Os Primordiais escrita por Jeremias Silva


Capítulo 3
03. Verdades absolutas


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora pessoal. Prometo que isso não vai acontecer. E desculpem pelos errinhos ortográficos, rsrs.



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[Pablo]

Nada é absoluto, nem mesmo a maior das verdades, por exemplo: cresci ouvindo que somos o resultado de vários fatores, algo que no passado foi feito e acabou resultando naquilo que vivemos hoje, as chamadas Zonas. Essa é uma verdade absoluta, algo que não pode ser desmentido, pois foi assim que aconteceu, mas eu penso diferente, na verdade tenho questionamentos quanto a tudo isso, por isso posso concluir, que diferente do que falam, isso não é absolutamente uma verdade. Porque realmente estamos aqui? O que aconteceu no passado para estarmos presos aqui nesse local, a qual chamam de Zonas? Como era a vida antes? São tantas perguntas a serem respondidas, assim como todo mundo sei que elas não podem ser respondidas, pois são consideradas informações desnecessária, e tudo o que não for necessário deve ser descartado.

Deixo os meus pensamentos de lado e me levanto do lugar onde estou. Meus pés estão molhados devido ao lago, gosto de sentar perto da beirada e ver o sol se pôr, mas hoje não, tenho algo que devo pegar, um presente, já que hoje é dia do amigo. Rafael e eu temos esse ritual desde que éramos crianças, quando a professora nos disse que nessa data era comemorado o dia da amizade, ele me olhou e deu um pequeno amuleto feito de madeira, era um urso, dei a ele o que tinha, uma pulseira de couro, já estava antiga, mas ainda era bonita. Preciso passar no setor de agricultura, onde era plantado de um tudo, incluindo Cacau, conseguir uma barra de chocolate custou mais do que minhas economias, mas vale a pena o esforço, pois neste anos seremos designados aos nosso setores, por isso, se formos para setores opostos não vamos nos ver muito.

Quando chego no setor de agricultura, protegido por uma porta de ferro, faço sinal para o guarda, onde ele já me conhece, o portão se abre suficiente para eu entrar. O lugar não tem um dos melhores cheiros, mas é um lugar bom. Os animais estão separados, todos em seus devidos pastos, as árvores ficam do outro lado, bem aos fundos, o lugar é imenso, então tenho eu andar bastante. Conforme ando os animais me olham e fazem barulhos, uma vaca me observa e muge, um cavalo relincha, algumas pessoas me saúdam, mas não param, há muito trabalho por aqui, acredito que haverá muitas vagas para este setor, quem sabe até não venho para cá.  

Depois de muito andar consigo ver as arvores, passo por alguns guardas e os saúdo, um deles me deseja sorte no Dia da Divisão, fala também que esse ano teria muitas vagas para segurança, digo que seria bom entrar para o time. Continuo a caminhar, pensando na ideia de ir para a segurança, poderia ter mais informações, principalmente respostas, fiquei sabendo que quando mais você se destaca, acaba sendo promovido, com alguns anos poderia estar na guarda do Chanceler, se isso acontecesse, poderia ter acesso total a aquilo que preciso. Sorrio com a ideia, pois não é nada má. Agora só preciso torcer para ser escolhido.

Vou direto para a pequena fábrica de alimentos, quando chego na recepção encontro quem estava procurando, Elza, uma garota de dezessete anos, ela tem cabelos brancos, platinados, não são naturais, mas desde que a conheço a vejo com essa cor, sua pele é branca, não tanta assim, pois o verão não perdoa ninguém. Ela gosta de mim, eu também, porém quase nunca cos vemos, devido à distância, só quando preciso de algum tipo de favor, ou ela.

— Chegou na hora certa – disse ela sorrindo – acabei de pegar seu chocolate, Rafael vai adorar, pode ter certeza.

—Obrigado – digo enquanto ela me passa uma pequena barra de chocolate, estava dentro de uma caixa retangular, estava marcada com o número da nossa Zona: 033 e com o nome: Setor de Agricultura.

— Será um prazer seu par no baile do dia da Divisão.

Prometi a ela que iria ao baile, que é promovido depois do Dia da Divisão, para nos despedirmos da nossa vida de aprendizes. Agora que tenho o que pedi, nada mais justo que cumprir minha promessa.

— Espero você lá no pátio, Sábado.

— Ah – disse Elza enquanto me virava – fiquei sabendo que o setor está precisando de pessoa, seria bom se você fosse selecionado para a agricultura.

— Eu também – minto.

A Zona é dividida por setores, onde cada um tem sua responsabilidade. Há quem cuide da segurança, da caça, da educação, da saúde, entre outros. Tudo é governado por um Chanceler, ele é só visto de tempos em tempos, quando é necessário, é dele quem vem a palavra final, já falei com ele uma vez, no dia da morte da minha mãe, um homem de poucas palavras, que nos governa há mais de vinte anos, aprendemos na escola que só é escolhido um novo no dia que o anterior morre, entretanto acho que isso não é uma verdade absoluta, acredito que esteja incompleto, deve haver outra maneira sim, como já disse isso é uma informação desnecessária. Se eu chegar na guarda do Chanceler, posso descobrir a resposta para esse tipo de pergunta. Por enquanto tenho que deixar esse tipo de pensamento só para mim, curiosidade não é uma qualidade muito apreciada por aqui. Por isso os afasto de mim e sigo em direção ao bloco de Rafael, mas me detenho, hoje é dia de caça, como meu pai ainda não chegou, acho que ele não esteja em casa. Sei onde ele está.

Como previsto, ele está sentado no mesmo lugar, em um banco que fica de frente para ao portão Sul, sempre vem quando os caçadores estão atrasados, desde que perdeu sua mãe Rafael sente medo de perder seu pai, também me sinto assim, ás vezes, acho que por isso somos amigos, pois ambos sabemos da dor de perder alguém que amamos. Somos quase como irmãos, sempre estamos juntos, quando brigamos fazemos as pazes poucos dias depois. Será que um dia isso iria mudar?

Entrego o chocolate e conversamos um pouco, ele está preocupado, tanto que quase esqueceu do dia de hoje. Olho para o guarda responsável pelo portão, pois sinto que tem alguma coisa errada. Ele parece meio apreensivo, começo a ficar preocupado, mas não demonstro. Tudo acontece rápido demais para mim, o guarda se apressa e abre o portão, os caçadores chegaram, porém há algo errado. Os caçadores estão trazendo alguém. Ah não! Penso. Não, não! O corpo é do pai de Rafael!  Olho para ele, sua expressão é a mesma de doze anos atrás, quando soube da morte da mãe. Desvio o olhar e meu coração bate acelerado, avisto meu pai, ele está amarrado, dois homens trazem ele, aquilo realmente não pode está acontecendo.

Meu pai matou o pai de Rafael, sei disso no momento que ele passa por nós.

 


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Notas finais do capítulo

Bem pessoal, agradeço pela leitura e não se esqueçam de comentar, amaria de coração a todos que dedicassem um pouquinho do seu tempo para comentar.

Então até o próximo fim de semana!



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