Um Anjo Protegido escrita por Moolinha


Capítulo 16
Capítulo Dezesseis


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo gostosinho ♥ apareçam meninas!



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As árvores que passavam em torno do caminho me deixavam com uma certa náusea. Tudo bem. Eu não havia me transformado na Barbie Malibu e tomado um nojo nauseante do ar livre e nem nada do tipo, mas acho que a náusea foi por ficar contando as árvores no decorrer do caminho depois de ter vomitado quatro vezes. Não sei o que acontece comigo, sempre quando viajo na picape amarela, passo mal.

E acredite, John até me perguntou se eu estava grávida. Grávida!

A Fazenda Keaton seria meu novo lar, outra vez. Meu pai surtou totalmente quando eu passei os dois dias fora de casa, sem dar notícias. Foi falta de juízo eu não ter dado ao menos um telefonema, mas eu estava dura. Não tinha dinheiro nem para comprar uma ficha para ligar de um telefone público. E cheguei em casa, porque Jimmy “pegou dinheiro emprestado” do caixa do hotel que eu estava.

“Faça suas malas. Você vai para a fazenda. John irá te levar”. — Foi apenas o que ele disse, quando abri a porta de casa. Depois disso, não disse mais nada comigo. Só me deu um beijo na testa de adeus.

Qual é? Eu iria ficar louca sem ver Louise por mais de seis meses. Eu iria sentir falta de tudo, até mesmo das brigas de John e Lou Lou. Eu havia exagerado muito, não deveria ter feito aquilo. John manobrou o carro na estrada de cascalho, colocando-o bem perto da varanda da frente.

— Sente-se melhor? — John passou a mão na minha testa, que por sua vez estava suada.

— Não... — Respondi, sonolenta, me sentindo um pouco tonta pela mistura de cores de sua camisa xadrez.

— Tudo bem, vou levar sua mala lá pra cima e avisar a Vovó para preparar algum soro para você. Precisa de ajuda para ir pro seu quarto? — Ele deu um sorrisinho.

Olhei para Jimmy do meu lado e sussurrei um “Não”.

A Fazenda Keaton havia sofrido algumas alterações desde a última vez que eu estivera lá, há quase três meses atrás.

A cerca de madeira havia sido pintada de branco, as árvores aparadas, o estábulo reformado, o lado artificial havia ganhado algumas carpas coloridas e a casa pintada de branco, mantendo sempre no azul-céu das janelas. Reparei todas essas mudanças enquanto corria em direção ao meu antigo banheiro.

Debrucei-me sobre a pia e vomitei mais uma vez. Jimmy segurou meu cabelo solto, com seus lábios se contorcendo numa careta melancólica.

— Tudo bem aí?

— Droga! — Um resmungo conformado escapou dos meus lábios. — Me dê um minuto! — Pedi, jogando água no meu rosto.

— Você está grávida? — Vovó Violet surgiu na porta, com um copo d’água na mão. — O que andou fazendo para irritar tanto seu pai?

— Deus! Claro que não, Vovó! — Sentei-me na privada, com a cabeça girando.

Jimmy se colocou ao meu lado, olhando para Vovó Violet. Ela se conduziu até mim e me deu um abraço forte. Afaguei meu rosto em seu cabelo curto, cor de cereja. Minha avó não era uma dessas avós que ficam sentadas em sofás tricotando e assistindo a programas de auditório.

Ela era animada, adorava fazer trilhas, caminhar e ainda tinha pique para fazer academia. Ficou viúva um pouco antes da mamãe se matar, então começou a ocupar seu tempo com o cultivo de plantas. Isso mesmo, ela tinha um jardim maravilhoso no fundo da casa, onde passava horas observando-as.

Cambaleei para a cama e observei as novas paredes do meu quarto. A parede rosa com o rosto de coelhinhos havia sido transformada em algo mais maduro, algo mais adequado para uma garota da minha idade. Na parede principal, onde ficava minha cama, haviam várias listras de todas as cores: rosa escuro, lilás, azul-anil. Cores animadas, no qual eu gostava. E no resto das paredes, um bege bem claro, quase como um branco. Meus móveis rústicos não haviam sofrido alterações, apenas estavam em lugares diferentes.

Senti um leve aperto no peito, e logo percebi que seria difícil ficar sem Louise. Percebi também, que era só olhar para minha avó, que eu lembrava da minha mãe, elas eram muito parecidas. Tanto na aparência como no jeito de ser. No verão passado, me perguntei várias vezes porque minha mãe havia nos abandonado, e perguntei para minha avó, que em vez de me responder, foi para seu quarto chorar.

Os fantasmas do passado iriam me assombrar outra vez. Eu iria aproveitar meu tempo na fazenda, para arrancar informações da Vovó ou qualquer pessoa que fosse para saber mais sobre minha mãe. E claro, iria arranjar um jeito de me meter em enrascadas. Eu ainda estava disposta em trazer Jim de volta.

O copo de água que vovó estava na mão, na verdade era soro. Eu a pedi para dormir um pouco e disse que iria tomá-lo todo, mesmo odiando aquele líquido.

Dei algumas goladas antes de me cobrir toda, e tentar dormir. Mas Jimmy apareceu logo em seguida, fazendo um carinho gostoso na minha bochecha.

— Sente-se melhor? — Perguntou, num sussurro. Na verdade, sua voz era quase inauditível. Ele parecia ter medo de que se falasse suas palavras alto demais, eu poderia piorar. O que, na mente dele, era algo errado. O soro já havia dado um jeito de fazer minha náusea passar.

— Um pouco... — Pisquei, segurando o copo em uma das minhas mãos.

— Bells?

Olhei para sua expressão curiosa, assentindo.

— O quê?

— Precisamos conversar. — Sua voz adquiriu um tom sério e objetivo.

Estremeci. Afinal, o que ele queria falar comigo?

Que anjos, mesmo mortos, passam espermatozoides para humanos inofensivos assim como eu? Que um cara morto tinha me engravidado? Ou que ele iria repetir toda aquela ladainha de “Nós não temos futuro juntos”?

Porque cargas d’água Jimmy fazia tanto suspense em suas conversas?
E certo, eu deveria esquecer essa história de gravidez de uma vez por todas.

Coloquei o copo que eu segurava no criado mudo ao lado da minha cama e prestei atenção nele.

— Coisas estranhas aconteceram... E eu fui parar de volta naquele lugar branco...

— Aquele lugar onde falaram que você seria um anjo? — Interrompi.

— Isso. — Ele balançou a cabeça positivamente, sentando-se ao meu lado na cama. — E pode até parecer loucura, mas o velho disse que eu tenho uma chance de voltar a viver, assim como Bridget.

— Igual à Bridget! — Deixei a felicidade ao saber daquela noticia um pouco de lado e coloquei a dúvida em ação. — Então está funcionando!

— O quê? O que está funcionando?

— Jimmy! Isso é maravilhoso! Maravilhoso! — Me senti radiante. —Mas como você vai fazer para voltar? — Fiz a última pergunta, tentando parecer um tanto desinformada.

— Bells, eu sou um anjo. Consigo ver os anjos protegendo as pessoas, eu via Bridget.

Fiquei calada, um tanto surpresa por ele ter falado que via mais anjos.

— Porque não me contou essa história de ver mais anjos?

Ele me ignorou.

— No dia em que eu vi Bridget na sala de estar da sua casa, em carne e osso, eu pirei.

— Jack me disse tudo. Quando aconteceu isso. E como aconteceu. — Admiti, com medo de que ele ficasse furioso por eu não ter dito nada antes.

— Eu sei que você sabe...

— Como?

— Eu sempre estive por perto. Ouvi toda a conversa — Seus lábios se enviesaram num sorriso bobo. — Mas não achei que fosse acontecer comigo.


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