Estava em meu apartamento quando descobri que tinha menos de dois meses para tomar uma decisão.

Segundo o site eu teria 10 semanas para interromper a gravidez. Como passaram umas quatro, não me restava muito tempo para me decidir.
Olhando para minha vida, posso dizer que conquistei tudo que uma pessoa na minha idade desejaria. Moro em um apartamento incrível, tenho um ótimo emprego e nenhum problema de saúde.
Passei a vida inteira fugindo do estigma da maternidade. Ter um filho nunca sequer passou por minha cabeça, eu era Gaia, mulher que não que não queria ter filhos! E eu adorava isso.
Que merda de perspectiva de vida eu teria com uma criança? Eu nem gosto de criança, são barulhentas, molengas, babam sem parar e elas fedem! Fala sério...
Olho as pessoas passando na rua… Queria que esse problema fosse tão pequeno quanto elas me pareciam daqui de cima.

Eu não sou nenhuma desalmada, tomar essa decisão não é fácil para ninguém. É uma vida crescendo dentro de mim, e eu entendo porque algumas pessoas acham isso mágico, mas para mim é só uma sensação de invasão...
Coloquei a mão na barriga. Foi mal bebê, mas eu seria uma péssima mãe e não vou te botar no mundo para te largar por aí.
Olhei para o nome que surgiu no celular. Arthur…
— Alô?
— O que você quer?
— Nós precisamos conversar. Sobre o bebê.
— Olha.. O corpo é meu ok? E eu não vou ter essa criança, desde o começo de nosso relacionamento eu deixe claro que não queria filhos.-  Parei na frente do espelho
— Você… Ele também é meu! Você só precisa gestar, depois você nunca mais vai ter noticias nossas.
— …
— Gaia?
— Preciso de um tempo... - Minha mão estava acariciando minha barriga. - Te ligo depois.
Merda!