Corações em Choque escrita por Koini


Capítulo 3
Fazer a loucura inadmissível


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
[Leiam as notas finais, plis]



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Podemos ficar milhões de anos sem nos encontrar
Mas permanecemos levando choque quando nos encostamos.
Nem precisamos nos encontrar. Nem precisamos nos encostar.
A descarga elétrica vem também pelo pensamento.

~#~

Me distanciei de Lee com a mesma rapidez com que o beijei. Não soube o que fazer depois. Ele então se despediu meio sem jeito, e eu entrei na casa passando reto por Neji.

Ele parecia tão sem jeito quando Lee, então se recompôs.

— Ei, o que foi aquilo? – perguntou como uma reprimenda.

— Um beijo, idiota. – respondi de costas pra ele.

— Tenten, o Lee é seu amigo desde sempre, e meu também, não precisava fazer isso com ele.

— Cale a boca, você não sabe de nada. – respondi, me repreendendo pela voz falha. Comecei a andar desajeitada de um lado para o outro, os pensamentos passando rápido me deixando tonta.

Eu estava prestes a surtar. Eu sabia que tinha feito merda, não precisava de nenhuma bronca do Sr. Perfeito para eu reconhecer o erro. Mas o pior é que as recordações continuavam. O tempo fora da casa, o beijo, nada afastava. Eu percebi então que nunca havia esquecido ele, que havia passado cinco anos me enganando, mentindo para mim mesma, e isso me irritava profundamente, me deixava decepcionada comigo mesma. Como eu podia continuar apaixonada por um cara que me fez sofrer tanto?

— Você não devia ter colocado o Lee no meio dos nossos problemas.

Nessa hora eu estanquei. Me virei para encará-lo com os olhos arregalados de espanto. “Nossos problemas”? Onde é que havia nós?

— O que? Que problemas, seu imbecil? Não existe “nossos” problemas, não existe nós!

— Ah Tenten, chega disso. Eu não estou te suportando mais. Pensei que tinha amadurecido, mas querer me passar ciúme usando o Lee foi passar dos limites.

— Que mané te fazer ciúme, babaca! Você acha mesmo que é tão importante assim? Se está se importando tanto, é por que funcionou então!

Ele abriu a boca algumas vezes e a fechou em todas elas, sem saber o que dizer.

— Eu não estou com ciúme de você. – afirmou por fim, como se quisesse convencer a ele mesmo.

— Então pare de me bronquear como se eu te devesse algo, ex—namorado. – concluí, dando ênfase no “ex”, pronta para sair da sala.

Mas então senti meus braços serem agarrados, e fui virada de frente para ele com força. Aqueles olhos acinzentados, tão perto depois de tanto tempo fizeram meu coração disparar. Um efeito que, infelizmente, só ele conseguia causar.

— Me solta. – resmunguei, tentando desviar o olhar, mas a posição me obrigava a fitá-lo.

— Você é tão insuportavelmente irritante, Tenten. – disse, suas mãos apertando meus braços com força quase me dava choque, espalhando descargas elétricas por todo meu corpo. Eu sentia que estava tremendo, e isso era inadmissível.

— Pelo jeito você também quer um beijinho. – provoquei com um sorriso de canto, jamais sairia por baixo.

Ele não me respondeu, apenas continuou a olhar no fundo dos meus olhos, como se procurasse algo que o pertencesse dentro de um baú velho. Eu sentia sua respiração rápida contra o meu rosto, e tudo que eu queria era sair correndo…

— Eu… Eu te odeio tanto, sua doida!

Então Neji me beijou. Talvez eu quisesse aquilo tanto quanto ele, pois acabei correspondendo com a mesma intensidade aquele beijo urgente. Senti ele me apertar como se quisesse se unir a mim, como se desejasse compensar os cinco anos perdidos, o ódio recíproco. Minha mão se afundou em sua nuca e eu puxei seus cabelos levemente, tão lisos e macios. Naquele beijo havia muita coisa, saudade, necessidade, paixão…

Mas então me lembrei das outras coisas: orgulho, raiva, intolerância, imaturidade… Aquela não era a melhor forma de me livrar das lembranças que me atormentavam. Empurrei o cara com toda força que consegui reunir, o fitei por alguns segundos, seu peito subindo e descendo numa respiração afobada, o rosto contorcido em espanto, e os olhos meio angustiados, como se acabasse de perder algo com que há muito tempo desejasse. Então entrei no quarto de Hinata e me tranquei.

Na suíte do quarto, escovei meus dentes tentando apagar aquele beijo, lavei o rosto, quis apagar tudo o que acontecera segundos antes. Me joguei na cama e chorei em silêncio. Eu podia até sofrer, mas ele jamais ia saber. Quem ele pensava que era, para me abandonar quando eu mais o queria, me dizer coisas tão frias, e depois simplesmente achar que eu cairia em seus braços como se nada tivesse acontecido?

Ah sim, eu ainda me lembrava com clareza das palavras que ele me disse. Foi logo que cheguei aos Estados Unidos. Ele sumiu por dias e então ligou uma vez, de repente.

Neji, onde você estava? Eu senti sua falta! A Hina te entregou a carta?

— Estava muito ocupado. — respondeu secamente. Isso não era motivo para sumir como ele havia feito, mas ignorei minha raiva e fui com calma, para ver se conseguiríamos nos acertar.

— Ocupado? Neji, você ao menos foi se despedir de mim no aeroporto! O que está acontecendo?

 - Tenten, não liguei para discutir relação. É para dizer para você me esquecer. Acabou.

— O quê? — perguntei, incrédula, minha voz não passava de um fio.

— Agora que você foi embora, não tenho mais motivos para te aguentar. Eu cansei, está bem? Eu e você não era pra dar certo, minha família te detesta, acho que eles têm razão sobre nós. É isso, passar bem. – ele despejou as palavras e simplesmente desligou.

Eu explodi. Quebrei o celular na parede, gritei, fui literalmente o furacão que meus amigos falavam. Eu teria torcido o pescoço dele se estivesse do meu lado. Então eu me acalmei, respirei fundo. Os dias passaram, eu mandei alguns e-mails esperando que pudéssemos ter uma conversa sensata, mas ele não respondeu nenhum deles. Então desisti. Para os infernos Neji e sua família gananciosa e fria, a única que salvava era Hinata.

Então eu me dediquei à esquecê-lo.

~#~

Batidas na porta me trouxeram de volta ao mundo. Eu havia dormido entre os pensamentos e lágrimas.

— Tenten, abra a porta! – era Hinata.

Levantei e destranquei a porta do quarto que nem me pertencia, o rosto quente de vergonha.

— Desculpe. – foi o que consegui dizer, e percebi que minha voz soou meio estranha, rouca e anasalada.

— O que aconteceu aqui? Onde está o Neji-nee-san?

— Eu… Eu não sei, nós dois… - as cenas daquela hora voltaram como flashes em minha cabeça, e eu chacoalhei numa forma de afastá-las – Nós dois brigamos, foi isso.

— Brigaram? Por quê?

— Onde você estava? Você me deixou sozinha com o… Com o inimigo! – exclamei.

— Tive de sair para resolver um problema na empresa do meu pai. – explicou-se.

Respirei fundo, me recompondo.

— Está tudo bem Hina. Ele está aí?

— Não, Tenten. Neji provavelmente estava tão nervoso que arrumou suas coisas e saiu daqui! Eu não sei para onde ele foi, ele apenas mandou mensagem dizendo que não estaria aqui. Lee é seu melhor amigo, mas Neji não está na casa dele.

Eu quis enterrar minha cabeça ou me estapear. Como eu podia ter feito uma besteira daquela, beijando o Lee, o melhor amigo do cara, meu amigo também? Com certeza ele estava puto uma hora dessa, não com Lee, mas comigo. E talvez o próprio lutador estivesse puto comigo. Sem noção, sem noção!

— Que cara é essa Ten? – Hinata perguntou com uma sobrancelha arqueada.

— Não é nada, só… Tenho certeza de que Neji está bem. Me desculpe o transtorno, Hina.


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Notas finais do capítulo

Salve povo do Nyah!
Não tive nenhum comentário de vocês nos primeiros dois capítulos, e pra mim é muito importante saber o que pensam sobre o meu trabalho. De qualquer forma, vi que tem algumas pessoas acompanhando e um leitor favoritou, então aqui está o terceiro cap.
ROLOU BEIJÃOOOO
mas eles são orgulhosos demais, e nada atrapalha mais um romance que o orgulho...



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