O Outro Lado do Espelho escrita por Machene


Capítulo 23
Retornos, Mudanças e Mistérios




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Cap. 23

Retornos, Mudanças e Mistérios

 

Faz uma bela manhã no Japão, clima de finalzinho de inverno, e após compridos meses de distância os Bladebreakers finalmente estão reunidos novamente na residência dos Granger. Max está acomodado na sala do dojo enquanto Tyson guia sua beyblade pela trilha de obstáculos na entrada, tentando se concentrar, mas está tendo dificuldade.

Max – Ah... – o loiro suspira; pode ser a milésima vez no dia, mas ele não liga.

Tyson – Max, esta é a milésima vez no dia que você fica suspirando pelos cantos. Dá para parar? Eu estou tentando me concentrar aqui.

Max – Mas Tyson, o tempo está passando muito devagar! – resmunga sentando na almofada onde antes estava deitado – Eu não posso fazer nada!

Tyson – Claro que pode: fecha a boca! – Max cruza os braços e sorri com malícia.

Max – Vai me dizer que você também não sente falta da Hilary?!

A pergunta faz o rapaz se desconcentrar e seu bey bate num pilar de madeira que sustenta a casa. O amigo comprime os lábios afim de evitar uma gargalhada enquanto o moreno senta no piso de tatame, coletando Dragoon e limpando calmamente a areia nas peças com uma flanela tirada do bolso.

Tyson – Elas vão voltar hoje, só precisamos ter paciência.

Max – Diz a pessoa que nunca teve nenhuma. Como você consegue ficar calmo?

Tyson – Eu é que não entendo por que você está tão ansioso assim. Não disse que a Melissa encheu o saco com todas as mensagens que te enviou?

Max – Você disse isso, não eu. E umas cartas e uns e-mails, SMS e telefonemas não são o suficiente. Eles me tranquilizam, mas não matam a saudade que eu tenho.

Tyson – Se isso não resolveu, então a Melissa devia ter levado a sério a ideia do código morse e dos sinais de fumaça. – ambos riem.

Passou-se quase um ano desde a aventura que as equipes do Campeonato Mundial de Beyblade viveram, alguns aprisionados em uma ilha infestada de animais selvagens por culpa de uma cientista vingativa, e todos sofrendo com a sobrinha sarcástica dela no seu plano de manipular lutadores para controlar feras bit. E também foi o mesmo tempo desde a partida das Beautiful Girls para um retiro de treino secreto.

Felizmente, as últimas cartas das moças para os Bladebreakers levaram à alegria e convocação de toda a turma numa nova reunião. A notícia, rapidamente divulgada pela mídia, relatava a vinda da banda para o Japão, onde irão inaugurar a nova indústria da empresa Beyfly. Graças ao lucro e a fama obtidos pela parceria com a BBA, os times de amigos se aprimoraram com o passar do tempo.

Agora, mundialmente conhecidos, eles são a sensação da imprensa e dos fãs de beyblade. Em alguns instantes, todos se encontrarão no aeroporto local para aguardar o tão esperado retorno das jovens que os uniram. Enquanto isso, o ex campeão mundial, tendo perdido seu título para Hilary, se acomoda na sala com Max, vendo Daichi assistir televisão próximo à mesa de centro do cômodo.

Daichi – Que caras são estas? – indaga pegando um biscoito do prato em frente.

Max – Falávamos da Melissa e das outras. Não ouviu? – o ruivo faz uma careta.

Daichi – Ah cara, não fala disto! Eu ainda sinto falta das lutas que eu tinha com a Diva. – ele confessa antes dos outros dois sentarem no sofá.

Kai – Elas só estão alguns meses fora, bando de bebês chorões. – Kai chega de repente, sentando na poltrona ao lado, e Ray ri vindo logo atrás dele.

Ray – Eu pensei que você achava todas malucas e audaciosas, Daichi.

Daichi – Apesar das brincadeiras, elas cozinhavam bem. – o garoto fita o biscoito meio comido, despertando a risada dos demais, então um grito súbito os assusta.

Kenny – GENTE, GENTE! – Kenny vem correndo, parando pra retomar o fôlego, conforme apoia as mãos nas pernas, ao passar da entrada – Elas estão...!

Ray – Fica calmo Kenny! Quem está o quê? Do que está falando?

Kenny – As garotas, Hilary e as outras! Elas estão chegando no aeroporto!

Ryu – Ah, mas que ótima notícia! – o idoso também se reúne com todos, ao tempo de Hiro vir por trás de Kenny – E vocês não deviam ir se encontrar com os seus amigos?

Hiro – Nós vamos vovô. Ou melhor, eles vêm se encontrar com a gente. O Gordo me ligou agora, dizendo que alguns dos nossos amigos estão chegando num ônibus para nós irmos juntos até o aeroporto, então é melhor se aprontarem logo.

Mais do que rapidamente a equipe obedece e em pouco tempo um ônibus branco para na frente da casa. Das janelas acenam os Blitzkrieg Boys, Majestics, as Specialists e o Empire. Os Bladebreakers se despedem de Ryu, ouvindo apelos para que convidem as moças a visita-lo, e sobem no veículo, olhando o motorista com surpresa.

Max – Pai! – o loiro abraça o homem – Mãe, você está aqui também?!

Judy – Estou. – ela ri, levantando-se da cadeira nos fundos do automóvel – Depois que o senhor Taylor ligou para o senhor Dickenson avisando da chegada das meninas e dos líderes da Beyfly, nós nos oferecemos para guiar todas as equipes até o aeroporto e fazer a recepção de boas-vindas. Quer dizer, somos apenas uma parte dos voluntários.

Taro – Bruce e Tao já estão esperando no aeroporto com o senhor Dickenson. Vou logo avisando que tem um enxame de fãs e repórteres cercando os seus amigos.

Spencer – Já foi difícil a gente sair daquele lugar inteiros. Vamos, sentem aí! – os rapazes se acomodam e começam a conversar com os outros.

Ivana – Mal posso esperar pra ver as garotas! – Ivana diz sacodindo o coque duplo na sua cabeça com o balançar das pernas, fazendo Ian rir – Elas devem estar mais fortes.

Jaqueline – Como se já não bastasse o banho de loja que elas tomaram nesse meio tempo de reclusão, não é?! – Jaqueline sorri de canto enquanto encara o espelho na mão esquerda de Johnny, para arrumar suas marias-chiquinhas suspensas – Quem diria que um retiro na Rússia seria tão luxuoso.

Savana – Elas certamente fizeram compras depois de sair de lá, Jaque. – Savana revira os olhos e fita o sorridente Spencer ao jogar sua trança para o lado direito.

Kenny – Estão falando daquela aparição delas na tevê na semana passada?

Robert – Essa mesmo. As fotos e gravações feitas lá viralizaram num pulo.

Roberta – Todas estavam incríveis! Elas devem ter sido bastante assediadas pelos rapazes. – Roberta instiga maliciosa conforme enrola fios soltos do alto rabo de cavalo, causando uma risada em Robert – Isto seria um risco para Tyson e Max, já que até agora ninguém sabe do namoro deles com a Hilary e a Melissa, certo?!

Johnny – Roberta, assim você vai deixar eles verdes de ciúme.

Roberta – Então você entendeu o meu plano. – alguns dos presentes riem – Agora falando sério: nós temos uma fofoca super saborosa para contar.

Olinda – Uma parte dos nossos amigos está namorando. – Olinda anuncia rápido, sem tirar os olhos do celular para o qual Oliver também olha durante a discreta carícia em seus cabelos, acima da piranha que prende uma parte atrás da cabeça.

Roberta – Linda, sua traíra, eu queria ter dito isso! – Roberta se ajoelha na cadeira para fitar todos após a informação ser processada – Ah, mas ao menos posso dizer que...

Eliane – Nadine e Gordo estão noivos?! – a feição nervosa da amiga faz Eliane gargalhar antes de apertar o rabo de cavalo baixo, acompanhada por Enrique enquanto a novidade aumenta a empolgação do diálogo.

Hiro – Inacreditável! Eu sabia que eles estavam se dando bem, mas a esse ponto...

Bryan – Vão ficar mais chocados quando souberem quem são os casais do grupo.

Ian – Começando por você e a Bárbara. – ele sorri maliciosamente e Bryan encara Bárbara antes de os dois virarem os rostos corados, pelos olhares voltados para ambos.

Max – Ah, logo vi que vocês pareciam muito grudados. Estão todos juntos?

Tamara – Se quer dizer todos aqueles dentro do ônibus antes de vocês chegarem, sim. – Tamara sorri ao pender a cabeça para o lado de Tala, provocando a queda de uma mecha do seu coque central, suavemente colocada atrás da sua orelha por ele.

Tala – Acreditem, foi uma surpresa para nós também. Aconteceu naturalmente.

Ray – Bom, eu estou naturalmente pasmo. – todos riem – Quando passaram tanto tempo assim juntos? Por acaso não voltaram para casa?

Kai – Fiquei sabendo que algumas equipes se reuniram gradualmente entre si após nos despedirmos das garotas, e aparentemente viajar para outro país não foi empecilho.

Tyson – Ah é? E quem te contou Kai? – o mais velho cora pelo sorriso malicioso do moreno e se volta à janela, sem descruzar os braços ou a perna sobre a outra.

Kai – Tenho minhas fontes. – Tyson chia e volta a sentar ereto.

Tyson – Você tem uma fonte, que eu sei, e o nome dela é Kailane.

Daichi – Quem sabe agora o Kai admite que quer construir um ninho de amor com ela. Duas fênix se unindo, tão romântico. – risadas baixinhas seguem a provocação.

Kai – Só para lembrar Daichi, as fênix queimam suas vítimas até virar cinzas.

A ameaça encerra o assunto. Quando enfim o ônibus para na entrada do aeroporto, as equipes saem correndo. O mar de pessoas os saúda, sendo acalmada pelos seguranças impedindo sua aproximação extrema. Minutos mais tarde o esperado jato aterrissa. Com a devida licença, os times entram na pista. As moças vão na frente e aceleram os passos vendo as Beautiful Girls descerem a escada antes de Hana e dos líderes da Beyfly.

A tutora e Kailane estão muito parecidas agora, excerto que o cabelo da cantora já está bem maior e com um corte diferente, como é o caso de Keilhany e Diva. Elas estão mais maduras, graças aos centímetros extras e o acréscimo de volume aos corpos antes mirrados, porém permanecem com os conhecidos sorrisos carismáticos. Hilary e Salima surgem se destacando na multidão, muito mais femininas e confiantes.

Melissa é a única que não parece ter mudado, com exceção dos fios compridos.

Max – Como vocês demoraram! Achamos que não voltariam mais!

Melissa – A gente voltou foi cedo! Não deixaríamos vocês sozinhos tanto tempo. Sabíamos que morreriam de saudade ou se meteriam em encrenca; talvez as duas coisas. – ri ao abraça-lo – Além disto já tava ficando chato ouvir todo dia a Hilary e a Hana lamentando as saudades que sentiam do Tyson e do Hiro, então... – as duas estapeiam os braços da risonha loira, uma de cada lado, fazendo os demais gargalharem também.

Helena – Eu nem acredito como vocês mudaram em tão pouco tempo. Parece que ficam mais lindas a cada vez que nos vemos. Estou com inveja.

Garland – Você também é muito linda Lena, então não precisa se preocupar.

Melissa – Oi? – o clima muda do nada – Eu ouvi direito? Perdemos alguma coisa?

Gordo – Alguns membros do grupo estão saindo juntos agora.

Diva – “Saindo juntos”? Do tipo namorando? Como assim?! Por que não falaram isto pra gente antes? Só ficamos sabendo do noivado do Gordo e da Nadine.

Hilary – O que eu já considero surpreendente em tão pouco tempo. Vocês têm que contar os detalhes! Qual a desculpa de não mandarem um e-mail dizendo as fofocas?

Kailane – Pois é, só partilharam que andaram se encontrando. Então era para isso?

Miguel – Tudo bem, se acalmem! Isto é tão repentino para vocês quanto pra nós.

Martônio – Diz a pessoa que me implorou ajuda para conquistar a minha irmã. – o rosto de Miguel se tinge de vermelho até as orelhas, fazendo os amigos rirem enquanto a namorada agarra seu braço e massageia para acalma-lo – Depois eu entrego uma lista com o nome dos casaizinhos para vocês. Claro, em troca de fones de ouvido novos.

Melissa – Fechado! Ah, é tão revigorante saber que eu estava certa! De novo. – a convencida estrela sobe os óculos escuros e sacode o cabelo – Como com Luce e Dizzi.

Calisto – Eu sou a única que ainda acha muito esquisito um relacionamento entre um super programa de computador e uma fera bit cibernética?

Melissa – Provavelmente sim. Não seja recalcada, que isto faz mal para a pele.

Greice – Bem, vocês terão tempo de matar a saudade ao chegarem na casa nova. Levem a bagagem às limousines, sim?! – a mãe de Thalía faz um sinal aos carregadores para levarem as malas até os carros, do lado de fora do aeroporto, e o grupo acompanha.

Hiro – E que “casa nova” é essa? Se é que eu posso saber.

Stanley – Ora, o casal Saien não disse nada ainda? Achei que todos já soubessem.

Kenny – Soubessem do quê? Meus pais não me disseram nada.

Keilhany – Nós vamos poder ficar com vocês, morando no Japão! – todos param de andar e os bladers fitam as Beautiful Girls com surpresa, virando aos Bladebreakers na sequência – Meus pais conversaram com os do Chief e compraram uma casa bem na frente da deles. Vamos ser vizinhos! Não é demais?!

Kenny – “Demais”? Claro que é! Isto é sensacional! Como meus pais não falaram nada pra mim?! Se eu soubesse tinha contado para todo mundo.

Ray – Acho que foi por isto mesmo, Chief. Imagina a bagunça que seria se toda a galera da sua cidade descobrisse. Sem contar os jornalistas.

Kenny – Bom, agora eu entendo por que eles disseram que não poderiam vir para a recepção. Aquela história de tomar conta da multidão em frente à loja não fez sentido no começo, já que não tinha nenhuma promoção de macarrão, mas agora...

Sandro – Imaginamos que isso aconteceria. – o pai de Keilhany ri – Nós quisemos manter segredo até o último instante para não causar tumulto na loja da sua família.

Kenny – Tudo bem. Aposto que eles estão felizes por terem tantos fregueses.

Max – Pai, mãe, vocês sabiam disto? – ambos confirmam – Por que não falaram?

Taro – Uma surpresa deve ser mantida até o final Max. – seu pai sorri – E Bruce, Ryu e Tao já sabiam da história também. – Tyson e Hiro encaram o pai e Ray e a equipe White Tigers o mestre, os dois homens bem sorridentes.

Bruce – Eu comuniquei ao avô de vocês e ele concordou em guardar segredo.

Claude – Quer dizer que todas vão morar juntas, com suas famílias e a Hana?

Kailane – Positivo para a Hana, porque vovó, o senhor Taylor e os Valem não vão ficar conosco sempre. E todos vão poder nos visitar quando quiserem.

Charles – Bem, nós temos conhecimento de que não adiantaria pedir para não se meterem em problemas, mas vamos arriscar deixa-las viverem mais independentemente. Talvez agora, depois de tudo que houve, possamos confiar que serão mais discretas.

Melissa – Como túmulos, papai. – a loira passa os dedos sobre a boca, como se a estivesse fechando, e alguns riem – Excerto durante as festas que já estou planejando.

Diva – Vamos fazer loucas festas do pijama e competir para ver quem consegue ficar mais tempo sem beber água depois de tomar molho tabasco!

Sandro – Melhor maneirarem. – ele repreende com graça, vendo muitos rirem – É claro que se acontecer qualquer coisa terão que ser responsáveis, o que inclui a fiança da prisão e internamento em hospital.

Alan – Tenho medo de perguntar o que elas já aprontaram. – o grupo ri outra vez.

Charles – Bem, desde já eu quero agradecer em nome de todos por ficarem junto dessas travessas, o que certamente não foi nada fácil. E pode ainda não ser...

Liliane – Ora senhor Taylor, nós adoramos as garotas. Por isto nós é que devemos agradecer por terem fornecido as nossas passagens áreas para virmos ao Japão.

Charles – Sendo assim, talvez não precise me preocupar tanto. – diz suspirando.

Zilda – Em alguns momentos visitaremos vocês. Agora está na hora de irmos dar um jeito nos negócios. Cuide para que essas levadas não arranjem problemas Hana! – a idosa dá de costas e os outros vão na direção do jato parado.

Hana – Sim, senhora Yamari! – a moça ri – Podem contar comigo!

Greice – Foi um prazer rever todos! Cuidem bem uns dos outros! – Greice acena, e quando o jato parte as garotas se atiçam novamente, gritando eufóricas.

Lee – Aí, se importam de baixar o volume? Eu tenho ouvidos sensíveis! – os mais velhos dão risadas e Stanley Dickenson limpa o suor do rosto com um lenço.

Stanley – Bem, agora que todos estão juntos de novo, será interessante vê-los se prepararem para participar do evento.

— “Evento”? – uma parte indaga com curiosidade e confusão, fazendo Belina rir.

Belina – Pelo visto vocês estão desinformados. O meu primo-tio, aquele que é um dos organizadores do Campeonato Mundial de Beyblade, Angus, disse adiantadamente que fariam um enorme concurso especial no dia da inauguração da nova indústria, que vai acontecer justamente antes do próximo torneio e do início das aulas escolares.

Kailane – Nosso time ficou responsável por representar os líderes da Beyfly nessa inauguração, já que nenhum deles poderá estar presente. E além disto, nós faremos um show especial, depois de apresentarmos o evento que ocorrerá no dia.

Ozuma – E que concurso é esse? É uma competição de beyblade?

Martônio – Nós ouvimos falar. É mais ou menos isto. O recomendável é que só os jogadores de beyblade se inscrevam para competir entre si, porque no final do evento os finalistas vão lutar, e quem vencer ganha um prêmio especial que ninguém sabe qual é.

Joseph – Legal, mas estão faltando vários detalhes. Que prêmio misterioso é esse?

Tao – Ora, vocês não gostam de surpresas? Tenham paciência! E vamos, vamos...! Melhor irem falar com seus fãs, ou eles vão arrastar os seguranças até aqui! – fala rindo.

Ozuma – Bom, seja o que for, eu adianto logo que vou competir. Será divertido.

Conforme muitos dos amigos concordam com Ozuma, o grupo volta para a zona de desembarque e passa um tempo com os fãs antes de seguir a banda até seu novo lar, ainda sofrendo o assédio do público na entrada. Após ficarem um pouco juntos, todos se vão e as moças curtem o descanso pós-viagem. Uma semana depois os Bladebreakers estão, de novo, visitando as Beautiful Girls. O lar delas é de fato um casarão.

Como eles têm ficado por perto há bastante tempo, Kailane tomou a iniciativa de entregar à Kai uma cópia da chave da porta de entrada, confidenciando que confia mais nele do que em Hiro. Pelo treinador estar claramente atraído por Hana, teria uma chance de o jovem tentar invadir o território. No momento, cansadas de ouvir Tyson e Daichi reclamando da demora do almoço, as jovens forçaram todo o time a ajudar na cozinha.

Enquanto seus tutores não voltam do mercado, a situação vira uma bagunça.

Daichi – Ah, que cheiro delicioso! Não sabem a saudade que senti da sua comida!

Diva – Então esse tempo todo você ficou ansioso para voltarmos só pela comida?

Daichi – Claro que não! – ele ri sem graça sobre o olhar ameaçador da loirinha.

Tyson – AI DAICHI, PARA DE CORTAR O MEU DEDO COM A FACA!

Daichi – Eu não tenho culpa se você deixa seu dedo no caminho, cabeção!

Hilary – Vocês dois, querem parar de brigar?! Deste jeito não terminamos nunca!

Melissa – Oh gente, pensem nisto como um aquecimento, afinal, o concurso pede culinária como um dos testes. – os rapazes param o que estão fazendo e a encaram.

Kai – Como é? Que história é esta? – a loira levanta uma sobrancelha.

Melissa – Ué, vocês ainda não sabem? Já noticiaram na televisão. Não é bem uma competição de beyblade, embora o esporte também esteja incluso, mas uma de talentos.

— O QUÊ?! – a maioria grita, e enquanto a Yamari suspira, Salima se vira a eles.

Salima – Eu explico. O evento exige que vocês, primeiro, passem por diferentes provas: perguntas históricas, desafio de culinária, corrida... No fim da maratona é que os remanescentes lutarão entre si, com suas beyblades.

Daichi – Acho que eu vou repensar sobre me inscrever. – as garotas riem.

Max – Não é por nada, mas o prêmio é mesmo bom? Tem que valer o esforço.

Diva – Mas vale! Só que é uma sur-pre-sa. – Diva diz pausadamente e as moças se entreolham, rindo com cumplicidade.

Melissa – Ah, eu quase me esqueci! Tirei várias fotos da nossa viagem à Rússia. Mesmo tendo sido forçada, ainda foi divertido de certa forma.

Kailane – Você achou mais divertido porque se aproveitou da nossa distração para fazer fotografias desprevenidas, em situações constrangedoras.

Melissa – Deixe de ser dramática que não foram tão constrangedoras assim. Vou conectar o celular à televisão para vermos! – anuncia quase saltitando até a sala.

Um tempo depois o grupo se reúne para acompanhar os slides. Na maior parte das fotos, nenhuma das jovens, ou mesmo outras pessoas estranhas, olha para a câmera. Em certa sequência, Hilary surge trajando um short preto, uma blusa branca tomara que caia por baixo de um bolero roxo, do mesmo tom do laço em seu chapéu e da fita decorativa no antebraço direito, e um colar com a inicial do seu nome.

Este último é amarelo como seus pequenos brincos e a pulseira no pulso esquerdo, meio escondida por sua tentativa de manter o capelo no lugar, certamente pelo vento do momento no cenário de céu azul. Em seguida é Keilhany, sendo mostrada andando por uma calçada coberta de neve enquanto segura sobre os ombros sua nova bolsa vermelha em forma de mala, decorada por um chaveiro de coelho acinzentado, como sua camisa.

O capuz de seu longo agasalho rosa, a cor das meias 7/8 listradas com cinza, bem abaixo do short branco, está abaixado, e a única coisa que protege seus cabelos da neve é a sombrinha translúcida que ganhara de Tamara antes de viajar. Logo aparece Salima, rindo envergonhada com as mãos atrás da jaqueta preta, cobrindo a blusa lilás, a cor das pantufas sobre a meia-calça, dentro da longa saia cinza.

Este gesto, somado às tranças laterais caindo por seus ombros, a deixam com um ar inocente e fofo, segundo diz Melissa e todos concordam. Porém, Diva rapidamente se iguala em elogios pela imagem onde está sentada, com as pernas para fora, no chão dum estúdio de gravação. As suas botas, pretas como as meias 7/8 e a segunda blusa de alças, acima da branca de mangas compridas, estão sobre uma porção de fios espalhados.

O equipamento de música ao seu redor forma um cenário acolhedor, como retrata seu sorriso ao segurar um enorme fone de ouvido contra as orelhas, tapadas também por seus longos fios descendo até à saia vermelha xadrez. Chega a vez de Kailane, que com a mesma seriedade de Thalía em sua foto, e algum rubor na face, fita a câmera sentada no chão de uma sala repleta de computadores modernos.

A camisa branca que veste parece simplesmente grande e folgada demais, dando a deixa para a formação de um amplo decote e a exposição de muita da sua pele. Depois de Kai corar, Melissa tem a surpresa de ver uma fotografia sua, portanto tirada quando tomou um susto pela invasão de privacidade. A cena reflete a ocasião em que tocava o novo baixo da tutora das Beautiful Girls, provavelmente escondido.

O fio dos fones de ouvido sobre seus cabelos passa pelas meias 3/8 pretas, do tom do agasalho sobre a blusa branca de botões, enfeitada por uma fitinha vermelha como a palheta em sua mão direita, e a saia cinza xadrez até chegar ao instrumento pressionado pelos fartos seios, pronto para ecoar melodia quando seu braço suspenso no ar descer. A porta é aberta neste momento e Hiro entra seguido de Hana, estranhando a euforia.

Os dois deixam as sacolas com compras na cozinha e voltam à sala a tempo de ver o próximo slide de fotos, onde a treinadora aparece ajoelhada em sua meia-calça preta, só mais clara que a saia e a parte superior dos tamancos marrons, sobre a grama verde dum jardim para plantar algo. Tendo erguido as mangas da camisa amarela, por cima de outra marrom, ela parara de usar a curta pá envolta por uma das luvas brancas e sorria.

Depois de se envergonharem o suficiente pelos gracejos alternados ditos entre si, o grupo vai almoçar ouvindo Melissa prometer que irá passar todas as fotografias para o e-mail de Nilce, que sem dúvida pedirá à Jeyne seu armazenamento no arsenal de fotos constrangedoras da família Beyfly. Horas mais tarde, Max se encontra com a garota no quarto dela, um decorado em amarelo e laranja. Ela oferta um puff azul para ele e senta na pilha de bichos de pelúcia no chão, debaixo da janela quadrada com cortinas brancas.

O rapaz se surpreende com a cama arrumada, apoderada com muitos travesseiros e almofadas, e a penteadeira organizada próxima à porta do banheiro.

Melissa – O que você está olhando? – o loiro enrubesce e volta a fitá-la.

Max – Nada. É só que... – sorri timidamente – Eu achei que o seu quarto seria um pouquinho mais desarrumado. Você parece o tipo de garota bagunceira. – a moça cora e faz um bico, empinando o nariz, e o garoto ri – O que você queria falar comigo?

Melissa – É sobre nossa operação, por isto não quero que ninguém mais ouça.

 

Continua...


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