria ali de novo.

— E então dona Valquíria – abriu as panelas para ver o que teria para o jantar – Rosa me disse que quer falar comigo.

— Chico, você sabe que eu detesto quando você se mete nas minhas panelas! – Ela lhe bateu com o pano de prato, ele revirou os olhos.

— Desculpa – ele se sentou enquanto ela mexia a comida – o que a senhora quer?

— Então – ela parou de mexer sua comida para o olhar – se lembra da minha prima Ana?

— Ana? – Ele ficou a pensar, a princípio não se lembrava de nenhuma. – Eu não me lembro mãe.

— Claro que se lembra. Ana, que tem uma filha, a Diana?

— Ah sim, agora me lembro. “Como poderia esquecer daquela diaba da Diana?” – Pensou. – Mas o que tem ela?

— Bom, ela me ligou mais cedo, e me disse que ela e a filha estão passando por problemas financeiros, e eu convidei as duas pra passarem um tempo aqui com a gente. – Sorriu.

 — Eu não tô acreditando que a senhora fez isso! – Ele se levantou com raiva espalmando a mesa de madeira. – Mãe, por quê? – Perguntou desacreditado.

  — Filho – sua voz era tão doce, que acabaria o convencendo no final – elas precisam da gente, e nós, como família, devemos ajuda-las.

— Ah, claro, agora que elas estão na pior, procuram a família – debochou – mas quando tavam no bem bom, nem se lembravam que a gente existia. – Suspirou pesado. – Mas a casa é sua, e você faz o que acha certo.

Cansado do seu dia, e dessa novidade maravilhosa, Chico resolveu sair de perto de sua mãe, pois sabia que acabaria magoando ela com suas palavras duras, mas antes de sair, ainda escutou uma voz com uma ponta de tristeza.

— Filho...

...

Ele saiu de casa com a cabeça explodindo, e cuspindo marimbondos, estava tão rude, que se alguém falasse com ele, ele mandaria para os confins da terra.

Já estava escuro, e ele sozinho, sentado no chão, e várias lembranças de sua infância vieram à tona.

Flashback on.

— Chico, Chico! – Diana vinha até ele correndo com seu vestidinho amarelo.

— Que foi garota? Por que tá gritando que nem uma maluca? – Perguntou, grosso como sempre.

— Tenho uma novidade, a melhor de todas. ­– Dizia se exibindo.

— Fala.

— Eu tô indo embora daqui, meu pai conseguiu um emprego em outra cidade.

— Você... Você vai embora?  - Ele perguntou triste, apesar de ser um pouco grosso, gostava dela, tinha nela uma amiga.

— Sim, e não vou mais voltar aqui, sabe por quê? Porque lá as coisas são muitos melhores que aqui, e as pessoas são mais bonitas.

— Você não vai voltar mais?

— Não.

— Então vai, eu não vou sentir saudades sua mesmo. – Ele mentiu com seu pequeno coração em pedaços.

Flashback off.

— Ah Diana...

Continua.


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