Last Hunt - A Última Caçada escrita por Bakurei
Notas iniciais do capítulo
"...it's the perfect place to hide. The end of the universe."
Nancy não se lembrava muito de sua infância. Quando uma pessoa crescia trancada em uma república miserável visando apenas a sobrevivência, era fácil a mente escolher esquecer. Ela era filha do oficial Rickard Stewart, um dos fundadores do Projeto Fantasia. Basicamente o projeto consistia em buscar sinais no espaço, sinais que poderiam salvar a raça humana da extinção. O mesmo projeto que depois se chamaria Projeto Utopia depois da chegada de Professor Yana.
Nancy tinha apenas quatro anos quando chegara em Malcassairo. Seu planeta natal definhava e apenas os líderes do governo escaparam, para um lugar onde nem Rickard, nem o resto do mundo conhecia. A única saída para os que ficaram era juntar todo o material restante e fugir para o último planeta ainda com vida da galáxia sem sol de Silversk: Malcassairo.
Rickard e os outros humanos construíram um Silo para continuar o Projeto Fantasia, mas eram atacados constantemente por uma das únicas raças nativas do planeta, os Futurekind. Eles e os humanos tinham grande ligação, todos filhos do, já há muito tempo destruído, Planeta Terra, mas foram criados em ambientes tão diferentes que não havia a mínima chance de um convívio pacífico.
Tudo mudou quando a nave dourada chegou. Nancy desenhava nas paredes com uma lâmina enferrujada e seu pai sentava-se, selecionando baterias para manter o radar funcionando. Um oficial chegou segundos depois do barulho que ensurdecera a todos.
O homem abriu a porta sem bater e pôs o braço esquerdo sobre o peito direito. Uma saudação que apenas Rickard exigia, para manter o mínimo de civilidade em meio àquele mundo. Nancy deixou a lâmina cair, correu para a cama e se afastou. Tinha sete anos.
—É uma cápsula! -O homem disse variando seu tom de voz, em urgência. -Não é humana, nem Futurekind, nenhuma que conseguimos registrar! Aguardamos ordens.
Rickard encarou os olhos do oficial por alguns segundos, olhou para Nancy com pesar e voltou-se para dar sua ordem final:
—Não quero ninguém em volta do objeto. Eu, e apenas eu tenho autorização para tocá-lo. Entendido?
—Sim, senhor. -O homem fez novamente o gesto para o pai de Nancy e saiu.
Nancy sentiu que algo estava errado, correu para o pai e o abraçou. Rickard hesitou por um momento, até ver que ninguém o observava e respondeu ao abraço da filha. Nancy se lembrou de sentir lágrimas sobre seu rosto, mas não tinha mais certeza depois de tantos anos. O pai pôs seu uniforme completo e saiu do Silo em encontro à cápsula.
…
O Doutor acordou cercado por humanos. Típico, ele pensou. Eram cinco no total, três mulheres e dois homens, todos com armaduras leves, as mesmas que a de Nancy. Alguns aparentavam ter por volta de trinta anos de idade, mas a maioria parecia não ter chegado aos vinte. Ele encarou cada rosto, olhou para cada par de olhos e percebeu que não estavam com raiva. Isso era estranho, normalmente o Doutor incitava raiva a todo ser humano que o capturava.
—Ele acordou -Conseguiu ouvir alguém sussurrar.
—Mais do que vocês imaginam. -Disse o Doutor, levantando-se sobre um joelho. Sua cabeça ainda parecia rodar. -Que lugar é este?
Duas meninas se entreolharam e o resto desviou os olhares. Eles não sabem se podem contar, percebeu o Senhor do Tempo em imediato. Antes mesmo de que qualquer um dissesse algo, um movimento atrás dos jovens revelou o rosto marcado de Nancy Stewart. Ela, por outro lado, parecia bastante irritada.
—Diga seu nome e planeta de origem. -Exigiu Nancy.
O Doutor percebeu que ela sabia o que estava perguntando. Precisa provar algo para eles, ela sabe meu nome. Poderia ser honesto, mas não sabia ao certo em que tempo estava e não queria arriscar encontrar a si mesmo ou pior… Encontrar Yana ali.
—Eu sou O Doutor. -Ele disse. -Sou apenas um viajante.
A maioria deles se entreolharam, não pareciam saber o que pensar. Nancy mantinha o olhar fixo no Senhor do Tempo. Ela não engoliu a resposta.
—Apenas um viajante, você diz. -Nancy chegou um passo mais perto e apalpou algo no interior de sua armadura. -Mas mesmo assim usa um codinome e protege uma cabine telefônica momentos depois de transmitirmos isso.
Nancy tirou um disco de sua armadura. O disco era grande, do tamanho da palma da oficial, prateado e com escrituras coloridas cercando toda sua superfície. O Doutor não reconheceu de imediato o objeto, mas imaginava o que poderia ser.
—Foram vocês que enviaram o sinal para a Tardis. -Disse o Doutor. -Mas como conseguiram..?
—Não importa. -DIsse Nancy, ríspida, interrompendo um dos guerreiros que fazia menção a falar. -Levante-se! Vamos!
O Doutor ficou de pé e encarou-os cara a cara momentos antes de ser empurrado por um dos jovens.
—Ela disse “vamos”.
O Doutor quase caiu, ainda meio tonto. Olhou para os lados e viu que estava em algum tipo de acampamento, cercado por barracas e fogueiras. A noite em Malcassairo era eterna, mas sentia que acordara exatamente na hora do jantar. Alguns tipos de legumes eram assados, amarrados em folhas roxas que o Doutor nunca havia visto.
—Para onde estão me levando? -O Senhor perguntou quando os jovens começaram a se dispersar.
—Soubemos que o Silo 16 recebeu visita. -Uma mulher que se afastava disse.
—E eu devo recepcioná-los agora?
—Os três já receberam as boas vindas. -Disse um homem que se voltava à fogueira. -Um deles inclusive tem um nome bem peculiar.
Não, isso não é bom, o Senhor do Tempo pensou.
—Doutor. -Disse Nancy. -Um deles se chama Doutor.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Yeeeey mais um capítuloo!!
Mil desculpas pega demora, espero que tenham gostado :)
Gostou? Sim? Não? Deixe um comentário!
Até a próxima! :)