Digimon Zero: The Lost Gate escrita por Anelim Avlis


Capítulo 1
Capítulo 1 (Episódio 1) - Abduzido


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha primeira fanfic, que fiz no final de 2011 (o caderno onde a escrevi ficou perdido por anos. Só o encontrei ano passado, e foi quando comecei a pensar em postar, mas só tive coragem agora).
Não tenho muito a dizer, apenas que fiz essa história de todo meu coração.
Os capítulos corresponderiam a episódios de anime. Os quatro primeiros caps. serão o "primeiro episódio".
Sem mais enrolar… Tenha uma boa leitura!



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Outro dia comum, como qualquer outro. Era qualquer dia na primeira quinzena de janeiro do ano de 92. Haruka e sua família muito feminina, pois era o único membro masculino dela (tem irmãs, mãe, tias e avó materna), iriam viajar para a Rússia, visitar seus avós, os pais de seu pai. O voo para Moscou iria sair às 10 da manhã e sua mãe já tinha comprado as passagens. Faltava menos de meia-hora para seu voo começar, então foram caçar o que fazer para matar o tempo.

As três irmãs mais velhas e uma das tias foram torrar o dinheiro da mãe de Haruka (essa pouco se importava, ganhava bem com seu trabalho de aviadora) em sapatos e joias, as gêmeas, as segundas das irmãs mais velhas, foram caminhar e aproveitar para conversar (e trocar algumas confidências), a segunda irmã menos velha foi tricotar suéteres com a mãe, a avó e a outra tia — e ficaram tomando conta das malas de todos (afinal, alguém tinha que ficar com os olhos nas bagagens), e a irmã mais nova, mais velha apenas que Haruka, o caçula da família, ficou junto dele, na lanchonete do aeroporto (os dois estavam com fome, apesar de terem tomado café da manhã há menos de quarenta minutos).

Suya, a tal irmã que acompanhou Haruka até a lanchonete, pediu banana split com sorvete de morango e todas as castanhas, confetes e amendoim torrado que tinha direito. Ele se contentou com um sundae humilde de baunilha, com waffer e com calda de caramelo, e com uma garrafinha de Coca-cola de 600 ml — mesmo tendo consciência de que acabaria com dor de barriga, tomou da mesma forma (essa era uma das intenções de Haruka, para ter uma desculpa para não viajar).

Ao contrário de sua família, Haruka não estava muito animado para viajar. Não queria encontrar com seu avô Vowa, pai de seu pai, um senhor truculento que detestava Haruka — julgava que o garoto não era digno de ser seu neto, um fracote que era (um avô imbecil de nome péssimo, não concorda?). A avó era, pelo menos, flor que se cheire: tratava seu único neto com respeito e carinho moderado. Apesar dela ser um amor de pessoa, ficar na mesma casa que Vowa era muito ruim. Todo ano era a mesma coisa, as visitas a seus avós russos sempre acabava mal — eram duas vezes por ano, uma logo no início de janeiro e outra em meados de junho. Haruka não queria ir, por mais que até quisesse rever a avó Svetlana, realmente uma luz abençoada em sua vida.

Que situação chata… Pensou, remexendo sua Coca-cola, já abaixo da metade, com um canudinho de plástico.

— O que foi, Haruka? Você está bem? — Suya parou de dar atenção para suas bolas de sorvete e foi consolar Haruka. — Parece exausto.

— Não é nada, Su — disse ele, enquanto sua irmã atenciosa afagava-lhe os cabelos. — Apenas dormi mal noite passada. — Deu um sorriso suave para não preocupá-la. Não queria importunar sua amada irmã com um assunto tão pedante.

— Hum, sei. Não precisa mentir, Haru—chan — disse a menina, ele quase esquecera que não adiantava esconder nada da irmã, porque ela farejava mentiras como ninguém. — Você não está bem, e sei que é por causa do vô Vowa. — É tão óbvio assim? Pensou Haruka, desviando o olhar, envergonhado. — Ei, olha pra mim. — Fez como ela pediu um pouco relutante. Foi surpreendido com um abraço acalorado. — Você não tá sozinho, você tem nossas tias, nossas irmãs, a vovó Tooru e a mamãe. Tem a mim também. — Fungou, mas reprimiu suas lágrimas. Não podia ficar resfriado agora, ainda mais no inverno. — Mesmo que o vô te trate mal, terá sempre muitas para tratar você bem. — Ela o largou e o segurou pelos ombros, abrindo um grande sorriso otimista, e Suya era expert nisso. — Portanto, não desanime!

— Obrigado, Su — agradeceu, sorrindo para ela. A angústia, o medo e a insegurança que o dominavam já eram pequenos desafios agora. — Você é uma irmã maravilhosa, sabia?

— Que nada, menino — recusou, jogando uma mecha de seu cabelo negro comprido e liso para trás. Suya era bem parecida com Haruka, com exceção nas cores. Seus olhos eram castanho-escuros, os cabelos iguais os da mãe e sua pele branca e os olhos puxados indicavam sua origem eurasiana. — Sou apenas uma garota inexperiente de catorze anos que não sabe nada além de recitar alguns versos de Sherlock Holmes — alegou como se não fosse nada (é uma nerd e nem percebe), ajeitando uma alça de seu vestido azul-bebê com babados brancos.

— Daria uma ótima psicóloga — avaliou seu irmão com sinceridade (sempre dizia isso, mas cadê que Suya ouvia?).

— Valeu, otouto. — Bagunçou os cachos de Haruka, que riu, pensando. Às vezes, gostaria de ser mais velho. Ser caçula nem sempre é vantajoso. Quase sempre pensam que sou irresponsável. Voltou a sorrir, feliz pela primeira vez no dia. Ainda bem que Su não me vê assim. Acho que ela e a vovó Svet são as únicas que realmente me entendem e aceitam sem fazer juízo de valores.

— Acho que vou para a Rússia — decidiu Haruka empolgado. Ficara tão preocupado com Vowa que não tinha percebido como amava Moscou, a vó Svetlana e seus pudins de coco.

— Que bom que mudou de ideia, Haru.

— Como descobriu que eu estava pensando em ficar no Japão?

— Intuição. Além de que era óbvio que queria fugir do vô, como tentou fazer nos últimos dois anos, e- — Suya continuou sua tagarelice, da qual Haruka fugiu malandramente com uma licença para ir ao toalete. Não queria ir a banheiro nenhum, só precisava andar para espairecer um pouquinho (tinha aceitado ir a Moscou, mas na sua cabeça ainda martelava a ideia de ficar em Tóquio e passar o resto da semana na casa de um amigo e se poupar de receber olhares cruéis e palavras denegridoras de um certo velho caminhoneiro).

Pensativo e entretido com sua garrafinha de Coca-cola (essa era sua quarta naquela manhã), Haruka nem viu o tempo passar. Quando deu por si, o grande relógio da área de embarque/desembarque marcava 9h57.

— Caramba, já é isso tudo? Eu tenho que correr! — alarmou-se, bebendo o último gole de seu refrigerante. Saiu correndo, de volta para os bancos onde provavelmente estariam sua família toda esperando por ele, louca para embarcar no avião das dez horas.

Corria como um louco desvairado, quase derrubando pessoas pelo caminho, quando teve o caminho bloqueado por uma espécie de portal. Distanciou-se um pouco para vê-lo melhor, totalmente chocado e sem entender como aquilo surgira do nada.

O portal assemelhava-se a um portão, possuía por volta de oito metros de altura e cinco de largura e não podia ser desse mundo. Ele tremeluzia feito a superfície de um lago inconstante e suas portas eram de tom verde-abacate e cobertas de desenhos de autorrelevo de raios e sopros de vento em preto. O arco do portão era violeta e com alguns riscos rosa, e combinações numéricas entre zeros e uns preenchiam a fresta aberta entre as portas. Aquele portão podia ser real. Devo estar delirando. Talvez misturar Coca-cola e sundae tenha sido uma ideia muito péssima.

— Só estou devaneando — Haruka murmurou seguro disso, e foi para dar a volta no portal (mas essa não colou com o portão digital).

Uma forte ventania jorrou de dentro do portão, rodopiou Haruka, o envolvendo num tornado. O garoto gritou por ajuda, mas ninguém o socorreu — parecia que ninguém via o que estava acontecendo com ele (porque ninguém normalmente via coisas do universo digital. Haruka era um caso a parte).

O tornado, aquém dos protestos de Haruka, adentrou o portal, entrando no espaço infinito de números digitais. Suas portas fecharam num grande estrondo, que não foi ouvido pelos reles humanos no aeroporto, calando a voz do pequeno aprendiz de aviador. Da mesma forma misteriosa que surgiu, o portão desapareceu.

A última coisa que Haruka ouviu antes de seu corpo se desmantelar em fragmentos digitais — em fitas de algarismos azul-brancos — foi o grito de Suya, chamando por seu nome.


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Notas finais do capítulo

Tudo que posso dizer é que espero ter agradado com esse cap. Até o próximo!



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