O Passado Sempre Volta escrita por yElisapl


Capítulo 33
Capítulo 32: Há Algo de Errado.


Notas iniciais do capítulo

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Quatro anos atrás:  

Depois de Selina e Bruce salvarem as mulheres, nós três fomos para Gotham City, onde ambos estão morando. No caminho, que durou três horas, eu pude reparar olhares de preocupação entre os dois em relação a mim. 

Quando o batmóvel foi estacionado, eu pulei para fora do carro e fiquei parada, respirando devagar e observando a batcaverna. Afinal, fizera muito tempo que não a virá. Muitas coisas desde que sai daqui aconteceram. E aparentemente, para Bruce também.  

— Babydoll, eu acho que é melhor você subir e tomar um banho, tirar esta roupa suja de sangue – Swee Pea aconselha e eu assinto. – Sabe onde fica, certo? 

— Se nada mudou, sei sim – sorrio. – Você me deixa uma peça de roupa para mim? 

— Claro – com sua afirmação, começo a caminhar para ir em direção ao elevador. Apenas quando as portas dele estavam sendo fechadas que ouço Sweet dizer: - Acho que há algo de errado com Felicity. 

Não posso ouvir mais nada, pois vou rapidamente para o andar de cima. No entanto, não consigo ignorar seu comentário.  

É claro que há algo de errado comigo, porém, sempre existiu. Meu pai vivia afirmando isto, enquanto minha mãe apenas dizia que havia algo de diferente em mim e que isso era bom. Em partes, ela está certa, há algo diferente em mim, só que não é algo bom.  

E infelizmente, não tem como consertar o que está errado comigo. Principalmente agora que tudo em mim é quebrado. Talvez houvesse alguma chance de me arrumar quando eu ainda morava com meus pais. Mas, depois de tudo que passei, tenho sorte em ainda conseguir viver.  

Vou para o banheiro e ligo o chuveiro, permitindo-me ficar muito tempo em baixo dele. Apenas saio quando meus dedos enrugam e nisto, minha roupa já está colocada do lado de fora da porta.  

Eu a pego e a visto. Uma camisa e uma calça larga. Estas roupas são totalmente femininas e do tamanho de Selina. Isto significa que pertence a ela.  

Saio do banheiro e vou à cozinha, pois sinto fome. Nela encontro Alfred e instantaneamente, sorrio. Mesmo que por dentro, sinta certa preocupação. Ele pode me odiar pelo que fiz a Bruce.  

— Senhorita Smoak! – Ele cumprimenta, abrindo um sorriso. Com isto, o meu coração se acalma. – Senti sua falta! E não tem ideia do quão preocupado fiquei quando a jovem Selina apareceu aqui dizendo que precisava de ajuda para salvá-la! 

— Ah, Alfred, eu também senti sua falta! – Deixo-me emocionar, afinal, ele era um dos poucos homens que não me feriram. No caso, ele é o segundo homem que não me fizera mal, pois o primeiro fora Bruce.  

— Sente-se, querida! – Pede, puxando uma cadeira para eu sentar. – Irei servi-la agora mesmo. Logo mais, o Patrão Bruce e a senhorita Selina chegarão para se juntar a nós.  

— E como os dois estão? – Indago, sabendo que ele me contara algo que talvez ambos tentem esconder.  

— Eles passaram os três meses procurando pela senhorita, então, estavam muito preocupados e focados. Mas acredito que como tudo acabou, eles possam ter tempo para si mesmos e colocarem as cartas na mesa – suas palavras me fazem uma certa confusão e quando pretendo perguntar o que quer dizer com isso, Bruce e Selina entram na cozinha. 

— Como está se sentindo, Felicity? – Bruce vem até mim e, repentinamente, me abraça. – Caramba, garota, você realmente me deixou preocupado. Não tem ideia de como fiquei ao saber do que houve com você. 

— Me desculpe, Bruce – suspiro, me sentindo culpada. – Nunca fora minha intenção deixá-lo deste jeito.  

— Isso não importa mais, porque o que importa é que você está bem – ele afirma, se afastando do abraço. – Agora é melhor se alimentar. E aproveitaremos para conversarmos.  

— Isto é por você ter me feito fugir sem você e ter te abandonado – Selina abruptamente me dá um soco no braço. – E isto é por você ter me salvado e ter me libertado – e então ela me puxa para um abraço apertado. E não consigo deixar de apertá-la também. – Nunca mais faça isso, Babydoll. Nunca mais me obrigue a te deixar, eu pensei que não iria encontrá-la, que não a veria outra vez. Eu só tenho você agora.  

— Está tudo bem, nós estamos juntas de novo – dou uma risada, quem diria que seria de Selina que me apegaria tanto, justo a garota que me tratou mal na primeira vez que nos conhecemos. – E além do mais, você tem a Bruce e Alfred também.  

— Exatamente, senhorita Smoak, a senhorita Selina também tem a nós – Alfred concorda, servindo os pratos para cada um. – Sempre estarei aqui para preparar uma ótima refeição e para também conversar. 

— Cada vez que passa o tempo, mais sozinho você parece se sentir, Alfie – Bruce comenta, pirraçando.  

— Fala isto de mim, Patrão, mas sabe que futuramente você precisara de alguém, pois não terá para sempre minha companhia. Estou apenas me certificando que quando eu o deixar, você terá alguma pessoa para contar. Neste caso, estou garantindo as duas senhoritas. Será bom tê-las por perto. Mesmo que uma delas escolheu partir e nos deixou sem uma explicação muito boa – os olhos dele vão em minha direção.  

— Desculpa, Bruce. Desculpa, Alfred. Mas se eu não tivesse os deixado, eu estaria em um lugar seguro, enquanto as pessoas que me importavam estavam sendo torturadas e presas – lamento, pegando a colher para comer o arroz com carne. – Se tivesse que fazer isso de novo para poder salvá-las, eu faria.  

— Eu acho que este assunto está ficando melancólico. Acredito que seja melhor nós falarmos de algo diferente. Como por exemplo, eu aprendi a lutar, Babydoll! – Com a empolgação que Selina diz, eu acabo rindo e achando a coisa mais linda.  

—Sério? Com Bruce? – Inquiro, tentando saber mais. 

— Não exatamente. Esse idiota aí ficou me enrolando, então, pratiquei nas ruas de Gotham e fui em algumas aulas de academia – os olhos de Selina se encontram com o de Bruce e um sorriso discreto surge em seus lábios, eu percebo que algo está acontecendo entre os dois.  

E de repente, uma sensação que me causa tristeza bate em meu peito: Mesmo eu estando segura e com pessoas que amo, isto não é suficiente para mim. Em minha cabeça, só consigo pensar por quanto tempo durara esta pequena alegria. Afinal, Blue ainda está livre. Não posso viver pensando que a qualquer momento ele virá e irá me prender novamente. Eu preciso encontrá-lo primeiro.  

Atualmente:  

Não consigo reagir diante do que está aos meus olhos: Rocket. Viva e não uma ilusão que minha mente criara para poder sobreviver à escuridão.  

Com esta vantagem, ela me derruba e começa a desferir diversos socos em meu rosto. E eu não faço nada para pará-la. Por que faria? Ela tem razão. Eu sou uma assassina e a deixei nas mãos de Blue durante anos, enquanto achava que tinha morrido. Sua raiva é justa. Sua vingança mais ainda. 

—Reaja! - De repente, ela para de me bater e me ordena fazer algo. - Realmente vai desistir? O que houve? A culpa finalmente lhe acertou? 

Antes de respondê-la, eu cuspo o sangue que está em minha boca no chão.  

—Eu sinto muito, Rocket – minha voz sai sofrida e as palavras doloridas. - Você pode fazer o que quiser comigo. Eu mereço. Vá em frente e me mate.  

—Não vou matá-la, Felicity! - Ela me dá um último soco, deixando-me com a visão turva. - Mas você irá desejar ter morrido por minhas mãos - e com isto, desmaio.  

Quando retorno a acordar, minhas mãos e pés estão amarrados em uma cadeira. Observo o local, nas paredes há piso branco, em um lado, uma mesa cheia de utensílios médico e do outro, uma máquina ligada à tomada. 

Minha mente pensa rápido: será aqui que irei ser torturada. Provavelmente é a isto que Rocket se referia sobre eu desejar morrer por ela. Afinal, uma morte lenta pode ser melhor do que ser torturada por dias, semanas ou meses.  

De repente, o som da porta se abrindo ecoa pelo local que até então só dava para ouvir minha respiração descompassada.  

—Você deve ser a bonequinha de Blue! - Um homem esguio, pele clara demais e óculos redondos afirma isto, empolgado. - Eu sou aquele que Pinguim disse que fara uma experiência em você e aquele que deve temer. Quem eu sou? 

—Nygma? - Inquiro, com a expressão confusa. 

—Exatamente! - Ele ri e bate palmas. - Bom é melhor nós começarmos com os nossos testes. Aliás, Blue e Pinguim explicaram como vai funcionar? 

—Não - respondo, preparando-me para alfinetá-lo. - Deve ser porque nem eles te entenderam de tão esquisito que você é.  

—Que ousada! - Exclama, indo até a máquina e pegando de trás dela algo. Quando consigo enxergar o que é o objeto, mais confusa fico. - Sabe o que é isso? É claro que você não sabe! Isto será deixado aqui – ele tenta colocar em minha cabeça, mas eu a mexo sem parar. - Você não vai ficar quieta. Tudo bem! Eu tenho um jeito de domá-la – o vejo deixar o objeto que está interligado em vários fios em cima da máquina e em seguida, ele pega uma seringa.  

Desta vez, não consigo fazer nada porque é aplicada em meu braço que está preso na cadeira. No segundo seguinte, meu corpo simplesmente amolece e minha cabeça cai. No entanto, Nygma a levanta e deixa inclinada para cima. 

—Eu irei matá-lo! - Ameaço, sem poder mover nada, apenas a boca.  

—Sou a coisa que o ser humano mais odeia e que sempre acaba fazendo. O que eu sou? - Ele indaga, animado e colocando em minha cabeça o objeto que tem o formato de um capacete e está conectado aos fios da máquina ao meu lado. - Sem nenhuma resposta? Tudo bem, eu respondo esta por você. Eu sou a falha. Nenhum humano gosta de falhar, mas sempre falha. E é isto que acontecerá. Você falhará em me matar, porque quando eu acabar aqui, não restará nada de sua personalidade. Só uma bonequinha.  

E então, Nygma aperta um botão na máquina e no mesmo instante, uma dor agoniante começa em minha cabeça. Eu grito de dor. Uma dor que de fato não havia sentido em muito tempo, não com apenas um objeto em minha cabeça. Esta dor pode ser comparada quando fui esfaqueada na barriga e minhas costas por James. Contudo, em outro segundo, a dor para. 

—Funcionará da seguinte maneira a nossa experiência: Eu te dou choque em sua cabecinha e quando parar, você irá falar quem é. Diga-me, quem você é?  

—Vá se ferrar! - Respondo, cuspindo em seu rosto.  

—Resposta errada – ele liga na mesma hora a máquina e a dor agoniante retorna. - Você é Babydoll, boneca de Blue Jones. Ele manda em você. 

Ficamos uma inteira neste ciclo. Nygma parava a dor e me perguntava quem eu era, minha respostava não saia de como ele queria e então a tortura recomeçava. Mas, para meu alivio, demos um parada porque Blue e Pinguim queriam saber como estava o processo e quais eram as chances de dar certo.  

Nisto, estou sozinha na sala. Com o capacete conectado aos fios em minha cabeça e torcendo para que Nygma demore a voltar, pois não sei por quanto tempo aguentarei esta dor. É como ir ao passado e passar novamente pelas torturas que sofrera com Blue e meu pai.  

Minha cabeça que até o momento se encontra abaixada é levantada e minha visão fica preenchida pelo rosto de Rocket perto de mim.  

—Você se lembra do que fez? - É a única coisa que pergunta.  

—Do que fiz? Sim, me lembro. Como poderia esquecer que te abandonei? - Falo, com a cabeça ainda confusa.  

—A experiência funcionara e em breve não se lembrara de nada – ela solta minha cabeça e então, me acerta um soco. - Por isto preciso fazê-la sofrer ainda mais – outro soco é depositado, só que desta vez acerta na minha barriga. - Isto é por ter abandonado a mim e as meninas – e mais outro no estômago. - Este é pela morte de Blondie – ela pega uma faca e faz um corte lentamente em meu braço - E pela morte de minha irmã - os cortes não param. - Você não sente arrependimento? Por ter me traído? Eu confiei em você, mesmo quando minha irmã a odiava. E depois ela acreditou em você e como resposta nos abandonou para morrer!  

Suas palavras me soam confusas. As coisas que Rocket diz não me fazem sentindo e tento procurar alguma explicação para isto, mas minha cabeça dói e não consegue raciocinar direito graças aos choques que recebeu.  

—Eu esperei todos esses anos para podê-la encontrá-la, para poder vingar a morte de Blondie e Sweet Pea. Eu fui a única que viveu, Babydoll. Quando nos abandonou, chegou a pensar que eu poderia viver? Que passaria anos e anos sendo torturada e treinada para poder acabar com você? Quando Blue disse que me ensinaria golpes de luta para que assim eu vingasse a minha perca, não hesitei em aceitar e enfim está tendo o que merece!  

—Do que está falando, Rocket? - Inquiro, finalmente percebendo o que está acontecendo aqui. - Anos para poder vingar a morte de Selina? Como isto é possível se ela morreu agora?  

—O que você disse? - Ela para de me cortar e foca seu olhar para mim. - O que quer dizer com ela morreu agora?  

—Blue a matou no momento que conseguiu me prender! - Digo, séria. - Selina, sua irmã, esteve viva estes anos todos. Por que pensara que ela havia morrido? 

—Não, você está mentindo. Ela morreu juntamente com Blondie. Blue me disse que acertou o tiro nas duas porque vocês todas tentaram fugir e ele não conseguiu pegar você, pois deixou ambas para trás, para ganhar tempo e escapar!  

—Quem está mentindo nesta história e Blue! Sweet Pea esteve viva esses anos todos, ela até mesmo ia se casar neste ano com Bruce Wayne, o homem que você lutou contra, quando pegou Sammy – tento explicar. - Blue fez você se focar apenas em mim para que não soubesse de sua irmã. Mas se não acredita em mim, use alguma internet e procure pelo nome Selina Kyle e vera várias informações dela, principalmente ao lado de Bruce! - Peço, olhando-a intensamente.  

—Senhorita Rocket, o que pensa que está fazendo aqui? - Nygma surge e ela para de me olhar. - Anda, saia daqui, pois preciso terminar meu experimento.  

—Claro – apenas diz isso e simplesmente sai, me deixando apenas com a esperança de que ela irá procurar e ver que estou dizendo a verdade. Só não sei quando irá fazer isto e talvez, quando descobrir seja tarde para mim.  

—Vamos retornar à nossa diversão, Babydoll! - Ele declara e apenas confere se o instrumento ainda está conectado perfeitamente em minha cabeça.  

Ao terminar de conferir, liga a máquina e a onda de dor recomeça, impedindo que qualquer pensamento venha em minha mente.  

O processo continuo igual. No entanto, após a quinquagésima vez que a máquina é desliga, já não consigo mais responder sua pergunta.  

—Diga-me quem você é - pede e nada sai de minha garganta. Estou fraca. Minha visão está turva e sinto meu coração palpitar lentamente. - Anda! Diga-me! - Ele me chacoalha e minha cabeça apenas cai. Já faz minutos que o sedativo parou de funcionar, era para mim estar conseguindo mexer meu corpo, mas não tenho forças. A única coisa que consigo sentir é sangue escorrer de minha cabeça.  

—N-n-não a..guen..to... ma..is - sussurro sofridamente.  

—Estamos perto de obter o resultado! - Ele ri e quando está prestes a aperta o botão, uma pessoa entra no comodo.  

—Ei, Nygma - Ouço alguém dizer, mas não sei quem é - Fique longe dela – escuto um som de luta e após segundos, sinto as amarras de meus braços e pernas se desfazerem e o instrumento sair da minha cabeça – Você consegue andar? - Inquira para mim e tenta me tirar da cadeira e com isso, a única resposta que dou é caindo no chão. Não consigo nem me manter em pé. - Merda! Não da para tirar você daqui se não conseguir fazer nada.  

Pisco diversas vezes, tentando recuperar minha visão. De princípio, vejo cabelos loiros e meu coração que até então batia lentamente se acelera. 

—Oliver? - Indago, tentando enxergar melhor. Nenhuma resposta e eu sou apenas arrastada para fora do local. Como ele poderia ter me encontrado? Não, isso não é importante. O que importa é que ele não me odeia, que me encontrou e vai me salvar. Que ainda me ama.  

—O que está acontecendo aqui? - Uma voz masculina pergunta, fazendo nós pararmos.  

—Nygma pediu para mostrá-la a Blue – o timbre que sai não é nada parecido com o de Oliver. Forço minha visão ao máximo e então vejo quem realmente está me arrastando: Rocket. - Saia do nosso caminho, caso o contrário, irei informá-lo de que me atrapalhou e será castigado!  

O homem não insistiu e até mesmo caminhou para outro lado, permitindo que nós continuemos andando para fora. 

—Ro...cket - murmuro, fraca. - O que está fazendo? 

—Te salvando – ela responde, baixinho. - Agora continue quieta e finja que está desmaiada, assim acharão que estou levando-a para Blue.  

—Então você pesquisou – falo, permitindo-me sentir uma pequena alegria.  

—Não é você quem merece ser torturada. Blue é o verdadeiro culpado. Ele me enganou durante anos e matou Selina. Eu vi as fotos dela. Ela parecia bem e feliz. E ele retirou tudo dela. Então, eu irei tomar tudo dele. Começando em te tirar daqui. 

Decido não falar mais nada, para que não sejamos pegas. Mantenho minha cabeça abaixa e os olhos fechados, procurando forças para caso seja necessário.  

Sou arrastada por mais minutos e ninguém nos para. Quase consigo acreditar que vamos sair sem problemas nenhum, no entanto, se isso acontecesse, não seria eu, pois nunca teria esta sorte. 

—O que pensa que está fazendo, Eiggam? - Sons de passos correndo ecoam pelo local. E Blue é o dono da pergunta. - Não pensou que realmente iria tirar Babydoll de mim, não é? - Seu tom de voz é simplesmente ameaçador e, estranhamente, sinto o corpo de Rocket enrijecer. 

Anos de tortura e treinamento, relembro do que ela falara para mim. Ela passou este tempo todo seguindo ordem de Blue, foi torturada para ser submissa dele, ser a arma dele. Com isso, não acredito ser fácil superar e se rebelar contra ele sem ter medo.  

—Está tudo bem, Eiggam. Eu não estou furioso, estou apenas bravo e há uma diferença. Eu posso perdoá-la, desde que é claro, receba a devida punição pelo que tentou fazer e depois disso, podemos voltar com a nossa relação de obediência. A única coisa que precisa fazer é devolver Babydoll para mim – desta vez, ele fala de maneira mais controlada e até mesmo suave, tentando enganá-la.  

—EU NUNCA MAIS VOU TE OBEDECER, BLUE JONES! - Ela berra, ferozmente. Nisto, ela abre a porta e começa a correr comigo, ou ao menos tentar, pois meus passos são mais lentos que o dela e sempre acabo tropeçando.  

—Não vamos conseguir – arfo, desanimada.  

—Nós temos uma vantagem de distância - responde, ignorando meu pessimismo. 

—E eles tem carro, vários homens e diversas armas. Ao contrário da gente que estamos de a pé, em duas e desarmadas.  

Nós ainda estamos no território de Blue e eu já consigo saber onde é o esconderijo que manterá as mulheres. Elas estiveram o tempo todo presas em um orfanato abandonado. Ninguém nunca verificou este local porque já não está mais nos registro há décadas.  

—Não estou desarmada – Rocket diz, concentrada em manter o passo. Olho para trás e vejo que há alguns homens correndo atrás de nós.  

A vantagem de distância que tínhamos não é suficiente, pois eles não estão correndo com alguém que não aguenta acompanhar a velocidade.  

Eu sou apenas um peso para Rocket.  

Então, de maneira dolorida, paro de me apoiar nela e também de tentar correr. 

—O que está fazendo? - Ela inquira, irritada. - Temos que continuar! 

—Não, apenas você que tem! - Respondo, com falta de ar. - Nós duas não conseguiremos ir longe, não comigo assim. Você precisa ir. Precisa encontrar Bruce Wayne e Oliver Queen. Diga a eles onde estão as mulheres.  

—Se eu a deixar, Blue irá finalizar a experiência - declara, com certeza.  

—Eu não me importo. Minha vida por várias. É isto que Oliver queria - sinto uma pontada de dor, mas não física, apenas emocional. - E é isto que quero. Por favor, vá embora e corra o mais rápido que conseguir. Temos que salvar as mulheres. Temos que acabar com este ciclo. Acabar com Blue.  

—Não sei se conseguirei fazer isso – desta vez, a escuto choramingar.  

—Você consegue, eu confio em você e Selina sempre confiou. Não nos dececione - Aperto sua mão levemente – Agora vá, Rocket. E seja um verdadeiro foguete! Exploda tudo e principalmente a Blue.   

—Eu irei – ela afirma e com isso, retorna a correr, com mais velocidade, pois não precisa mais arrastar a mim.  

Não tenho dúvidas de que conseguirá encontrar Bruce e Oliver. Não tenho dúvidas de que salvara as mulheres.  

No entanto, eu duvido se ainda serei a mesma para poder vivenciar a queda de Blue.  


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