Brazil com Z escrita por J R Fitzgerald


Capítulo 1
Capítulo 1




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Era uma vez, no tempo das caravelas, uma princesa, emanava beleza, era a mais bela de todos os reino. Seu pai, o rei, era um homem justo e querido por todos, coisas raras naquela época. Havia também um príncipe, forte e galante, cavalgava pela Europa em seu cavalo branco a procura de seu amor verdadeiro. Felizmente (ou infelizmente) esse não é um conto de fadas, não do tipo que você encontrar por ai, tudo o que vos narrei anteriormente não existe, não nessas páginas... Eu poderia dizer que Aiyra, nossa protagonista, era uma típica garota de dezessete anos. E que nas páginas seguintes ela viveria um amor clichê como outro qualquer, um daqueles que você encontra aos montes em qualquer livraria... Mas não aqui. Nada de patricinhas apaixonadas por um astro do rock. Nenhuma garota-desastre se apaixonando por um vampiro ou milionário sádico. Ou algum drama trágico com um final quase feliz que te faz pensar sobre o valor da vida. Não, as coisas que irão se suceder são  bem diferentes. Você está preparado? Espero que sim...

Gostaria de dizer que Aiyra era sim uma rainha, mas não de reino nenhum, e sim de si própria. Seu corpo era seu e ela fazia o que queria com ele, sem se importar com opinões alheias. Cada piercing colocado e retirado. Cada milímetro da sua orelha alargada. Cada traço de suas tatuagem. Cada roupa em seu guarda roupa.Cada grama de seu corpo. Cada cor do seu cabelo. Era tudo para ela... Era uma menina de opinião forte, preferia não ter emprego nenhum a trabalhar em um lugar que julguém as pessoas pela aparência. E por tal motivo sua rotina não era das mais animadas... Seu dia começava as cinco da madrugada, antes mesmo do galo dar seu primeiro cacarejo de bom dia. Como a maioria dos jovens da sua idade, ela ia para escola, encontrava seus amigos e se divertia ao mesmo tempo que estudava. Então, você deve estar pensando: 'Não vejo nada de singular em tal protagonista, parece-me um tipinho bem insosso'. Pois bem, caro leitor, sou obrigado a concordar com você, acontece que o dia não é composto apenas pela manhã, certo? Aiyra passava três tardes por semana em uma companhia de reciclagem, fora um dos poucos trabalhos que conseguiu. Não lhe rendia muito prazer ou satisfação pessoal, mas era com esse dinheiro que pagava  as suas contas do mês, e no final era isso que importava. Contas do mês, ela possuía tantas, mas dava um jeito de arcar com todas por si só. Muita responsabilidade sobre os ombros de uma única menina, não acha? Aiyra saíra da casa do pai muito jovem, decidiu ir morar sozinha há exatos dois anos, pois não suportava o pai alcoólatra, viciado e opressor. Ela o ajudava como podia, não havia desistido dele, mas não dava mais para continuar lá. Não enquanto ele não quisesse ajuda. De alguma forma, ela arrumou um jeito seguir seus sonhos e se mudou para a capital paulista. Só não tinha ideia de que a vida em São Paulo não é pra qualquer um e de que muitos perrengues a esperavam na metrópole. Quanto a sua mãe, morreu durante o parto, não resistira tempo suficiente nem para segurar seu pequeno e frágil neném nos braços uma única vez, um bebe saudável do sexo feminino nascido no dia 26 de agosto de 2.000 às 11:45 e que pesava exatos 2,9 quilogramas, uma data que era para ser de celebração, mas que foi marcada pelo luto.

O que eu não sabia, o que você não sabia e o que Ayira também não sabia, era que a vida dela estava para ter uma reviravolta. Uma daquelas. O que era para ser uma tarde de serviço como outra qualquer. Era. Não foi! O sinal que alertava o final do expediente estava prestes a tocar, a garota de cabelos negros a altura do ombro se escondia por trás de uma pilha imensa de papeis, separava-os habilmente para a reciclagem quando se deparou com um livro grande, grosso e um tanto pesado. Ele estava um tanto gasto devido ao tempo, sua capa em couro preto já possuía uma tonalidade quase cinza. Tinha detalhes dourados nos quatro cantos, um tanto descascados. E a seguinte frase oculta por uma camada de poeira: "Nosso álbum de família". Logo, Aiyra postou-se a folheá-lo, suas primeiras fotografias eram datadas no ano de 1952, traziam momentos felizes e corriqueiros de uma família que parecia ter muitos bens. Momentos que para muitos não tinham significancia, mas que para eles, com toda certeza, tinham muita importância. Quando ela estava na quinta/sexta página quando a sirene tocou, Ayira optou por não descartá-lo e pegou-o para si. Aquelas eram as lembranças de um certo alguém e não podiam ser simplesmente jogadas fora como lixo, mas, acima de tudo, aquele era o seu atual tesouro da garota, precioso demais para se tornar algo novo.


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