— Parece que a pequena aprendiz  gostou do meu amigo. — disse o homem, a voz parece mais um amontoado de um disco riscado, com um tom cômico, mas esse homem vai ter de me dizer o por quê me prendeu aqui, de verdade.

— Eu quero sair daqui, me solta por favor. — me mexi, tentando me soltar, mas as correntes apertaram meus calcanhares e  pulsos- fazendo com que a dor fina e aguda me tomasse de assalto. O meu desejo é sair daqui. Sou livre, assim como os pássaros e a visão de mim presa é, no mínimo aterradora.

— Não se preocupe. Sua magia, não vai fugir de você. — assegurou-me o homem, me causando ondas de arrepio ao sentir a língua morna e meio fria do homem, no meu pescoço. O homem fez um movimento de mão e a caveirinha evocada por ele, colocou minhas roupas abaixo, revelando meu corpo esguio, sem graça alguma. Possuo: seios medianos, coxas levemente grossas, bumbum empinado devido os exercícios diários- pernas levemente torneadas e cintura fina com algumas curvas.

— Tens noção, pequena aprendiz, do que eu tive de passar para te trazer até o meu castelo? — indagou o homem para mim. Sou amigo da sua mãe, meu nome é Tíria Kovlakov. – disse o homem, o que me fez arregalar os olhos levemente, enquanto as ondas de arrepio causadas pelo toque de Tíria , o que me fez suspirar pesadamente.

—Você não vai me comprar me prendendo aqui. Sou livre como os pássaros, não quero viver presa a um homem sem escrúpulos como você. — disse eu a ele. Vi-o arquear as sobrancelhas, parecendo surpreso, mas um sorriso sinuoso desenhou-se nos lábios de Tíria.

— Calma, pequena aprendiz. Eu casarei com você. Afinal sou um bom partido, não acha? — disse-me Tírio, cujas palavras fizeram a seriedade tomar conta de mim e do meu rosto.

— Casar? Estás a falar de casamento arranjado? Não tenho a menor pretensão de fazer negócios escusos contigo. O que tenho de fazer, como favor, para que me soltes? — falei rápido demais, será que Tírio entendeu? É isso o que me deixou pensativa.

— Você, pequena aprendiz. Vai casar comigo sim, sou um bom partido, como disse anteriormente. Irei te criar e educar, já que sua mãe não está mais entre nós. Tome isso como uma troca de favores. — disse Tírio a mim, o que me fez ficar com meu sangue em polvorosa. Eu avancei em cima do  homem diante de mim, dando apenas para cuspir na cara dele.

— Ora, ora. Parece que estamos começando a nos entender. — disse o homem, retirando da algibeira do manto um lenço branco com detalhes de folhas da cor do outono- limpando o próprio rosto. — Fique tranquila, você será bem tratada, só precisará passar uns meses sem dar as caras na rua.

Affê! Não acredito nisso, esse homem só pode estar de brincadeira com a minha cara.

— Pequena aprendiz, você tem muito o que aprender e eu a fazer. Sei que se te ter como eu gostaria, você pode perder a magia que tem. Te terei de outra forma. — disse Tírio a mim. Franzi o cenho. Quem Tírio pensa que é? Deus?

— Me recuso a te pertencer. Não tenho pretensão de colaborar contigo. Seu...Seu...Se-não pude terminar a frase, o beijo que se sucedeu após meu vão protesto, seguiu de forma longa e por fim vi o outro “cajado” de Tírio, o que ele iria fazer comigo agora? O que ele queria dizer com eu ser de Tírio? O que  me espera após esse beijo?