Quando chegamos ao laboratório de novo, peguei as minhas roupas rapidamente na mala do carro, entrei, coloquei tudo no guarda- roupas e tomei um banho para relaxar. Depois de colocar uma roupa qualquer, cheguei até o quarto de Anne e falei que não ia querer dar uma volta naquele dia e iria visitar o hospital onde eu estaria internada. Ela não questionou minha decisão, disse que iria arrumar alguma desculpa para Drake e Carl não suspeitarem de nada e me desejou sorte na minha busca. Voltei para o meu quarto e entortei as grades novamente para sair de lá. Saí pela noite procurando pelo hospital especializado em pessoas em coma. Chegando lá fiquei procurando pelas janelas por meu suposto quarto e encontrei um com as luzes acesas e com uma janela de vidro virada para os corredores. Resolvi entrar muito rapidamente e sem fazer barulhos, da tal janela de vidro as pessoas que estavam no corredor podiam ver tudo o que acontecia dentro do ambiente em que um corpo imóvel jazia, mal sabiam essas que visitavam aquele quarto que era apenas um boneco o que elas tanto tomavam conta. Desse vidro eu também conseguia ver algumas pessoas em um banco, sentadas olhando fixamente o tal quarto em que eu estava, uma mulher que não reparava em mais nada que acontecia ao seu redor, não se importava com os aparelhos que supostamente mantinham o manequim com "vida", que apenas prestava atenção na vida da filha que ela achava que estava ali num estado subconsciente. Essa mulher era na verdade minha mãe, pálida, como se estivesse doente e muito concentrada, pela sua aparência a única coisa que se deduzia era que ela acreditava que eu iria voltar, talvez não agora, mas algum dia. Para saber mais sobre as pessoas que estavam ali presenciando minha recuperação, me vesti de faxineira, e fui falar com uma enfermeira que estava no mesmo andar. _Com licença, mas quem são essas pessoas? _Ah você não sabe? São os parentes da garota que levou o tiro, ela já entrou em coma por mais ou menos duas semanas, ali estão os pais, a irmã, a tia, e os avós. Eles vêm aqui todos os dias ver como ela está e permanecem aqui por muito tempo, sem falar das amigas dela que vem aqui também todos os dias, eu ouvi falar que elas criaram um mural onde todos podem colocar seus recados para a garota, para ela ver quando ela acordar. _Tudo bem, mas alguém sabe qual é o estado dela? _Não, o médico disse que é muito instável, ela está tão fraca que pode pegar uma infecção, por isso que eles usam o vidro, para que as pessoas possam ver como a menina está, mas sem ninguém colocar a saúde dela em risco. Eu não conseguia simplesmente ver minha família sofrendo ali sem poder fazer nada, então coloquei a máscara me ajoelhei perto da minha mãe e disse para ela: _Pode deixar que ela vai acordar, eu sei disso. E quando ela acordar ela vai vir aqui falar com você. Minha mãe pareceu acordar e me deu um abraço, um abraço que pareceu me reanimar depois de muito tempo em baixo de água fria. Um corpo quente com um cheiro que eu nunca iria me esquecer. Cheiro de mãe, ela pareceu também reconhecer meu cheiro e eu tive que me afastar depressa. Mas sem demonstrar minha rapidez anormal. Depois que me virei ela respondeu: _ Eu sei que ela vai. Obrigada. Acenei, sai andando em direção à saída e sussurrei de volta: _De nada, mãe, até breve.