Equalize escrita por Emily Chase


Capítulo 14
Eu estava ali




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Ponto de vista - Nico

Eu não entendi e isso me matou por dentro.

Estava tudo bem. Eu tinha feito a Hanna rir, estávamos nos acertando e do nada ela pede pra sair da mesa com uma carinha tão triste que me deu vontade de chorar.

Tava todo mundo tão ocupado rindo do léo que não prestaram atenção na minha gatinha. Disfarcei e fui atrás dela.

A encontrei em um lugar em que eu costumava ficar quando queria esfriar a cabeça. Embaixo de uma árvore atrás do campo de futebol.

Me aproximei dela. Ela estava tão imersa em pensamentos que nem notou minha presença.

— Oi. Posso me sentar com você? - Eu perguntei.

— Pode - ela disse. Me sentei ao seu lado.

— Você não está bem...quer conversar sobre isso? - falei.

— Eu tô bem, não se preocupa. - ela disse.

— Não, não está. Te conheço o suficiente pra saber que não é verdade. Olha, se não quiser conversar sobre isso, tudo bem...só quero que saiba que se quiser desabafar ou algo assim, pode falar comigo. Estou aqui pra ajudar. - eu disse na tentativa de melhorar a situação. A observei por um instante e vi uma lágrima caindo de seus olhos.

— Ei, não chora - eu falei - Não precisa falar se for pra ficar assim. Vamos falar de outra coisa. Quer ouvir uma piada?

Ela sorriu.

— Não, acho que posso falar sobre isso - ela fez uma pausa - Resumindo, eu namorei um cara por 10 meses. O pai dele é militar e por conta do trabalho, ele teve que mudar de estado. Nós fomos obrigados a terminar por causa disso, por que não achamos que seria fácil sustentar um namoro à distância. No dia que ele foi embora nós choramos, ficamos mal, ele disse que me amava e que nunca ia me esquecer e aquilo era recíproco, sabe? Mas aí ele foi embora e 3 semanas depois ele apareceu namorando outra garota. Cara, aquilo acabou comigo. Me senti traída...parecia que tudo o que ele tinha me falado em 10 meses de relacionamento era mentira.

Ela respirou fundo.

—Aquela música que tocou na aula...eu fiz pra ele assim que eu descobri que ele tava namorando. Eu achei que seria uma boa ideia passar na aula uma música legal que eu compus, mas ouvi-la me fez voltar no tempo. Trouxe todas as minhas lembranças de volta e isso me deixou mal. Eu não quero voltar no tempo mais, não quero me sentir assim de novo. E por causa desse vacilo dele eu não quero me envolver com ninguém de novo. Pelo menos, não agora.

Levei um soco na cara. Ela tava mal por causa de um cara...minha vontade era de dar um soco nele.

Percebi que ainda estávamos de mãos dadas e só nesse momento ela as soltou, virando de frente pra mim. Eu devia falar alguma coisa.

— Eu não fazia ideia, me desculpe. Nunca passei por isso, mas imagino que deve ser bem ruim - eu disse. Pensei um pouco - Acho que eu devia te dar um conselho, né?

Sorrimos.

— Não sou muito bom nisso, por que pra homem é um pouco diferente, mas...- por que se dependesse de mim, eu daria um belo tapa no pé do ouvio dele por fazer uma menina sofrer - dê tempo ao tempo e se distraia. É o melhor remédio no momento. Se você gosta de música, investe nisso. E espera. "Aos poucos, tudo volta pro lugar." Já ouviu essa frase? Eu não sei de quem é, mas é perfeita pra situação. E se você precisar de um amigo piadista, pode contar comigo. - sorri sem perceber e ela sorriu junto comigo.

— Obrigada pelo conselho. Acho que mergulhar na música não vai ser tão fácil depois de hoje, mas eu vou tentar.

— Por que? Eu prometo que não vou te subestimar mais.

Nós dois rimos.

— Não e isso, é que...eu meio que criei um bloqueio e só percebi hoje. Sabe, o meu ex era muito envolvido com música. Foi assim que a gente se conheceu, e eu cantava e tocava com ele direto. Depois de tudo o que aconteceu, eu parei de fazer essas coisas...ainda mais em público. Não sei se consigo mais.

— Claro que consegue. Eu posso ajudar, se quiser. Aos pouquinhos você volta. Uma voz dessas a gente não pode perder.

Ela encostou sua cabeça em meu ombro. Peguei sua mão e assim ficamos até o sinal tocar. Ela precisava de um ombro amigo, então eu estava ali. 

 

 


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