Recomeçar escrita por Flower


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH QUEM VOLTOU? EUZINHA!

Demorei? Sim, demorei, mas estou aqui de novo com mais um capítulo. Porém, antes de postá-lo quero agradecer as pessoas que favoritaram a história isso me dá ainda mais vontade de escrever, e claro, às pessoas que dão seus comentários! Deem mais, quero ler todos, CONVERSAR COM VOCÊS LINDAS.

Chega de tanto doce. Boa leitura!



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Felicity Smoak

Sabe quando seus olhos estão fechados durante o sono, mas sua cabeça não para de pensar um só minuto?

Sim, é o que está acontecendo nesse exato momento. Estou confortável nos braços de Oliver sendo aquecida por seu peito desnudo e seus braços fortes ao redor de meu corpo pequeno, o cobertor que está sobre nós parece quente pelos raios fracos de sol que nos indica que o dia está nascendo, eu poderia estar aproveitando o conforto em que me encontro, porém minha cabeça ainda está na noite passada em cada palavra proferida por nós dois.

Tudo ocorreu tão perfeitamente que chega a me assustar, porque até nos melhores contos de fadas apenas quando ele termina que se tem um final feliz, mas isso costuma demorar um pouco, até lá a cinderela após meia noite vira novamente uma plebeia e tem seu sapatinho de cristal perdido. E o meu medo é que aconteça justamente isso, que seja apenas uma amostra grátis do que se parece ser feliz.

Será que a partir do momento em que Oliver abrir seus olhos ele vai me olhar da mesma forma que ontem enquanto nos amávamos? Será que suas palavras ainda serão as mesmas? O que será que essa noite tão cheia de revelações fará com as próximas horas? Com os próximos dias? Nossas vidas mudarão em um passo de mágica?

São tantas perguntas, é tanta ansiedade que eu não me reconheço. Nunca que eu poderia imaginar estar agora na casa de meu chefe que um dia passei a perna na mesma noite em que nos conhecemos. Não passava pela minha mente que um dia poderia estar assim com Oliver abraçando-me tão forte como se estivesse me mantendo segura em seus braços mesmo em um sono tão profundo.  O cuidado entre nós não me parecia algo concreto desde que trocamos olhares pela primeira vez, desde que percebemos o quanto nos desafiávamos como verdadeiros cão e gato.

Oliver Queen só poderia sentir algo por mim nas minhas mais íntimas fantasias, nos meus mais profundos segredos, não me parecia algo que de fato pudesse vir a acontecer. Mas durante essa noite, após tudo o que dissemos até mesmo indiretamente um para o outro eu me senti livre para mostrar o que eu realmente estou sentindo por ele, a emoção que todas as células do meu corpo emitem quando sentem seu toque. Eu estou com medo do que possa estar vindo pela frente, porém não tenho mais receio de querer mostrar que estou apaixonada, que estou amando e que o quero do meu lado. Uma das minhas maiores dúvidas era se eu poderia oferecer meu coração a Oliver, se eu poderia confiar meus sentimentos a ele. Se ele se doaria da mesma forma em que estava disposta a me doar, mas depois da noite em que chegamos ao nosso ápice juntos, essa dúvida que martelava minha cabeça e meu peito toda vez que meu coração descompensava a sentir a presença do homem que se tornara tão especial em minha vida estava sanada, eu posso ter a certeza somente ao olhar nos olhos de Oliver para saber que ele está sentindo o mesmo que eu, que é real.

Massageio meus olhos lentamente antes de abri-los, protegendo-os do sol que parece inundar toda a varanda em que passamos o restante da noite. Assim que consigo abri-los involuntariamente eles correm até Oliver que permanece dormindo, e eu não posso impedir que um imenso sorriso saia de meus lábios, porque se esse homem é lindo acordado, dormindo ele consegue ser mais deslumbrante. Não seria um problema para mim, acorda-lo com carícias sensuais indicando que eu estou pronta para mais dele da mesma forma que o tive na noite anterior. Tudo bem, eu não sou uma ninfomaníaca, mas sexo com Oliver Queen consegue ser melhor do que dormir ou comer alguma porcaria em um pé sujo, o que eu considerava prioridade em minha vida.

Parece que o jogo virou, pois agora a minha prioridade com certeza é outra.

Pensar em comer faz com que meu estômago revire de fome e vagarosamente começo a me mexer sobre Oliver com todo o cuidado para não o acordar, mas para meu azar ele desperta.

— Aonde você pensa que vai? — sua voz é sonolenta e seus braços ao redor de meu corpo continuam fortes me prendendo, mantendo-me em cárcere privado.

Seu sorriso é tão intenso quanto o meu e seus olhos azuis estão duas bilhas claras como o céu de um domingo ensolarado. Estou com nojo de mim mesma, estar apaixonada realmente corrói todos os nossos miolos, porque definitivamente eu não consigo não achar tudo nesse homem incrível.

— Bom dia senhor Queen. — encosto meus lábios levemente sobre seus em um beijo casto.

— Bom dia senhorita Smoak. — ele ri à medida que afoga seu rosto em meu pescoço procurando pelo aroma floral que denominou como seu. — Você não me respondeu... Onde estava indo?

— Estou morrendo de fome... — rio com as cócegas que sua barba faz ao roçar a pele de meu pescoço.

— Imagino de onde essa fome venha.

— Você é o grande culpado por isso. Posso ouvir meu estômago gritar por comida.

— Vou preparar algo para nós... Afinal de contas, eu preciso de você forte para mais tarde.

Eu posso sentir cada pelo de meu corpo arrepiar apenas com as palavras ousadas de Oliver. Porém, antes que pensemos em levantar da poltrona em que estamos sentados, uma voz angelical parece gritar pelos cômodos internos da casa.

Papai! Papai!

William não cessa seus chamados a Oliver e ao nos encontrar na varanda, emite um grande sorriso. Eu não sei explicar, mas mesmo não conhecendo tanto esse menininho eu já consigo ter uma empatia surreal como se estivéssemos uma conexão.

— Claro... Eu esqueci que Evelyn o traria cedo da casa de seus pais. — Oliver diz ao avistar seu filho parado na porta da varanda. — E aí garotão!

O menino corre em direção a nós, conseguindo subir sobre meu colo mantendo-se próximo de seu pai.

— Oi Felicity! — diz William com seu sorriso radiante, surpreendendo-me por ter se lembrado de meu nome.

— Olá pequeno Queen! — aperto delicadamente uma de suas bochechas rosadas.

— Você foi um bom rapaz na casa de Evelyn? — pergunta Oliver ao encher os cabelos dourados de William de beijos. É notável o quanto transborda amor um pelo outro, Oliver como Donna Smoak conseguiu alcançar o papel de pai e mãe, o que me deixa ainda mais confiante de que estou com o homem certo.

William é impedido de responder à medida que Evelyn surge na porta. — Desculpe incomodar senhor Queen, tentei ligar para seu celular, mas só dava desligado.

— Está tudo bem, você me fez um grande favor o trazendo até aqui. Ele está bem? — Oliver pergunta.

— Ele teve um pouco de febre e dor no corpo durante a tarde de ontem, mas os analgésicos que minha mãe o deu fizeram ele se sentir melhor. — Evelyn explica.

— De novo essa febre? — Oliver me olha um pouco confuso e depois destina seu olhar novamente para William que brinca com os cachos de meus cabelos. — Hey campeão, você está bem?

— Estou bem papai, mas com fome. Domingo é dia de dar banho no Pedro e comer waffles! — William exclama divertido.

— Dar banho no Pedro... O seu pato? — pergunto confusa.

— Sim, é o dia de tomar banho na banheira de minha suíte e William aproveita para dar banho no seu companheiro. — Oliver ri e dirige seu olhar até Evelyn. — Gostaria de tomar café da manhã conosco?

— Agradeço senhor Queen, mas meus pais me esperam lá embaixo para passearmos no parque, o dia está lindo. — diz Evelyn.

— Tudo bem, bom passeio! E fique com as chaves da casa caso eu não dê sinal de vida novamente. — Oliver sorri e após sua babá se despedir, volta a nos dar atenção.

— Papai, a Felicity pode nos ajudar a dar banho no Pedro e depois comer waffles com a gente? — ele pergunta cheio de esperança me arrancando um sorriso.

— Por mim ela está mais do que convidada a se juntar a nós.

O sorriso de Oliver se torna mais radiante ao olhar para mim, e eu não consigo impedir que a superfície de minhas bochechas queimem. Ao me preparar para responder ao pedido suplicante do rapazinho também a minha frente, sinto suas mãozinhas puxando a barra da camisa do Blue Jays em que estou vestindo, fazendo-me olhar para baixo.

— Meu pequeno príncipe... Não sei se poderei, não estou com nenhuma roupa de banho aqui! Podemos deixar para a próxima? — com todo o cuidado o respondo, podendo ver seu beicinho se formar.

— Não acredito que está dizendo não para um menininho de três anos. Você é má Felicity Smoak! — Oliver faz um sinal negativo com sua cabeça segurando uma risada.

E sim, Oliver está fazendo jogo sujo de propósito.

— Por favor... — William volta a puxar a barra de minha camisa.

Não consigo deixar uma risada escapar de meus lábios. — Está bem meu pequeno, eu fico!

Agacho podendo ficar do mesmo tamanho do loirinho de olhos mel que abre um imenso sorriso, expondo todos os seus pequenos dentinhos de leite enquanto me abraça fortemente. Como é bom poder corresponder a um abraço tão puro, tão cheio de verdade! Eu nunca havia tido tanto contato com crianças ao longo de minha vida, porque só existia eu e minha mãe e desde que ela me concebeu não pensou mais em ter outros filhos, até mesmo depois de se unir a Gonzalez. Meus amigos, os poucos que eu tinha em Mississipi também não tinham filhos, era um ou outro que tinha sobrinhos, mas eu não cheguei a ter um relacionamento íntimo com nenhum deles. Então, sentindo os pequenos bracinhos de William entrelaçarem meu pescoço em um abraço genuíno, meu coração responde palpitando em sinal de festa, e eu não posso mensurar o quanto esse contato me faz crescer.

— Papai vou ligar a espuma! — o pequeno ao me soltar, corre em direção à suíte.

— Ele já consegue ligar uma hidromassagem? — pergunto abismada.

— Ele é um Queen, é óbvio que ele consegue ligar uma hidromassagem! — Oliver dá passos me alcançando ao mesmo tempo em que se gaba ao falar de seu filho. — Você quase comete o maior erro da humanidade, William não iria te perdoar se você se negasse a nos ajudar a dar banho em Pedro, é muito importante para ele.

— Eu também não me perdoaria! — uno minhas mãos na base dos maxilares de Oliver, puxando-o para mais perto.

— Você ficará maravilhosa na camiseta branca que te emprestarei. A água fará um contraste que...

Cubro sua boca com meus lábios à medida que sorrio com suas insinuações. Oliver rapidamente ergue meu corpo o colocando sobre as costas do grande sofá.

— Não podemos... William pode aparecer a qualquer momento e nos pegar!

Agora Oliver já se encontra entre minhas pernas, suas mãos em forma de garra estão cravadas em minhas coxas nuas por baixo da camisa. Seus lábios deslizaram dos meus para meu pescoço que arde com o risco que seus dentes fazem, e meu corpo responde a cada carícia com um intenso arrepio, deixando minha cabeça cair para trás enquanto puxo seu cabelo com certo cuidado.

— Isso é besteira! No máximo ele vai achar que estou tirando um cílio que caiu em seu olho.

Oliver me puxa para mais perto, acabando com o pequeno espaço que nos distancia, porém suas mãos ainda permanecem em minhas coxas que com toda certeza devem estar marcadas por suas unhas. Levanto minha cabeça já procurando pela maciez dos lábios entreabertos de Oliver que esperam pelos meus quando gritos exasperados vindo do quarto nos interrompe.

— Papai, papai! Socorro! — William grita por seu pai desesperadamente.

— Will! — Oliver preocupado desce meu corpo do sofá me pondo no chão e rapidamente corre para a suíte, e eu o sigo.

Assim que entramos no quarto sinto a água molhar meus pés, e tudo a minha frente está coberto por espuma, são bolhas de sabão espalhadas por todo o canto. Oliver desequilibra ao quase escorregar, mas se apoia na coluna da porta que separa o banheiro do quarto à medida que grita pelo nome do pequeno.

— Papai, estou aqui! — Oliver olha para os lados tateando a espuma até que consegue encontrar William encharcado pela água e com bolhas de sabão em seus cabelos.

— Você quer me matar de susto? — Oliver ergue William em seu colo, e agora ambos estão molhados.

Sorrio depois de soltar todo o ar de meus pulmões em sinal de alívio.

— Eu só queria um pouco mais de espuma, papai! — William cobre a barba de seu pai com a espuma presa em sua pequena camisa.

— Um pouco mais? — Oliver olha todo o redor do banheiro. — Meu filho, tem água e espuma até no quarto do papai!

— Desculpa papai! — um beicinho é projetado pelo pequeno.

— Não tem problema, campeão... Eu vou cuidar de tudo! Agora precisamos nos preocupar com Pedro, afinal de contas, ele precisa de um banho não é?

Estou emocionada com a forma com que Oliver trata William, ser pai sem dúvidas é a melhor coisa que sabe fazer, não tem como não compara-lo com meu pai ou com o pai que não tive! Às vezes, passa pela minha cabeça como seria minha vida se meu pai estivesse presente nela, será que isso mudaria a forma com que eu vejo o mundo hoje em dia? Não sei responder, simplesmente porque eu nunca o tive presente. Mas graças a minha mãe eu não tenho o que reclamar, porque ela foi e é tudo o que tenho como referência mesmo nós afastadas por certo tempo.

Oliver continua. — Felicity vai te ajudar a entrar na banheira enquanto eu busco Pedro, ok?

O pequeno assente com a cabeça. — Então você gosta de bolhas de sabão? — sorrio enquanto auxilio o pequeno a suspender sua blusa molhada.

— Elas são bonitas e brilhantes!

— Concordo com você, sempre fui apaixonada por elas. Quando eu era um pouquinho maior que você, minha mãe me ensinou a ver o nosso reflexo nelas!

Sorrio ao me lembrar de uma época nostálgica.

— Você me ensina?

William pergunta esperançoso, arrancando-me um sorriso.

— Quando você for um homenzinho um pouco maior, eu o ensino.

Eu não penso no que digo, mas nesse exato momento eu acabo de dar um grande passo sem ao menos perceber, porque mesmo sendo ainda muito cedo eu consigo imaginar um futuro ao lado de Oliver, um futuro em que eu possa ensinar os mesmos princípios que um dia minha mãe me ensinou.

— Vejo que os dois já estão grandes amigos! — ouço a voz de Oliver se aproximar de nós.

— Digamos que eu sou mais legal que você. — me gabo dando de ombros.

— Você ouviu isso Pedro? Ela está dizendo que é mais legal do que eu.

Oliver ri incrédulo assim que da o bicho de pelúcia para William que com certa dificuldade entra na banheira repleta de espuma.

— E não é a verdade? Claro que sou mais legal! — mantenho minha afirmação mesmo Oliver tentando me persuadir com sua aproximação.

— William, te darei um sorvete se disser que sou mais legal que Felicity! — Oliver desvia sua atenção para o pequeno que brinca com seu pato.

— Papai é mais legal! — um grande sorriso sai de sua cabeça que está balançando de um lado para o outro esbanjando felicidade.

Formo um grande ‘O’ com a boca. — Você foi desleal!

— Papai o que é isso que a Felicity disse?

— Isso é ser... Vencedor! — Oliver responde William exaltando sua conquista.

— Puramente chantagem, se não fosse o sorvete William teria dito que sou mais legal!

— Como consegue ser tão insuportável?

De repente sinto os braços de Oliver entrelaçarem meu corpo, erguendo-o em seu colo, ele mantém seu sorriso aberto nos lábios e seu olhar provocativo indicando que fará uma de suas malcriações. Antes que eu possa protestar, ele me joga dentro da banheira juntamente a William, molhando-me por inteira.

— Você não fez isso! — estico a camisa agora colada em meu corpo por conta da água quente.

— Eba! — William com suas mãozinhas joga água em mim, fazendo com que eu não consiga segurar uma risada divertida.

— Você precisa relaxar um pouco! — Oliver cruza os braços também rindo.

— Oliver Queen, você não perde por esperar. — aperto meus olhos em sua direção.

— Então estou na sua lista negra?

Oliver pergunta á medida que levanta as barras de seu moletom preparando-se para também entrar na banheira. Ele me empurra com delicadeza um pouco para frente e eu permito, logo senta seu corpo atrás de mim, projetando minhas costas para seu peitoral nu, acomodando-me entre suas pernas fazendo com que a água transborde um pouco pelas beiradas da banheira.

— Com certeza está! — aperto seu braço que abraça minha cintura por de baixo da água, soltando um sorriso assim que beija uma de minhas bochechas úmidas.

— Você é a namorada do papai! — William afirma, ainda sorrindo como se soubesse exatamente o que isso significa, mesmo tendo apenas três anos de idade.

— Seu pai tem muitas namoradas William, não sei se ele estaria disposto a ter só uma... — jogo verde ansiosa pela resposta de Oliver que fica em silêncio por atormentadores segundos me assustando um pouco.

— Seu avô ainda vai me pagar por ter me colocado nessa saia justa. — Oliver diz quebrando o silêncio ao seu filho que não entende nada. — E quanto a você... — ele volta a olhar para mim. — Não tem cara de quem rotula relacionamentos.

— Então é essa a imagem que faz de mim?

— Não faço imagem nenhuma, você quem é a problematizadora aqui.

— Eu deveria afogar sua cabeça nessa água até você sufocar com toda a espuma.

— Isso seria homicídio e muita maldade. Imagina o que seria da vida desse pequeno menininho sem o melhor pai do mundo? O que seria da vida das pessoas sem os meus lindos olhos azuis e corpo escultural?

Oliver segura a risada enquanto enaltece seu próprio ego. Quando ele faz isso aumenta ainda mais a vontade que eu tenho de enforca-lo, porque por mais que isso seja insuportável ele tem razão. O maldito tem propriedade sobre cada palavra que sai de sua boca, que maldição.

Pessoas? Você está se referendo as... — antes de usar uma palavra inapropriada para menores de dezoito anos para me referir às mulheres que caíram na lábia de Oliver, procuro uma mais adequada. — Meretrizes que você costumava se relacionar?

Uma gargalhada quebra o clima de tensão que esta prestes a ser criado. — Meretrizes? Você está sendo educada.

— Tentei usar um sinônimo que se adequasse a situação. — desvio meu olhar para William.

— Que namorada mais temperamental!

Oliver revira seus olhos ainda rindo para mim.

— Repete o que você acabou de dizer!

Sim, eu quero que ele repita mais uma vez, se possível grite em meu ouvido para que meus neurônios possam captar essa mensagem tão significativa. Porque eu não poderia imaginar isso entre nós tão naturalmente, na verdade, somente em outra vida eu acreditaria que Oliver um dia pudesse voltar a ter um relacionamento sério com outra mulher que não fosse Samantha, e não é implicância... O próprio histórico mulherengo que teve nos últimos tempos o incrimina.

E claro, ser essa mulher, a pessoa em que ele acredita ser seu recomeço faz com que meu corpo estremeça, que meu coração queira pular pela boca e cometer um suicídio. É apenas inexplicável a forma com que isso me faz se sentir mais viva como mulher, como isso me dá uma nova direção, um novo desafio.

— Você é absurdamente temperamental. — Oliver mordisca o lóbulo de minha orelha, sussurrando seguidamente. — E também é minha namorada.

Um sorriso sai de meus lábios involuntariamente. — Não sei se quero ser sua namorada.

— Você não tem escolha, Felicity Smoak!

William nos corta em um murmúrio.

— Papai, Pedro já tomou banho e está querendo waffles! 

Hummmm! Acho que tem outra pessoa que também está com fome por aqui. — Oliver segue com seus olhos sobre mim.

— Eu pensei que essa parte nunca chegaria! — rio para o pequeno William que se aproxima de nossos corpos, abraçando-nos.

— Felicity... Você gostaria de nos acompanhar no almoço que meu pai irá oferecer em comemoração ao noivado de Diggle?

— Diggle?

Pergunto um pouco confusa, Oliver nunca citou esse nome para mim antes.

— Um dos meus melhores amigos.

— Melhor não... Acho que estaríamos indo rápido demais, não acha?

Por mais que eu queira ocupar um lugar na vida de Oliver, acredito que tudo deva acontecer na hora certa. Tenho medo que estejamos indo rápido demais, pondo os pés pelas mãos em pular algumas etapas, na verdade, eu não consigo organizar em minha cabeça o que poderiam ser essas etapas, mas algo me diz que elas existem e que não podem ser ultrapassadas dessa forma.

— Não acha que já perdemos tempo demais? Quero dizer, eu já perdi tempo demais Felicity!

— Eu não tenho roupa nenhuma aqui, acredito que seja melhor eu conhecer sua família outro dia!  

Tento fazer com que Oliver mude de ideia, mas meu fracasso vem a cavalo.

— Seus problemas estão resolvidos, após o café da manhã eu e William a levaremos para casa e você poderá se trocar, eu sei ser cavalheiro quando quero e juramos nos comportar enquanto lhe esperamos.

— Como você consegue ser tão...

— Persistente?

— Não.

— Maravilhoso?

— Não.

— Excitante?

— Cale a boca e prepare algo para comermos já que ainda teremos que passar em minha casa.

Ebaaaaaaa! Vamos na casa do vovô! — William comemora à medida que o ajudo a sair da banheira. 

— Quem quer waffles com muito mel e chocolate aqui? — Oliver sorri ao também sair encharcado da banheira.

Eu! — William e eu respondemos quase que ao mesmo tempo.

— Mas antes teremos que por roupas secas e vocês terão que sobreviver às mãos do Lago Ness.

O pequeno William parece entender o termo usado por Oliver e rapidamente corre para o quarto gritando por socorro e antes que eu possa entender, as mãos de Oliver agarram minha cintura depositando nela cócegas intensas me fazendo revirar em seus braços em risadas divertidas ao longo do caminho até seu quarto.

E se eu pudesse fazer algo nesse instante, pararia o tempo para que esse momento não tivesse um fim.

Ou que eu pudesse ter isso permanentemente em meus dias.

Sempre.

~~~

Estou sentada no banco carona ao lado de Oliver que emite um sorriso puro para mim assim que adentra com o carro na mansão Queen’s passando por um vasto jardim com flores das mais variadas cores que nos cercam até a garagem.

Oliver estaciona sua Mercedes com todo o cuidado possível, e depois de sair do carro retira William da cadeirinha de segurança nos bancos de trás o pegando no colo.

Estou tão nervosa que mesmo Oliver abrindo a porta para que eu possa sair, permaneço sentada catatônica o deixando plantado do lado de fora do carro com a mão estendida a minha espera.

— Felicity?

Ele me chama, conseguindo fazer com que eu saia de meus devaneios. É visível o quanto estou nervosa e até um pouco ansiosa! Não costumo me sentir assim, já que fui treinada há anos para lidar com o público, e claro, com investidores que fazem de tudo para que eu esteja pronta para perder um investimento em minha área. Comunicação faz parte de minha vida, é o que estou mais acostumada a fazer. Mas agora prestes a ser apresentada a família de Oliver como sua namorada estimula uma série de emoções dentro de mim. Minhas pernas estão tremulas meu coração descompassado e minhas mãos extremamente suadas. Nem na defesa de meu TCC eu estava assim.

Oliver continua. — Podemos?

Oh, claro! — seguro em sua mão, saindo do carro.

Oliver sorri para mim, entrelaçando nossos dedos intimamente enquanto o pequeno William vestido praticamente como seu pai corre para os braços de Robert Queen que segura uma taça do que me parece champanhe em uma de suas mãos.

— Vovô! — O senhor de cabelos grisalhos abraça o neto fortemente, depositando um leve beijo na base de seus fios dourados.

As pessoas estão espalhadas pelo grande jardim gramado onde parece que vai acontecer o almoço para comemoração do noivado de Diggle. Minha insegurança está tomando conta de todo meu corpo, enquanto que meu cérebro tenta organizar cada resposta para qualquer pergunta que possa ser feita por Robert Queen que até ontem era quem tinha assinado minha carteira de trabalho, mas que hoje seria o que? Meu sogro? Definitivamente estou perdida.

 Robert ao se aproximar dirige seu olhar diretamente para mim. — Senhorita Smoak? — pergunta incerto.

— Acredito que eu ainda seja ela!

Meu Deus, tanta coisa para ser dita e eu digo absolutamente nada que faça sentido? Você já foi melhor Felicity!

 Oliver para piorar, gargalha de minha confusão. — Ela mesma, pai!

— Vocês... — ele desvia seu olhar para nossas mãos unidas. — Estão juntos?

— Eu posso explicar. Isso não foi premeditado, eu nunca poderia imaginar que um dia estaria com o idiota do seu filho! — atropelo as palavras como um caminhão desgovernado.

— Hey! Não fale como se eu não estivesse aqui ao seu lado ouvindo. — Oliver aperta minha mão me repreendendo.

— Isso explica minha surpresa, não poderia imagina-los juntos um dia. Digamos que você não seja mulher para meu filho, no bom sentido, é claro!

Robert ri para mim.

— Vocês vão organizar uma panelinha contra mim, é isso? Meu próprio pai e namorada? Um verdadeiro complô.

— Então o meu netinho decidiu visitar a vovó? — Moira Queen se aproxima de nós e William corre para os braços de sua avó.

Moira Queen.

Como ela consegue ser ainda mais deslumbrante pessoalmente?

Costumava vê-la somente em capas de revistas sobre as socialites mais comentadas de Starling City ou trabalhos sociais que sempre esteve à frente.

A mãe de Oliver continua. — Meu filho, não acha que esse menino está muito pálido?

— Mãe, Will nunca estará completamente saudável para a senhora.

Oliver revira os olhos.

— Talvez seja porque você permite que esse menino faça o que quiser. Eu disse querida, ele não tem pulso.

Robert provoca.

— Vamos mesmo discutir a forma que eu educo William? — Oliver pergunta um pouco estressado.

— Não precisaremos meu filho... — sua mãe tenta amenizar os ânimos também dirigindo sua atenção para mim, arrancando arrepios de cada extensão de meu corpo. — Não vai me apresentar sua acompanhante?

— Claro, mamãe. Essa é Felicity Smoak, minha namorada.

Novamente um sorriso genuíno é dado por Oliver ao não hesitar em me apresentar, deixando-me confortável mesmo dentre toda a turbulência que esse momento envolve.

— Moira Queen, é um prazer! — estendo minha mão, tentando conter que ela venha a tremer assim que cumprimentar a personificação da finesse que é essa mulher.

— Me chame apenas de Moira, minha querida. — ela aperta minha mão delicadamente. — Então vejo que você não é a luz dos olhos apenas de meu marido, mas também de meu filho. Sinto-me mais aliviada, Robert fala tanto de você que eu estava começando a ficar com ciúmes, imaginando uma senhora de negócios mais interessante e inteligente do que eu!

Até a forma com que Moira sorri é de extrema sofisticação.

Mas não posso deixar de corar assim que escuto que sou um dos assuntos mais comentados por Robert Queen, o homem que depositou sua total confiança a mim e ao meu trabalho.

— Essa menina é de ouro Moira, ela está alavancando as Indústrias Queen com a ajuda de nosso filho, tenho que confessar que os dois são brilhantes. — diz Robert.

— Até que enfim um elogio do meu grandioso pai! — Oliver ironiza.

— Não seja um mimado, Oliver! Espero que você tenha cuidado com essa moça, ela não é importante somente para você. — Robert diz.

— Estou em boas mãos Robert, eu escolhi seu filho e eu sei que ele estava a minha espera.

Sorrio involuntariamente ao desviar minha atenção para Oliver que parece a todo instante não retirar os olhos sobre mim parecendo radiante com minha resposta. Seu riso é tão aberto que poderia ser ofuscada com o branco de seus dentes perfeitamente alinhados.

— Meu filho não poderia ter escolhido outra pessoa para estar ao seu lado. Foi lindo o que você disse, minha querida. — Moira entrelaça uma de suas mãos no braço de seu marido, deixando a outra livre para pegar na mãozinha de William. — Querido vamos até a cozinha ver se o almoço já está pronto para ser servido!  E temos que ver se nosso netinho quer alguma guloseima.

— Você não vai desencaminhar nosso neto, Moira! — Robert Queen fecha a cara ao caminhar com sua esposa para dentro da mansão.

— Eba! Quero sorvete vovó! — o pequeno exclama alegremente ao acompanhar Moira.

Oliver dá passos até conseguir ficar de frente para mim. Ele segura meu rosto com cuidado, fazendo um leve carinho com seu polegar pela base de meu maxilar, arrancando de mim um sorriso aliviado.

— Não foi tão difícil. Viu? Na realidade, foi mais difícil para mim. — ele dá de ombros depositando um rápido beijo em meus lábios.

— Você não pode estar falando sério! Não consegui dizer uma palavra que fizesse sentido. — correspondo ao seu beijo com um sorriso.

— Oliver! — uma voz grossa surge por de trás de nós, desconhecida até então.

— Meu amigo e futuro... Noivo?

Oliver ligeiramente solta de minha mão, abrindo os braços para recepcionar o homem negro e tão forte quanto um armário que vem em sua direção. Logo deduzo em minha mente que este deva ser Diggle, seu melhor amigo.

— Um dia temos que nos render ao feitiço delas, não é? — após cumprimentar Oliver, ele se dirige a mim. — Você deve ser Felicity Smoak.

— Estou chocada como todos sabem quem eu sou. Há um tempo só quem sabia meu nome com propriedade era minha mãe e os poucos amigos que eu tinha! — estendo a mão para um cumprimento.

— Você é importante! — Oliver joga uma piscadela para mim de forma brincalhona.

— Homem... Pare de babar. — Diggle brinca me deixando um pouso envergonhada.

— Estou ridículo, você tem razão. Mas cadê Lyla? — Oliver pergunta.

— Moira a chamou para ajuda-la com alguns preparativos para o almoço. Sabe como são as mulheres, não é?

Diggle ergue seu copo de cristal para beber seu drink quando parece engasgar com tapas em suas costas vindos de trás. A voz é marota e eu poderia apostar ser a de Tommy Merlyn.

— O cara mais responsável que você respeita... — Tommy pausa sua frase assim que seus olhos percorrem sobre mim, arregalando-os. — LOIRINHA? Que diabos está fazendo aqui?

— Agora que tenho a oportunidade... Fique sabendo que te acho um pouco insuportável, Tommy Merlyn. — meus olhos reviram.

Oh! Você poderia ter ficado sem essa meu amigo. — Oliver gargalha, apertando-me contra ele.

— Felicity não dê atenção, Tommy é uma criança! Não faz por mal. — Diggle segura sua risada tentando suavizar.

Tommy sem que eu possa esperar me surpreende com um beijo molhado na base de minha bochecha. — Te acho chata também, mas uma chata incrivelmente linda. Oliver tem sorte de tê-la por perto, pelo menos agora ele não vai mais chorar pelos cantos por você! — Merlyn ergue sua taça parecendo brindar por algo, se eu o conhecesse mais intimamente diria que está meramente bêbado. — Seja bem-vinda Loirinha!

— Eu agradeço pela parte que me toca... — ironizo.

— Cadê a Caitlin, Tommy? — Oliver torna a perguntar.

— A vadia terminou comigo! — Tommy olha para o garçom de soslaio, pegando em sua bandeja outra taça de champanhe.

— Acredito que você já tenha bebido o necessário.

Diggle rouba a taça da mão de Tommy que não reage positivamente, desequilibrando ao tentar toma-la de volta.

— Com certeza ela deve ter tido um motivo para isso. As mulheres sempre estão certas em suas decisões. — dou de ombros.

— Sim, o motivo se chama Malcon Merlyn, vulgo me pai! Meu extraordinário pai. Que parece viver no século passado. Ele não aceita que eu esteja transando com uma secretária, acredita que ela esteja comigo apenas pela minha fortuna.

Tommy esgarça o nó de sua gravata á medida que apoia parte de seu peso sobre o braço forte de Diggle.

— Você tentou conversar com seu pai e depois explicar o que está acontecendo a Caitlin? — Oliver pergunta.

— Por isso que a chamei de vadia! Expliquei que meu pai era um escroto e que não precisávamos nos importar com ele. Mas ela disse que eu tinha medo dele, medo de perder a boa vida que eu tenho e simplesmente me chutou. O que posso fazer se meu Mustang está no nome do coroa? — Tommy suspira.

— Passou pela sua cabeça que talvez ela tenha razão? — pergunto.

— Loirinha, eu não me importo mais! — Tommy pega a taça da mão de Diggle com certa rapidez, se afastando de nós.

— Só tente não cair no lago, seu otário! — Oliver grita arrancando nossas risadas.

Moira Queen com sua voz imponente consegue segurar nossa atenção. — Queridos, queiram se aproximar da mesa no centro do jardim, o almoço está prestes a ser servido.

A comida está perfeita, parece que o cardápio foi inspirado no cardápio do The Ledbury, um dos melhores restaurantes da Inglaterra que consegue contrastar o elegante do caseiro. Todos nós estamos conversando civilizadamente um com o outro, é impressionante como estou desfazendo alguns pensamentos estereotipados que fazia de famílias ricas onde eu só conseguia enxergar pessoas frias, egocêntricas e materialistas.

Pelo contrário, o clima é tão descontraído que se assemelha ao que eu tinha em Mississipi ao lado de minha mãe e do senhor Gonzalez, as únicas pessoas que eu posso chamar de família. Eu não posso deixar de perceber o quanto Oliver é apegado aos seus pais, mesmo trocando farpas com Robert em certas ocasiões.

Seu sorriso tímido quando sua mãe conta uma de suas malcriações de quando pequeno me deixa ainda mais derretida. Ou a forma com que ele tenta esconder suas maçãs das bochechas coradas quando sua mãe novamente o envergonha contando sobre suas primeiras experiências sexuais. Não importa, é incrível a forma com que Oliver ama sua família, ama estar por perto de cada familiar ou amigo, isso parece fazer tanto parte de sua vida que eu vejo em seu olhar quando decide encontrar o meu, como se fosse um pedido para que eu possa fazer parte.

Isso é loucura, porque eu respondo sim, porque eu quero fazer parte de uma família assim, onde o mais velho está sentado na ponta da mesa ao lado de sua companheira que parece admira-lo como uma garota de vinte anos, com toda sua juventude. Para completar, os amigos da família estão unidos trocando às risadas mais divertidas e verdadeiras que se pode imaginar, tornando o ambiente tão particular quanto aqueles filmes que passam durante a tarde.

Toques em uma taça de champanhe com uma colher de sobremesa me tiram de meus pensamentos.  — Amigos... Gostaria de fazer um agradecimento! — Diggle levanta de sua cadeira, segurando a mão de Lyla enquanto da prosseguimento. — Obrigado por terem me proporcionado um momento que ficará marcado em minha vida. Estar aqui com vocês hoje comemorando um novo passo em minha vida é muito significante. — Diggle olha para sua noiva destinando um belo sorriso. — Que vocês possam sempre estar comigo nos melhores momentos, assim como agora.

Tommy grita de seu lugar. — VIVA OS NOIVOS!

Risadas gostosas são dadas por nós durante aplausos às palavras de Diggle que permanece em pé, e a maneira como Lyla o olha transborda amor. É engraçado, eu nunca pensei que gostaria tanto de poder viver um momento desses algum dia! Um pensamento distante que agora tendo Oliver ao meu lado, faz parecer tão próximo.

Tão possível.

— Ah! Moira Queen... Os seus brócolis gratinados estão dos deuses!

Antes que Moira possa agradecê-lo, William se manifesta. — BRÓCOLIS É PAU NO CU.

E neste momento todos nós fazemos um grande ‘O’ com a boca, escandalizados com o que acaba de sair da boca do menininho loiro de olhos claros. Aperto a coxa de Oliver por de baixo da mesa, segurando que uma risada saia de meus lábios. Robert Queen respira fundo dirigindo seu olhar matador para seu filho ao meu lado que engole a seco.

— Eu disse que esse menino iria se tornar um palavrudo como o pai, Moira! — Roberto esbraveja.

— Will... O que papai disse sobre essas palavras?

Todos riem deixando Oliver um pouco sem graça diante da situação, fazendo com que eu também não poupe uma risada.

— Vovô, papai chamou você disso um dia desses!

O pequeno com toda sua ingenuidade continua tornar a situação um pouco mais complexa para seu pai.

— Deus! William! — Oliver passa as mãos nos cabelos. — Meu pai, eu posso explicar, não o chamei disso diretamente... Foi apenas um pensamento alto que William acabou por escutar e acabou pensando que estava me referindo ao senhor.

Nós continuamos a nos divertir com o cenário, Oliver de um lado atrapalhado ao tentar se explicar enquanto Robert o encara como se estivesse o comento com os olhos, nada como um imprevisto familiar que é finalizado com a voz terna de Moira.

— Homens de minha vida, vamos conter os ânimos. Certo? William terá sua boca lavada com sabão juntamente de seu pai. E o senhor Robert Queen, meu marido, tente entender que seu neto está entrando na fase da descoberta de novas palavras. — ela massageia a mão de Robert que ainda furioso com seu filho parece mudar da água para o vinho com o simples toque de sua senhora. — Agora, Diggle meu querido, as portas dessa casa irão sempre estar abertas para você sua linda noiva. Afinal vocês fazem parte da família. Mas vamos direto ao ponto, a sobremesa! Felicity, pode vir até a cozinha comigo me ajudar?

Seu pedido me pega de surpresa, dando-me certo susto. Logo a respondo involuntariamente me fazendo acompanha-la até a cozinha.

— Isso está o céu, Moira! — pareço alcançar as estrelas assim que provo a sobremesa preparada pelas suas próprias mãos.

— Não é maravilhoso? É a sobremesa preferida de Oliver! Se quiser posso te ensinar algum dia.

É isso mesmo que estou ouvindo? A mulher que um dia eu pensava ser intocável está me convidando para cozinhar em ela? Mundo pare de girar que eu preciso descer, imediatamente, é uma ordem.

— Acredito que eu não seja uma boa cozinheira! — sorrio um pouco envergonhada.

— Cozinhar é algo que vem da alma, você precisa amar o que está fazendo. Da mesma forma como está fazendo com meu filho!

Moira sorri à medida que se aproxima de mim.

Estou paralisada com o quanto isso me atingiu. Será que está tão visível assim? Que grande merda, eu devo ser a pessoa mais transparente que existe na face da terra, porque agora parece que todos que se aproximarem de mim vão me apontar o dedo e gritar: “Hey sua otária, você está apaixonada por Oliver Queen.”

— É tão claro o que estou sentindo por seu filho?

— Querida, você acende como uma árvore de natal quando Oliver destina seu olhar até você. Não é muito difícil de perceber.

Posso sentir as superfícies de minhas bochechas queimarem como o inferno.

— Eu me enfiaria em buraco neste exato momento! — sorrio cobrindo meu rosto com as palmas das mãos.

— Não diga bobagens, isso é encantador. Desde que... Samantha partiu, Oliver nunca mais trouxe nenhuma outra mulher aqui. Robert sempre brincava que ele tinha muitas namoradas e que um dia ainda seria surpreendido com alguma delas com um filho de baixo dos braços. — a interrompo de sobressalto.

— Eu não estou grávida!

Moira solta uma gargalhada de meu espanto. — Que pena, estou ansiosa para mais crianças correndo por essa grande mansão... Mas brincadeiras a parte, eu fico feliz que ele tenha encontrado alguém como você. Até mesmo com Samantha, Deus a proteja aonde quer que ela esteja, ele nunca teve um brilho nos olhos tão intenso como o de agora e saber quem é a responsável por isso é gratificante.

Meu coração volta a acelerar a cada palavra dita por Moira. Eu sempre achei que Samantha tivesse sido a mulher da vida de Oliver e não que ela não tenha sido, não sou a melhor pessoa para julgar isso... Mas ouvindo isso da pessoa que conhece Oliver desde toda sua existência me faz ter esperança, de sonhar em ter algo muito maior com seu filho futuramente.

— Eu não tenho palavras para agradecê-la... — estou realmente sem palavras, tão emocionada que as palavras saem até quebradiças.

— Não me agradeça, só continue fazendo que esse brilho nos olhos de meu filho se torne ainda mais intenso. Tudo bem? — Moira acaricia meu rosto com seu polegar, arrancando-me um suspiro gostoso. — Vamos servir a sobremesa?

Volto a respirar fundo e engulo lágrimas que estavam se tornando presente.

— Seu pedido é uma ordem.

Continuo a sorrir quando arranco novamente uma risada de Moira e então seguimos novamente para fora da mansão em direção ao grande jardim em que os convidados nos esperam ansiosos.

~~~

— Estava procurando por você.

Oliver se senta á cadeira de madeira vintage ao meu lado.

— Aqui é lindo.

O céu está um misto de cores que brincam entre o azulado e o alaranjado proporcionado pelo sol que está se pondo lentamente, despedindo-se de mais um dia. O lago a nossa frente, desta vez, está mais escuro apenas com o contraste das sombras do pequeno arvoredo ao seu redor, permitido ainda pelos fracos raios ensolarados que aos poucos somem no horizonte.

— Perdi minha virgindade nesse lago.

— Oliver! Você acaba de destruir a paisagem, obrigada.

Reajo incrédula, dando um aperto em sua mão que está repousando no braço de sua cadeira.

— Calma, foi uma brincadeira!

Ele não poupa uma gargalhada divertida por minha reação.

— Melhor assim.

— Então... Você não vai me contar o motivo dessa ruguinha formada entre suas sobrancelhas? Ela sempre se forma quando você está pensando em algo importante.

Surpreendo-me pela percepção de Oliver, como em tão pouco tempo ele consegue ser capaz de me conhecer dessa maneira? De saber o quanto estou presa em pensamentos confusos que talvez precisem ser compartilhados com alguém, e isso arranca um sorriso de meus lábios fazendo com que eu dirija meu olhar até o seu que está escuro pela má iluminação, mas posso perceber seu sorriso aberto para mim.

— É que o dia de hoje foi tão...

Suspiro.

— Familiar? — Oliver pergunta à medida que alcança minha mão acarinhando-a.

O que é um peido para quem já está cagada?

Desculpem-me pelo vocabulário, mas não achei melhor frase do que essa para o momento.

Estou amando Oliver, ele me trouxe para conhecer sua família. Nada mais justo também o envolver mais um pouco em minha vida.

— Exato! Estava com saudade de momentos assim.

— Percebi que não falamos muito sobre sua família... Quero dizer, tudo que sei é que sua mãe se chama Donna Smoak e que ela é uma das mulheres mais fortes de quem já ouvi falar.

Oliver arranca um novo sorriso meu, fazendo-me continuar.

— Ela é maravilhosa, se eu cheguei onde estou é por causa dela. Sua força me ajudou a não abaixar a cabeça para nenhum obstáculo que ousasse se formar em minha frente.

Como dói estar longe de minha mãe, como isso me atinge. A minha voz embarga de imediato e aí está novamente a sensação de estar desprotegida, sozinha contra o mundo. Mas Oliver ao perceber que estou expondo uma de minhas fraquezas, reforça suas mãos nas minhas mostrando que não estou sozinha, não mais.

— Por que fala dela como se estivesse tão distante?

— Porque estou!

Oh, eu sinto muito Felicity.

— Não é isso que está pensando Oliver... Na verdade, estamos brigadas.

 Não consigo conter uma lágrima quente que escorre pela minha bochecha.

— O que aconteceu?

Oliver com toda calma me pergunta, o seu cuidado para não me pressionar facilita com que eu confie ao meu mais íntimo.

— Eu nunca conheci meu pai. Ele desistiu de mim assim que soube que minha mãe estava grávida alegando que minha mãe tinha agido de má fé, dando a entender que minha mãe era uma mercenária.

Oliver notando minha fragilidade me interrompe.

— Felicity... — agora ele também suspira como se tentasse entender o que estou passando, a dor que estou sentindo ao tocar no assunto. — Você quer continuar? Só quero que me conte no seu tempo.

Assinto com a cabeça, continuando. — Ele sumiu no mundo deixando minha mãe ainda comigo em seu ventre comendo poeira. Foi muito difícil para minha mãe superar tamanha decepção, ela foi tão forte que fez com que conseguisse ser o que eu precisava, um pai que eu não tinha presente, e claro, a melhor mãe que alguém poderia ter. Depois que nasci, ela encontrou emprego em um bar em Mississipi, não pagava muito mas o dono do bar, senhor Gonzalez me parecia um homem muito bom e honesto que ofereceu um quartinho não muito grande no andar de cima do mesmo bar, dizendo que minha mãe poderia ficar ali para que pudesse cuidar de mim nos tempos que tivesse vago. Foi nesse bar onde passei toda minha vida, por mais que tivéssemos pouco, Donna Smoak nunca deixou que me faltasse nada. Mas eu errei, caguei com tudo! Quando me formei decidi entregar meu currículo para empresas distantes de Mississipi, eu deveria ter dividido esse passo em minha vida com minha mãe. Mas eu tinha medo da reação que ela poderia ter ao saber que seu bebê iria se distanciar, iria para um lugar longe dela. E esse foi o meu erro, foi o que nos separou! No dia em que recebi a notícia que tinha sido aceita para a Indústria Queen Consolidated foi o mesmo dia que perdi a confiança de minha mãe, como eu havia temido, ela não entendeu que eu já estava grandinha demais para ficar sempre por de baixo de suas asas, que agora precisaria alçar voos maiores. Foi nesse exato momento que ela parou de falar comigo, que se fechou! Se não fosse Gonzalez ao seu lado, ela estaria literalmente sozinha, eles se casaram um pouco antes de tudo desandar, ele é como um amigo meu e sempre que pode me dá noticias de minha mãe.

É tarde demais, as lágrimas escorrem pelo meu rosto alcançando até meus lábios que provam de seu salgado.

Oliver levanta de sua cadeira se aproximando de mim ficando de joelhos a minha frente, suas mãos deslizam das minhas percorrendo até minhas pernas cobertas pelo vestido florido de um intenso coral que estou vestindo.

— Felicity... Isso é tão duro!

O sol já se pôs, estamos em quase total breu. A escuridão só não nos tomou por completo por conta das grandes luminárias que cercam o jardim da mansão que está atrás de nós, permitindo que eu com certa dificuldade consiga olhar nos olhos de Oliver que parecem também estarem molhados como os meus.

Ele continua. — Sua mãe precisa de tempo, todos nós precisamos. Eu entendo seu lado, mas também entendo o dela... Ter um filho longe quando não se tem mais ninguém tão especial é muito difícil! Dê espaço a ela que no momento certo ela te procurará.

— Eu sei... Só que é tão difícil! — limpo as lágrimas de meu rosto enquanto tento melhor a minha voz de merda.

— Vai ficar tudo bem, eu vou te ajudar ficando ao seu lado.

Oliver sobe suas mãos até as extremidades de minha cintura a puxando para ele em um abraço forte, colocando sua cabeça em meu peito e eu poderia apostar que está ouvindo as batidas esbaforidas de meu coração por conta de suas belas palavras. Eu posso estar sendo tola, mas eu quero ser ajudada pelo homem que está de joelhos em minha frente me mantendo em seus braços com propriedade, quero conta-lo mais sobre minha vida, poder dividir minhas melhores e piores emoções com ele, porque viver ao lado de uma pessoa é isso. É se doar.

— Obrigada.

As lágrimas continuam a descer de meus olhos, minhas mãos correm para os cabelos curtos de Oliver, depositando ali um carinho enquanto fecho minhas pálpebras para somente sentir o conforto que estou recebendo.

Agradeço pelo dia de hoje, agraço por ter recebido tanto amor tão precocemente. É tudo muito novo, mas eu sinto que estou no lugar certo.

No lugar que sempre foi meu.


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Notas finais do capítulo

ESPERO QUE TENHAM GOSTADO! Cara, eu me apaixonei pela Moira... Meu sonho ter uma sogra tão fofinha assim.

Ao pedido de vocês eu vou estender a parte "triste" por mais um capítulo, mas não se iludem TORNO A DIZER QUE ISSO NÃO VAI SE ALONGAR POR MUITO TEMPO! Então aproveitem enquanto está durando, nesse capítudo repito TEM INDÍCIOS DO QUE IRÁ ACONTECER, mas eu se fosse vocês também teria dificuldade em saber o que é. Enfim, espero vocês nos comentários. ♥ (Responderei todos)



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