Capítulo 3: Não aguento mais

            Emma on

            Meu despertador toca fazendo o som que eu tanto odeio, era 06:00 da manhã e eu me via obrigada a me levantar. Meus braços estavam doloridos e logo me lembrei o motivo, Neal. Fui para o banheiro e tomei uma ducha rápida, fique me olhando no espelho, meus braços estavam roxos. Droga. Vesti um pijama ainda e desci para comer, Neal ainda estava dormindo para a minha felicidade. Peguei cereal e iogurte e misturei os dois em uma tigela e fui comendo ao lado de Ava que também comia sua ração.

            Assim que terminei de comer lavei a tigela e a guardei de volta em seu lugar e subi sendo acompanhada por Ava. Tranquei a porta assim que entrei no meu quarto e comecei a me maquiar, Ethan meu maquiador tinha se oferecido para vir me maquiar mas eu dispensei e resolvi fazer por mim mesma, passei apenas uma base e um corretivo para esconder minhas olheiras que estavam enormes, uma sombra clara, rímel e um batom clarinho, queria parecer o  mais simples possível. Terminei na área do rosto e quando ia vestir o vestido lembrei que meus braços precisavam de maquiagem, passei um pouco de corretivo, base e pó mas ainda assim ficou um pouco roxo. Ótimo. Coloquei o vestido que tinha mangas de renda, me olho  mais uma vez no espelho e desço.

            Já estava no fim da escada quando vejo Neal parado no sofá me olhando, ele estava todo arrumado, ele estava pensando que ia?

—Por que demorou tanto? Pelo amor de Deus, me fez esperar- Neal fala estressado novamente, estava com medo de levar outra mãozada na cara.

—Por que esta todo arrumado?- Falo torcendo para que não fosse o que estou pensando

—Ora mais, vou com você. Acha que vai sozinha cheio de fotografo e gente importante lá? – Neal fala como se fosse óbvio me fazendo praguejar por dentro, não queria ficar perto dele.

—Neal, acho melhor você ficar- Falo com a voz um pouco baixa com medo de sua reação

—EU OUVI DIREITO? EU VOU SIM! E VOCÊ VAI AGIR DE FORMA COMPORTADA E NÃO VAI FALAR NADA DO QUE ACONTECEU AQUI ONTEM PRA NINGUÉM- Neal fala vindo na minha direção apontando o dedo na minha cara me fazendo entrar em desespero por dentro e ficar sem palavras.

—E-estamos atrasados- Falo saindo andando mas ele me puxa novamente

—Eu fui claro Emma? – Ele fala me olhando ameaçador e apenas confirmo com a cabeça e ele me solta novamente e vamos até o carro que me esperava.

            O caminho inteiro eu fui calada, não falei uma palavra se quer. Neal estava ao meu lado e tentou tocar meu rosto mas eu apenas me afastei mais para o lado da janela e como o motorista estava presente ele não pode fazer nada... Em pouco tempo chegamos, estava cheio de fotógrafos e eu teria que disfarçar minha cara e minha vontade incontrolável de gritar.         

            Desci primeiro que Neal e assim que entrei pela porta principal vários jornalistas e fotógrafos me cercaram me segando com tantos flashes. Passei um bom tempo dando entrevistas e tirando fotografias para todos que pedissem. Ainda não tinha visto Neal, para a minha felicidade. 

            Estava andando distraída pensando em tudo que estava acontecendo quando esbarro em alguém

—Me desculpe, eu não tinha a visto- Levanto meu rosto e encontro o homem que tinha me derrubado. Ele tinha belos olhos azuis, se vestia conforme o traje, parecia alguém importante. Talvez um empresário?

—Não tem problema algum, eu também estava um pouco distraída- sorrio tímida e estendo minha mão- Prazer, Emma Swan

—Killian Jones- ele fala também apertando minha mão respondendo ao meu sorriso tímido. Logo sinto um puxão forte em minha cintura me deixando assustada, Neal. Ele me olhou com um olhar de ódio, eu via sangue em seus olhos. Ah não.

—O que pensa que está fazendo? – Neal fala e eu estava prevendo um barraco ali mesmo, que ótimo, passar vergonha na frente de todos.

—Sr.Jones- Falo olhando para o homem que havia esbarrado em mim com a voz um pouco tremula. Droga.- Sr.Jones esse é meu namorado, Neal Cassidy- Falo e Neal me puxa mais forte pela minha cintura, já estava doendo de tanta pressão que ele colocava.

—Prazer Sr.Cassidy- Jones havia estendido a mão mas Neal o ignorou e olhou para mim com raiva

—Emma, precisamos ir, tenho que falar com você- Sabia que aquilo estava mais para uma ordem pois ele me olhou com um olhar fuzilador. Afirmei com a cabeça e acenei para Jones dando tchau e entrei em uma sala com Neal que assim que fechou a porta me empurrou em um sofá que tinha ali.

—Posso saber que merda foi essa? – Neal estava fora de si

—Isso? Isso o quê?- Ele estava falando de Jones? Eu estava perdida

—Não se faça de sonsa Emma! Você sabe muito bem do que estou falando! Esse ai que você ficou de papinho – Ele fala atirando um vaso que tinha ali na parede, aquilo realmente me deixou com medo dele. Aquele não era o Neal que eu conhecia.

—Ele só esbarrou em mim e nos apresentamos, somente isso- Falo esperando que ele acredite, pois aquela era a única verdade. Neal me olha sério e como se fosse avançar e apenas joga uma taça na parede.

—SE EU IMAGINAR QUE VOCÊ ESTÁ QUERENDO ME PASSAR A PERNA- Ele fala me olhando sério e ríspido- Sugiro que você se cuide porquê eu não tenho pena de você.-Ele fala e sai batendo a porta me deixando em choque ali mas acabo sendo despertada quando a auxiliar do evento me chama avisando que todos deveriam ir para o grande pátio.

            Saio andando com um sorriso mais meu olhar era de desespero, não conhecia mais aquele Neal. Localizo o Sr.Jones e decido ir pedir desculpas até porque o modo que Neal o tratou foi como uma criança de cinco anos.

—Me desculpe pela grosseria que Neal o tratou, ele está um pouco estressado- Falo sorrindo no final.

—Não precisa se desculpar, entendo a situação. Você está bem? – Ele me pergunta fazendo-me querer contar tudo, mas eu não podia e se algo pior acontecesse? Sem falar eu ele era um completo estranho.

—Estou sim, obrigada- Falo sabendo que aquilo era uma grande mentira e me viro para ir embora, queria ficar um pouco sozinha.

—Como machucou o braço? – Tomo um susto com a pergunta e me viro de uma vez.

—O quê?- Falo com a esperança que ele esquecesse ou até mesmo deixasse pra lá

—Seu braço, está roxo e sua bochecha esquerda está avermelhada. O que houve? – Ele fala com um tom de curiosidade. Droga. Ele era muito observador

—Eu sou uma pessoa meio desastrada e acabo caindo com facilidade e por isso os braços machucados e meu rosto é porque tive que retocar a maquiagem no carro e não tinha espelho então não tinha noção de blush- Falo mais rápido do que esperava e olho para os lados vendo se Neal estava por perto

—Bom, sei que tem algo errado mas também sei que não quer me contar. Sou advogado e qualquer coisa que precisar, tem meu cartão- Ele fala me entregando seu cartão. Droga. Ninguém poderia desconfiar do que estava acontecendo.

—O quê? Eu estou bem- Falo tentando acabar com qualquer desconfiança que ele poderia ter

—-Sei que está, apenas tenha para alguma emergência- Ele fala e acabo me convencendo que ele aceitou minhas desculpas.

            Antes que eu pudesse falar alguma coisa Neal chegou, rude como sempre

—Já acabou?- Estava colada a Neal pelo fato dele ter me puxado pelo braço me aproximando dele e apenas confirmo com a cabeça respondendo a sua pergunta. -Ótimo, obrigado Jones mas precisamos ir, estamos com pressa- Neal anuncia e sai me puxando pelo braço de uma forma que ninguém possa ver que ele realmente estava me puxando e não tenho tempo nem de dizer algum tchau.

            Assim que saímos do grande pátio e da vista de todos Neal me jogou dentro do carro e entrou logo em seguida batendo a porta com força. Ele dirigia rápido, já estava com medo de um acidente acontecer. Em poucos minutos chegamos em casa e Neal sai me arrastando novamente até dentro de casa

—NEAL CHEGA! – Grito assim que entro em casa e usando toda minha força para poder se soltar do mesmo

—O QUE VOCÊ DISSE? -  Neal fala me olhando com puro ódio

—EU DISSE QUE JÁ CHEGA! EU NÃO SOU SEU SACO DE PANCADAS SE TA NERVOSINHO VÁ BATER NA PAREDE OU ATÉ EM SI MESMO, JÁ CHEGA!- Falo sabendo que estava desafiando a morte mas eu já não aguentava mais aquela situação

—QUEM VOCÊ TA PENSANDO QUE É? EU MANDO AQUI! EU! VOCÊ VAI SER O QUE EU QUISER E NEM PENSE EM ME COLOCAR PRA TRÁS, EU VI VOCÊ DE PAPINHO COM AQUELE HOMEM NO EVENTO!- Neal fala se aproximando de mim com o punho cerrado

—VOCÊ NÃO MANDA EM NADA PORQUÊ ESSA CASA É MINHA! HOMEM? DAI-ME A SANTA PACIENCIA ELE É APENAS UM ADVOGADO MAS PELO MENOS É MAIS EDUCADO QUE VOCÊ- Falo cuspindo palavras mas sinto um impacto forte no meu rosto fazendo com que eu caia no chão. Ele havia me dado um murro. Mais uma vez sendo saco de pancada.

—ESSA CASA É NOSSA, EU JÁ DISSE! VAMOS VER O MAIS EDUCADO- Neal sai me arrastando pelo braço até o sótão, mesmo eu gritando pra ele me soltar não adiantou. Aqui estou eu, presa no sótão sem nenhuma luz, estava tudo sujo, cheio de poeira e eu não tinha nenhum meio de comunicação estava apenas com o cartão do Sr.Jones em mãos. Eu já estava cansada dessa situação, tenho que falar com alguém mas e se Neal descobrir? E se ele fizer algo? Sim, eu estava com medo, eu estava com um completo estranho em casa e ainda mais violento. O que ele poderia fazer se eu o irritasse mais ainda?

            Sou tirada dos meus pensamentos quando Neal abre a porta violentamente

—Sai. – Ele fala seco e grosseiro fazendo com que eu apenas me levante e saia sem dizer uma palavra se quer. Fui andando em direção ao meu quarto e sinto que estou sendo acompanhada por ele. Antes que ele possa entrar no quarto eu tranco a porta rapidamente fazendo com que ele comece a esmurrar a mesma e logo entro no banheiro e ligo para o Sr.Jones

—-Sr,Jones?- Falo assim que percebo que ele atendeu o telefone

—-Alô? Sra.Swan? Tem algo errado? – Ele fala e percebo que horas era, Meu Deus era quase meia-noite.

—-Preciso que me ajude, por favor- Falo como se fosse uma súplica me olhando pela primeira vez no espelho depois do murro e noto que minha boca estava cortado e meu nariz havia sangrado.

—-O que houve? -Ele fala com um tom meio e preocupação

—-Quero abrir um processo contra o meu namorado-Falo bem baixo com medo de que alguém ouvisse, podia ouvir Neal ainda esmurrando a porta do quarto.

—-O acusando de quê? – Ele fala e por um minuto penso em tudo que passei e meus olhos começam a lacrimejar. O Neal de agora era uma pessoa completamente diferente do Neal que eu conheci.

—-Violência doméstico- Falo e uma lágrima escorre sendo acompanhada por várias outras

—-Tem certeza disso? – Certeza que eu iria querer começar uma guerra eu não tinha, mas tinha certeza que não aguentava mais apanhar.

—-Sim, quando posso encontra-lo para ajustar tudo? – Falo querendo que isso fosse resolvido o mais rápido possível

—-Pode ir amanhã ao meu escritório? Passarei o dia inteiro lá- Fico até contente que seria logo, quando mais rápido resolvesse tudo melhor seria.

—-Irei de manhã cedo- Ia terminar de falar mas escuto a porta sendo arrombada, Neal havia arrombado a porta. O medo me corroeu por toda a minha espinha, paralisei. – Preciso ir- Digo rápido ao telefone depois só escuto um “Boa Noite” antes que possa desligar rapidamente e ligo o chuveiro para fingir está tomando banho.

—EMMA! ABRE ESSA PORTA! – Neal agora esmurrava a porta do banheiro

—ESTOU TOMANDO BANHO – Grito para que ele pudesse ouvir devido ao barulho do chuveiro

—ESTAREI ESPERANDO. RÁPIDO!- Tomo apenas uma ducha e pego meu pijama da noite anterior que cobria todo o meu corpo e saio do banheiro torcendo para que nada acontecesse.

—O que foi? – Falo do outro lado do quarto

—Com quem você falava? – Neal fala me encarando sério

—Como assim? – Me faço de desentendida

—NÃO SE FAÇA DE IDIOTA EU OUVIR A SUA VOZ- Neal fala já se levantando pegando meu celular que estava na pia do banheiro e olhando a lista de chamadas, mas eu tinha sido esperta e apagado as ultimas ligações.

—Não estava falando com ninguém além de mim mesma, estava testando as falas para o teste que irei fazer próxima semana esqueceu? – Falo usando como desculpa e agradecendo aos céus por ter lembrado de apagar a lista

—Não foi dessa vez Emma Swan- Neal fala e leva meu celular saindo do quarto e apenas me jogo na cama com a cara no travesseiro e logo sinto Ava ao meu lado e a abraço dormindo com ela toda encolhida debaixo do lençol.