Um Anjo Protegido escrita por Moolinha


Capítulo 10
Capítulo Dez


Notas iniciais do capítulo

Meninas, cadê vcs?!? Estou com saudades T.T não me abandonem, pf pf pf



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Ser acordada às 5:00 A.M por um policial dizendo que sua própria filha bateu com o carro numa árvore e foi levada bêbada para a delegacia foi uma grande novidade para meu pai.

Ele se irritou muito comigo! Não! Muito é pouco! Ele se irritou demais comigo. E sabe o que eu ganhei? Seis meses sem mesada! Seis! Não vou sobreviver sem meu rico dinheirinho. Não vou sobreviver sem meus vestidos, saias de cintura alta de sandálias de salto! É, foi um típico drama adolescente, mas o que eu podia fazer?Pular de alegria com essa proibição?

Depois de discussões, proibições e sermões sobre o que é certo e errado, eu fui dormir quando o dia já amanhecia, em tons de cores quentes, que estampavam o céu com mínimas pinceladas. Meu leve sono foi interrompido duas vezes quando corri para vomitar no meu banheiro. Quando finalmente fiquei sã, passeia me odiar cada minuto, por ter falado aquelas coisas com Jimmy.

Tipo, qual é? Eu estava bêbada e ele sendo protetor demais, e por isso mesmo exagerei tudo o que eu disse. E pelo jeito enojado no qual me olhava, parecia que iria guardar grande rancor de mim. E o beijo com Bennie?

Se Jimmy tivesse visto, bem, minha relação com ele teria ido por água abaixo. Eu dificultei tudo, eu me arrisquei em coisas que poderiam me deixar infeliz.

Quando chegamos a delegacia, Eu e Bennie não trocamos nenhuma palavra. Ele não descobriu que eu tenho dezessete anos e sou uma farsa... Não descobriu nada! Mas foi muito estranho. Parecíamos dois desconhecidos, e quando fomos embora, ele não trocou nenhum “a” comigo, nem um mísero tchau. Mas pelo seu olhar, eu tinha certeza de que ele voltaria a me ligar.

Ana me acordou poucas horas depois. Pulou, dançou e gritou para me tirar da cama. Admito que eu odiava quando ela fazia aquilo. Ela parecia um verdadeiro anjo às vezes, mas quando queria me irritar, bem, mudava totalmente para uma tremenda pestinha que sabia como me tirar do sério. Abri a cortina branca da grande janela e permiti que mais claridade invadisse meu quarto.

Escovei meus dentes o máximo que pude para tirar meu mau hálito e o gosto horrendo da bebida que havia agarrado na minha boca. Uma onda de náusea percorreu meu corpo e eu fui ficando desnorteada, até sentir as borboletinhas do meu estômago se agitarem. Vomitei outra vez.

Debruçada sobre a pia, senti mãos familiares segurarem meu cabelo, que estava caindo sobre meu rosto. Primeiramente, pensei que fosse Jimmy. Mas vi que estava errada, porque o toque de Jimmy era especial, um tanto diferente. Fazia-me arrepiar, ter uma ânsia gostosa e um frio na barriga que modificava todos os meus sentidos. Aquelas mãos que me tocavam eram suadas, e quando voltei a tona, ouvi o gemido de nojo que havia escapado dos lábios de Louise.

Inalei ar fresco e rezei, com toda minha fé, para que eu parasse de vomitar.

— Meu Deus! Você está grávida, Belatriz Keaton? — Interrogou-me Louise.

— Acho que não... — Respondi, grogue.

— O quê?

— Louise... — Comecei, impacientemente. — Agora não é hora pra brincadeiras.

— Então quer dizer que você saiu na noite passada e dispensou a minha companhia? — Ela fazia uma trança no meu cabelo enquanto eu escovava meus dentes outra vez.

— Foi um encontro com Bennie. — Cuspi a pasta na pia.

— O universitário com quem você dançou? — Perguntou.

— Esse mesmo.

— Ele te levou para o apartamento dele? O que fizeram lá?— Havia diversão estampada em seu rosto.

— Claro, ficamos assistindo a seriados a noite inteira. E depois ele fez strip tease pra mim. — Ironizei, jogando-me na cama.

Louise percebeu meu cansaço e se calou. Não cansaço, exatamente, era mais como uma ressaca, um porre terrível da noite passada. Eu estava tão desanimada que ninguém seria capaz de me animar. Nem mesmo Louise, que tinha uma energia inacabável, que era capaz de se vestir de palhaça e fazer malabarismos para me fazer rir. Ela era assim. Por isso que era considerada minha eterna companheira e melhor amiga. Tentava me fazer rir nos piores momentos e claro, às vezes me irritava um pouco. Mas amizade sem brigas não é uma amizade, segundo meu ponto de vista.

— Seu pai me ligou essa manhã. — Ela se tornou mais séria. — Disse que bateu com um carro numa árvore, e veio para casa com um policial.

— Isso. — Coloquei a almofada sobre meu rosto.

Ela se sentou ao meu lado e brincava com minha franja calmamente.

— O que deu em você? Porque agiu daquele jeito? Queria aparecer como uma universitária?

— Na verdade, sim...

Um risinho saiu de seus lábios.

— E que roupas eram aquelas? Seu pai disse que ficou abismado quando viu você com aquelas roupas, e logo se perguntou  “essa é minha filha”? — Continuou a rir. — Ei, porque não me mostrou o vestido preto todo justinho? Vai deixar de me chamar para fazer compras, Keaton?

Louise ficou comigo durante horas. Ficamos no meu quarto e eu contei a ela do que havia acontecido na noite passada e em vez de dizer que sou uma tola, ela adorou a ideia. Disse que queria conhecer um amigo de Bennie e ter um novo encontro “com tudo o que tem direito”, se é que você me entende.

— Maluca... — Foi tudo o que eu disse, quando ela me mostrava como ia dançar na pista com seu universitário. Ela dançou por todo o quarto, cantando uma música e dando risadas descontroladas.

Eu ri junto com ela. O interfone nos interrompeu e fomos obrigadas a parar com nosso momento de descontração.

Era o pai de Louise que interfonou. Disse que a esperava lá embaixo, para levá-la para casa. Sempre tive uma certa curiosidade para conhecer os pais de Jim, então, para ser “educada” eu desci para me despedir de Louise e cumprimentar o Sr. Keaton, meu futuro sogro. ”Futuro Sogro” — A frase ecoou nos meus ouvidos. Certo, pare de sonhar, Belatriz.

Seu nome era William Fields, dono de uma fábrica de famosas cervejas, que tinha o nome de Beer Fields, ou, Cervejas Fields. Reparei as cervejas do pai de Jim enquanto meu pai bebericava numa daquelas latinhas, e tive uma vontade de rir, porque se meu pai soubesse que eu tinha um “relacionamento” com o filho do dono da fábrica de cervejas, logo iria me fazer casar.

A primeira vista, William estava de costas. Quando abrimos a porta de vidro, ele se virou para nos olhar, e foi como se eu tivesse visto Jim, porém envelhecido uns trinta anos, no máximo. Sério, os olhos verdes de Jim eram iguais ao de seu pai. O mesmo contraste, o mesmo mistério, a mesma intensidade, o mesmo brilho que me enfeitiçou.

Vi as covinhas de William quando seus lábios se abriram num grande sorriso. Jimmy também tinha aquelas covinhas, e até mesmo o ar de diversão.

— Muito prazer, Sr. Fields. — Ignorei sua mão estendida e lhe dei um rápido abraço. Perplexo, ele deu leves palmadas nas minhas costas.

— Famosa Belatriz! — Exclamou. — É um prazer conhecê-la. Louise fala muito em você. — Sorriu simpaticamente, passando a mão pelo cabelo.

Até o cabelo! Até o cabelo! Santo Deus! O cabelo de William era negro, com leves pinceladas de um branco devido aos seus quarenta e poucos anos idade. Seus fios eram ondulados, um tanto lisos, assim como os de Jimmy. Porém pouco mais curtos. Havia tanta semelhança entra pai e filho que eu fiquei abismada. Pensei em como seria ver Jimmy ao seu lado, e como seria bom poder compará-los.

Dei meu melhor sorriso para ele e tentei ser amável.

— É, sua filha é minha melhor amiga... — Afirmei.

Louise colocou sua franja curta para trás e soprou um beijo para mim.

— Porque não janta conosco no sábado? Minha mulher, Estelle, adoraria te conhecer. — Suas grossas sobrancelhas se arquearam.

É claro que eu iria.

Louise me lançou um olhar de expectativa. Eu não iria negar. Eu estava louca para passar uma noite com a família do meu “namorado”. Eu estava louca para conhecê-los, para saber como é a rotina deles.

— Ela vai sim, papai. Mesmo que eu tenha que levá-la a força. Ela vai. Sim! — Louise respondeu por mim.

Fiz um joguinho, falando que iria pensar, mas depois de muita insistência de ambos, eu disse “Sim!”.

— Você poderá dormir lá na minha casa no sábado. Iremos ver filmes, dormir tarde e aproveitar a noite como uma... Uma... Uma noite de meninas! — Ouvi empolgação na sua voz.

Fiz que sim com a cabeça, sorri e entrei.

Voltei para meu quarto e corri meus olhos por todo canto, tentando — mais uma vez encontrar a criatura que eu tanto amava.

Nada. Nenhum assovio e nem mesmo um vento sobrenatural vindo da janela.

— Jim? — Perguntei, andando até a janela, sentindo um aperto no coração.

Nada, outra vez.

— Jimmy? — Minha voz quase falhou e senti meus olhos lacrimejarem. Meus lábios ficaram franzidos e fiz força para não chorar.

— Jimmy, você disse que não iria me abandonar. Você disse que não iria me deixar sozinha, não importa a circunstância. Não me deixe aqui como uma tola, Fields. O que foi, prometeu e não vai cumprir? — Provoquei-o.


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