O Passado Sempre Volta escrita por yElisapl


Capítulo 36
Capítulo 35: Coragem.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada, estrelas! u.u



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Três anos atrás:  

Coloco um vestido azul bebê, prendo meu cabelo em um coque frouxo, deixando alguns fios caídos ao lado do rosto. Em meu braço, coloco uma pulseira de ouro (presente de Bruce) e um colar barato que paguei em uma das feiras que fui.  

Olho-me no espelho pela última vez e confiro se tudo está aceitável. Não estou usando maquiagem, apenas um batom nude e um brinco pequeno na orelha. De sapato, um salto curto na cor preto.   

Saio do meu quarto, pegando a minha carteira que dentro dela contém um sedativo pesado (criação de Hera) e uma faca pequena, para caso seja necessário torturar o homem ainda mais do que os socos.  

—Você está magnifica – comenta Arlequina, pegando na minha mão e girando-me. - Pelo visto, o peixe de hoje é grande – eu assinto. - Eu e Hera ficaremos do lado de fora, roubando os idiotas que saírem na rua e derem cantada em nós.  

—Se eu precisar de ajuda, eu grito – Afirmo, indo em direção a porta. - Divirtam-se! 

—Isto é algo que você já não conhece mais... - Hera solta no ar, não para me provocar e sim para me lembrar. 

—Quando eu terminar o meu serviço, prometo a vocês pagar uma rodada de cerveja para nós - faço uma promessa, saindo da casa e fechando a porta, sem esperar pela resposta. Eu estou prometendo isto há mais de dois meses. E eu nunca consigo cumprir, pois até agora, não consegui encontrar Blue.  

Eu entro dentro do carro que roubei de um cara rico e dirijo em direção ao maior restaurante de Gotham City.  

No caminho, traço pela terceira vez o meu plano: Preciso que Albert Cristin, o meu alvo, se foque em mim, mas isso não será tão difícil, pois pelo que pesquisei, ele gosta de garotas loiras e ‘’inocentes’’. Mas, eu não serei a única garota que irá querer a atenção dele, por isto, preciso me destacar. Me vesti com um perfil que se destacara no meio de todas as mulheres, pois Albert gosta de azul, garotas de beleza natural e angelical. Felizmente, um bom penteado e uma boa atuação, me deixa no perfeito requisito.  

Após conquistar Albert, o espero me levar a qualquer quarto, onde ao lado de fora ficará alguns de seus homens, pois ele é o chefão do tráfico de drogas. É ele quem deve saber onde se encontra Blue, ou ao menos possui alguma informação, porque os dez últimos caras que torturei não sabiam de nada, nem sequer conheciam Blue. O que fez minha frustação ficar ainda maior. Ninguém parece saber nada dele.  

Paro o carro em frente ao restaurante, dou a chave ao manobrista e caminho para dentro do comércio. De soslaio, observo a mesa que Albert costuma se sentar. Ele já está lá. Sorrio internamente. Não precisarei esperar por sua chegada.  

—Qual é o nome da reserva, senhorita? - Inquira o atendente e eu abro um sorriso inocente.  

—Está no nome do meu noivo: Erick Jasper – falo, discretamente. O rapaz verifica a lista e sorri para mim. Há algumas horas, fingi uma voz masculina e reservei a mesa para mim e meu ‘’noivo’’.  

—É por aqui, senhorita – o atendente me guia até a mesa que coincidentemente está há apenas duas mesas de distância de Albert. Não que eu tenha consigo informação sobre qual lugar o sr. Cristin costuma se sentar todas as noites. - Já vai querer fazer algum pedido? 

—Por enquanto irei querer apenas água. Aguardarei pelo meu noivo – digo, sorrindo sem mostrar os dentes. O jovem apenas assente e sai.  

Pego o cardápio a minha frente e finjo estar lendo. Nas minhas costas, consigo sentir o olhar de Albert, que também havia me olhado enquanto eu caminhava em direção à minha mesa. Ótimo, já consegui sua atenção.  

Passa-se quinze minutos, começo a bater minhas unhas na mesa, fingindo estar ansiosa e ao mesmo tempo preocupada. Um garçom vem até mim, entrega-me a água e pergunta se desejo algo a mais. Nego, dizendo que estou no aguardo do meu noivo e que faremos o pedido juntos.  

Depois de meia hora, o atendente vem a minha mesa, com uma expressão totalmente chateada e até mesmo com pena. Meu plano está encaminhando perfeitamente.  

—Senhorita, acabo de receber uma ligação. Pertencia a seu noivo, ele disse que não poderá comparecer esta noite, pois está preso. Ele pediu para que aproveitasse e não se preocupasse, pois pagaria a conta depois.  

—Eu não acredito nisto... - reclamo, fingindo-me decepcionada. - Esta é a terceira vez ele faz isto! - Exclamo, furiosa. - Quer saber? Eu vou realmente aproveitar, por favor, me envie o melhor e o mais caro champanhe que tiver.  

—Como quiser, senhorita - o rapaz sai ainda sentindo pena de mim. Coitado, mal sabe que a ligação que recebeu fora de um programa programado.  

Subitamente, vejo Albert puxar uma cadeira e se sentar ao meu lado.  

—Desculpe-me o incomodo, madame – ele diz, forçando um sotaque russo que não tem. - Mas vejo que a deixaram sozinha, o que é uma crueldade. Posso me juntar a você para fazer companhia? 

—Eu não sei... - finjo estar hesitante, pensando-me nas consequências. - Acredito que não seja certo... - faço um olhar confuso, tentada a aceitar e tentada a recusar. 

—Vamos lá, o que tem de mal eu lhe acompanhar, madame? - Vejo todo o mal que poderia me acontecer em seus olhos, se eu fosse de fato uma madame.  

—Está bem... - concordo, colocando as mãos em cima da mesa. - Não quero jantar sozinha e você não me parece uma má pessoa – sorrio, timidamente.  

—Eu irei te mostrar que sou uma ótima pessoa – ele também sorri, mas só há maldade em seu sorriso.  

Nós conversamos durante quinze minutos, Albert quis saber tudo sobre mim. E eu contei cada mentirinha que venho dizendo a todos os caras com quem converso. Me mudei na cidade por causa do meu noivo que aceitou uma proposta de trabalho na cidade, mas depois que ele aceitou, a situação entre nós ficou ruim.  

Claro que Albert absorveu todas as informações e me viu como uma presa totalmente fácil e vulnerável.  

—Que tal nós irmos para algum lugar privado? Tenho um quarto aqui em cima, para que possamos conversar melhor – ele diz, após minha terceira taça de champanhe. Provavelmente deve estar achando que estou perto de ficar bêbada.  

—Acho melhor não... - finjo estar levemente desorientada. - Meu noivo, ele não gostaria disso.... 

—Ele não está aqui, está? - Nego, olhando profundamente nos olhos de Albert. - Há apenas eu e você. Vamos aproveitar. Deixe-me cuidar de você como seu noivo não cuida há semanas. Venha – ele toca em meu braço gentilmente e começa a me levar para o tal lugar privado.  

Nós entramos em um elevador, juntamente com três homens que concluo ser guardas dele, pois não saíram de seu lado em nenhum instante. No entanto, estranhamente, noto que um deles me encara de maneira desafiadora.  

Como se me questionasse: ‘’Sei que está fingindo. Quero ver se conseguirá fazer o que pretende fazer’’. Contudo, balanço levemente a cabeça e volto o meu foco para Albert. Não há chances alguma do guarda saber de alguma coisa.  

Eu e Albert entramos dentro de um quarto, enquanto os homens ficaram do lado de fora. Sou guiada até a cama e me sento. O sr. Cristin vai até uma mesa e pega mais taças de champanhe, me entregando uma. Após bebermos, ele pronuncia:  

—Sei que não deveria fazer isto porque a madame é comprometida, mas infelizmente, não consigo resisti-la – e então me beija. Enquanto está concentrado na nossa troca de salivas, vou em minha carteira e pego a faca.  

O beijo é totalmente canal. Quando ele me deita na cama e fica por cima de mim, rapidamente mudo nossas posições e encaixo a faca em sua garganta.  

—Se tentar gritar, eu corto sem hesitar – murmuro.  

—O que você quer? - Ele pergunta, ora olhando para mim, ora para a faca.  

—Uma localização: Onde está Blue Jones? 

—Quem? - O vejo frisar a sobrancelha. 

—Blue Jones! - Repito, apertando a faca ainda mais em sua garganta.  

—Eu não o conheço! - Ele diz, preocupado.  

—Pare de mentir! - Perfuro levemente sua pele, vendo sangue escorrer.  

—Estou dizendo a verdade! Eu nunca conheci um cara com este nome! - Vejo pelo medo em seus olhos que não está mentindo.  

No entanto, como é possível que o maior chefe de tráfico não conheça Blue? Se ele não conhece, quem conhecerá?  

Minha linha de pensamento para quando ouço o som da porta sendo aberta e em seguida fechada. Olho de soslaio e vejo que é o mesmo guarda que estava me encarando de maneira desafiadora.  

—Para trás! - Afirmo, mudando de posição, deixando Albert na frente e eu atrás, apenas com a faca colocada em sua garganta.  

—Ou o quê? - o homem abre um sorriso esnobe. - Irá matá-lo? Vá em frente. Quero ver se é capaz – provoca, rindo.  

—O que pensa que está fazendo? - Albert inquira, irritado. - Mate-a. Você trabalha para mim! - Sua voz sai gritando e com isso, os outros dois guardas entram no quarto. Que estupidez a minha.    

—Ei, amigos – o cara que me provocou diz, chamando a atenção dos outros homens - Vocês até que eram bacanas, mas infelizmente se meteram onde não foram chamados. Eu disse que era para permanecerem do lado de fora – ele simplesmente salta em cima de um deles, quebra o pescoço como se não fosse nada e depois vai para cima do outro, batendo a cabeça deste na parede repetidas vezes até que ouço o som de algo se quebrar.  

Será que fora o crânio do guarda? Não quero passar pela mesma coisa para saber. 

—O que está fazendo, seu estúpido? - Albert berra e eu percebo que já nem estou pressionando a faca em sua garganta, estou apenas a segurando, observando o cara matar seus dois parceiros, impressionada.  

Quando noto que o assassino caminha em minha direção, retorno a pressionar a faca na garganta do sr. Cristin.  

—Não dê mais nenhum passo – mando, sem ter o tom de autoridade. Não estou colocando medo, afinal, ainda estou impressionada pelo que acabo de ver.  

—Já disse para matá-lo – ele fala e eu noto que há divertimento em seus olhos. - Para mim, você não tem coragem alguma. Por acaso já matou alguém? - Os seus passos continuam em minha direção. - Eu já dei três passos e você não o matou ainda. Agora sou eu quem a ameaçara. Se não o matar, eu irei matá-la. Sua vida ou a vida deste inútil? - Ele para de andar e simplesmente decide correr para perto de mim. Com isto, temo pela minha vida.  

E sem hesitar, corto a garganta do homem.  

—Muito bem! - O assassino para ao meu lado, batendo palmas. - Achei que teria que matá-la por ser tão covarde.  

—Você é louco? - Inquiro, desviando o olhar de Albert, que se debate, procurando de alguma maneira parar o seu sangramento.  

—Não. Me chamo Arkady Duvall   – declara, empurrando Albert e o forçando a ficar caído no chão. - Eu serei seu mestre.  

—Mestre? - Acabo rindo com a palavra idiota. - O que você poderia me ensinar? 

—Como ser uma assassina – seus olhos retornam para mim, com zombaria neles – Uma coisa que está longe de ser. Ficou blefando comigo e quase morreu por isto. Se vai matar alguém não há hesitação, apenas certeza!  

—Eu não queria matá-lo, queria apenas informações - falo, olhando para a porta. A distância é pouca, talvez eu consiga correr rápido e escapar deste homem.  

—Se aceitar ser minha aprendiz, eu posso ajudá-la a conseguir essas informações - ele propõe, me deixando confusa.  

—Por que quer me ensinar? - Indago, não entendendo nada. - O que ganharia com isto? 

—Uma assassina profissional. Eu sou um cara com muitos negócios e por causa disso não posso fazer o serviço com minhas próprias mãos. Mas você poderia fazer isto para mim. Nossa relação seria de mútua ajuda.  

—Duvido que conseguiria as informações que preciso – limpo minha faca no tecido da cama e a guardo na carteira.  

—Sei que seu nome é Felicity Smoak, você está há meses seduzindo homens e os torturando, tentando encontrar alguém que saiba a localização de Blue Jones. 

Eu o olho, surpresa.  

—Aqui – ele vai ao seu bolso e retira um cartão - Este é o meu número de telefone. Se quiser realmente encontrar Blue Jones, eu sou o seu único caminho. Se em três dias você não me ligar, eu entenderei que é uma covarde – outra vez o sorriso presunçoso surge em seu rosto. Sinto vontade de socá-lo, mas duvido muito que eu consiga acertá-lo. Apenas pego o seu cartão e guardo em minha carteira.  - Agora vá, preciso limpar o local. Ou quer deixar suas digitais?  

—Como sei que realmente fará isso? - Indago, sentindo alivio por poder ir, mas duvidosa em relação de sua ação.  

—Como posso transformá-la em uma assassina se estiver presa? - Responde, com outra pergunta. - Esta é a última vez que a mando sair, caso o contrário, deixarei que limpe sua própria bagunça.  

Eu olho de relance para o corpo de Albert e sinto um nó na garganta. Já se passaram dois anos desde que matei alguém. Pensava que a próxima pessoa que eu mataria seria Blue. No entanto, vejo que estou enganada. Para ter o sangue dele em minhas mãos, antes terei que derramar de outras pessoas. 

Saio desta vez sem olhar para trás. Tive uma grande sorte de Albert não me sujar com seu sangue, por isto, saio tranquilamente do restaurante. No entanto, minha mente está longe de estar tranquila.  

Atualmente:  

Eu poderia ficar na arque, juntamente com o time, mas preferi ir para casa de Bruce e ficar com Sweet e Rocket.  

Para minha felicidade, Oliver não se demonstrou contra a ideia. Diria que apenas ficou frustrado, provavelmente queria que eu ficasse com ele. Que nós conversássemos mais, no entanto, isto não era o que eu queria.  

Então, eu, Sweet e Rocket fomos para a casa de Bruce (já que ele teve que ir para Gotham City, iniciar sua vigília de noite) onde há diversos guardas, portanto, não havíamos com o que se preocupar, visto que, Blue e Pinguim são considerados fugitivos, pois diversos policiais estão na procura deles. 

De comida, nós pedimos uma simples pizza. Enquanto comíamos juntas, eu senti um sentimento de conforto tão profundo, que me fez arrepiar.  Fazia tempo que não sentia este sentimento. Sem me preocupar com nada.   

—Eu ainda não acredito que você vai se casar! - Comenta Rocket, com os olhos esticados. - Sério! Eu estou achando que quem sofreu lavagem cerebral foi você, não eu – nós damos risada. 

—Quando se encontra o amor, tudo muda – Selina diz, acariciando o cabelo de Rocket. As duas estão deitadas no mesmo sofá, enquanto estou na frente delas, encostada no pé da poltrona.  

—Eu também não acreditei quando Selina me contou que Bruce havia a pedido em casamento e ela aceitou, Rocket – falo, ainda rindo.  

—Maggie – ela responde, subitamente. Eu friso o cenho, não entendendo. - Meu nome é Maggie – explica e então me lembro de que nunca soube o verdadeiro nome de Rocket. Apenas de Blondie, Amber e Sweet Pea. 

—Por isso Eiggam – declaro, concluindo o codinome que dera para si mesma - É o contrário de seu nome.  

—Estou me sentindo estúpida por nunca ter pensado nisso! - Selina resmunga, estupefata com o que acabo de dizer.  

—Mana, se a Felicity me perdoou por ter batido nela diversas vezes, é claro que eu te perdoo por não ter percebido isso – Maggie diz, abrindo um sorriso singelo e cheio de ternura.  

Nós continuamos a conversar, pois Rocket quis se atualizar de tudo que houve em nossa vida e principalmente o fato de eu e Selina estarmos duas apaixonadas, uma coisa que ela pensou que aconteceria apenas quando fôssemos velhas, pelo fato de ambas sermos um pé no saco.  

Depois de uma hora conversando, Maggie dormiu. Talvez fosse pelo carinho no cabelo que Selina fazia ou talvez porque podia finalmente dormi tranquilamente, sem se preocupar com alguma tortura no dia seguinte.  

—Como você está? - Sweet inquira, com os olhos nitidamente preocupados. - E não me venha dizer que está bem, pois sei que não será verdade.  

—Eu estou bem, Selina – afirmo, convicta. - Pela primeira vez em muito tempo realmente estou bem. Eu não estou sentindo vontade de morrer, eu não me sinto inútil e tampouco me culpo por algo. Minha mente está limpa! - Conto, sem esconder nada. Afinal, não como esconder algo de uma pessoa que te conhece tão bem.  

—E isto é possível? - Ela indaga, sem maldade. E não é a única com dificuldade de acreditar que estou assim. - Porque, Felicity, até dois dias atrás, você tentou se matar para salvar a minha vida. E pelo que Magg me contou, tentou fazer o mesmo quando estava presa com Blue.  

—Foi momentos de desespero - esclareço. - Você ia morrer e eu nunca conseguiria viver em um mundo que você não está. Tentei salvar sua vida, trocando pela minha. Não funcionou. E então para mim, você havia morrido. E eu nunca senti uma dor deste tamanho, Selina, pois mesmo que Oliver seja o amor da minha vida, você é a minha alma gêmea. Você é a minha esperança. Eu morreria por você sem hesitar, entendeu? - Declaro, olhando a profundamente. - E foi por isso que tentei me matar quando estava com Blue, eu achei que havia perdido você e então, a dor veio em seguida e não conseguia suportá-la. E é por isso que eu preciso de você viva, Selina.  

—Felicity... - ela murmura, com os olhos cheios de lágrimas e só agora noto que estava chorando enquanto falava. - Você também é minha alma gêmea! E eu te amo muito! - Sua declaração me faz chorar ainda mais e também rir.  

—Obrigada por nunca desistir de mim - agradeço, limpando minhas lágrimas. - E eu também te amo muito! Caramba, eu estou me sentindo muito bem e isso é a coisa mais estranha de se sentir! - Falo tudo de uma vez isso faz com que Selina comece a rir.  

—Me diga mais o que está sentindo – ela pede, curiosa e empolgada.  

—Eu sinto que agora tudo é possível. Sinto que não sou mais um peso e que sou totalmente grata por existir! Eu sou sortuda pra caralho, pois tenho você, Maggie, Bruce, Oliver, Sammy e tantas pessoas maravilhosas em minha vida. E agora entendo o sentido da frase de que nós traçamos o nosso próprio destino, pois de agora em diante, apenas farei o bem. Chega de mentiras e segredos. O passado ficará no passado. Eu estou no presente.  

—Meu Deus, você não tem ideia do quanto estou orgulhosa de você! - Ela declara, sorrindo.  

—Eu estou morrendo de sono! É melhor nós dormimos – comento, subindo em cima do colchão que nós colocamos no chão. - Boa noite, Sel.  

—Boa noite, Fel – e com isso, fecho os meus olhos.  

Não demoro para cair no sono, pois realmente estava cansada. O dia havia sido cheio de emoções. E nem fora porque lutei contra algum vilão.  

No entanto, acordo bruscamente quando ouço som de tiros. E comigo, Selina acordar também, ambas nos olhamos e em seguida, procuramos por Rocket, que não se encontra no mesmo lugar que dormia.  

E então, o tiroteio aumenta ainda mais, fazendo que nós se levantemos do chão, nos deixando totalmente em alerta.  

—Temos que pegar nossas armas e procurar pela minha irmã – Selina indica, com a voz baixa e começa andar, logo atrás, eu a sigo.  

Subitamente, Sweet Pea para de andar e eu, que estava olhando para nossas costas, torno a olhar para frente, entendo o porquê de ela ter parado.  

Blue.  

E com ele está Rocket toda ferida e praticamente inconsciente. Ele a segura pelos cabelos e aponta uma arma na cabeça dela. 

—Se derem mais um passo, eu atiro – ele ameaça, com humor. - Sabe, antes da Babydoll, a Rocket era a minha garota favorita – diz, passando seus lábios no rosto dela. Isto causa nojo e raiva em mim e Selina. 

—Pare de tocar nela! - Sweet Pea berra, andando na direção dele, tomada pela fúria.   

—Ah, ah! - Exclama Blue – O que eu havia dito? - Indaga e sem esperar pela resposta, aperta o gatilho da arma. 

A ação dele foi tão rápida que não pude fazer nada, nem mesmo fechar os olhos para não ver o sangue de Rocket espirrando na parede.  

E na mesma sequência, Selina corre até ele, gritando de ódio e dor, lágrimas escorrem de seus olhos, mas Blue não se assusta e tampouco hesita em atirar novamente.  

Eu arregalo os olhos, vendo o sangue escorrer pela testa de Selina e seu corpo cair no chão sem vida. Blue atirou na cabeça dela igual fizera com Rocket.  

Sei que tenho que reagir, porém meus olhos ainda estão olhando para Rocket e Selina, incrédulos do que estão vendo. Tento mover minhas pernas para sair daqui, mas meu raciocino simplesmente falha e não consigo nem me impedir de ser acertada por um tiro no estômago.  

Sou derrubada no chão por não aguentar o ferimento. Por não conseguir me levantar, começo a me arrastar e tentar sobreviver. Eu não posso morrer e Blue viver. Isso não é justo. 

Abruptamente, Blue me vira de bruços para me encarar.  

—Você achou mesmo que iria viver livre de mim? - Inquira, gargalhando. E o som de sua risada me faz tremer. - Esqueceu que é a minha boneca? - Ele me pega pelo pescoço, me levantando do chão e me sufocando. - Tudo o que você tem é porque eu permito, entendeu?! Do mesmo jeito que eu te dei as coisas, eu também posso tomá-las! Quando irá entender que sua vida está na minha mão? Que nunca estará livre das minhas correntes, Babydoll? Enquanto eu estiver vivo, você nunca poderá ter paz – ele aperta suas mãos em meu pescoço, impedindo que qualquer ar entre em meus pulmões. Esforço para acertar um soco nele, mas não consigo.  

Com isto, eu desmaio.  

E no segundo seguinte, eu acordo, com os arregalados e fitando o teto que reconheço ser da casa de Bruce.  

Levanto-me rapidamente do colchão e procuro pelo olhar Selina e Rocket. Quando as vejo, sento no chão e suspiro aliviada. Ambas estão vivas, elas estão apenas dormindo.  

Tudo isto fora um pesadelo.  

Contudo, apesar de nada ter sido real, as emoções que senti ainda estão aqui. O desespero, o medo e a preocupação. Todos esses sentimentos dominaram a paz e tranquilidade que sentia antes de cair no sono. O pesadelo me relembrou da verdade. Enquanto Blue estiver vivo, Sweet Pea e Rocket nunca estarão seguras e nem eu.  

Não posso abaixar a minha guarda. Não posso ficar vulnerável. Não posso fraquejar.  

Com esses pensamentos, não consigo tornar a dormir. Passo a madrugada acordar e quando olho para o relógio que está na parede, percebo que já são seis da manhã. Me levanto do chão, decido ir comprar o café para nós, visto que não sei preparar nada na cozinha.  

Pego dinheiro de Bruce e guardo na minha cintura uma faca, para qualquer problema. Preciso estar sempre atenda.  

Antes de sair da casa, confiro se tudo está trancado e seguro. Apenas quando tenho certeza, saio e vou até os seguranças que rondam a casa. Todos estão acordados e ligados. As meninas estarão seguras. Principalmente porque eu estarei longe delas. Afinal, Blue sempre virá primeiro a mim.  

Ando até chegar a cafeteria e entro dentro de uma fila, aguardando ser atendida para poder fazer o meu pedido. Olho em volta e vejo diversas pessoas com o rosto sonolento. Todas devem estar cansadas pelas mudanças que tiveram que fazer.  

A Selina me contou que após me salvarem e resgatarem as mulheres, Bruce e Oliver anunciaram que a cidade estava habitável novamente, pois haviam prendido todos os capangas de Blue e Pinguim e mesmo que não tenha pegado os ‘’líderes’’, os moradores poderiam retornar, pois agora é seguro.  

—Felicity? - Ouço meu nome e isto me faz sair dos meus pensamentos e retornar à realidade. 

—Oliver? 

Meus olhos encontram com o rosto dele e de repente, esqueço-me de tudo e simplesmente me pergunto: Como ele consegue ser tão bonito às seis da manhã? E agora que notei que sua barba está crescendo e isso o deixa ainda mais belo. Desço o meu olhar e avalio suas roupas. Está usando terno azul escuro e sua gravata está errada, mas isso só o ajuda a ficar ainda mais atraente. E como isso é possível? E como também é possível eu estar babando pela sua beleza sendo que já era para ter me costumado? 

Balanço a cabeça, percebendo que fiquei mais de um minuto o admirando sem dizer nada e o deixando confuso, pois suas sobrancelhas estão franzidas (e acabo de perceber que eu adoro sua expressão confusa) e falo a primeira coisa que vem em minha mente:  

—Que coincidência, Oliver! O que está fazendo aqui? - E então, vejo o quão idiota minha pergunta saiu. O que uma pessoa estaria fazendo em uma cafeteria? Duvido muito que seja para pagar conta.  

—Vim comprar o café da manhã para o time - ele me dá a resposta óbvia e ri. Eu apenas abro um sorriso tímido.  

—Eu vim comprar para as meninas... Ãhn, Oliver, você quer tomar café comigo? Aí depois nós compramos para o pessoal? - Sugestiono, empolgada. Quero ficar mais alguns minutos apreciando a vista. Ele assente e então, eu o puxo para ficar ao meu lado na fila.   

Ficamos em silêncio enquanto esperamos nossa vez, pois não podíamos falar das coisas com tantas pessoas podendo ouvir, mas para nossa sorte, os atendentes são rápidos e não demoraram para fazer nossos pedidos.  

Eu pedi uma xícara de café amargo e duas rosquinhas. Já Oliver opinou por um cappucino e uma rosquinha. Ambos saímos da fila e fomos nos sentar na mesa mais distante do pessoal, para termos privacidade.  

—Como está Laurel? - É primeira coisa que me vem à cabeça para conversarmos.  

—Está bem, Felicity. E ela está feliz por você também estar. Ela até queria te ver, mas Sara a está impedindo. Então, pediu para mim lhe dizer que compreende a razão de ter nos escondidos a verdade e que não a culpa por nada do que aconteceu – diz e bebe um pouco do seu copo.  

—De todos nós, Laurel sempre fora a mais humana – digo e ele frisa o cenho, não entendendo o que quis dizer. Mordo minha bochecha para não sorrir e trato de me explicar em vez de babar por seu rosto. - Ela sempre consegue compreender as pessoas, ver o porquê delas fazerem as coisas e não as culpa por serem desta forma. Muito pelo contrário, Laurel mostra que podemos ser aceitos, não importa como sejamos.  

—Eu também faço isso, Felicity – Oliver diz, sentindo-se ofendido.  

—Desculpe-me, Oliver, mas você é desconfiado. O que é diferente de Laurel que dá uma chance para a pessoa, mesmo que tenha feito algo terrível. Como deu uma a você e como está dando a mim.  

—Está dizendo que ela só repara nas coisas boas da pessoa, enquanto eu vejo as ruins e as boas? - Eu assinto. - Mas eu perdoei você por ter escondido a verdade mim este tempo todo.  

—Perdoou porque Selina disse que eu passei por coisas horríveis no passado. Se ela não tivesse te contado, você sentiria raiva de mim. Se eu não explicasse para você o porquê de ter mentido e o traído, nunca me daria uma segunda chance, Oliver. O que é o contrário de Laurel, que mesmo não sabendo de nada, decidiu continuar confiando em mim.  

—Felicity, eu não a perdoaria se tivesse este tempo me enganado. Usando-me para algum ato egoísta. Nunca poderia confiar em você novamente e tampouco iria querer vê-la. Mas este não é o caso. Você não estava me usando, só não conseguia dizer a verdade porque queria esquecer o passado. Como não poderia dar uma segunda chance a você? Eu amo você!  

Eu enrubesço.  

—Cala a boca, Oliver – falo, bebendo o meu café e de repente, sinto uma queimação grande na língua. - Ai, merda! Queimei minha língua!  

—Isto acontece quando se bebe algo fervendo – ele diz, rindo.  

—Não, isso acontece com outras pessoas, não comigo – declaro, colocando a língua para fora e passando o dedo nela para diminuir a dor. - Está doendo demais e isso nunca me ocorreu. A dor da queimação sempre fora suportável para mim. Não entendo.  

—Felicity, guarde sua língua, as pessoas estão olhando – Oliver pede, contendo o riso. Olho em volta e vejo que realmente as pessoas estão nos encarando. Trato de voltar a agir como uma pessoa normal. - E tem a primeira vez para tudo. Seu corpo está mais sensível por causa dos choques que levou, mas os médicos garantiram que você voltaria ao normal em semanas.  

—Sendo assim, vou esperar o meu café esfriar – empurro para o lado a xícara e decido comer as rosquinhas. - Acabei de lembrar, Oliver – termino de mastigar e continuo a dizer: - Eu fiquei mega orgulhosa por saber que você e Bruce trabalharam juntos! Estou esperando a união dos dois desde que ouvi falar do Arqueiro-verde, pois quando escutei sobre ele, só pensei na dupla incrível que seria se juntasse ao Batman!  

—Fico feliz em deixá-la orgulhosa – ele sorri gentilmente. 

—Posso experimentar seu cappucino? - Indago, como uma criança que quer um pedaço da comida do adulto. No mesmo segundo que anui, pego seu copo e bebo. - Até que é bom – opino, devolvendo-o.  

—Está tudo bem, Felicity?  - Me questiona, me fitando intensamente. De repente, sinto um calor no meu pescoço e começo a me abanar.  

—Uhum, sim, claro. Por que não estaria?  - Sei que estou agindo de maneira estranha, mas isso está longe de ser por causa do pesadelo desta noite.  

É como se ter Oliver ao meu lado me deixasse agitada, descontrolada e sem saber exatamente o fazer. Isso deve ser porque não sei como é estar apaixonada. Não sei como lidar com esse sentimento tão ingênuo.  

—Você parece um pouco agitada e pelo que sei, era para estar descansando, não acordada às seis da manhã. Aconteceu algo? - Eu hesito antes de respondê-lo, não quero mentir e tampouco esconder a verdade. Com isso, decido contar, não quero acumular mais segredos.  

—Eu tive um pesadelo. E quando acordei, não consegui voltar a dormir.  

—Foi tão ruim assim o pesadelo? - Indaga, preocupado. 

—Blue estava nele. Acho que não preciso contar o resto – dou de ombros. - Mas e você? Conseguiu dormir? 

—Comparado aos três dias que fiquei sem dormir, devo dizer que tirar algumas horas de sono me fez bem, porém, não dormi o necessário para me recuperar totalmente. Fiquei pensando em você.  

—Se quiser... - sinto-me como um idiota por sentir borboletas no meu estomago e uma ansiedade crescer no meu peito. - Se quiser nós podemos dormir juntos esta noite. Assim você não fica preocupado – desvio o olhar, por temer a resposta. Afinal, ele tem todo o direito de recusar.  

—Eu adoraria que fizemos isso – sua resposta faz com que os meus olhos tornem a olhá-lo e eu acabo abrindo um sorriso de orelha a orelha. Não só estou agindo como uma idiota como estou sendo uma. Isso acontece quando as pessoas estão apaixonadas?  - Felicity, eu não te contei, pois não era conveniente na hora, mas acredito que agora seja... Eu recuperei a empresa para mim.  

—Sério? - Pergunto, bebendo um pouco de meu café que já está morno. O vejo anuir. - Oliver, isto é fantástico! - digo assim que termino de engolir o líquido.  

—E eu vou usar a ‘’reinauguração’’ - diz, fazendo aspas com as mãos - como um evento solidário para as mulheres que Blue sequestrou. Irei oferecer auxilio psicológico, diversas vagas de empregos, mostrarei os novos projetos de segurança para todas elas na cidade. Garantido que essa situação nunca volte a se repetir.  

—Quantas mulheres foram sequestradas, Oliver? - Questiono, apertando minha xícara e tentando não demostrar a raiva que cresce em meu peito. Se eu tivesse matado Blue, se não tivesse hesitado, nenhuma delas teriam passado por isso.  

—200 mulheres, Felicity – sua voz sai com pesar e eu me preparo para a próxima pergunta, sabendo que a resposta não será agradável. 

—E quantas estão vivas? - Indago, o encarando seriamente. - E não minta para mim, pois irei descobrir de qualquer forma e eu prefiro que seja por você. 

—160 – sua resposta esmaga meu coração. Quarenta vidas perdidas. Tudo porque falhei em matar apenas uma. - Felicity, isso não é... 

—Eu posso ajudar no evento? - O corto, não quero ouvi-lo dizer que nada disto é minha culpa porque seria mentira. - Por favor.  

—É claro que sim, era isso que ia pedir a você - ele comenta, sorrindo. - Acha que consegue estar na empresa às 9h? O evento começará por volta das 12h, mas não decidi ainda o que dar de comida, bebida e uma decoração convidativa. Quero que tudo fique bonito, para mostrar às mulheres que ainda há esperança, que o pior já passou e suas vidas melhorarão - eu anuo, achando a ideia agradável.  

—Posso chamar Maggie e Selina para me ajudarem? - Oliver concorda com a cabeça. - Bem é melhor nós comprarmos o café para o pessoal e acelerarmos nossos passos para deixarmos o evento bom.  

Com minha afirmação, ambos acabamos de comer e fomos direto para a fila comprar o café da manhã para todo mundo. Enquanto esperávamos nossos pedidos, conversei sobre fazermos um almoço na empresa. Poderíamos usar a mesa de reunião e alugar uma outra para que todo mundo se sente e coma de maneira confortável. E após o almoço, começasse a explicar os projetos.  

Também indiquei que fizéssemos um tipo de convite, que poderia ser simples, mas formal e entregar as mulheres em suas casas. E Oliver concordou com a ideia.  

E então, ao pegarmos nossos pedidos, cada um foi para um lado. Eu me responsabilizei em escrever o convite e envia para gráfica e depois contratar pelo menos cinco pessoas para entregar os convites nas casas. Enquanto Oliver se responsabilizou em fazer o bife do almoço.  

Quando cheguei a casa de Bruce, tanto Selina quanto Maggie tinham acabado de acordar. Eu entreguei a elas o café da manhã e comecei a explicar as coisas que faríamos no dia. Ambas acharam a ideia de Oliver muito boa e concordaram de bom grado em me ajudar.  

Portanto, ao acabarem de tomar café, vestiram uma roupa simples e começaram a fazer as coisas. Selina foi atrás dos nomes de todas as mulheres que foram sequestradas e de seus endereços, enquanto Maggie procuro por pessoas que estivessem livres para entregar os convites. 

Eu escrevi um convite simples: 

‘’Como você, também sofri na mão do mesmo homem que a fez mal, e como você também sobrevivi ao inferno. É por isto que a convido para se encontrar comigo na empresa de Oliver Queen para termos um almoço e que eu possa te contar as coisas boas que podem acontecer na sua vida. Eu só te peço uma oportunidade te mostrar que tudo irá melhorar. Juntas somos mais fortes. 

De uma sobrevivente para outra, Felicity Smoak. 

Fui à uma gráfica e pedi para copiar o que escrevi a mão e colocar dentro de uma carta. Demorou quarenta minutos para os 160 convites ficarem prontos.  

E assim que ficaram, me encontrei com Selina e Maggie que já tinham tudo organizado. Selina entregou aos ‘’carteiros’’ que Maggie contratou o endereço de cada mulher e com isso, cada convite foi entregue. 

Com tudo pronto, nós três decidimos nos vestir adequadamente para a situação e concordo em pegar as roupas empresta de Selina que possui um guarda-roupa exclusivo para si mesma. 

—É sério isso, mana? - Rocket indaga, rindo. - Pra que tanta roupa.  

—Como é que você disse, Sel? ‘’Para que serve um noivo rico se não for para comprar várias roupas?’’ - Repito a fala que havia me dito quando contou sobre as tantas roupas que contém.  

—Exatamente – Selina concorda – Mas é claro que quando eu for embora de Starling City, eu darei as roupas embora. Isso é para evitar de ter que sair e perder tempo entrando em loja procurando por algo, fiz isso para termos mais tempo procurando por Blue e em vez de se preocupar em manter o disfarce. O bom é que não temos mais nada a escondermos, o time de Oliver sabe quem somos.  

—Vamos logo escolher algo – mando, pegando um vestido azul escuro e lembro que é esta a cor do terno de Oliver. Seria muito cafona se nós dois fôssemos com a cor igual? Ah, que se dane. - Eu vou ficar com este – afirmo, indo me vestir. - Não demorem para escolher o de vocês.  

Visto-me rápido, coloco um salto preto e prendo meu cabelo em um rabo de cavalo. Ao sair do quarto, vejo que as duas também já estão prontas. Selina usando um vestido preto, um salto da mesma cor e seu cabelo solto. Já Maggie está usando uma saia vermelha e a regata branca, o sapato é uma bota de cano curto com saltinho e um lado de seu cabelo está preso por presilhas.  

Com todas prontas, pedimos para o motorista particular de Selina nos levar à empresa e fomos no caminho conversando sobre algo tão banal que quis rir a maior parte do tempo: roupas e maquiagem.  

—Vocês não têm ideia de quanto tempo faz que não me arrumo igual hoje. Eu sempre ficava suja o tempo todo, treinando e treinando. Não havia tempo para ficar bonita. E agora eu tenho. Estou tão feliz – Maggie confessa, sorrindo alegre. 

—Nós duas vamos te mimar com tantas roupas – Selina diz e começa a rir. Eu também faço o mesmo, pois é verdade, afinal, Maggie é a nossa caçula.  

No caminho até chegar à empresa foi tranquilo e divertido. Chegamos no local em menos de vinte e me separei das meninas que decidiram ficar na entrada receber as mulheres que chegarem de maneira agradável (e elas praticamente me empurraram para longe delas, para procurar por Oliver e ambos conversarmos sozinhos) e eu não tive outra escolha a não ser ir atrás de Oliver. 

—Felicity! - Quando ele me vê, seu semblante se torna mais alegre. Um sorriso sem mostrar os dentes surge em seu rosto. - Eu preciso de você.  

—É para isto que estou aqui – declaro, colocando minhas mãos na cintura e fazendo uma pose de heroína. - O que aconteceu? 

—Eu não consigo me decidir na decoração - vejo em suas mãos dois tipos de papeis, em um papel está escrito decoração delicada, no outro está decoração verão.  

—Posso pegá-los? - Peço, curiosa para ler. Ele assente e me entrega. Avalio as duas opções e por fim, decido: - Acredito que decoração de primavera será melhor.  

—Você é quem lidera aqui, Felicity – seu comentário me faz rir. Oliver chama um rapaz até nós e entrega o papel com a decoração que escolhemos. O jovem anui e diz que em algumas horas tudo estará pronto. - Então, agora tudo está certo e só temos que deixar todo mundo trabalhando.  

—Para que as coisas ficaram corridas aqui – digo, parando em sua frente e arrumando sua gravata. - Que esqueceu de ajeitar isto daqui.  

—Obrigado – ele pega minha mão e a beija. Sinto as borboletas em meu estomago se revirarem.  - E desculpe por não a dizer quando a vi, mas irei falar agora. Você está linda, Felicity – e então ele entrelaça nossas mãos.  

—E você como sempre continua belo – expresso a verdade, desviando o olhar.  

—Felicity, eu queria sab... - Oliver não termina sua frase, pois um jovem se aproxima dele e murmura algo em seu ouvido. - Eu tenho que conferir o bife. Posso deixar a responsabilidade da decoração com você? Não querendo abusar sua ajuda.  

—Claro que pode, vai lá - o deixo partir.  

Decido focar no evento e aconselho os jovens que estão montando a decoração de primavera. Em uma hora, tudo ficou pronto. Diversos vasos de flores são deixados ao chão e um tapete de rosas é criado na entrada. O aroma das flores é simplesmente maravilhoso e há uma música serena tocando de fundo. Já na onde haverá o almoço, nas duas mesas foram coladas toalhas com desenho de passarinho para borda. E nas paredes de vidro, colaram quadros de árvores e céu. 

A decoração ficou do jeito que eu queria: simplicidade e conforto. Se tivesse escolhido algo caro e ousado, nenhuma das mulheres se sentiriam bem com isso. Elas precisam de algo que traga paz e segurança e a natureza (ou parte dela) já é algo que possa ajudar, pois as coisas mais bonitas da vida não podem ser compradas ou forçadas. Tudo tem que ser natural.  

Com a minha parte pronta, decido me juntar a Sweet Pea e Rocket que já estão na entrada recepcionando três mulheres. As observo e vejo que elas possuem marcas no pescoço e no rosto, até tentaram esconder com a maquiagem, mas não é tão fácil esconder algo que é bem recente.  

As cumprimento e me apresento com Felicity Smoak. Nas três novas mulheres percebo que todas estão acuadas, nervosas e até mesmo ressentidas. Tanto eu quanto Sweet Pea e Rocket tentamos abrir uma conversa normal e confortável, explicando a razão deste evento.  

Após meia hora, diversas mulheres já haviam chegado. Nós contratamos para o evento garçonetes em vez de garçons, pois sabemos como é complicado encarar um homem novamente sem ter medo de que ele faça algum mal.  

E então, Oliver aparece no hall da empresa e vejo em seu olhar preocupação. Provavelmente se preocupando em não assustar as mulheres e tentas deixá-las o mais confortável possível.  

—Moças - chamo a atenção de todas. - O anfitrião da festa decidiu aparecer – brinco para deixar o clima tranquilo - Eu apresento a vocês Oliver Jonas Queen.  

—Obrigada, senhorita Smoak – ele agradece. - Bom, eu gostaria de pedir para me seguirem, pois o almoço já está pronto. E em seguida, como minha secretária deve ter explicado, começáramos de fato o propósito deste evento.  

Todas as mulheres concordaram e não se sentiram intimidadas com a presença de Oliver. Eu sinto vontade de ir até ele e beijá-lo, mostrar para todas que Oliver não faria mal a ninguém. Que com ele, a segurança é garantida. No entanto, não faço nada disso. Apenas o sigo, como todas começam a seguir.  

Muitas admiram a decoração do local, comentam baixinho uma com a outra sobre algo. E então percebo que todas elas devem ter feito uma conexão, como eu, Sweet Pea e Rocket. Claro que preferia criar um laço de amizade em outro lugar em vez de uma casa de prostituição, mas mesmo assim, não arrependo de tê-las conhecido. 

Para minha felicidade, todas as 160 mulheres vieram. Cada uma sento em seu devido lugar, enquanto eu, Oliver, Sweet Pea e Rocket continuamos em pé.  

Os pratos já estavam servidos e elas começaram a comer. Apenas quando tivemos certeza de que todas acabaram, o que demorou apenas vinte minutos, Oliver tornou a falar e explicar os projetos.  

Primeiro ele falou dos tratamentos psicológicos que serão oferecidos pela empresa gratuitamente. Depois disse das vagas de emprego que estão disponíveis e que se interessassem eram para falar comigo. E então, terminou com a segurança. Com o fato de que haverá em cada esquina ao menos uma viatura da polícia de sua confiança. E que em cada prédio terá um guarda fiscalizando todo momento se seus moradores estão bem.  

No meio do evento, Bruce compareceu e ficou ao lado de Selina.  

—Vocês foram sequestradas, mantidas presas e obrigadas a fazer coisas que não queriam. Tudo isto aconteceu porque os sequestradores pensaram que eram vítimas fáceis e que ninguém perceberia o desaparecimento. Acontece que eles estavam errados. Vocês são fortes e importantes para alguém. Eu notei o sumiço de vocês e só parei de procurar quando as encontrei. Então, confiem em mim, certificarei que nunca mais algo assim aconteça. Nenhuma outra mulher sofrerá o que vocês sofreram – ele finaliza.  

As mulheres batem palmas. Poucas delas interromperam Oliver para questionar sobre os projetos. Mas no final, todas aprovaram as ideias.  

Enquanto elas se inscreviam para receber o tratamento psicológico, eu fui ao lado de Oliver e Bruce que conversavam. 

—Se precisar de alguma ajuda, Gotham City estará à disposição para isto e minha empresa também - Bruce se oferece nobremente.  

—Como sempre tão cavalheiro... - cantarolo, entrando na conversa.  

—Ah, garota, vai encher o saco de outro – ele me puxa para um abraço de urso e eu acabo rindo. - Fico feliz que esteja bem. 

—Eu vou ficar melhor se você parar de me esmagar com os seus músculos definidos - pirraço apenas para o meu divertimento. - Acho que ouvi a Selina te chamar.  

—Se você queria ficar a sós com Oliver, era só ter me dito – me provoca de volta. 

Eu mostro a língua para ele como uma criança. E quando paro, viro-me de frente para Oliver que está me observando profundamente. 

—O que foi? - Indago, franzindo o cenho.  

—Nada demais. É que eu apenas estou curioso. Você e Bruce já se envolveram, não é? - Eu assinto, não entendo onde quer chegar. - E por que terminaram? Quer dizer, eu gostaria de saber o motivo real. Se puder dizer é claro.  

—Eu respondo esta pergunta depois – falo isto porque vejo Diggle surgir do nada e vir até nós, correndo e eufórico. Algo aconteceu.  

—Oliver e Felicity – Digg para e respira profundamente. - O time precisa de vocês. 

—O que houve? - Questiona Oliver, com o queixo rígido.  

—Nós localizamos o Pinguim – e sua resposta me faz retornar ao meu desejo mais profundo: Matar Blue.  

—E por que não o pegaram? - Oliver pergunta, baixo.  

—A polícia tentou, mas houve uma troca de tiroteio e todos estão feridos. Ainda há bastante homem com Pinguim. E é por isso que precisamos de você, já que Roy e Laurel estão indispostos – explica rapidamente.  

Subitamente, Rocket, Sweet Pea e Bruce se aproximam, provavelmente perceberam que o que estamos falando é um assunto sério.  

—Eu posso ajudá-los – Bruce se pronuncia.  

—Eu também - Rocket diz, confiante.  

—Vão vocês quatro, eu e Felicity terminamos o evento – Selina declara. Todos assentem e eu me contenho para não a contrariar. Não queria ficar aqui. Queria ir até Pinguim e ver se Blue está com ele.  

No entanto, me limito a dizer:  

—Tomem cuidado – e os vejo irem.  


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