Um Anjo Protegido escrita por Moolinha


Capítulo 17
Capítulo Dezessete


Notas iniciais do capítulo

oláááá´, meus amores! Boas novas, I'm back!
~na capa, a vó da Bells segura uma foto da sua filha (e mãe da Bells)~



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— Milagres acontecem, Jim! — Toquei seu rosto carinhosamente. — Você só precisa me salvar.

— Você diz “Salvar” como se fosse fácil pra você. O velhinho disse para eu ficar atento.

— Por quê?

— Porque você está correndo sérios riscos.

— De que tipo? — Me senti preocupada.

— Eu não sei... — Seu rosto adquiriu uma expressão frustrada. — Se acontecer alguma coisa, será falha minha. O meu medo não é de não voltar a viver, e sim de não conseguir te salvar. Você não pode fazer nada arriscado, Bells. Eu ficarei grudado em você. Vou te salvar, de qualquer perigo que seja.

— Pelo que eu sei, você nunca falhou. Lembra de Bennie, das noites que eu saia para dançar com ele, do incêndio e da batida de carro na árvore?

— Impossível não esquecer. — Ele fechou a cara, numa expressão fria.

— Você acha que eu fiz aquilo por diversão? — Aguardei alguns segundos. — Não! Eu sabia que você poderia voltar a viver. Jack me disse. E eu entendi que quanto mais eu me arriscasse, mais você poderia me salvar, e assim seria mais fácil para você voltar a viver.

— Você fez aquilo tudo de propósito, para você correr perigo e meio que me “salvar”? — Ele fez aspas com os dedos.

— Fiz tudo. Eu sabia que uma hora você iria voltar naquele lugar e saber de tudo.

Seu olhar se fixou ao meu e um sorriso satisfeito brotou de seus lábios. Sua mão se conduziu até minha nuca, com seu polegar alisando levemente uma região abaixo da minha orelha.

— Não faça mais isso, Bells. — Disse num tom amável. — Eu quero que você esteja viva, quando eu também estiver vivo.

— Pelo menos meu plano funcionou um pouco. — Pisquei para ele, sorrindo.

— Um pouco? — Ele sorri um pouco mais. — Você praticamente trouxe minha vida de volta.

Aquele momento se tornaria ainda mais perfeito se Jimmy me beijasse, mas claro que ele evitou um pouco porque eu tinha acabado de vomitar. Bem, se eu estivesse na mesma situação que ele, faria o mesmo.
Então, com o passar do tempo, Jimmy me contou um pouco do que sabia de toda a história, me alertou do perigo que eu estava correndo e pediu para que eu não fizesse nada arriscado, porque foi como ele disse “eu quero que você esteja viva quando eu também estiver vivo”. Por minha parte, eu disse o que acontece quando ele volta no dia do acidente, que é como se o tempo só voltasse para nós dois e que depois é como se nada disso tivesse acontecido. Ninguém — exceto eu — iria se lembrar dessa história e é claro, o tempo, com o efeito borboleta, iria se ajustar a nova realidade de um Jimmy Fields vivo.

Já havia anoitecido quando ainda estávamos conversando. O luar infiltrava-se pela janela, formando desenhos indecifráveis pelo tapete, e os animais já faziam aqueles barulhos que costumam deixar qualquer criança com medo.

— Bridget me disse que vocês são transformados em anjos para aprender...

— Aprender a ser uma pessoa melhor, porque quando eu era vivo, não era a pessoa que sou hoje... — Completou, como se já soubesse disso há anos.

— Como você era? O que fazia? — Me ajoelhei na cama, aproximando-me de Jim.

— Já te disse, Bells. — Ele sorriu. — Eu brigava com meu pai, saia de casa,  bebia, fumava e acredite: já tive até mesmo uma ficha na polícia.

— Que bonito, Fields. — Ironizei, colocando as mãos na cintura. — Você e seu pai brigavam porque ele queria que você fosse pra faculdade, certo?

— É. Eu não queria fazer nada da vida. Queria apenas... Curtir. E quando tomei juízo e resolvi fazer uma prova para avaliar meu desempenho e , morri! — Seus olhos se reviraram.

— Bom... E quando você voltar? O que vai fazer? — Meus olhos brilharam só de pensar em vê-lo vivo.

— Primeiro, eu vou na sua casa ter um papo sério com seu pai.

— É claro que vai... — Sorri.

— Irei pedir a ele sua mão em casamento, e logo depois...

Arregalei meus olhos, me imaginando entrando numa igreja de véu e grinalda.

—Ei, tenho dezessete anos! Sou nova demais! Não posso me casar!  — 
Jim deu uma gargalhada eufórica.

— Desculpe, Senhorita Keaton. Estou apenas brincando. — Ele manteve um sorriso brincalhão nos lábios. — Eu quis dizer em namoro. Você é nova demais para namorar?

Dei meu melhor sorriso para ele.

Na maioria das vezes, o senso de humor de Jimmy me deixava mais feliz que o normal.

— Não. Não sou. — Pausei. — Hm, espere alguns minutos, tudo bem? Já volto. — Avisei a ele, correndo descalça até o banheiro.

Ele se espreguiçou e deitou na cama.

— Estarei aqui te esperando.

Tirei a oleosidade do meu cabelo e do meu corpo em menos de dez minutos, quando me dei conta, já estava enrolada numa toalha, penteando meu cabelo. Coloquei minha antiga camisola de seda roxa e calcei um par de chinelos que estava perto da porta.

— Pronto. Bem melhor. — Murmurei, borrifando um pouco de perfume no pescoço.

Jimmy me analisou da cabeça aos pés e me puxou para seu corpo, cheirando meu pescoço profundamente.

— Bem melhor... — Aprovou, comprimindo seus lábios gentilmente aos meus.

Afastei-me um pouco dele e voltei a me sentar na cama, um pouco mais próxima dele e descobri que foi o tempo exato para que Vovó Violet chegasse em meu quarto, carregando uma bandeja de biscoitos com leite quente.

— Pode entrar. — Eu disse, quando vi que ela praticamente havia invadido meu quarto sem ao menos bater na porta.

— Certo, querida. Você está aqui o dia todo. Precisa comer... E dormir. — Ela me entregou a bandeja.

Peguei uma torrada e assenti.

— É, pode deixar. Daqui a pouco eu durmo.

Ela me observou durante alguns segundos e se sentou ao meu lado.

— Querida, por favor, não faça nada que possa se prejudicar, tudo bem? Por favor...

Assenti outra vez, dando um gole no meu leite quente. Jimmy piscou para mim e desapareceu, nos deixando a sós.

— Vovó? — Chamei, depois de longos minutos de silêncio.

— Sim? — Ela arregalou seus olhos.

— O que aconteceu com minha mãe? Porque ela se matou? —

Perguntei pela milésima vez.

Vovó se levantou e caminhou até a porta.

— Nada... — Respondeu vagamente, fechando a porta.

Observei o teto por instantes e concluí que ela ia chorar. Como sempre fez.


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