Something. escrita por NowhereCams


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora gente, tive alguns imprevistos... Boa leitura!



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Louise

Quando percebi que estava chegando, fiquei nervosa, mas precisava me acalmar e achar um lugar afastado para estacionar e fazer o restante do caminho a pé; esse é o problema de usar o carro de um beatle, as pessoas podem reconhecê-lo. Parei o carro na rua atrás da Abbey Road e entrei pelos fundos para não causar nenhuma espécie de alvoroço.

Andei apressadamente até a sala 8 com o coração quase saindo pela boca. Apertei o passo e lentamente, abri a porta do ''lugar de fazer som'', colocando minha cabeça para dentro e dando de cara com um par de olhos azuis. Ignorei a cena.

— Olá rapazes! -acenei com a mão livre e fechei a porta. - Como estão?

— Oi Lou! -cumprimenta Paul, estalando um beijo em minha bochecha, o que me faz rir. - Estamos bem... Você chegou na hora certa. Me dê aqui sua guitarra. -diz, tomando a mesma de minhas mãos.

— Vamos ensaiar primeiro e depois tocamos juntos. -acrescentou George com um sorriso. Apesar dos dentes um tanto desalinhados, ele conseguiu um bom trabalho, o que me fez corar.

Assenti de leve e apertei sua mão do mesmo modo. Abracei Lennon demoradamente, que cochichava suas piadas sarcásticas para mim e eu apenas ria; Cynthia tinha sorte em tê-lo. Por último, lancei um olhar distante para Ringo, encerrando os cumprimentos.

Peguei uma cadeira e sentei entre George e Paul, que começa cantando ''And I love her'' e os outros o acompanham.

A love like ours (um amor como o nosso)

Could never die (nunca poderia morrer)

As long as I (contanto que eu)

Have you near me (tenha você perto de mim)

Olho rapidamente para o baterista, que já estava olhando em minha direção e sorrateiramente ele faz alguns movimentos labiais que logo entendo. ''Podemos conversar?'' era o que dizia e a única resposta que fui capaz de dar foi um discreto sinal de positivo com a mão.

Após o término da música, John me oferece a guitarra e tocamos algumas músicas do Buddy Holly, até que Brian Epstein entra, avisando que por hoje é só e que estão liberados, mas os garotos resolvem ficar mais um pouco e eu os acompanho.

— Vou beber água. -aliso meu vestido ao levantar. - Alguém quer alguma coisa?

— Eu vou com você! -dispara Ringo, para a surpresa de todos. - Estou com muita sede, muita mesmo. - tenta desconversar, em vão.

Suspiro pesadamente e saio do recinto com Starkey logo atrás de mim, com certeza pensando em alguma desculpa esfarrapada para dizer, mas como se explica o motivo de uma traição? Sim, traição! Não é porque estávamos apenas tendo um caso que não seria.

Sirvo dois copos com água e coloco um deles na sua frente.

— Fale. -ordeno com uma sobrancelha arqueada, me preparando para o que está por vir.

— Ok... - Ringo toma fôlego e continua. - Me desculpa pelo beijo que dei em Maureen, mas ela me provocou e além disso, eu fiquei zangado pelo jeito com que você olhou para George, o que me deu ainda mais motivo para fazer o que fiz. -pegou o copo e deu um gole em sua água.

Mas o que era aquilo? Não sei se era sinceridade ou falta de vergonha na cara, a única coisa da qual eu tinha certeza era que aquilo não iria ficar barato!

— É isso que você tem a dizer? Que quebrou meu coração por conta de uma investida de outra mulher e um olhar insignificante meu para um amigo? -prolonguei a palavra ''amigo'', pois sabia que o que eu e George tínhamos estava longe disso, mas eu não podia dar o braço a torcer. - Você é ridículo Ringo Starr e quer saber? SEJA FELIZ COM MAUREEN E COM QUANTAS GAROTAS VOCÊ QUISER, POIS EU DESISTO DE VOCÊ AQUI E AGORA! -vociferei essa última parte, já sentindo as lágrimas escorrendo pelo rosto. Por que eu estava chorando? Ele é quem deveria estar se debulhando em lágrimas! Enxuguei os olhos enquanto Richard abria a boca outra vez.

— Para começar, George não é seu amigo, vocês são apenas conhecidos. Para terminar, eu vou fazer mesmo o que eu quiser.—disse, enfatizando a última palavra. - Eu sabia que daria nisso. Onde eu estava com a cabeça quando pensei que poderia ter um relacionamento tranquilo com uma criança? Francamente... -passou a mão por seus cabelos e levantou, ajeitando seu sobretudo preto. Levou seus lábios ao meu ouvido e sussurrou algo como ''me procure quando aprender a ter equilíbrio'' e saiu, me deixando sozinha.

Eu estava tão atordoada que quando me lembrei de tomar a água, ela já havia esquentado, me deixando apenas na esperança de apagar o fogo do ódio que crescia em mim. Escorri a água pelo ralo da pia e sai da cantina, deixando apenas algumas lágrimas pelo chão.

Ringo

Eu sabia que tinha sido muito duro com Louise, que minhas palavras saíram como lixa, mas aquela garota tinha que entender que ninguém pode ser minha dona.

''Eu evitarei ela daqui em diante'' foi a solução que achei para o meu problema, mas resolvi analisá-la mais tarde.

Corri para o estúdio, pois antes de sair eu precisava pegar minhas baquetas, já que não poderia deixar aquelas belezinhas para que algum retardado, vulgo John Lennon, encontrasse-as e as ficasse balançando por aí com se fossem varinhas do Harry Potter.

Apanhei minhas baquetas e já estava quase saindo, quando uma voz me paralisou.

— Onde está Louise? -perguntou calmamente e dava para ver que estava se controlando para não voar em meu pescoço.

— Bem... -virei meu corpo para ver onde ele estava. - Tivemos uma briga na cantina por causa da noite em que eu beijei Maureen, ela gritou comigo, eu falei algumas grosserias, ela começou a chorar e eu saí de lá. -tentei explicar, gesticulando desesperadamente.

Paul olhou no fundo dos meus olhos, não, no fundo de minha alma e uma mistura de ódio e decepção passou a constituir o seu olhar.

— Starkey... -começou, passando as mãos em seus cabelos. John e George, que até então eu não havia notado a presença, trocaram olhares nervosos e Paul percebeu. - Relaxem, eu não vou fazer nada com nosso amigo, apenas peço que vocês nos deem um pouco de privacidade.

— Ok. -concedeu John, já arrastando George consigo em uma velocidade sobre-humana, mas toda essa rapidez foi incapaz de esconder a seriedade que seus rostos expressavam.

McCartney se aproximou de mim, carregando a incredulidade na face e sua voz saiu espantada:

— Você não se lembra da promessa?

Foi então que uma lembrança se projetou em minha mente.


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Notas finais do capítulo

Obrigada, até o próximo capítulo!



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