O Passado Sempre Volta escrita por yElisapl


Capítulo 32
Capítulo 31: Presa Novamente


Notas iniciais do capítulo

Vocês são incríveis! :3



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Cinco anos atrás:  

Eu tive que ser operada por causa da facada no estomago. Tive que aguentar dois meses de dor e remédios, pois a operação teve complicações. Mas graças ao ferimento, ninguém ousou tocar em mim, nem mesmo Blue. Ele estava preocupado com minha recuperação e com isso não tentava nada.  

E nunca me senti tão feliz por ter estado tão perto da morte, porque com ela, pude ter um gosto de felicidade, afinal, passava o dia inteiro deitada na cama, com a companhia de minhas amigas e apenas criando um monte de ideias de torturas que posso fazer no homem loiro que se chama James.  

Agora, após tantas semanas, posso me levantar da cama e fazer movimentos bruscos. Posso enfim realizar minha vingança - não em quem realmente desejo, mas serve apenas soltar minha fúria no homem que quase causou minha morte.  

—Bom dia, Babydoll! - Blue saúda, entrando no quarto que criara para mim meses atrás e junto com ele, traz uma bandeja com alimentos. - Trouxe seus favoritos, já que hoje é dia em que ganha alta – ele brinca, empolgado.  

—Hoje é o dia que eu vou torturar James – falo, não dando a mínima para o que falara um segundo atrás. - E tenho tantas ideias, então, vou realmente precisar de proteínas para o dia inteiro.  

—Você realmente o odeia – o meu ódio não chega perto do que sinto por você, o respondo mentalmente. - Mas eu te entendo, afinal, também sinto este desejo por culpa do que tentou fazer a você. No entanto, não me vingarei, visto que é você quem merece esta vingança acontecendo.  

—Obrigada - agradeço, secamente.  

Desde que acordei após a operação, Blue fez questão de explicar como funcionaria nossa relação: Ele me teria e em troca disto, eu não seria espancada e nem passaria fome. Como acréscimos, se eu fosse educada e gentil, poderia torturar algum homem seu, apenas para o meu divertimento, apenas para não me entediar. E apenas para não me sufocar, concordei com sua ideia, pois ao torturar alguém, tenho certeza de que criarei ainda mais motivações para me manter viva: Aniquilar a existência de Blue Jones. Custe o que custar. Se sou o preço, eu o pago.  

—Agora coma – Blue me entrega o café da manhã - Infelizmente não posso ficar para acompanhá-la, tenho alguns negócios para resolver, mas não se preocupe, daqui meia hora Spencer a levará até James para satisfazer seu desejo vingativo. E quando terminar seu afazer, o que acredito que será tarde, eu estarei em seu quarto para poder enfim tê-la como o combinado.  

—Que negócios você tem que resolver? - Ignoro todo o resto, pois Blue sempre tomou café comigo, sendo assim, algo grande está acontecendo para que ele não fique comigo, visto que estava sendo sua prioridade.  

—Nada demais. Não se preocupe – ele avança em minha direção e beija meus lábios. Controlo-me para não fugir, para esconder o nojo que sinto quando me toca e para não pular em cima dele e tentar matá-lo. - Nós vemos mais tarde – diz, após me beijar e então, o vejo sair do quarto.  

Suspiro aliviada.  

—Ainda o acho cego – Rocket surge, pulando para se sentar em minha cama.  

—Isto ajudara futuramente – Amber diz, confiante, sentando-se na cadeira a minha frente. - Você está melhor a cada dia. E chegará um momento em que poderá matá-lo e ver o brilho dos olhos dele sumirem. 

—Mas por hora, vamos focar em manter a nossa garota saudável – Blondie acrescenta, pegando de minha bandeja um pedaço do pão - Eu estou faminta igual a você - eu apenas dou risada.  

Me alimentei rapidamente e assim que acabei, fui direto para o banheiro e tomei um banho rápido. Vesti uma camisa e um short que Blue comprara para mim. Ao estar pronta, escuto batidas na porta. No mesmo instante, uma voz grossa pergunta: 

—Babydoll, a senhorita está pronta? - Este deve ser Spencer, o homem que Blue falara que iria me levar até James.  

—Sim – respondo. Com minha resposta, ele destranca a porta e me dá passagem para sair. - Para onde vamos?  

—Ele está na sala de punição, pois Blue achou que seria conveniente ele morrer no lugar em que tentou te matar – desta vez, eu sorrio, mas não falsamente. Meu sorriso acha graça da ironia que Blue causou a James. - Vá na frente.  

Não hesito em fazer o que ele indica. Começo a andar e apenas o observo me seguir. Nós demoramos apenas alguns segundos para chegar a sala de punição, porque pelo que parece, ela próxima ao meu quarto. A distância é de um corredor. 

Ao chegarmos, Spencer toma a frente e abre a porta. Nisto, tenho visão de James. Seus braços estão amarrados, seu corpo praticamente caído, provavelmente implorando para deitar. Será que esteve esse tempo todo nesta posição? Este pensamento me causa uma animação.  

—Estas são as ferramentas que poderá usar – Spencer diz, apontando para uma mesa que possui vários objetos cortantes. - Eu ficarei do outro lado da porta, aguardando-a. Quando terminar, você simplesmente bate na porta e eu a abrirei.  

—Certo – com minha concordância, ele sai da sala de punição. Volto o meu olhar para minha vítima - Olá, James! - Abro um enorme sorriso maléfico. O loiro apenas se limita a me olhar com uma expressão de raiva.  

Eu caminho até a mesa e escolho a minha primeira ferramenta a usar, pois pretendo utilizar todas que estão à minha disposição. Pego um alicate e acabo rindo. É com este objeto que irei começar.  

Vou até James, passo o alicate em seu rosto pálido, provavelmente porque não deve estar sendo bem alimentado. Ele está exatamente como eu ficava nesta sala: Faminta, fedida e derrotada.  

—Diga-me, quantos dedos quer perder? - peço, sorrindo.  

—Vá se ferrar, sua puta – responde, furioso, até tenta me chutar, mas não tem força para levantar sua perna.  

—Sua frase tem cinco letras, então, serão cincos dedos! - Exclamo, alegre. No mesmo instante, aperto o alicate em um dedo e conforme o escuto gritar de dor, eu continuo a forçar, até que em um momento, o pedaço de seu dedo cai. - Olha só que coisinha fofa! - Pego o pedaço e mostro para James.  

—Você é pior que Blue, sua vagabunda! - Ele berra e com sua boca aberta, eu coloco a metade de seu dedo nela e em seguida o forço a fechar.  

—O gosto é bom? - Inquiro, rindo. Depois de alguns segundos, o permito abrir a boca, ele tenta acertar o pedaço em mim, mas sou rápida para desviar. - Ahh, mas que menino maldoso! Deve ter um castigo pela malcriação! - Decido retirar os outros dedos mais tarde.  

Caminho de volta para a mesa e deixo o alicate nela. Olho para minha camisa e vejo que há sangue nela. Dou risada. Estou me sentindo alegre. Bem.  

Obtenho em minhas mãos uma outra ferramenta. Uma tesoura gigante, daquelas que serve para fazer jardinagem. E novamente, início minha série de torturas.  

Após uma hora o torturando, no meio dos gritos de James, eu ouço um som estranho que vem do lado de fora. Curiosa, bato na porta e espero que Spencer abra para mim, para eu ver o que está havendo.  

Demorou dois segundos para que o rosto dele surgisse na minha frente.  

—O que está acontecendo? – Questiono inquieta. 

—Pelo que parece, são dois idiotas brigando entre si – ele responde, rapidamente. Rápido demais para o meu gosto. De repente, um som de tiro ecoa pelo local. O olhar de Spencer foca-se para o outro lado e graças a isto, vejo uma oportunidade.  

Sem hesitar, dou um soco forte no nariz dele, o vejo colocar as mãos automaticamente por causa da dor e com isto, pulo para cima dele. Envolvo minhas pernas em seu pescoço e começo a sufocá-lo. Ele soca as minhas pernas, mas sua força não é suficiente para me fazer parar, nem mesmo sua tentativa de bater minhas costas na parede. Após três minutos, eu consigo apagá-lo.  

Mais sons de tiro. Algo está acontecendo. Algo que não é apenas uma briga entre dois idiotas. Preciso agir. Esta pode ser minha oportunidade de fugir. Aproveitar a estupidez deles.  

Retorno para dentro da sala de punição, pego a faca que está em cima da mesa e com mancha de sangue.  

—Aonde pensa que vai, vadia? - James inquira, abrindo um sorriso, os poucos dentes que sobraram dele estão ensanguentados. - Não há como fugir daqui. 

—Um de nós poderá tentar – giro a faca em minha mão e me aproximo dele. - E esse alguém não será você, pois estará morto – eu corto sua garganta e o sangue espirra em meu rosto – Me chama de vadia de novo - peço. - Nada? Que pena! - Saio de perto dele e o olho pela última vez, vendo-o se debater e morrer aos poucos.  

Ando rapidamente pelo corredor, mas para minha infelicidade, não tenho conhecimento de como é local, com isto, não posso evitar de acabar indo para algum caminho errado.  

Passo por três corredores, estou mais perto de onde está acontecendo a sessão de tiros. Escuto alguns gritos, mas não os entendo. Continuo a me aproximar mais. 

Após virar um corredor, dou de encontro com um homem, um dos que trabalham para Blue. Ele estava correndo e se esbarrou em mim, no mesmo segundo que nossos corpos se chocam, eu já encaixo perfeitamente minha faca em sua jugular. 

—Diga-me o que está havendo – mando, surrando em seu ouvido.  

—Duas pessoas fantasiadas invadiram o local! - O cara responde, com dificuldade.  

—Na onde estão? - Inquiro, sentindo meu coração palpitar rápido. E se estas pessoas foram Sweet Pea e Selina? Se eles conseguiram me encontrar? Preciso avisá-los que estou aqui.  

—É só andar em frente! - Declara, assustado. - Vai dar de cara com eles.  

—Obrigada - agradeço, retirando a faca de sua jugular e enfiando em seu peito. No instante seguinte, retiro a faca e o deixo para morrer como um covarde.  

Sigo pelo corredor, empolgada e esperançosa. Se forem eles, não terei tanto trabalho para fugir. Não terei que aguentar Blue. No entanto, se não forem, isso só quer dizer que eles se esqueceram de mim.  

Os sons de tiro cessaram. Entro no local – semelhante a uma sala de visita – e vejo os vários corpos caídos no chão. Todos estão vivos, mas gravemente feridos. Procuro pelo olhar alguém fantasiado, mas não encontro.  

Não. Eles precisam estar aqui. 

Prossigo andando para frente, entrando em outro corredor. Mas, infelizmente, não ouço nenhum som. Nada que possa me ajudar a identificar aonde estão. 

Subitamente, uma pessoa me toca e com isto, ajo de maneira rápida, apontando minha faca em sua garganta.  

—Babydoll – a primeira coisa que vejo são os olhos castanhos. Eu os conheço, no entanto, a voz não me parece igual. - Sou eu, Selina – ela diz, pressionando meu braço para baixo, fazendo minha faca sair de sua garganta. 

—S... Sel.... Selina? É você mesmo? - Indago, avaliando tudo. Sua roupa é feita de couro e cobre totalmente seu corpo. A máscara que usa também pertence ao mesmo material, mas há formato de duas orelhas. E em suas mãos há garras, sem contar um tipo de chicote em sua mão. Só consigo reconhecer seus olhos, pois tirando isto, não há nada que me lembre da antiga Sweet Pea.  

—Sim, sou eu. Você está bem? De quem é este sangue em seu rosto? -  Sua pergunta sai receosa e seu olhar aflito. Ela me encara como se não me conhecesse. Como se eu fosse algo estranho.  

—Estou – afirmo. - Eu tive que matar dois homens, por isso o sangue em meu rosto – sua expressão continua a mesma, mas não faz nenhuma pergunta. 

—Nós precisamos ir! - Ela afirma, arrastando-me para longe disto. - Não é seguro ficarmos aqui, as outras mulheres conseguiram fugir, você era a única que faltava. Estávamos te procurando desde que entramos aqui. 

—Estávamos? Você e quem mais? - Questiono, totalmente curiosa.  

—Bruce. Batman. Chame-o do que quiser. Ele está lá fora, aguardando a gente para irmos – sua resposta é o suficiente para me manter calada. Ela nos guia por vários caminhos e quando conseguimos sair de dentro do local, sinto um vento gélido e o sol queima minha pele, meus olhos ardem e demoro segundos para se acostumar.  

No entanto, quando retorno a enxergar bem, avisto diversos policiais e ambulâncias, todas prontas para manterem as mulheres salvas.   

—Vocês conseguiram prender Blue? - É primeira coisa que vem em minha cabeça. Mas o olhar de Sweet Pea para mim responde sem dizer qualquer palavra. - Ele conseguiu escapar. Como?  

—Sinto muito, Babydoll. Nós ficamos focados em salvar as mulheres e tirar você. Nem sequer nos encontramos com ele – Selina continua a me puxar, mantendo a nós duas escondidas e despercebidas.  

Em poucos segundos, ficamos longe de todos os policias e ambulâncias. Não há nada aqui, a não ser Batman e seu automóvel.  

—Acabou, Felicity - é a primeira coisa que ele diz para mim. - Todos estão seguros.  

Eu olho para trás, para onde passei meus três últimos meses e vejo que o local estava disfarçado de odontologia. E também chego em uma conclusão: 

Ninguém estará seguro enquanto Blue Jones estiver vivo. As coisas estão longe de terminarem.  

Atualmente:   

Sou sedada assim que saio da empresa Queen. Isso foi bom para mim, pois tive algumas horas livre de tormento. Não precisei ouvir minha mente me dizendo o quão culpada eu sou. E não tive que lidar com pesadelos.  

No entanto, no momento em que abro meus olhos, tudo vem à tona. Sinto muita dor, não física e sim puramente emocional. Meus olhos se enchem de lágrima e eu nem me dou o trabalho de não chorar.  

Eu perdi. E levei comigo para o fundo do poço Sweet Pea e Laurel. 

De raiva, arranho meu rosto. Bato minha cabeça contra a parede, aumentando a intensidade cada vez mais. Grito de dor e desespero. E então, paro de fazer tudo, me levanto da cama e olho para o quarto que me encontro.  

Só há uma cama e uma cabeceira. Vou à porta e tento abri-la, mas falho. Estou trancada. De novo. Furiosa, pego o pano da cama e o jogo no chão, em seguida, retiro o colchão e o chuto. Depois, vou para cima da cabeceira e a viro para cair no chão. O barulho alto acalma por um segundo meu pensamento. Naquele segundo, eu não ouço minha consciência dizendo que sou um monstro.  

Com isso, começo a quebrar a cabeceira, tentando fazer com que algum pedaço de madeira sirva para me esfaquear.  

Eu preciso morrer.  

Não há mais esperança para mim. A minha única esperança era Selina. Minha melhor amiga. Ela era tudo para mim. O motivo pelo qual continuava a viver e razão para não desistir de tentar. Se não há tenho, então, não existe motivo ou razão de prosseguir. Não aguento este farto.  

Consigo quebrar uma madeira e a vejo que está afiada o suficiente, no entanto, na mesma hora, vários homens entram no local e, infelizmente, não sou rápida o suficiente para enfiar a estaca que fiz em meu coração.  

—Você é fraca - ouço uma voz feminina e avisto Eiggam entrar no quarto, enquanto os diversos homens tentam me manter presa. Ela está usando sua armadura e a máscara, igual ao dia em que nos conhecemos. - Blue havia me dito que você havia se transformado em um monstro. Mas, os monstros não tentam se matar. Para mim, você não passa de uma coitada.  

—Eu sou fraca? - Estalo a língua, desdenhando. - Eu não te vi na empresa Queen e tão pouco nas ruas. Acredito que a única fraca aqui é você, pois estava escondida.  

—Sinto muito por não aparecer para você, mas tinha uma tarefa: Manter o morcego ocupado, deixando o caminho livre para que seu time seja pego – ela fala friamente. - Agora chega disto. Não é comigo que você precisa conversar. Mantenha-a controlada e leve-a para Blue – Eiggam ordena e os homens fazem.  

Eu nem tento lutar. Não vou gastar minha energia com isso. Os deixo me levar para onde Blue esteja. No percurso, uma ideia surge em minha mente:  

Irei matá-lo, mesmo que custe minha vida. Porque agora, não preciso mais insistir na vida. Posso acabar com a minha e com ela levar Blue juntamente. 

Os homens me forçam a sentar em uma cadeira e em minha frente, encontro Blue e Pinguim, ambos sentados e conversando como se nada tivesse acontecido. Sinto a raiva em meu peito crescer.  

—Srta. Smoak! - Pinguim ergue seu copo de vinho que está bebendo. - Fico feliz que se juntou a nós para papearmos, afinal, será uma grande aliada! - Ele ri, como um idiota. 

—Aliada? - Dou a eles um olhar inquisitivo. - Vocês dois têm sorte de que eu esteja circulada por diversos homens, pois se fossemos apenas nós três, ambos estariam mortos! - Termino a frase gritando e soco a mesa, isso faz Pinguim vacilar por um segundo, mas ele trata de se arrumar.  

—Ah, Babydoll, como senti sua falta – Blue fala, me fazendo olhá-lo e lhe encarar com a expressão mais ameaçadora que tenho. Ele não recua, pois já a viu, quando estive tão perto de tirar sua vida. Na primeira vez, havia medo em seus olhos, mas agora só há prazer e luxuria neles, pois sabe que neste momento, não posso fazer nada. - Você está se sentindo bem? - Eu não o respondo e um sorriso irritante surge em seu rosto. - Não vai me responder?  

—Pinguim, diga a Blue que nunca irei falar com ele – desvio o olhar para o pequeno homem de terno. - E que eu irei matá-lo, uma hora ou outra. 

—Quanta raiva – Blue ri. - Mas bem, você não precisa falar nada, apenas escutar. Dê as honras, meu parceiro – ele pede, se referindo a Pinguim.  

—Eu contratei um antigo amigo meu. O senhor Nygma. Ele é louco por fazer experiencias e aceitou testar algo em relação a você.  

—Já sofri diversas torturas. Nada irá me fazer ser aliada de vocês. E é aí que eu ganho, porque não há nada que consiga me ferir.  

— Acredite, Felicity, sua raiva durara poucos dias, pois quando terminarmos com você, será uma perfeita boneca. Fará exatamente o que mandarmos. Seus dias estão contados! - Ele começa a gargalhar, de maneira assustadora, mas não mostro que suas palavras me atingiram. Continuo com a expressão neutra.  

— Acaba de perceber o que disse? - Inquiro, colocando meus ombros na mesa e pousando minha cabeça em minhas mãos. Com minha pergunta repentina, ele frisa o cenho e se demonstra confuso. - Eu tenho dias. E para matar os dois posso fazer isso em apenas três segundos – abro um sorriso largo, de orelha a orelha.   

— É por isto que a deixaremos ocupada – Blue entra no meio da conversa, ignorando seu parceiro que acabou reagindo de maneira covarde. - Acho que por hoje é só, nos vemos amanhã e Babydoll, não se esqueça do que lhe disse, você é um projeto meu. Meu objetivo – Seus olhos me fitam de maneira intensa, sem luxuria ou desejo, apenas seriedade.  

Geralmente, quando se há um projeto, há pessoas para vê-lo, sendo assim, para quem ele quer me mostrar? Este tempo todo achei que Blue me perseguia apenas por amor, para me ter, no entanto, uma nova coisa passa pela minha cabeça: E se ele quer me transformar em uma arma para provar algo a alguém? Esse pensamento me soa confuso, está faltando uma peça do quebra-cabeça. E eu preciso descobrir o que é antes de matá-lo.  

—Leve-a daqui – ordena ele.  

Os homens vão até mim e tentam me prender, contudo, não conseguem, pois sou rápida e vou para cima de um deles. Depois do primeiro, eu começo a derrubar um por um e quando Blue e Pinguim percebem que não conseguirão me parar, eles se levantam e tentam sair.  

—Eu disse que só era questão de segundos para matá-los! - Vocifero, terminando com o último homem. Com isto, vou para cima dos dois, mas com o foco total em Blue. Eu consigo pegá-lo e no mesmo instante o soco e lhe dou uma rasteira, fazendo-o cair.  

Sem hesitar, começo uma sequência de soco em seu rosto, querendo deixá-lo incapacitado de se reagir. Para minha infelicidade, nenhum dos homens de Blue carregava uma arma ou qualquer coisa que eu possa usar para facilitar a morte dele.  

Entretanto, quando ouço o som de algo cair no chão e quebrar, olho para onde o som vem e vejo Pinguim, que acabara de tropeçar na mesa tentando ficar longe de mim. Não foco nele, e sim no vidro do copo que se quebrara. Isto pode ser usado como arma. 

Saio de cima de Blue e o deixo no chão, pois ele já se encontra nocauteado. Vou até o vidro e pego, minha mão é cortada com isso, mas não sinto a dor, eu não sinto nada além do desejo de matá-lo.  

Caminho em direção a Blue que está se levantando, com seu rosto totalmente ferido por minhas mãos. Eu quero fazê-lo sofrer por tudo que fez. Por ter matado Selina e Laurel, por ter destruído a minha vida e por ter me feito machucar Oliver de uma maneira que não merecia.  

No entanto, ao olhar os meus motivos de vingança, percebo que a maioria deles são por minha culpa. Fora eu quem não conseguira salvar Selina e Laurel. Fora eu quem se envolveu com Oliver. A única coisa que Blue fez foi usar isso contra mim.  

Se fosse para matar alguém por causa de tudo de ruim que está acontecendo, este alguém teria que ser eu.  

Ignoro meus pensamentos de culpa e direciono tudo para uma única coisa: Matar Blue. Não precisa ser doloroso, nem lentamente. Eu apenas quero que sua existência termine deste mundo. Desta forma, poderei enfim partir. Enfim, parar de lutar.  

Mas, abruptamente, sinto um puxão em meu braço e quando meu corpo é girado para o lado,  levo um soco forte no estomago. A pessoa nem me dá tempo de me afastar, pois me acerta outro soco em meu queixo, fazendo-me cair perder a noção por um segundo. 

—Tire ele daqui! - Grita uma voz e consigo reconhecê-la, pertence a Eiggam. - Eu cuidarei dela. E quando acabar, pode ter certeza que não haverá nenhuma gracinha da parte dela.  

—Você é excelente no que faz, querida - É a resposta de Pinguim, sorrindo. Ele caminha do seu modo esquisito até Blue e o ajuda a andar para fora da sala em que estamos.  

Tento me desviar dela e ir para cima de Blue e Pinguim, para terminar o que comecei, entretanto, ela se coloca na passagem. Com isto, ambos conseguem sair. E acaba ficando apenas nós duas.  

—Você é muito intrometida – rosno, irritada. - Mas não terei problemas em matá-la – afirmo, pressionando o pedaço de vidro que ainda está em minha mão.  

—Ah, Felicity, você, não tem ideia do quanto esperei para poder me vingar – responde, vindo para cima de mim, tentando me acertar um soco no rosto. 

Sou rápida e desvio, mas não consigo contra-atacar, nisto, ela força outro movimento brusco. Desta vez, tenta me chutar, mas não me acerta e eu pego sua perna, usando minha força para girá-la e com isso, a jogo no chão.  

—Até agora eu não entendi – falo, e acerto um chute em seu estomago. - Que vingança quer fazer em mim? Porque, me desculpe, mas não tenho a ideia de quem seja.  

Meus chutes são parados quando ela agarra meu joelho e aperta o ferimento que fizera em minha há alguns dias. Eu grito, pois sua pressão chega até mesmo abrir a costura. Com isto, recuo o mais longe que consigo.  

—Não sabe quem sou, Felicity? - Ela ri. - Isto é muito cruel da sua parte, visto que eu nunca consegui te esquecer e nem perdoar – Caminha em minha direção, devagar, apenas demonstrando quem está em vantagem aqui. - Você nos deixou aqui, Felicity. Você não nos salvou. Deixou a gente para morrer. Eu fui a única que consegui sobreviver!  

—E... e.. eu não entendo – gaguejo, sentindo-me confusa e ao mesmo tempo afetada. Os olhos de Eiggam. Eu os reconheço, mas não sei de quem pertencem. Não consigo me lembrar. Faz anos desde que os vi. E eles estão mudados.  

—Não precisa entender, apenas saber que irei vingá-las! - Desta vez, ela é rápida, pula para cima de mim e me derruba, no entanto, sou ágil e não a deixo me domar. Mas, antes de fato de conseguir me afastar, recebo uma rasteira e eu caio outra vez. Porém, decido não me levantar. - Eu estou fazendo isto por mim, pela minha irmã e por Blondie! - Automaticamente, com o seu avanço, eu giro para o lado e com a força do giro, acerto um chuto em seu rosto.  

Me levanto, atordoada. As palavras que Eiggam acabara de dizer surtem efeito. Meus olhos, que até então estavam focando o nada, porque estava absorvendo as palavras dela, retorna ao seu rosto, que agora não há mascara nele, pois o meu chute fizera com que saísse. E, com os olhos arregalados, sinto como se estivesse vendo um fantasma. 

—Rocket? - Inquiro, tentando saber se estou ou não imaginando. - Você está viva? 

—Tanto quanto você - um sorriso surge em seus lábios. Antes, este sorriso era algo que me animava, que continha alegria e um ar infantil. Mas agora, só há maldade e dureza. - Mas aposto que você gostaria que eu estivesse morta! - Ela afirma e vem para cima de mim. - Sua assassina!   


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