O Passado Sempre Volta escrita por yElisapl


Capítulo 37
Capítulo 36: Transformar em Outra Coisa.


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde!!



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Dois anos atrás: 

—Você entrará nesse local e caso hesitar, saberei que é fraca – é desta forma que a ligação entre mim e Arkady termina. Eu simplesmente sinto vontade de jogar o aparelho para fora do carro. 

Como este homem consegue ser tão presunçoso 

Controlo minha raiva. Isso deve ser parte do seu treinamento. Provavelmente quer que eu aprenda a ter paciência. Ou ao menos eu torço que seja isso. 

Guardo o celular na minha mochila e volto o meu olhar para as ruas que já não conheço mais. Tento memorizar o caminho para caso as coisas com Arkady não deem certo. Duvido muito que o motorista dele me levará de volta.  

Também duvido que me permitirá sair viva caso eu mude de ideia. No entanto, não é como se eu realmente fosse voltar atrás, visto que Arkady é o único capaz de localizar Blue Jones. O único meio de realizar minha vingança.  

E eu não precisei de três dias para pensar, pois quando mais tempo eu demorar para matar Blue, mais aumentam minhas dificuldades de encontrá-lo e mais oportunidades haverão para que ele faça outra mulher uma vítima.  

Despedir de Hera e Arlequina fora fácil, pois elas sabem razão de eu estar partindo. E entendem que nada irá ficar no meu caminho para me vingar. E eu garanti que quando terminasse minha vingança, voltaria para pagar uma bebida, como vinha prometendo a elas.  

No caso de Selina e Bruce que foi mais complicado. Como sempre, ambos foram protetores. Eu inventei uma desculpa de que iria viajar para uma cidadezinha no interior e que lá não pegaria celular. Pedi que não se preocupassem e confiassem em mim, para meu alivio, após diversas perguntas, eles aceitaram. E pediram para mim avisá-los quando retornasse da viagem.  

Só não sei quando retornarei da minha viagem. Apenas tenho certeza que o meu caminho final está ligado a Blue Jones.   

O carro para e o motorista indica pela cabeça que eu saia. Saio, sem questionar e no mesmo instante que estou fora do carro, ele dá partida, saindo rapidamente e eu percebo que fora burra em não ter avaliado o lugar, pois assim, se quisesse retornar, era apenas enfiar uma faca na garganta do motorista. 

Suspiro pesadamente. O jeito é fica por aqui. Observo em volta, estou completamente sozinha em uma floresta. Não há nenhuma iluminação, só consigo distinguir as coisas e enxerga um pouco graças a luz lunar.  

Logo na minha frente, há uma ‘’suposta’’ casa de quatro andares que possui suas paredes de fora totalmente pichada, a maioria das janelas estão quebradas e pelo que consigo ver, só há uma entrada.  

Quando entro no local que está longe de ser uma casa, está mais para um prédio demolido pela metade, ouço sons de palmas. E não demoro para encontrar quem as bate. Ao menos tem luz no lugar.  

—Bravíssimo, Felicity! – Arkady diz, dando-me um sorriso afiado. – Você me surpreende mais e mais. Não é tão medrosa ou hesitante quanto penso. Matou aquele homem para salvar sua vida e entrou na casa para proteger seu orgulho. Só precisamos fazer alguns ajustes e acredito que será uma ótima assassina profissional. 

—Haha – dou uma risada falsa e trato de deixa explicito que estou rindo forçadamente. – O que mais terei que fazer para provar que posso ser uma assassina profissional?  

—Não morrer para mim – o vejo puxar algo de suas costas e no mesmo instante, uma espada é apontada para minha direção.  

—Você disse que queria me transformar em uma assassina! – Falo, recuando passos para trás, pois ele pode avançar para cima de mim a qualquer momento – Pensei que iria apenas me dar nomes e me manter escondida, para que ninguém me encontrasse!  

—Matar alguém é fácil, Felicity, pois qualquer um pode fazer isso. No entanto, não os transforma em assassinos. E sabe por quê? Porque os assassinos não sentem culpa. Eles não sentem nada quando retiram a vida de uma pessoa! – Ele gira sua espada em movimentos rápidos e habilidosos, mas continua em seu lugar. - Eu vejo em seus olhos, Felicity, que sente algo. E para isso, precisamos matar esse sentimento. Temos que transformá-la em algo frio. Para isso acontecer, você precisa se transformar; precisa se tornar outra coisa.  Não pode haver sentimentos, hesitação ou piedade. Terá que ser rápida, silenciosa e mortífera.  

—Eu posso ser tudo isso – afirmo, ainda olhando para a espada que ameaça minha vida.  

—Palavras não passam de coisas vazias ditas aos ventos quando a pessoa não consegue fazer o que diz – desta vez, ele vem para cima de mim. Eu consigo desviar dele, no entanto, ele é rápido e vira-se para o meu lado, acertando sua espada de raspão no meu braço. 

Sinto a dor do corte e instintivamente, corro para longe. De preferência para a saída. Mas não me lembro na onde ela está. Enquanto me afasto, tento retirar minha bolsa das costas, mas Arkady me impede de fazer isso, pois a distância que achei ter criado entre nós não existe. No mesmo momento em que corri, ele veio atrás. Com isso, a minha bolsa é cortada ao meio, fazendo tudo cair no chão.  

—É só isso que sabe fazer, Felicity? – Ele provoca. E sem perceber, acabo me encurralando na parede. Nem sequer dou ao trabalho de olhar para os lados, sei que a única maneira de sair desde encurralamento, é indo para frente. Para onde Arkady está.  

Sua espada quase me acerta, porém, me abaixo e ela acaba pegando na parede e ficando presa. Dou sorte, pois se tivesse me acertado, teria cortado minha barriga e dependendo da força que ele usasse, eu poderia morrer naquele momento.   

Não penso nisso, trato de correr para frente, passar por ele que está ocupado tentando livrar sua espada. Quer dizer, isto é o que eu achava. Arkady não dá a mínima para sua espada e quando vê o meu movimento, me acerta um chute no rosto. 

Isso me faz perder os sentidos, acabo caindo no chão. Meu nariz agora está sangrando e minha cabeça girando, porém, tento me levantar e voltar a andar. No entanto, uma espada é colocada em minha garganta assim que consigo ficar em pé. 

—Se não fosse eu, se fosse qualquer outra pessoa, só mais um movimento e sua vida acabaria aqui e agora – me explica e então, retira a espada. - Mas acontece que eu não quero que morra. Eu quero que viva. A questão é: E você? Pois as coisas que fez, diziam o contrário disto.  Se realmente quisesse viver, teria feito de tudo para isso. Contudo, você apenas correu. Apenas adiou o inevitável, não tentou vencer o seu destino.  

—Eu tentei sim! Tentei pegar a arma de minha bolsa! - Retorqui, afiada.  

—Só isso? Sua vida só vale uma única tentativa? Bem, aqui vai a primeira lição, Felicity: Se você não se importar com sua vida, sua vingança nunca será completa. Você morrerá e falhará – ele estende sua mão para que eu me levante.  

Eu a recuso e me levanto sozinha, mas no mesmo segundo que estou em pé, recebo um soco extremamente forte na barriga, perdendo o ar e me fazendo andar para trás, evitando qualquer outro movimento.  

—Eu irei te atacar, Felicity, até que prove que é forte – ele gira sua espada novamente e aponta em minha direção - Até que prove que sua vida é importante, que realmente quer realizar sua vingança.  

—E como eu provo isso? - Berro, buscando ainda por ar e caminhando para trás, apenas o olhando nos olhos, confusa.  

—Vencendo a mim – ele corre em minha direção e subitamente, salta, tentando acertar o corte da espada em minha cabeça. Rapidamente, rolo no chão, assustada. Trato de continuar afastada dele.  

—Isso poderia ter me matado! - Exclamo e observo todo o lugar, para evitar de me encurralar novamente.  

Lembro-me que tem o segundo andar e posso tentar subir para lá, me esconder até que ele passe por mim e voltar para baixo, para conseguir pegar minha arma, pois a distância que estou dela é maior comparado a escada.  

—E você ligaria se morresse? - Arkady berra como resposta. - Duvido muito, pois até o momento, você só parece um rato correndo – ele continua a me seguir com o seu olhar de predador, no entanto, algo muda. 

Nos seus olhos vejo que surgiu uma ideia em sua cabeça e eu decido acelerar os passos indo em direção às escadas, mas, paro quando sou atingida por algo perfurante em meu braço. Olho e vejo que é a espada. Ele a arremessou em minha direção e conseguiu acertar meu braço.  

Continuo em movimento, mas desta vez mais lento. Eu estou agindo de maneira errada. Não estou conseguindo pensar. Não estou conseguindo lutar pela minha vida.  

—Eu realmente acho que você quer morrer – ele ri e olho de soslaio para trás. O maldito está caminhando! Apenas andando como se fosse um passeio, enquanto tento correr o mais rápido que posso.  

Irritada com o fato dele me considerar tão fraca, paro de correr, puxo com tudo a espada dele que se encontrava presa ao meu braço. Eu berro de dor, sentindo o metal sair do osso de meu braço. E quando retiro, pego a espada para mim e torno a correr para as escadas.  

—Acho que estamos realmente brincando de gato e rato – o escuto provocar, mas não dou a mínima. Começo a subir os degraus. Ele vem em seguida, lentamente.  

Trato de me agachar e esperar por ele, para derrubá-lo da escada, pois provavelmente deve pensar que entrei em algum quarto para me esconder.  

Pela terceira vez, minha suposição sai errada. Arkady subiu e olhou perfeitamente para onde estava agachada e esperando. No entanto, não hesito e levanto a espada para atacá-lo. Tento acertar em sua barriga, mas ele bate com sua própria mão no metal da espada, fazendo-a mirar para o lado e eu ir ao seu encontro.  

Levo um soco no rosto e com isso, solto a espada. Eu a escuto cair nos degraus da escada. Penso em me defender, mas o pensamento não é tão rápido quanto os movimentos de Akady que são parecidos a uma máquina automática. 

Após o soco, recebo uma joelhada no estômago, um chute nas costelas e para finalizar, pois já não me aguentava em pé, ele me empurrou para caiar da escada.  

Eu simplesmente caio, rolando e machucando tudo. Mas, ao chegar ao chão, ainda estou consciente, com a visão levemente embaçada.  

—Lute, Felicity! Lute por sua vida! Lute por seu objetivo! Apenas lute! - Arkady berra, enquanto desce da escada. Eu começo a me arrastar, pois minha perna esquerda está quebrada. Tive sorte de ser apenas isso quebrado. Poderia ter sido o pescoço. - É sério? Vai se arrastar pela sua vida? Você é simplesmente inútil. Não serve para lutar por si mesma, como irá lutar por mim?  

Graças a sua faladeira, sei que ele está próximo de mim. E então, quando tenho certeza de que sua distância é mínima, viro-me para frente e coloco a espada que peguei caída do chão em sua barriga. 

—Mais um passo e a enfio profundamente em seu estômago - declaro, sentindo-me vitoriosa. - Eu irei lutar por você porque me ensinará a ser uma assassina profissional e porque é o único que é capaz de dar minha vingança.  

—Errada – e, surpreendendo a mim, ele aperta sua mão na espada, impedindo a mim de movimentá-la para frente e de cortá-lo. Sua mão sangra, mas em seu rosto, não há nenhum pingo de dor.  - Você irá lutar por mim porque quer ser uma assassina e porque é a única maneira de chegar a sua vingança. Lembre-se: Sua vida é importante, pois se morrer, não conseguirá realizar mais nada. Morrerá em vão - com sua última palavra, ele puxa a espada de mim. - Vamos começar o treinamento, Felicity. Você está viva para aprender.  

Atualmente:  

Após meia hora da partida de Bruce, Oliver e Maggie, Selina e eu fechamos a empresa. Nós anotamos tudo que tínhamos que anotar das mulheres e com isso, fomos direto para arque.  

Ao chegarmos lá, o primeiro que avistamos fora Diggle e em seguida, Sara e Laurel. 

—O que aconteceu? Onde está o restante? - É primeira coisa que digo. E só agora reparo que tanto Diggle quanto Sara estão bastante feridos.  

—Pinguim correu e eles foram atrás dele – Digg responde. - Eu e Sara os perdemos de vista, pois tivemos que enfrentar TRINTA homens, Felicity. Nós tentamos encontrar o pessoal, mas não os achamos. O problema é que Pinguim está com uma grande quantidade de capangas para si só.  

—Pare de passar informação para ela – Sara cobra, brava. - Vai saber se não trabalha para Pinguim. Já trabalha para o Batman, o que é mais um serviço na conta, não é mesmo, Babydoll? 

—Pare de agir assim, Sara – Laurel pede, frustrada. - Não temos tempo para briguinhas, precisamos saber onde estão o pessoal.  

—Eu posso procurar – falo, indo me sentar na cadeira do pc.  

—E como vou saber que o que você me disser será verdade? - Sara torna a me provocar. Eu reviro os olhos e a ignoro. Não posso respondê-la, pois tem todo o direito de estar brava comigo e de não confiar em mim.  

Digito rapidamente e procuro por algo no GPS. Demoro apenas vinte segundos para encontrá-los. Uma câmera dentro de uma usina e levo um instante para reconhece que eles estão lutando dentro de uma usina de energia. E que estão praticamente cercados. Há realmente muitos capangas e todos armados.  

—Nós precisamos ir até lá e ajudá-los – Diggle diz, andando em direção a porta. 

—Não chegarão a tempo – Selina declara, calma. - Deve haver outra coisa que possamos fazer.  

—Não há e você não tem certeza de que não conseguiremos chegar a tempo de salvá-los – Sara retruca, irritada. 

—Veja na tela, o pessoal está cercado por cem pessoas armadas! Bruce possui uma armadura que impede de as balas perfurarem e minha irmã também, no entanto, Oliver não tem nem sequer um colete! Se qualquer movimento que Batman tentar fazer, resultará em tiros – Selina explica, indo em direção a Sara – Pinguim só irá matá-los se for necessário, mas está claro que ele quer prendê-los. Se vocês forem até lá, chegarão em um lugar completamente vazio. 

A boca de Sara abre, pronta para rebater, porém, Laurel fala mais rápido: 

—Felicity, você consegue fazer alguma coisa? Deve ter algo nesta empresa que possa invadir e eu não sei, apagar as luzes? Qualquer coisa deve ser útil.  

—Você está certa! - Afirmo, voltando a digitar no computador. - Mas antes, preciso entrar em contato com Oliver ou Bruce.  

—A uma interferência entre os comunicadores – Diggle diz, desempolgado. - Deve ser algo que Pinguim fez. 

—Mas Pinguim não consegue me parar – digito freneticamente e faço duas coisas ao mesmo tempo: tento invadir o sistema da empresa e entrar em contato com Oliver ou Bruce.  

Subitamente, uma voz masculina começa a ecoar pela arque inteira: 

—Eles estão nos cercando! - Berra Oliver e conseguimos ouvi-lo nitidamente. - Há algo que você tenha na carta que possa nos ajudar, Batman? 

—Oliver! - O chamo e vejo olhar para os lados e em seguida, seus olhos se encontrarem com a câmera que permite a mim enxergá-lo.  

—Felicity? - Indaga, sussurrando.  

—Oliver, ouça-me, precisamos ser rápidos. Eu irei começar um incêndio na empresa, isso provavelmente vai distrair os capangas e dar tempo a vocês de vencê-los. Você me entendeu? - Pergunto, preocupada, pois ficou em silêncio o tempo todo.  

—É só avisar quando começar. 

Com sua frase, consigo acessar o sistema e rapidamente, digito alguns códigos que resultam na máquina que contém o sistema logado explodir.  

—Começou! - Falo, eufórica. E com isso, acontece uma explosão atrás da outra. O computador explodiu perto de alguma máquina de energia e a máquina explodiu perto de outra. É como derrubar uma peça do dominó e todas as outras cairem em seguida.  

—Batman e Eiggam! Vocês mantenham os capangas ocupados, eu irei atrás do Pinguim! - Oliver grita ordens e só agora noto que atrás de todos os homens, Pinguim se encontrava protegido.  

No entanto, quando o fogo aumenta, Pinguim trata de se manter seguro. Ele começa a procurar por alguma saída que não esteja em chamas. 

Graças a distração do fogo, Batman e Eiggam tiveram facilidade em derrubar os homens, sem contar que, enquanto Oliver andava em busca de Pinguim, ele derrubou alguns capangas também.  

Infelizmente, as explosões chegam a única câmera que dava visibilidade aonde Oliver e o resto do pessoal estavam. 

—Precisamos chamar bombeiros e a polícia – Selina pronuncia, indo em direção ao seu celular – As pessoas da cidade precisam acreditar que os servidores públicos conseguem ainda protegê-los. Se o departamento policial prender os capangas, serão elogiados e comprovarão que farão de tudo para manter todos seguros.  

Com isto, ela faz a ligação. 

—Oliver? - Tento ver se ainda tenho sinal com o comunicador. - Oliver? - Insisto, depois de segundos sem resposta. Subitamente, um chiado alto começa e por causa disso, finalizo a tentativa de contato com o aparelho.  

—Não se preocupe, Felicity – Diggle diz, tentando me tranquilizar – Fogos e explosões? Isso é fácil para eles se salvarem.  

—Eu sei. Apenas espero que não seja tão fácil para Pinguim, eu o quero preso – declaro, me empurrando pela cadeira para longe do pc e cruzo os braços.  

De soslaio, meus olhos observam Laurel que está aparentemente bem. Quero dizer algo, mas Sara está aqui e provavelmente ficará irritada se eu tentar algo. Então, apenas mantenho-me calada, aguardando por qualquer coisa.  

—Time? - Ouvimos a voz de Oliver chamar pelo comunicador. - Estão aí? 

—Sim, estamos! - Responde Laurel, aliviada. - Vocês estão bem? 

—Na medida do possível - fala, cansado. - O importante é que consigamos parar os homens de Pinguim e pegá-lo. Os capangas dele estão sendo levado para a prisão, já o Pinguim está sendo levado para arque.  

—Estamos esperando por vocês - Laurel finaliza a conversa. 

Para minha felicidade, o pessoal demorou apenas dez minutos para chegar na arque e com eles, amarrado e machucado está Pinguim, com os olhos arregalados de medo e a expressão totalmente temerosa. Assim que me vê, tenta ao máximo escapar e correr, mas Oliver o segura firmemente.  

—Precisam de curativo médico? - Inquira Selina, indo em direção a eles.  

—Oliver levou um tiro no ombro – Maggie diz, retirando sua máscara. - Nem eu e Bruce sofremos algum dano. Vantagem de usar armadura.  

—Eu estou bem – Oliver responde, grosseiramente. Seu normal típico. - Vou levar Pinguim para nossa prisão.  

—Deixa que eu levo, Oliver – Bruce fala, ainda vestindo a máscara, afinal, Pinguim não sabe a real identidade do Batman. - Não vai querer morrer de hemorragia apenas por um simples tiro, não é? - Com isso, leva Pinguim consigo.  

—Aqui estão os medicamentos – Selina coloca em cima da mesa diversas coisas. - Acredito que não queira ajuda – Oliver assente e trata de começar seu curativo.  

Observo todos e vejo que não será necessária minha ajuda, por isso, trato de começar a andar em direção a prisão, para conversar com Pinguim. 

No entanto, paro quando ouço a voz de Oliver perguntar: 

— Onde está indo, Felicity?  

— Vou ver o Pinguim – respondo, rapidamente.  

— Para quê? – Ele inquira, franzindo o cenho.  

— Para interrogá-lo – digo, sem entender o porquê dele me questionar tanto.  

— Felicity, eu e Bruce seremos as únicas pessoas a interrogar Pinguim. Nós dois já somos o suficiente – sua frase sai calma, mas percebo que há uma mensagem implícita.  

Não irá interrogá-lo porque eu estou mandando. Porque quero que fique igual a antes. Apenas observando, pois não faria mal a ninguém. Minha cabeça grita a verdade que Oliver gostaria de me dizer, mas não pode, pois sabe que eu ficaria furiosa e também sabe que não pode me pedir para agir como antigamente. 

— Oliver, eu irei falar com Pinguim e você não vai me impedir – afirmo, voltando a andar, no entanto, Sara se coloca em minha frente.  

— É Oliver quem manda aqui, Felicity – ela diz, contendo-se no tom da voz. – Esqueceu que é ele quem nos diz o que fazer ou não? Ele é o líder, não você.  

— Não estou nem aí – respondo, cruzando os braços. – Desde o começo, nunca segui as ordens dele. Eu fazia do meu jeito. 

— Sim, do jeito que não afetava ninguém – retruca, irritando-se. – Você era Felicity, a nerd do PC que não fazia nem um mal a uma mosca. Ninguém ligava pelo fato de você contrariar, porque afinal, o que poderia estragar? Baixar o vírus no meu notebook? Explodir o meu celular? Pff, por favor, quem se importaria? – Ela ri, maldosamente. – Mas acontece que agora nós temos noção do que você é capaz e é por isso que precisa seguir ordens, caso o contrário, perderá o controle e ninguém gostaria disso.  

— Você não está entendendo, Sara – digo pausadamente. – Eu vou falar com Pinguim, com ou sem a permissão de Oliver. Ninguém vai me impedir.  

— Prazer, ninguém – ela dá um passo para frente, ficando a centímetros de distância de mim. Está tentando me provocar, tentando provar que tem razão em não confiar em mim.  

— Parem vocês duas – Oliver entra na discussão, vindo em nossa direção. Ele acabou de fazer o seu curativo. – Sara não é necessário que impeça Felicity de fazer algo. Ela entrará comigo para interrogar o Pinguim.  

— Nossa, é sério isso, Oliver? – Sara inquira, debochada. – Você está dando tudo que Felicity quer, até parece um cãozinho correndo atrás da dona. Só espero que isso não te cegue em todas as decisões.  

Eu penso em respondê-la, pois seu comentário fora totalmente desnecessário e ofensivo. Tudo bem ela me ofender, mas Oliver não fez nada de errado. No entanto, antes que eu abrisse a boca, Oliver colocou a mão em meu ombro e nosso olhar se encontrou.  

Ela está apenas magoada por ter sido traída, deixei-a descontar. É isso que seus olhos transmitem para mim.  

Com isso, Oliver nos guia para frente, fingindo que não ouvira nada. Faço o mesmo e ambos fomos em direção a prisão.  

Prisão. Este nome foi dado a um cômodo pequeno, semelhante a uma sala que contém apenas uma cadeira que nela possui cordas e algemas.  

Neste quartinho, nós prenderemos os nossos inimigos para que possamos mantê-los sobre nossa supervisão até que consigamos obter informações necessárias, após obtermos, nós os levamos à polícia.  

Abruptamente, Bruce sai do cômodo, batendo a porta com tudo. Ele claramente está com muita raiva, pois não nos percebe e quase passa por cima de nós.  

— Ei – chamo a atenção dele que para no instante que nos nota. – O que aconteceu? – Inquiro curiosa.  

— Pinguim não tem nenhuma informação de onde está Blue – responde frustrado.  

— Será mesmo? Vamos ver se ele dá a mesma resposta a mim – falo e minha mão vai em direção a maçaneta da porta, porém, Bruce a interrompe.  

— Eu o perguntei de tudo, Felicity  - diz, olhando a mim com pesar. – Ele está dizendo a verdade. Não há como encontrarmos Blue através dele.  

— E eu confio em você – declaro, assentindo. – Mas tenho perguntas que precisam de respostas. E acho que Pinguim possa respondê-las. 

Bruce anui e retira sua mão de mim, com isso, trato de abrir a portar e entrar no local. Bem baixinho, ouço Bruce murmurar para Oliver:  

— Não a deixe perder o controle – após seu pedido, ele vai embora e Oliver entra no cômodo.  

Assim que meus olhos se encontram com os de Pinguim, o vejo tremer de pavor. Ele está levemente ferido, com algumas marcas vermelhas no rosto, mas nada sério. Sua boca está tremendo de pavor. E eu sorrio instantaneamente. 

— Olá, Pinguim - o cumprimento, colocando-me de frente com ele. -  Está gostando da hospitalidade? – Ele não responde. – O que houve? O gato comeu sua língua? – Provoco e início uma sequência de cutucação em seu rosto.  

— Pare com isso, sua idiota – Pinguim manda, irritado. Eu fecho minha expressão. E assim que ele percebe que meu ofendeu, seu semblante passa de bravo para temeroso. – Err, quer dizer, não era isso que queria dizer...  

— Eu não ligo – falo, dando uma volta por ele, enquanto minhas mãos passam por seus ombros – A única coisa que importa é que você irá responder minhas perguntas. 

— E-e-eu j-já d-d-isse para o Morcego que não tenho ideia de onde Blue possa estar. Lembra que ele simplesmente queria a levar para qualquer lugar desde que fosse longe desta cidade? 

— Sim, me lembro. Eu também lembro que ele ia me levar para um homem. Eu quero saber quem é ESTE HOMEM! – Paro de rondá-lo e volto a ficar de frente com ele, minhas mãos estão segurando seu rosto, para que não desvie do meu olhar.  

— H-h-homem? – Indaga gaguejando. – Não sei do que está falando. Por favor, Felicity, eu não sei de nada.  

— Não sabe? Mas Blue era o seu parceiro de negócio, como pode não saber?! Inquiro, apertando suas bochechas com muita força.  

— Ele mentiu para mim este tempo todo. Quando o conheci, ele disse que queria conquistar Starlig City e que depois disso, nós dois iríamos para Gotham dominá-la também. E toda vez que Blue incluía você, ele dizia que era porque nenhum governante deveria passar suas noites sozinhas. Eu sempre pensei que ele a queria apenas para satisfazer os desejos canais!  

— Está mentindo – declaro, socando-o. Seu rosto caí para baixo, mas trato de ergue-lo e acertá-lo mais dois socos, um em cada lado. - O que Blue queria dizer com o fato de eu ser um objetivo dele?!  

—  N... Não s...sei – sua resposta sai baixa e voz com dor.  

—  Resposta errada! - Dou uma joelhada em seu rosto, fazendo o nariz dele quebrar. E o impacto empurra a cadeira para o lado, fazendo-o cair no chão. Não o levanto, início uma sequência de chutes em seu estômago.  - Se não me der nada importante, isto só quer dizer que não é útil! Quem é o homem para qual Blue ia me levar? Por que sou um objetivo dele? Por que queriam me transformar em uma boneca? O que Blue quer de verdade? Onde ele está? 

Subitamente, sou puxada para trás e instintivamente, tento acertar um soco na pessoa que atrapalhou meu interrogatório.  

—  Felicity, pare! - Oliver segura meus braços, impedindo-me de acertá-lo. Havia me esquecido que ele estava aqui. Ficou o tempo todo encostado na parede, apenas observando a mim. - Você vai matá-lo se continuar!  

—  Me solta! - Debato-me, tentando me soltar. - Ele deve ter alguma resposta que preciso, Oliver!  

—  Ele não servirá de nada morto! - Exclama, apertando ainda mais os seus braços. 

—  Ele não serve de nada vivo! É um inútil! Deixe-me matá-lo, acabar com a existência vaga dele! - Forço para sair, mas os braços apertados de Oliver me impedem de mover qualquer parte de cima do corpo. Eu poderia acertá-lo uma cabeçada e fazê-lo perder os sentidos por um segundo.  

—  Olha o que está falando, Felicity! Olha o que está fazendo! - Ele fala seriamente preocupado. - Nós não matamos pessoas. Nós não somos juízes!  

Penso em gritar e dizê-lo que sou uma assassina. No entanto, desisto.  

—  Você venceu, Oliver – anuncio, suspirando. - Me solte, eu vou sair da sala – afirmo e com isso, sou solta de seus braços. Sem demorar, abro a porta e saio.  

—  Felicity... - ele vem logo atrás de mim, mas eu o interrompo de falar.  

—  Lembra-se que perguntou o porquê da minha relação com Blue ter terminado? Pois bem, deixei-me dizer agora a razão: Eu terminei com ele porque decidi ir atrás de meu pai e matá-lo. E foi isso que fiz, Oliver. Eu matei o meu próprio pai. Nada fica no meu caminho quando quero algo. Então, se acha que sou apenas uma mulher que sofreu, está errado. Eu não sou uma heroína e não sou totalmente inocente nesta história. Não tente me transformar nessas coisas!  

Sinto a raiva ser transmitida pelas minhas palavras. A raiva de não encontrar Blue, de não ter respostas às minhas perguntas e de agora, mais do que nunca, sentir-me totalmente vulnerável, pois há mais pessoas na minha vida que poderão ser usadas como iscas para me deixar fraca.  

—  Eu não estou tentando transformá-la em nada, Felicity – Oliver dissipa, passando a mão em sua cabeça, para não perder o controle.  

—  Você está se controlando. Você quer me dizer mais coisas, então, diga-as! Pare de segurar! - Peço, retirando a mão dele e o fazendo olhar para mim.  

—  FELICITY, EU NÃO SOU O INIMIGO AQUI! PARE DE ME TRATAR COMO UM! - Ele vocifera, se afastando. - Chega, você não vai me fazer odiá-la, porque sei que é isso que está tentando. Sei que quer me afastar, porque aí, você pode se culpar por ser uma pessoa horrível, mesmo sabendo que não é.  

E com isso, ele volta para dentro da prisão.  

Tento me acalmar, enquanto repasso nossa discussão na cabeça. E então, reparo que Oliver está certo. Na parte da manhã, enquanto tomávamos café, eu havia me esquecido de tudo, os sentimentos bons que ele fazia eu sentir superaram os ruins. 

Entretanto, no almoço, eu cai na real. Não posso esquecer que o perigo está à espreita. E é por isso que agora estou agindo como uma pessoa fria e sem sentimentos, pois assim, quero fazer Oliver me odiar, para caso algo me acontecer, ele não se machuque tanto.  

Eu não quero ficar longe de você. Eu preciso de você. E você prometeu a mim que nunca me abandonaria. 

Eu nunca poderei odiá-la, pois eu amo você. 

As palavras de Oliver ressoam em minha mente. Eu tenho medo. Medo de ser culpada pela morte dele. Medo de no final não ser suficiente.  

Uma dor de cabeça começa em mim e por não ter dormido de noite, sinto meu corpo cansado. Decido ir me deitar, pois não serei de ajuda grande ajuda no momento e tampouco quero puxar mais briga com alguém, seja Sara ou Oliver. 

 O dia acabou para mim, pois não há mais nada que eu possa fazer. Ao menos, não para o time.  

Despeço-me do pessoal rapidamente e nenhum deles questionam a razão de eu ir me deitar tão cedo. Provavelmente pensam que estou cansada, afinal, não estou 100% recuperada dos ferimentos e das torturas de Pinguim e Blue. 

Assim que me deito em meu quarto, começo a refletir das perguntas que fiz ao Pinguim. E concluo que nunca adivinharei quem é o homem para qual Blue ia me levar. Que não sei o porquê de eu ser o objetivo dele, nem o que de fato ele deseja e muito menos onde encontrá-lo.  

Estou na escuridão, procurando qualquer vestígio de uma luz. A única coisa que sei de todas essas perguntas é que o homem para qual Blue ia me levar é importante, pois ele nunca me mostraria para alguém, afinal, por todos esses anos, sempre dizia que eu pertencia somente a ele.  

Os meus pensamentos me levam a diversas teorias, mas nenhuma delas fazem sentido. Apenas sei que não consigo dormir como desejava.  

Nisto, ouço o som da minha porta sendo aberta e nem me esforço para ver quem entrou no meu quarto. Continuo deitada de lado e não demora para Oliver aparecer no meu campo de visão que até então era apenas a parede cinza.  

—  Achei que estaria dormindo – ele diz, sentando-se no chão e encostando sua cabeça, mas com os olhos fixos no meu.  

—  Eu também achei – murmuro, desanimada. - Não consigo dormir.  

—  Por que não? -  Indaga, interessado em saber a razão.  

—  Muitas perguntas na cabeça, Oliver – declaro, fechando os olhos por um instante. - Eu não consigo pará-las. Elas ficam surgindo na minha mente.  

—  Você não havia me dito que Blue tentou levá-la para um homem. Quando eu soube que ele estava a levando para um lugar, apenas pensei que seria para se esconder – noto na voz dele que há uma certa tristeza. - Não tem ideia de quem seja o homem para qual Blue ia te levar, não é?  

—  Não. E isso me deixa preocupada, Oliver, pois de uma hora para outra, nada mais fez sentido. Durante esses anos todos eu acreditei que Blue me queria porque era uma obsessão, porque era um amor doentio que não poderia perder. Mas não, esse não é o único motivo. E isso me dá calafrios.  

—  Sei que não te acalmará, porém, saiba que eu estou aqui. Saiba que farei de tudo para mantê-la segura. E desta vez será sem falhas, afinal, não há mais segredos entre nós - subitamente, uma dúvida surge em seu semblante, pois ele frisa suas sobrancelhas e deixa os lábios arqueados. - Ou ainda há segredos entre nós? 

—  Se houvesse um segredo, eu não poderia dizer isso para você, não é? - O respondo com uma pergunta. - Mas respondendo à pergunta, não há nada que esteja escondendo de você. Você sabe que sei lutar, que fui uma das vítimas de Blue e que fui uma vigilante. 

— Eu fico feliz que não haja mais nenhuma mentira entre nós – Oliver diz, abrindo um sorriso. – Posso me deitar ao seu lado?

— Você acha que cabe aqui? Já olhou para sua estrutural corporal? – Inquiro, rindo e me empurrando para o canto da cama. Dou alguns tapinhas nela e falo: - Podemos tentar fazer você caber.

— Eu percebi que amo quando você diz que tentará fazer tal coisa por mim – ele declara, deitando-me ao meu lado e ambos ficamos de frente um para outro. – Sinto-me importante.

— E você é importante, Oliver. Nunca duvide disso – falo e em seguida bocejo. 

— Acho melhor nós dois descansarmos, o dia foi agitado - ele me puxa para perto de si, e me faz usar seu peito como um travesseiro. Eu sorrio, pois a sensação que me traz é de puro conforto. - Amanhã será um dia melhor.

— Sim, amanhã será - concordo, fechando meus olhos. E me permitindo desfrutar do sentimento. 


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