No dia seguinte Maynard acordou decidido, mas não para tentar recomeçar ou terminar um quadro. Ao contrário, resolveu desistir de tudo e vender seus instrumentos de arte.
Foi à uma velha galeria que havia perto de sua casa com pincéis, tintas, telas, lápis e outros vários materiais que tinha desde muito jovem. Entrou no recinto e se sentiu preso em um porão. O insuportável cheiro de mofo e a poeira que exalava dos objetos deixaram-o anestesiado por algum tempo.
Ao fundo da loja, um senhor magro usando roupas de fazendeiro recebeu o rapaz com desprezo.
— Em que posso ser útil?
— Quanto o senhor me dá por essas coisas?
— Não muito. Disse com sarcasmo.
— Como não muito?! Maynard disse com uma certa alteração.
— Existem peças de raridade que já não mais se fabricam entre minhas coisas.
— Mas já estão muito gastas e, portanto perderam seu valor. O máximo que posso te oferecer é £ 17.
— É pouco, mas eu aceito.
Maynard vendeu tudo para o dono da galeria como se fossem coisas sem valor. Já não importava o quanto ganharia com a venda, estava se desfazendo daquilo para esquecer da dedicação que dera a sua vida inteira pela arte.
Foi à uma mercearia, comprou cinco garrafas de um vinho com o dinheiro que ganhara pela venda de seus instrumentos de criação, e chegando em seu apartamento pegou um saca-rolhas e abriu uma das garrafas, resolvendo então, bebe-la descontroladamente como se fosse a última garrafa que restara no planeta. Acabando a primeira garrafa, abriu a segunda, a terceira...