Wherever I go escrita por Luna Lovegood


Capítulo 4
Capítulo 4 - Aonde quer que eu vá


Notas iniciais do capítulo

Hello!

Bem, esse é o último capítulo! Eu preciso agradecer do fundo do meu coração por todo o carinho, por toda lágrima derrama, por cada comentário que me fez sorrir ou chorar junto com vocês. Enfim, esse é o finalzinho, uma espécie de epílogo para essa história tão curtinha em palavras, mas que me esforcei para tentar fazer grande de sentimentos.

Eu quero dedicar esse capítulo à duas leitoras especiais, Vicky Queen e Maih, que deixaram duas recomendações lindas. Eu fiquei muito feliz que a fanfic tenha tocado o coração de vocês.

Eu sinto muito não ter respondido os comentarios ainda, meu computador simplesmente parou de reconhecer as conexões wifi, então ando meio enrolada aqui até resolver. Mas quero que saiba, amei cada uma das palavras de vocês.

Eu espero que gostem desse final, eu gostei de escrevê-lo...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/736933/chapter/4

 

Aonde quer que eu vá 

Levo você, no olhar 

Aonde quer que eu vá 

Aonde quer que eu vá 

 

Felicity Smoak

Mesmo em cinco anos eu nunca consegui dormir tendo o outro lado da cama vazio, e também não era como se eu pudesse preencher o espaço com um novo corpo. Eu precisava de um corpo específico, um corpo que não podia estar comigo. Por isso toda noite antes de dormir eu fechava meus olhos e fantasiava que Oliver estava ao meu lado, as vezes eu colocava travesseiros em seu lugar e me enganava dizendo a mim mesma que eu poderia rolar pela cama e encontrar seu corpo quente e seus braços fortes, prontos para abraçar meu corpo e me aquecer durante a noite fria. Ou apenas aquecer meu coração triste e solitário.

Mentir para mim mesma era o único jeito de me fazer adormecer.

Mas toda a manhã quando eu acordava, eu sentia a dor daquela pequena mentira. O lado da cama de Oliver amanhecia sempre intocado, frio e vazio. Me lembrando de que o homem que eu amara, com quem eu planejei passar o resto da minha vida, o pai da minha filha não voltaria para casa.

Era por isso que eu gostava tanto de ir ao hospital e me deitar ao seu lado, fechar meus olhos e sentir um pouco do calor dele, poder ter esse pequeno momento com Oliver, mesmo que não fosse exatamente como eu queria, era o que eu podia ter, então eu o aceitava.

Era melhor pouco do que nada.

Eu aprendi a aceitar que nem sempre podemos ter o que queremos, e a me conformar com o que me era oferecido, não importava o quão pouco isso parecia.

Talvez fosse por causa desse sentimento, de ter me desacostumado a ter tudo o que sempre quis, que às vezes eu ainda me questionava se tudo não passara de um grande sonho. Oliver acordara. Oliver voltara para mim. E agora durante as noites eu tinha seus braços fortes para me abraçar, seu corpo quente para me aquecer, e quando eu acordava no outro dia pela manhã, eu não encontrava o seu lado da cama vazio e frio, ele ainda estava lá.

O calor de seu corpo tão próximo me aquecia.

Ele não estava indo a lugar algum.

Era o rosto dele o primeiro que eu via a cada novo dia.

Era seu sorriso que fazia meu coração acelerar dentro do peito.

E eram seus olhos, aqueles olhos tão azuis, tão cheios de sentimentos que me faziam sentir tão profundamente amada e querida, que faziam meu coração se sentir inteiro e feliz, como não se sentia há anos.

Às vezes eu tinha medo de tocá-lo e de que ele simplesmente desaparecesse, como se fosse apenas fruto da minha imaginação, desse coração cansado que já não sabia se era possível ter tudo na vida. Por isso muitas vezes eu permanecia ao seu lado na cama apenas o observando dormir, vendo o peito subir e descer em sua respiração fluída e ritmada, tentando me convencer de que era real, de que Oliver havia voltado para mim. Eu só me sentia melhor quando ele abria os olhos e eu enxergava o amor ali, quando eu via um sorriso preguiçoso se espalhando por seus lábios e ele me puxava para seus braços e me beijava.

Eu sentia toda aquela agitação dentro de mim se acalmar com seu beijo.

Só assim todos os meus medos e incertezas desapareciam.

Só assim eu tinha a certeza de que não era um sonho. Tudo era real. Eu tinha Oliver de volta, e a minha vida estava novamente completa, repleta de amor como deveria ter sido desde o momento em que o conheci. O futuro não era mais um sonho impossível de chegar, não era mais feito de incertezas. O nosso futuro era o hoje, era o agora e nós podíamos pintá-lo com todas as cores que quiséssemos.

Mas quando acordei naquela manhã, quando estiquei meus braços e não senti seu corpo quente, eu abri meus olhos e tive um momento de pânico ao não vê-lo ali. Meus olhos olharam para o lugar vazio ao lado da minha cama, e meu coração doeu. Tentei  me controlar ao ver os lençóis amassados, ao tocar e ainda sentir o calor de seu corpo que a pouco que estivera ali. Me acalmei quando meus olhos buscaram pelo quarto e eu o encontrei, sentado em uma poltrona, as pernas para cima com um caderno em apoiado em seus joelhos e um lápis próprio para desenho em suas mãos.

Ele sorriu e me olhou, fazendo meu coração ir ainda mais rápido, só que dessa vez não era de desespero, era de amor.

Sentei-me a cama, ainda oscilando entre o medo momentâneo de perdê-lo à felicidade quase que imediata que senti ao vê-lo ali, e saber que Oliver não estava indo a lugar algum sem mim. 

— Me desculpe, amor, eu sei o quanto você gosta de acordar comigo ao seu lado, mas você não tem ideia do quão linda estava, enrolada entre os lençóis, parecendo tão serena e feliz. - sorri me acalmando sentindo o efeito não apenas das palavras encantadoras de Oliver, mas também do seu olhar cheio de amor para mim. - Eu não fui capaz de  resistir. - Oliver disse se erguendo da poltrona e caminhando até mim na cama, e deixando o caderno sobre o colchão. - Eu ainda não sou capaz de resistir.

Senti seus dedos envolverem meu rosto com suavidade, os dedos alcançando os cabelos da nunca causando um arrepio gostoso em mim, enquanto o direcionava para cima, em direção aos seus lábios. Fechei meus olhos, me inclinei para ele instintivamente e apoiei minhas mãos em seu peitoral sabendo o que viria a seguir. A pressão firme de seus lábios junto aos meus, a maciez e o gosto mentolado quando sua boca se moveu junto com a minha, a explosão de sentimentos dentro do meu coração.

Beijá-lo ainda tinha o mesmo gosto.

Gosto de amor.

— Bom dia, amor. - os dedos dele acariciaram suavemente minhas bochechas contornando a linha do meu sorriso quando ele soprou as palavras contra meus lábios, havia um sorriso feliz e divertido brincando nos lábios dele - Espero que isso compense por não me encontrar ao seu lado pela manhã.

— Compensa sim. - garanti, eu estava pronta para me inclinar para ele e roubar mais um beijo, mas o caderno jogado sobre a cama me chamou a atenção. - Você está desenhando outra vez! - exclamei, extasiada demais por saber que ele voltara a desenhar, já fazia um longo tempo.

— Parece que tudo o que meus dedos precisavam era de um estímulo, a imagem certa para se lembrarem de como é desenhar algo que se ama, ou algo que se quer. - ele acariciou meu rosto com seus dedos de uma forma diferente, seguindo os contornos e as linhas dele, como se seus dedos gravassem através do toque a minha imagem, decorassem meus ângulos para melhor desenhá-los.

Por mais que eu soubesse que Oliver seria minucioso naquele estudo, eu deixei que ele tomasse seu tempo, eu sabia o quanto era importante para ele e eu não me importava, gostava de sentir seus dedos em minha pele. Era bom.

Quando Oliver acordara daquele coma eu finalmente me permiti respirar aliviada. Mesmo que eu estivesse pronta para deixá-lo ir, mesmo que ele estivesse pronto para ir, nada se comparava a alegria de saber que ele havia voltado, que todas as promessas agora poderiam ser cumpridas e os sonhos realizados.

Moira e Thea quase não acreditaram quando eu liguei para elas naquela noite, e eu nunca vou esquecer o quanto as duas choraram de alívio e felicidade ao vê-lo acordado. Moira ficou desnorteada por um tempo, se desculpando várias vezes por quase permitir que o perdêssemos, e eu a lembrei que o importante era que Oliver havia voltado para nós e que não valia a pena nos concentrarmos no passado, isso pareceu acalmá-la um pouco, e ela se dedicou a simplesmente aproveitar o fato de que tinha o seu filho de volta.

Mas só porque aquele final foi lindo, só porque Oliver abrira seus olhos e voltara para nós, não significava que tudo tinha sido perfeito. Tivemos obstáculos a enfrentar. A recuperação dele foi lenta, praticamente uma luta atrás da outra, Oliver ainda ficou um longo tempo no hospital e mesmo que fisicamente ele estivesse bem, sem nenhuma lesão neural, havia o trauma emocional de ter perdido tanto da vida. Principalmente da vida de Liv, quando Oliver a vira, quando ele descobriu sobre o coma e que havia perdido toda a  minha gravidez e anos da vida de Liv, foi um baque. Eu trouxe fotos dela, mas ao perceber o quanto do crescimento da nossa filha ele havia perdido, ele chorou, como eu nunca o tinha visto chorar antes, Oliver parecera uma criança perdida e sem saber o caminho de volta. Mas nós ficamos ao lado dele, porque eu sabia que as lágrimas eram necessárias e inevitáveis, havia muito peso dentro dele, muita dor que precisava sair de alguma forma, e eu sabia também que desde que ele nos tivesse ao seu lado, essas lágrimas eventualmente cessariam, eu sabia que em algum momento ele sorriria ao ver que a vida lhe dera uma segunda chance de recuperar tudo aquilo o que ele perdeu.

E esse momento chegou quando Liv contou ao seu papai que mesmo dormindo ele encontrara um jeito de estar presente com ela, de brincar com ela, e acompanhá-la por toda a sua vida. Eu vi algo no semblante de Oliver enquanto nossa pequena tagarelava sobre todos os momentos que passara com pai, não era descrença, tampouco ele achava que Liv estava inventando ou era uma garotinha com uma imaginação muito fértil.

Era fé.

Ele, de alguma forma, mesmo não se recordando de nada o que Liv contava, ainda assim Oliver sabia que tinha estado lá para ela, para nós de algum modo, e foi isso o que o acalmou. Foi isso que lhe deu a força necessária para continuar.

Tivemos momentos frustrantes, eu o vi muitas vezes chateado consigo mesmo, por ter que reaprender tantas coisas, desde andar a segurar uma colher, mas ele nunca desistiu, ele levava a fisioterapia muito a sério. Oliver sempre fora determinado, mas eu gosto de pensar que o fato de ter sua família consigo o estimulou ainda mais. Nós tínhamos passado um pouco mais de um ano assim, até que Oliver finalmente voltara para casa, embora ele ainda fosse a fisioterapia porque seus dedos não estavam mais tão fortes para desenhar.

Mas agora estavam.

Olhei orgulhosa para o caderno.

— Posso ver? - pedi, já pegando o caderno em minhas mãos, mas Oliver foi mais rápido do que eu, tomando-o de mim e escondendo atrás de si, como se fosse uma criança que esconde algo da mãe.

— Ainda não.

Estranhei a negativa tão rápida.

— Por quê? Eu tenho certeza que está lindo. - eu sabia que estava, porque Oliver desenhava com todo o seu coração, com tanto amor, que dava para sentir as emoções em um simples rabisco. Ele poderia ter desenhado um círculo e ainda assim eu iria amar esse desenho.

— Eu também tenho certeza que está lindo, tudo isso graças a modelo. - ele tocou a ponta do meu nariz com o seu dedo suavemente, mas eu sentia que ele estava me escondendo algo. - Na verdade, você é tão linda que tudo o que consigo pensar é em todas as formas que quero desenhá-la. Eu acho que irei desenhá-la todos os dias da minha vida, de todos os ângulos, em todos os lugares...

— Oliver... Pare de me olhar desse jeito! - pedi, sentindo-me satisfeita e ao mesmo tempo envergonhada pela intensidade do olhar dele. Promessas. Eu as lia ali tão perfeitamente que me faziam corar.

— Meus olhos estiveram fechados por cinco anos, amor. - estremeci diante da intensidade das palavras dele - eu não posso e nem quero não olhá-la a cada segundo que tenho com você. - seus olhos se prenderam nos meus, me deixando sem ar - Não tocá-la. - senti sua mão em meu rosto e instintivamente minha cabeça se inclinou na direção da palma da mão dele, minha pele ansiosa por sentir mais do calor do seu toque. - Porque eu amo olhá-la, amo ver a forma que você sorri para mim, amo estar com você, ter você em meus braços, cada segundo com você me faz sentir mais vivo e eu não pretendo abrir mão dessa dádiva. Nunca.

Eu gostava de como aquilo soava.

— Eu te amo também. - eu disse me sentindo estranhamente emocional, o  envolvi em meus braços num abraço, deixando meu corpo se colar no dele de forma tão íntima que eu conseguia ouvir seu coração e isso me confortava. - Eu sempre serei grata por você ter voltado para mim, por nos dar a chance de pintarmos esse futuro, eu, você e Liv.

Oliver suspirou, me apertando mais forte em seus braços.

— Eu acho que foi você, Felicity. - ele sussurrou em meu ouvido - Foi você quem nunca desistiu, seu amor foi o que me deu forças para me manter vivo ainda que eu estivesse adormecido naquela cama, porque eu queria tão desesperadamente voltar, para você, para Liv que não conseguia ir para lugar algum, eu precisava apenas estar perto da forma que desse. E mesmo quando você me disse que estava tudo bem ir, que eu merecia estar num lugar melhor e não em uma cama perdendo tudo o que eu mais amava, eu entendi o que amor realmente é. Amar alguém é sobre deixar seus próprios sentimentos de lado, a própria dor apenas para que a pessoa que você ame possa parar de sofrer.

— Você se lembra? - eu perguntei com o coração na mão.

Oliver sentou-se a cama ao meu lado, suas mãos segurando as minhas as acariciando lentamente com as suas, seus olhos se prendendo nos meus, de uma forma que me impediam de querer olhar em qualquer direção.

— Eu tive um sonho essa noite, um sonho muito longo, mas que não parecia exatamente com um sonho. - ele começou num tom suave, seu pequeno sorriso me dizendo que havia muito mais ali, seu olhar era ansioso e nervoso, suas mãos seguraram as minhas como se precisassem do meu apoio. - Eram como lembranças de uma vida, mas sem vivê-la exatamente, como se eu assistisse tudo através de um vidro, incapaz de tocar, de estar perto o suficiente. Eu via algumas coisas, vi Liv... Meu Deus, amor! Eu vi cada momento dela, vi seus primeiro passinhos, as primeiras palavras e como ela cresceu rápido e se tornava cada dia mais inteligente e bonita como a mãe. - eu comecei a tremer, o coração tão emocionado com o que Oliver me contava. Ele esteve ao nosso lado durante todo o tempo? Como um anjo da guarda? - Eu fiquei encantado por ela poder me ver e falar comigo, mesmo que aquela estranha barreira ainda estivesse entre nós, mesmo que eu não conseguisse realmente estar lá. Mas eu também vi você, minha mãe e Thea. Vi o sofrimento pelo qual passaram e me senti frustrado e culpado, frustrado por não ser capaz de falar com vocês e culpado por fazer as pessoas que eu amava sofrerem. Quando minha mãe começou a falar sobre desligar os aparelhos, mesmo não querendo deixá-las, eu sabia que era hora. Eu precisava parar de te prender à mim, que eu precisava te dar a chance de viver uma vida normal e até mesmo feliz, mesmo que eu não pudesse compartilhá-la com você. Eu me lembro de ouvir sua voz uma noite, você me pedindo para voltar e eu não sabia como fazê-lo e isso fazia meu coração sangrar, quando você começou a aceitar a ideia de me deixar ir eu estava triste em partir, mas ao mesmo tempo feliz.

— Como você podia estar feliz? Você iria morrer! - perguntei não gostando do gosto daquela palavra em minha boca, mas Oliver parecia alheio aquilo ele apenas sorriu, seu polegar alcançando uma lágrima que caía do meu rosto e eu sequer havia notado que estava ali.

— Você tem razão, eu iria morrer. - ele afirmou ainda sorrindo - Mas eu estava feliz, eu vivi pouco, mas durante o tempo que vivi eu amei e fui amado, eu senti o melhor da vida, e além disso eu me lembrava de ser tão amado por você e por Liv, mesmo estando deitado naquela cama, eu fui amado, um tipo de amor tão forte e único que foi sentido até mesmo quando estávamos tão distantes. E acho que no final foi e esse amor que quebrou as barreiras e me mostrou o caminho de volta para vocês duas.

— Obrigada por voltar. - eu tornei a abraçá-lo escondendo meu rosto em seu peitoral enquanto minhas lágrimas de alívio e felicidade por tê-lo aqui comigo, manchavam sua blusa.

— Não, amor. - ele balançou a cabeça beijando o topo da minha enquanto me apertava forte - Eu devo te agradecer, por me amar tanto, por abrir mão de tanto, se sacrificar tanto, apenas por mim. Por me mostrar o caminho de volta.

— Eu faria qualquer coisa por você. - olhei para cima, e apesar de meus olhos molhados pelas lágrimas, eu via nos olhos de Oliver o amor, o tipo de amor pelo qual vale a pena lutar e até mesmo sofrer, porque era algo raro, algo que a maioria das pessoas jamais encontra na vida. E nós o tínhamos.

— Então faça isso por mim e pare de chorar, porque o tempo de lágrimas já passou e eu só quero sorrisos no nosso futuro. - sorri para ele, embora ainda chorasse.

— São lágrimas de felicidade, amor. - justifiquei.

— Bom. - ele falou num tom terno e calmo, passando a sua própria calma para mim. - É o único tipo de lágrimas que aceito. - me aconcheguei novamente em seu corpo, Oliver deitou-se de costas sob a cama levando meu corpo consigo e me abraçando suas mãos deslizando para baixo e para cima nas minhas costas, mantive minha cabeça estrategicamente repousada sobre seu peito escutando as batidas do seu coração, sorri para mim mesma, elas não eram mais mecânicas e ditadas por uma máquina, agora eram fortes e seguiam um ritmo próprio de acordo com cada emoção que Oliver sentia. Ficamos assim por um tempo como se estivéssemos nos acalmando, até Oliver suspirar e me ajeitar em seus braços de modo que pudesse olhar para mim. - Quer ver o desenho? - sugeriu, e eu sabia que ele estava oferecendo isso para me distrair da conversa tão emocional que tivemos a pouco - Não está finalizado ainda...

— Me deixe ver. - pedi ansiosa já me sentando, e Oliver apenas se moveu esticando o braço e pegando o caderno que estava jogado num canto da cama, ele o entregou para mim, parecendo um pouco tímido a princípio, o que era estranho, Oliver nunca tinha sido tímido comigo sobre os seus desenhos, na verdade, ele costumava ser ansioso para mostrá-los para mim.

Mesmo para meus olhos de leiga, eu senti o impacto assim que o papel tocou em minhas mãos, meus olhos foram puxados para o desenho. Como Oliver dissera ele havia me desenhado, não era algo novo, ele já fizera isso tantas vezes no passado, mas dessa vez havia algo mais ali. Eu estava adormecida, deitada de lado, minhas mãos espalmadas no travesseiro e um dos braços escondendo meus seios, havia um lençol escorregando por minhas curvas cobrindo precariamente minhas pernas que se enrolavam nele. Meu rosto estava deslumbrante, sonhadoramente feliz, era um tipo de felicidade tão única que eu só havia experimentado uma vez na vida e que estava começando a sentir novamente.

Eu não entendia como ele tinha sido capaz de captar algo tão delicado assim.

— Minha nossa, Oliver! Está... - Eu não consegui encontrar palavras para descrever. Oliver sempre tinha sido excelente ao me desenhar, mas havia algo diferente dessa vez, eu podia sentir o que cada traço dele trazia, cada emoção, cada sentimento. Ele havia colocado o coração dele nesse desenho e de alguma forma, havia retratado a minha alma. - É lindo, eu estou sem palavras. O que acha que mudou? O que te fez voltar a desenhar? Foi a fisioterapia? - perguntei, ainda sem desviar os olhos daquele desenho, mordendo um dos lábios, me sentindo um pouco nervosa com ele.

— Não, eu tenho certeza que foi você e Liv. - Oliver disse com firmeza - Eu acordei essa manhã com tantas lembranças confusas e apenas senti que precisava desenhá-la, para encontrar um foco, você sempre foi o ponto em que minha mente se refugiava. Além disso, havia uma luz diferente em você, eu nunca tinha a visto dessa forma, foi algo que a deixou tão irresistível que quando dei por mim meus dedos já se movimentavam com facilidade pelo papel, desenhando-a assim. - ele tocou um ponto específico do desenho - Eu espero que não se importe.

Eu neguei a cabeça, eu não me importava, eu apenas estava surpresa.

Porque naquele papel que parecia disseminar sentimentos e emoções tão fortes, Oliver não havia apenas me desenhando, ele havia me desenhado grávida. Eu abri a boca para falar com Oliver, eu tinha tantas coisas para dizer a ele, mas não sabia e nem fui capaz de fazê-lo naquele momento porque ele continuou.

— Sabe por que eu gosto tanto de desenhar você? - eu apenas balancei a cabeça, negando - Porque eu quero imortalizar num papel tudo o que meus olhos veem e o que meu coração sente, eu quero imortalizar o nosso amor. Um dia, daqui há muitos e muitos anos, depois de termos uma vida mais do que feliz, com nossos filhos, netos e possivelmente alguns bisnetos, quando completarmos esse ciclo da vida juntos e partirmos para o outro, também juntos. Um dia alguém irá olhar para esses desenhos e eu espero que consiga sentir nos meus traços todo o amor que eu senti por você, que consiga ver nos olhos que retrato nesse papel o amor que vejo nos seus olhos. E que, olhando nesse retrato, vendo tanto amor, esse alguém sinta que o amor é real. Que vale a pena amar. Eu só quero que o nosso amor, inspire amor nos outros também.

Como responder a algo tão belo? Como não amar Oliver e seu coração tão sensível?

— O que foi isso? - perguntei  franzindo o cenho ao escutar a batida ritmada na porta do quarto, que arrancou um sorriso dos lábios de Oliver.

— A batida secreta. - olhei confusa para ele. - Liv e eu inventamos uma batida secreta de porta, assim ela poderia me avisar que estava na hora. - Na hora de quê? Me perguntei. Olhei com carinho para Oliver que corria ansioso para abrir a porta e pegar sua garotinha no colo girando-a no ar, fazendo um sorriso contente surgir em meus lábios enquanto eu me distraia pela imagem de pai e filha. Vê-lo com Liv ainda me surpreendia. Eu sempre achei que Oliver seria um excelente pai para ela, mas eu não estava preparada para ver o quanto os dois juntos era maravilhoso. Oliver a amava incondicionalmente, ele era paciente e ensinava a tudo para nossa garotinha, e mesmo que ela o cansasse às vezes ele nunca reclamava. E Liv por sua vez sempre conseguia arrastar o pai para qualquer ideia nova dela, por mais absurda que parecesse, como a ideia de construir uma casinha na árvore, eu disse que ela era muito pequena para isso, mas bastou uma carinha triste para que ela convencesse Oliver. Ele sempre aceitava e mais, ele a desafiava a ir mais além. Como eu sempre imaginei os dois juntos enchiam o meu dia de risadas, e davam um propósito novo a minha vida.

Desde que Oliver voltara para nós, eu assisti mais desenhos animados do que consigo contar. Brinquei incontáveis vezes com ele e nossa filha. E recebi os melhores beijos e abraços da minha vida.

— Já deixei tudo pronto, papai. - Uma Liv animada disse, me fazendo focar naquela conversa.

— Tudo pronto? - me ergui da cama indo até eles deixando um beijo no rosto da minha filha que ainda estava no colo do pai. - Liv o que é isso em suas mãos? - Perguntei vendo uma mancha grande e vermelha ali, mas rapidamente ela as escondeu atrás das costas me deixando suspeita. - Liv? - pressionei.

— Eu precisei da ajuda da nossa pequena com algo. - havia algo suspeito na voz dele também. - Ela pode ter se sujado no processo. - Liv se inclinou para o pai colocando as mãos sujas em concha e  cochichando algo no seu ouvido que o fez segurar o riso - ou aparentemente talvez ela tenha se sujado muito...

— Oliver o que vocês dois aprontaram? - passei o olhar do sorriso de um para o outro. Eu sabia que havia alguma coisa ali, aqueles sorrisos não me enganavam, os dois estavam sempre tramando algo e isso sempre terminava em alguma bagunça ou algo se quebrando.

— Nada com o que você tenha que se preocupar, pelo menos não agora. - tentei ler nos olhos dele o que estava acontecendo, mas como se soubesse que não conseguiria esconder nada de mim ele desviou o olhar. - Precisa fechar os seus olhos, amor, ou não vai dar certo, com você e esse dom que você tem de ver através de mim.

— O que vocês dois aprontaram? - reforcei a pergunta já que os dois me ignoraram da primeira vez.

— Precisa confiar na gente, mamãe. - minha pequena disse, pegando a minha mão e segurando com a dela seu rostinho redondo exibindo um sorriso feliz que ressaltava suas covinhas. Como não confiar se Liv e Oliver pareciam tão contentes com esse pequeno segredo?

— Eu confiaria se eu não estivesse sentindo algo pegajoso na sua mão, Liv. O que andou aprontando? - perguntei me abaixando e ficando da sua altura, não me esquecendo de usar o meu melhor tom de mãe, vi minha pequena lançar um olhar para o pai e ficar vermelha.

— Eu juro, juradinho que não fiz muita bagunça, mamãe. - falou com urgência - E papai disse que eu podia fazer, na verdade a ideia foi toda dele, eu só fiz o que ele mandou fazer, mas ele prometeu me ajudar a limpar depois então não tem porque se preocupar. - ela olhou para o pai que apenas confirmou - E ele também disse que você ficaria tão feliz, mas tão feliz que não ia ficar brava com a bagunça!

— Felicity? - Oliver disse meu nome naquele tom suave de quem pede algo, e eu simplesmente desisti de tomar o controle daquilo. Seja lá o que fosse que esses dois estavam aprontando, eu tinha certeza que não poderia me fazer menos do que feliz.

— Tudo bem, eu vou fechar meus olhos. - eu disse e assim o fiz.

A mão pequena e um pouco grudenta de Liv me segurou de um lado e do outro eu sentia a de Oliver, ela apertava a minha com força, me deixando nervosa e ao mesmo tempo ansiosa. Eu sabia que não havia nada a temer, eu estava com as duas pessoas que mais amava ao meu lado, e nada mais importava desde que eu continuasse as tendo assim.

— Não vale espiar, mamãe. - Liv avisou, enquanto os dois me guiaram com os olhos fechados para algum lugar da casa. Eu percebi que havíamos descido as escadas e virado a direita e então eles pararam e eu parei também, me sentindo confusa, e estranhamente eufórica com essa surpresa. Senti que Oliver mudou de posição, eu sentia o calor do seu corpo atrás de mim, mas sem soltar a minha mão.

— Abra os olhos, querida. - Oliver sussurrou em meu ouvido, e assim o fiz senti a mão dele segurar a minha mais firme, ao mesmo tempo que seus dedos brincavam suavemente com o anel de noivado que eu jamais tirava, enquanto eu prendia a respiração pelo que eu via a minha frente. As cortinas da casa estavam fechadas, deixando o cômodo mais escuro, a iluminação constituía apenas por algumas velas espalhadas pela sala e pequenas luzes brancas de natal que piscavam emoldurando a parede a minha frente.

Não era qualquer parede.

Eu estava parada em frente a nossa parede.

Aquela parede que Oliver me “dera” de presente de um casamento que nunca chegou a se concretizar. A parede na qual ele dissera que pintaríamos o nosso futuro juntos, essa mesma parede agora não estava tão branca quanto antes. Haviam palavras cuidadosamente desenhadas em uma letra infantil que eu conhecia bem, e pequenos coraçõezinhos pintados de vermelho e espalhados ao redor daquela frase que quase fizera meu coração parar em pura emoção.

“Mamãe, você aceita se casar com o papai?”

Eu olhei para Liv que sorria em expectativa para mim, esperando por minha resposta e então eu olhei para Oliver, eu estava tão atônita que não tinha percebido que ele havia se ajoelhado sobre o chão que só agora notei estar coberto com pétalas de rosas brancas e vermelhas, eu não tinha percebido que ele tinha a minha mão na dele, pelo menos não até sentir seus lábios ali.

Eu sabia o que estava acontecendo.

Mas de alguma forma eu não conseguia processar aquilo como real, pelo menos não até a voz de Oliver chegar aos meus ouvidos, não até eu escutar aquelas belas palavras que tocaram meu coração de forma tão especial.

— Eu sei que nesses cinco anos seu anel jamais deixou esse dedo, e eu sei também que é assustador, que da primeira vez as coisas deram errado, amor. - eu concordei, me esforçando para varrer as lembranças do que deveria ter sido um dos dias mais felizes da minha vida, mas que acabou se tornando o pior. - Mas eu não quero que pense que esse amor pode ser tirado de nós por causa de um infortúnio, um acidente. Nós sobrevivemos cinco anos afastados, e ainda assim esse amor não diminuiu ou desapareceu, nosso amor foi a nossa força, nosso amor me mostrou o caminho de volta. Eu não quero que nenhum só minuto da sua vida que você tenha medo de me perder, eu não quero te ver mais com medo de me perder assim que eu virar a esquina, ou que sinta aquele medo que te assombra todas as manhãs quando acorda e não me vê ao seu lado da cama. Eu preciso que saiba que aonde quer que eu vá, eu sempre a levarei comigo, seu amor estará sempre em meu coração, em meu olhar. O tempo da dor já passou, agora é tempo de viver e de ser feliz. Então Felicity Megan Smoak, você aceita se casar comigo e me dar de volta a chance que foi roubada de nós, a chance de te chamar de minha esposa e de finalmente construirmos o futuro que nós planejamos juntos?

Eu precisei me forçar a me lembrar de como respirar.

Oliver estava certo, mas depois de quase perdê-lo alguém poderia me culpar por temer sentir essa dor outra vez? Mas era tempo de viver e ser feliz, não de deixar o medo tirar isso de mim.

— Nós podemos ter um casamento pequeno, só a gente. - Oliver disse, nervoso e só então notei que ele continuava ajoelhado esperando por uma resposta. Eu me abaixei ao chão ficando de frente para ele, apenas porque eu precisava olhar nos olhos que eu tanto amava quando eu lhe desse aquela resposta.

— Como eu poderia dizer qualquer coisa diferente de um sim?

— É um sim? - perguntou buscando por uma segunda confirmação, como se estivesse deslumbrado e surpreso com aquela resposta.

— Sim, amor. Para você é sempre um sim. - Escutei as palmas de Liv e Oliver suspirou aliviado, seus braços envolveram meu corpo no tipo de abraço confortador e amoroso que apenas Oliver era capaz de dar. Seu rosto se escondeu em meu pescoço até que senti os lábios dele se moverem por ali,  seguindo seu caminho até encontrarem os meus. Ele me ergueu do chão no mesmo instante em que seus lábios macios tocaram a minha boca selando aquele pedido de casamento perfeito com um beijo ainda mais perfeito.

Minhas mãos procuraram por seu rosto, se acomodando ao redor dele se regozijando com o fato de que eu tinha nas minhas mãos uma das pessoas mais importantes na minha vida. Me afastei de seus lábios um pouco, apenas o suficiente para que eu pudesse olhá-lo, mas Oliver ainda mantinha seus olhos fechados e no rosto aquele semblante feliz que me fazia feliz em retorno, por ser a pessoa responsável por isso. Mas eu queria mais, eu queria lhe dar mais uma razão para sorrir, eu queria pintar mais uma cor na tela do nosso futuro. - Pode, por favor, abrir seus olhos, amor? Eu apenas quero ver todo o amor que há neles, quando eu te contar algo...

— Me contar o quê? - a voz veio suave e acompanhada de seu sorriso, mas os olhos. Ah seus olhos sempre teriam um efeito único em mim, porque eu não via apenas amor em seus olhos, eu via também meu futuro com Oliver, e ele era tão belo quanto esse sentimento que parecia transbordar dele.

— Sobre o desenho que você fez está manhã... - comecei ainda incerta de como dizer aquilo, tinha sido mais fácil da primeira vez.

— Mamãe, o que você achou do meu desenho? - Liv nos interrompeu, me fazendo sorrir, ela não seria minha filha se não nos interrompesse sempre. Eu olhei para o seu rostinho animado, e para meu desespero de mãe, seu rosto, cabelos e mãos estavam sujos com tinta. Eu não podia esperar menos de Liv, por mais que nossa garotinha tenha se divertido ao ajudar ao pai nesse pedido de casamento, assim que eu disse sim, e me permiti um momento com Oliver ela simplesmente havia feito o que fazia de melhor. Aproveitado da nossa distração e aprontado. Eu balançava minha cabeça ainda sorrindo e andando até ela, levando Oliver comigo. -  Eu desenhei a nossa família, eu, você e o papai. E coloquei você de vestido de noiva... - ela indicou contente o desenho na parede, fazendo pequenas lágrimas se acumularem no canto dos meus olhos. Deus! Esse dia não parava de me emocionar. - Você não gostou? Você ficou triste por eu ter desenhado na parede? - ergueu o rostinho para cima e perguntou preocupada ao notar que eu não respondia.

— É lindo, minha pequena. - a tranquilizei acariciando os seus cabelos e fingindo observar seu desenho com um semblante mais crítico - Mas eu acho que vai precisar abrir um espaço para desenhar um novo membro da família em breve. - soltei, esperando pela reação tanto de Liv quanto de Oliver. Minha filha me olhou confusa como era de se esperar de uma criança, já Oliver estava parado, quase estático e eu temi por um momento ter dado a notícia cedo demais e de forma abruta demais. A única certeza de que eu tinha de que ele estava bem era seu aperto ao redor da minha mão.

— Nós teremos mais um bebê. - ele disse finalmente soltando o ar que prendia, me deixando mais aliviada.

— Eu não sei como, mas você adivinhou quando fez aquele desenho...

— Eu sentia que havia algo diferente em você. - a voz de Oliver era suave, controlada até, mas o sorriso amplo e o brilho de lágrimas emocionadas em seus olhos não escondiam a verdade de mim, eles nunca escondiam seus verdadeiros sentimentos de mim, eu percebi que ele estava tentando apenas controlar a vontade de gritar de felicidade, mas isso não o impediu que me abraçasse por trás nossas mãos unindo-se sobre a minha barriga, Oliver deixando beijos em meu pescoço enquanto sussurrava um “obrigado” em meu ouvido. - Eu tento te fazer uma surpresa, mas é você quem me surpreende.

— Então, eu vou ter um irmãozinho? - Liv perguntou, suas sobrancelhas unidas mostrando-me que minha filha parecia pensativa demais. Me preocupei por um momento, Liv não estava acostumada a dividir seus pais com mais ninguém, a ideia de um irmãozinho poderia ser difícil. - É um menino ou menina? Porque preciso saber para desenhá-lo direito.

Sorri com sua inocência, embora ainda me preocupasse. Oliver compartilhava daquele pequeno temor, caminhou até Liv se ajoelhando na frente dela ficando da altura da nossa filha, seus dedos tocaram o rostinho dela sorrindo ao encontrar tinta ali. Ela não podia ser mais parecida com o pai.

— Ainda não sabemos se vai ser um menino ou uma menina, ou quem sabe até mesmo mais de um? - Uau, alguém estava se empolgando! - Mas isso não muda em nada o amor que sentimos por você, apenas que agora você será uma irmã mais velha e vai ter mais responsabilidades, mas vai ter alguém para brincar com você e poderá ensiná-lo as coisas que apenas as crianças mais velhas sabem. Você gosta da ideia? - Ele perguntou diretamente e Liv mordeu a ponta do pincel pensando.

— Hum... Com um irmãozinho eu ganho alguém para brincar e vou poder ensiná-lo a desenhar também. - contou nos dedos as coisas boas - Eu acho que gosto! Gosto sim! - decretou como se aquilo encerrasse o assunto. - Espere! Eu vou ter que dividir você e a mamãe com ele? E a vovó? E a titia?

Encarei Oliver que olhava para mim como se pedisse socorro, me abaixei me juntando a eles.

— Nós todos seremos uma família, então estaremos sempre juntos, pequena. Não tem porque se preocupar, eu e seu papai não iremos a lugar algum, e com um irmãozinho novo você terá mais alguém para amar. Tudo bem? - Liv assentiu parecendo tranquila, eu conversaria com ela depois e me certificaria que ela participasse de todos os momentos da gestação também.

— Sua mamãe tem razão, não há motivos para se preocupar, Liv. -  Oliver garantiu, fazendo nossa garotinha sorrir - Agora que tal me dar esse pincel? - pediu esticando a mão para o pincel que Liv ainda mordia.

— O quê? Eu estou encrencada? - Liv parecia surpresa e eu também, Oliver era quem a estimulava a fazer a bagunça que quisesse, ele nunca colocava um freio nela.

— Não, mas essa parede em que está pintando é da mamãe, eu dei a ela de presente junto com a promessa de que pintaríamos todos juntos. - Oliver se ergueu segurando minha mão e me erguendo consigo.

— Mas a mamãe não sabe pintar.

— Sim, eu não sei pintar. - concordei, mas Oliver permaneceu com aquele sorriso confiante no rosto como se me dissesse que amaria qualquer rabisco que eu fizesse, e talvez fosse exatamente isso.

— Mas essa é a nossa parede, amor. Nós precisávamos começar a pintá-la em algum momento, e agora ela já tem um pouquinho da nossa história, Liv se certificou disso - ele piscou para nossa filha que pareceu orgulhosa - e hoje demos mais passos em direção ao futuro que sempre planejamos. - senti as mãos dele novamente sobre a minha barriga - Por que você não tenta, amor? Este é nosso futuro e já está na hora de pintá-lo.

— Faça algo bonito, mamãe. - Liv disse me entregando o pincel, sem relutância alguma, parecendo até mesmo curiosa com o que eu iria fazer.

Eu me senti estranhamente nervosa e animada, mas eu não queria decepcionar nenhum dos dois. Eu molhei o pincel em um pouco da tinta azul que Liv tinha deixado ali no chão, eu gostava da cor lembrava-me da cor dos olhos de Oliver e Liv, e sempre que eu pensava no que eu queria para o nosso futuro, eu lembrava do olhar deles, e essa era a minha certeza, eu queria que nós três ficássemos sempre juntos.

Bem, em breve nós quatro.

Estiquei o braço, pronta para dar a primeira pincelada eu não precisava olhar para saber que o olhar de Liv e Oliver estavam em mim, eu os sentia, sentia cada pedacinho do amor deles.

Eu não era a pessoa mais artística da família, mas pintar o futuro não era sobre pintar algo perfeito, era sobre pintar algo com o coração. E eu finalmente compreendi que aquela parede era apenas uma tela simbólica. Eu pintava meu futuro com Oliver e nossa filha diariamente, eu o pintava com nossas risadas, com nossos beijos, quando compartilhávamos momentos juntos e felizes como o dia de hoje.

E o resultado disso é uma bela tela feita unicamente de amor.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hey, finalizei essa fic e me estou livre para escrever as outras, todo mundo cruzando os dedos e votando na opção da fic favorita que quer ver atualizada em breve...

Eu espero que tenham gostado do final dessa história e deixem seus comentários :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Wherever I go" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.