Hisoka passou aqueles dias ansioso pelo fim de semana, quando reencontraria Machi e finalmente conheceria o famoso e certamente monstruosamente perigoso líder da Genei Rhyodan.

Finalmente chegou o dia da luta. A arena estava lotada e, embora “Koron” fosse um nome desconhecido, seu oponente era um lutador famoso o que, aliado a uma forte publicidade sobre aquela batalha, criou uma grande expectativa por parte do público.

O mágico se mantinha discreto, sentado em uma das cadeiras mais afastadas da arena. Mas apesar da distância, ele observava tudo atentamente, analisando cada detalhe. Finalmente as luzes das arquibancadas foram apagadas, deixando todo o destaque para a arena e enfim, o locutor começou a apresentar os competidores.

Senhoras e senhores, esta noite na arena celestial teremos uma batalha épica do campeão Aristófanes contra o desafiante, porém não menos talentoso, Koron.

O público começou a gritar o nome de Aristófanes, o competidor favorito. Logo após os lutadores entraram algumas pessoas da plateia começaram a cochichar, uns poucos privilegiados reconheceram quem realmente era aquele suposto desafiante.

Hisoka estava extasiado com a figura de Chrollo Lúcifer, que era realmente imponente. Enquanto Aristófanes era um homem loiro, alto, usava uma ridícula roupa azul extremamente colada que ressaltava seus grandes músculos e portava uma grande clava que parecia feita de gelo, Chrollo não aparentava muita força física e usava um elegante casaco e um cordão com uma cruz invertida. Não estava armado, porém segurava uma espécie de livro.

A vitória será dada por pontos ou por nocaute. Armas são permitidas. Lutem!

Assim, iniciou o combate. Aristófanes começou golpeando com sua clava, porém Chrollo desviou do ataque sem muito esforço. A arma atingiu o chão da arena e o rachou, para delírio do público.

Mas que golpe arrasador, se Koron não tivesse esquivado certamente a luta teria acabado agora!

Hisoka analisava a luta e sabia que o narrador estava equivocado. Usando gyo, conseguiu ver claramente que aquela clava era feita de nen e muito dura, mas nada além disso. Já Chrollo não estava usando nenhuma habilidade em especial, porém sua tranquilidade fazia o mágico acreditar que o líder criminoso tinha tudo sobre controle.

Depois de mais alguns golpes por parte de Aristófanes, finalmente Chrollo revidou acertando o pescoço do oponente com dois dedos. Imediatamente o campeão caiu no chão desacordado e o juiz começou a realizar a contagem. Chrollo deixou a arena, com a certeza de que o adversário não levantaria mais.

E o campeão por nocaute é Koron!

Todos aplaudiram e logo uma equipe médica levou o lutador que permanecia imóvel. Isso não foi divulgado, porém os expectadores mais experientes perceberam que ele já estava morto.

Nesse momento, Hisoka ria discretamente na plateia. Não percebeu o uso de nen pelo Chrollo e mesmo assim ele abateu o oponente com apenas um golpe. Ele precisava desesperadamente enfrentar aquele homem, ver todo o seu poder e ainda assim vencê-lo.

Foi atrás dele, porém havia uma multidão de expectadores, funcionários da torre, jornalistas... tinha vontade de matar todos, mas certamente não poderia chamar tanta atenção caso contrário, seu desejo de enfrentar o líder da Rhyodan poderia ser arruinado. Quando finalmente a multidão se dispersou, Hisoka foi informado de que o vencedor já havia partido.

Isso foi desesperador mas para a sorte do mágico, o vencedor de uma luta como aquela acabava ficando famoso, mesmo que temporariamente. Dessa forma, não foi difícil descobrir que ele estava se dirigindo para o porto, certamente para sair da cidade, então Hisoka o seguiu porém, antes que pudesse alcança-lo, foi interceptado por uma figura conhecida.

— Seja lá o que esteja tentando fazer é melhor desistir logo.

Bem diante da sua frente estava Machi, o olhando seriamente. Apesar de já tê-la visto instantes antes na arena, ficou surpreso – e feliz – em poder falar com ela.

— Te encontrei, hora de cumprir sua parte do trato – disse o homem.

— Não sei quem você é e nunca fiz trato algum com você!

— Ora, assim você fere meus sentimentos – Hisoka fez beicinho, fingindo estar triste – eu lembro perfeitamente que você disse que sairia comigo se eu conseguisse te encontrar, logo depois que matamos aquele doutorzinho que queria transformar a gente em zumbi.

Nesse momento, Machi ficou sem palavras e finalmente lembrou quem era aquele estranho homem maquiado.

— Pois bem, trato é trato. Só preciso fazer uma ligação.

Machi se afastou e telefonou para alguém. Hisoka sabia que ela estava se comunicando com o seu chefe e ele até poderia tentar alcança-lo, porém preferiu ficar ali com aquela mulher, seria uma boa chance de conseguir informações importantes sobre a Genei Rhyodan e seu líder e um encontro com uma garota bela e assassina seria um delicioso bônus, a combinação perfeita de perigo e sensualidade. Assim que terminou a rápida ligação a mulher voltou.

— Temos duas horas e se encostar em mim eu te mato!

Hisoka ficou tentado em encostar nela para provocar uma luta, mas como ele queria pescar um peixe bem maior, ficou “bem comportado”. Resolveram ir a um cinema onde deram boas risadas vendo um documentário sobre um genocídio histórico e na saída foram a uma sorveteria.

— Agora tenho que ir – disse Machi.

— É uma pena te perder para o Chrollo Lúcifer.

— Ah? – ela se assustou – algo me diz que o seu interesse não é necessariamente pelos meus lindo olhos.

— Realmente são lindos, mas também tenho curiosidade em conhecer o seu chefe afinal, ele é uma referência para nós, assassinos, não concorda? Coisa de fã.

— Ele não é do tipo que dá autógrafos. A única forma de você cruzar o seu caminho e continuar vivo e entrando para a trupe.

— Ah sim, eu aceito, e obrigado pelo convite!

— Isso não foi um convite! Existem apenas duas maneiras entrar para a Genei Rhyodan: sendo escolhido pelo danchou para substituir algum membro que tenha morrido ou matando algum em combate, testemunhado pelo próprio líder. Agora tenho que ir, e é melhor não me seguir.

Mais uma vez Machi se foi. Ela não admitiria nunca, mas se divertiu na companhia do enigmático Hisoka. Já este estava em êxtase e se lembrou do antigo ditado que diz que devemos manter os amigos por perto e os inimigos ainda mais perto, ou seja, para enfrentar Chrollo, precisaria estar próximo a ele e para isso, teria que se tornar membro da aranha. Essa era a sua nova meta.